quinta-feira, abril 19, 2007

O Cheiro do Ralo





Selton Mello é definitivamente o melhor ator brasileiro da atualidade e tem se dedicado exclusivamente ao cinema, até injetando dinheiro em projetos que acredita. Como em O Cheiro do Ralo, filme de Heitor Dhalia (diretor de Nina) e baseado em romance homônimo do escritor e desenhista Lourenço Mutarelli. Mello é Lourenço, um comerciante que se tornou frio no negócio que conduz: ele compra objetos de pessoas com dificuldades e os revende para obter lucro. Só que para negociar, ele virou cínico, mau e solitário. Com os objetos, alguns dos quais ele se apega profundamente, como um olho de plástico, Lourenço recria a sua vida, sendo ele um orfão. O personagem caminhando solitário pelas ruas de um bairro paulistano, numa época indefinida entre os anos 1970 e 2000, é emblemático. E Lourenço acaba se apaixonando pela bunda da garçonete, a atriz catarinense Paula Braun, de um boteco vagabundo aonde costuma almoçar, enquanto sofre com o fedor do ralo do banheiro de seu escritório: "o cheiro é do ralo", repete o personagem a cada cliente que entra em sua loja. E as figuras que o procuram são as das mais variadas, desde uma junkie magérrima, a atriz Sílvia Lourenço, que perdeu vários quilos para atuar, até o jornalista da Folha de S. Paulo Xico Sá. Um retrato do brasileiro comum, a quem Lourenço humilha de todas as formas. O filme tem um humor difícil, pesado, que pode incomodar quem tiver o estômago mais sensível. O autor da história, Mutarelli, faz uma ponta como o segurança da loja.

quinta-feira, abril 12, 2007

ANIVERSÁRIO

WWW.SALA-ESCURA.BLOGSPOT.COM
1 ANO NO AR!!!!
OBRIGADOS A TODOS QUE TEM ME APOIADO NESTA EMPREITADA!

VALEU E MUITO CINEMA PARA TODOS!!!!

Ventos de Liberdade




Os ingleses nunca foram flor de se cheirar. Eles inventaram o campo de concentração, depois melhorados ou digamos, piorado pelos nazistas. E discriminaram muito, fosse na Índia, na África e torraram a paciência dos irlandeses, que em 1920 resolveram pegar em armas para acabar com a invasão britânica. Ventos de Liberdade (título medíocre para The Wind that Shakes the Barley) , de Ken Loach, trata da guerra que gerou a República da Irlanda, mas também a separação do país em dois. Tudo na ótica de um pequeno vilarejo, onde familiares e amigos de infância lutam contra os ingleses e depois contra eles mesmos. O destaque do excelente filme é Cillian Murphy, o ótimo ator e vilão de Batman e o travesti de Café da Manhã em Plutão. Ele é o médico que se junta as brigadas do IRA (Exercíto Republicano Irlandês), se tornando um de seus principais líderes e que verá sua família se desintegrar durante os anos de conflito. O filme tem um porém: para quem não é chegado a história. O desconhecimento dos fatos pode prejudicar no acompanhamento da trama.

Um beijo a mais




Refilmagens costumam ser decepcionantes. Ainda mais quando feita por americanos e ainda quando a versão original é perfeita. Um beijo a mais (The Last Kiss, de Tony Goldwin) porém escapa da maldição. O original, o italiano O último beijo é de 2001. Quatro amigos tem de, apesar dos quase 30 anos nas costas, afinal entrar na vida adulta. Todos sofrem com a maior preocupação da humanidade: o amor. Um levou um pontapé na bunda da namorada e entrou em depressão (já vi este filme), o outro vai casar, mas tem medo do que lhe espera e se envolve com uma menina 10 anos mais nova (já vi este filme), o terceiro é casado, no entanto o matrimônio foi para o espaço após o nascimento do primogênito e o quarto ainda vive como um adolescente irresponsável (já vi este filme também). Goldwin não mudou nada da trama original. Então fica a pergunta: por que fazer o filme? para o gosto americano, que não curte filmes legendados. Um beijo a mais é bom, só que não tem o calor, a paixão intensa do seu similar italiano, que além disso, tem atuações mais destacadas de seus atores. O personagem principal da versão hollywoodiana é o engraçado ator Zach Braff, o JD da hilária série Scrubs, da Sony.

A Estranha Perfeita




Apesar de toda a tecnologia moderna utilizada: e-mails, spywares, chats, hackers e de dois astros de primeira linha de Hollywood, Halle Berry e Bruce Willis, e com o eterno coadjuvante Giovani Ribisi, A Estranha Perfeita (Perfect Strangers) é daqueles thrillers que tentam beber da fonte de Alfred Hitchcock, porém naufraga como um Titanic. Nada é o que parece ser é a linha seguida pelo diretor James Foley. Halle Berry é uma repórter investigativa que vai atrás do suposto assassino de sua melhor amiga. O suspeito, claro, é Willis, com suas já cansativas caras e bocas, e aqui na pele de um rico e conquistador publicitário. E Berry, depois de A última ceia, na tradicional sina de oscarizadas, perdeu o rumo e passa o tempo todo dando gritinhos. Pelo menos, o diretor abusa de closes no belo corpo da morenaça. Ribisi é o gênio da informática, que a ajuda nas investigações e nutre uma paixão platônica pela repórter. Lá pelas tantas, o filme cansa e já dá para adivinhar seu final e Hitchcock treme no caixão.

