No dia 6 de junho o filme “A Musa de Bonnard” chega aos cinemas brasileiros, com distribuição da California Filmes. O longa-metragem foi sucesso no mais recente Festival Varilux.
Dirigido por Martin Provost (A Boa Esposa), o longa acompanha o relacionamento de cinco décadas do pintor francês Pierre Bonnard (1867-1947) e de sua esposa, Marthe de Méligny (1869-1942). O homem que seu país natal apelidou de “pintor da felicidade” não seria o pintor que todos conhecem sem a enigmática Marthe que sozinha ocupa quase um terço da sua obra.
Vincent Macaigne (Vidas Duplas) e Cécile de France (Além da Vida) interpretam o pintor Pierre Bonnard e Marthe de Méligny.
Provost contou que, desde a infância, é encantado pela obra de Bonnard, em especial um quadro retratando Marthe, que chegou a colar uma reprodução da obra na parede de seu quarto. “Eu era muito jovem para entender isso, mas algo nesta imagem me fascinou, sua sensualidade e a estranheza. Era como se fosse uma janela que se abrisse para outro mundo.” E é esse clima que ele imprime em seu longa.
O filme surgiu quando o cineasta foi procurado por Pierrete Vernon, sobrinha-neta de Marthe, que queria um filme sobre sua ancestral. “Para ela, o seu papel de Marthe era fundamental no trabalho do marido e não foi suficientemente apreciado. Poderíamos dizer que Marthe se tornou o emblema e o fetiche disso, aparecendo em mais de um terço da obra do pintor. Mas ela permaneceu, para a opinião pública, uma pessoa perturbada e manipuladora, enquanto Pierrette via Marthe como uma mulher que sacrificou ela mesma pelo bem do trabalho de Pierre”, analisou.
Provost explica que reduzir Marthe ao papel de musa seria incorreto. “Como também seria enganoso e igualmente degradante reduzi-la a uma vítima impotente, devorada por um predador genial e juntando-se à longa lista de artistas famosos companheiras, objetivadas por um olhar masculino em sociedades ainda fundamentalmente patriarcais.”
Marthe tinha uma personalidade forte, e escondeu de Pierre partes significativas de sua vida passada, fazendo um nome e um personagem para si mesma. Ela vivia em uma mentira, mas ao mesmo tempo estava fugindo das falsas pretensões: era uma combinação de sinceridade e mitomania. Ao se retirar do jogo social, ela levou Pierre consigo, compartilhando seu amor pela solidão e pela natureza. Marthe poderia ter sido pintora. Com Pierre ao seu lado, seu desejo de pintar cresceu e um dia ela foi em frente, sob uma terceira identidade, Marthe Solange.
“Ao começar a trabalhar no roteiro, percebi que era uma história de amor comovente, escondendo por trás da lenda de seu relacionamento íntimo e falsamente isolado. Com Pierre e Marthe, nada era simples. Nem a doçura e o egoísmo de Pierre, nem a mitomania de Marthe, nem o papel decisivo que ela parecia ter desempenhado ao seu lado, e nem mesmo as pinturas de Pierre, nas quais, por trás de uma aparente representação de felicidade, cada detalhe é usado para desorientar ainda mais o público”, finalizou.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1Ns9MKk8bwY