“MEU CASULO DE DRYWALL”, direção de Caroline Fioratti, trata de um tema pesado, que é a depressão invisível na adolescência. O filme acompanha 24 horas na vida de Virgínia (Bella Piero), uma adolescente que comete suicídio durante a sua própria festa de 17 anos, e a reação de seus pais e amigos no dia seguinte.
A mãe, Patrícia (Maria Luisa Mendonça), após saber da morte da filha, chega à beira da loucura, sendo que ainda fica evidente que ela é vítima de abusos praticados pelo marido, Roberto (Caco Ciocler), que ainda a acusa de ser a culpada pela morte de Virgínia.
A melhor amiga da garota morta, Luana (Mariana Oliveira), se questiona se é culpada pela morte de Virgínia e se poderia ter feito algo para evitar o suicídio. Além do que, a garota, a única negra do condomínio, sabe que sua beleza é alvo de desejos de homens mais velhos. Já o namorado de Virgínia, Nicollas (Michel Joelsas – acho que está na hora de ele começar a tentar fugir do estereótipo de seus personagens, que são sempre garotos filhos de pais com posses), tenta ignorar o acontecimento, sendo que ele esconde algo sobre sua sexualidade.
A trama se passa toda dentro de um condomínio de classe média, onde as pessoas vivem praticamente alheias ao que acontece no mundo lá fora, e até entre elas.
“MEU CASULO DE DRYWALL” tenta alertar sobre as dores silenciosas que as pessoas carregam em suas vidas, mesmo quem vive com um sorriso no rosto. E também sobre a urgência de os pais conseguirem enxergar os sentimentos dos jovens – para eles não basta apenas as roupas mais caras, as melhores escolas. Os pais devem dar mais atenção e carinho a seus filhos.
A diretora Caroline Fioratti diz ter sido muito inspirada nos filmes da norte-americana Sofia Coppola. “Ela me inspirava muito com seus filmes. ‘As Virgens Suicidas’, com seu olhar sensível para a adolescência, suas dores e máscaras, e ‘Encontros e Desencontros’, no retrato da solidão em uma metrópole de concreto”, afirmou. Mas algo que sempre chamou sua atenção na obra da filha de Francis Ford Coppola foi como a melancolia se combinava com uma busca por conexão humana e por mudança – uma pulsão que depois também passou a integrar a filmografia de Fioratti, tanto nos longas, quanto nos curtas e nas séries.
Além de Sofia, Caroline Fioratti diz ter sido muito inspirada nos filmes também fez questão de citar ‘Elefante’, do diretor Gus Van Sant, como uma das suas inspirações. “Ele coloca isso na tela, além de fazer um trabalho narrativo muito interessante com cruzamentos e jogo temporal”, disse, pontuando que a dinâmica da trama de “MEU CASULO DE DRYWALL” partiu justamente daí.
“Impossível não mencionar também ‘Kids’, de Larry Clark, pelo trabalho com o elenco jovem e a ousadia de mostrar um retrato duro e monstruoso com muita compaixão”, completou a diretora. Como o filme de Fioratti, a trama do longa lançado em 1995 também se desenrola durante 24 horas na vida dos seus protagonistas.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=JgMojPokFVI
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