Caixa Dois





Não vi a peça de Juca Oliveira. Mas quem assistiu Caixa Dois afirmou ter gostado muito. A trama, escrita entre 1994 e 1995 e que ficou mais de seis anos em cartaz, mostra a corrupção nos altos escalões e é tão atual como nunca. Ainda mais no Brasil e ainda mais que a corrupção sempre acompanhou a humanidade em todos os seus passos. Caixa Dois, o filme, de Bruno Barreto (Dona Flor e seus dois maridos) faz até piada com Lula: "ah, mais um presidente que não sabia de nada", envenena em certa passagem a personagem de Zezé Polessa, uma professora honesta e pobre, que no final decide...ops...Um cheque de R$ 50 milhões é o mote para toda a confusão envolvendo o presidente do Banco Federal, Fúlvio Stefanini, que se faz passar por arauto da honestidade e camaradagem, porém no fundo ou no raso, é um autêntico FDP. Ele consegue com um agiota o tal cheque, manchado por ovo, e depois de um esquema vai ficar com R$ 48 milhões e dar R$ 2 milhões para seu ajudante e puxa-saco Cássio Gabus Mendes. Porém num erro, o cheque acaba caindo na conta de Zezé Polessa, e os dois, ajudados pela secretária gostosona Giovana Antonelli, tentam recuperá-lo. No mesmo dia em que o gerente do Banco Federal e CDF interpretado por Daniel Dantas é demitido. E o pior: ele é o marido da professora honesta...A trama é legal, tem piadas afiadas. Só que tudo soa tão artificial, como uma tediosa novela das nove. E com o pior do cinema nacional: a mania de os personagens gritarem palavrões e assim tentarem fazer graça. Na 3ª vez, o PQP de Stefanini já encheu.

Nova Colaboradora

Colaboradora
A partir desta semana o sala-escura passa a contar com nova colaboradora. É a ex-coleguinha do Correio do Povo Luciana Lauffer, que morando em Toronto, no Canadá, e trabalhando num complexo de cinema, vai dar dicas de filmes que estão em cartaz lá no norte e que estarão entrando em cartaz no Brasil nas próximas semanas ou meses. Espero que gostem.


300

Direção: Zack Snyder
Mesmo antes de ser lançado nos cinemas norte-americanos, "300" já tinha sessões pré-vendidas, pelo menos nos cinemas canadenses.A correria se explica. A trama se baseia na batalha histórica dos espartanos contra a Pérsia em 480 a.C. e, ainda que narrada quase que em formato de cartoon - com efeitos em sépia e tudo mais -, o filme é pura testosterona. "Prepare para a Glória" é o grito de guerra do musculoso exército formado pela guarda pessoal do então rei de Esparta, Leônidas (Gerard Butler) contra os persas, comandados pelo rei-bruxo Xerxes (vivido pelo nosso Rodrigo Santoro). Vale lembrar que, apesar de ter um dos papéis centrais na trama, Santoro não está sequer citado nos créditos do cartaz do filme, na versão em inglês. Bravura e corpos perfeitos, muito sangue e cabeças decepadas dão a tônica a um filme que é ótimo por sua história.E ainda que despertado a antipatia da comunidade iraniana aqui no Canadá, o filme não pode ser chamado de parcial. Não perca.

O Labirinto do Fauno
Direção: Guillermo del Toro
Ao contrário do que parece, esta não é uma estória para crianças, e talvez sirva muito mais para despertar a criança que há em cada nós. Na Espanha de 1944, Ofélia é uma menina que adora livros de histórias. Ao mudar-se com a mãe para o interior, durante a guerra civil que atinge o país, ela começa a criar seu próprio mundo para escapar da realidade de raiva do padrasto e de sofrimento de sua mãe, que espera uma segunda criança. A produção foi indicada como melhor filme estrangeiro e teve boa bilheteria nos cinemas norte-americanos, apesar da estória de misto de fantasia e das cenas fortes de violência. O Labirinto do Fauno envolve por sua fotografia, pela criatividade do roteiro e pelo carisma da personagem central, a quem logo nos afeiçoamos.Confira!

Wild Hogs
Direção: Walt Becker
Esse é o tipo de filme que dispense grandes comentários. Ainda que não tenha a pretensão de ser um filme clássico, "Wild Hogs" está longe de ser uma comédia que valha a pena o ingresso. É a história de quatro grandes amigos que, diante da crise da meia idade, dos remédios e dos objetivos não-atingidos, resolvem voltar a ser selvagens e atravessar os Estados Unidos em suas harley-davidsons. A melhor parte do filme é o cenário e, para o público masculino, as motos, mas não passa disso. As piadas são previsíveis e poucas, e a história é fraca. Espere o DVD.

quinta-feira, abril 05, 2007

Vênus




A velhice tem sido mostrada em filmes, nos últimos tempos, de uma forma glamourizada, ou em termos mais simples, como legal e divertido, vide Elsa e Fred, aonde as pessoas descobrem aproveitar as suas vidas nos estertores. Nada de desabonador, pelo contrário. Afinal a vida está aí para ser vivida em todos os sentidos. Só que em Venus, de Roger Mitchell, a vida na terceira idade não é tão bonita assim, não. Com excelente atuação de Peter O'Toole (Lawrence da Arábia), Venus traz a história de Maurice, veterano ator que se apaixona pela sobrinha-neta de seu melhor amigo, Ian (Leslis Philips). Jessie (Jodie Whitaker) é uma pestinha em forma de gente e vai transformar a vida de Maurice, seja para o bem e para o mal. O filme é deprimente e tem uma primeira parte interessante. Na sua segunda metade, cansa. Porém mostra que, às vezes, não tem nada legal em se fazer 80 anos e conviver com sérios problemas de saúde, como câncer da próstata, esclerose, e ainda acompanhas da solidão, da desesperança. No elenco ainda tem Vanessa Redgrave. Não é um bom filme para quem anda ou tem tendência à depressão. Mas é realista. Precisa mais?

Inacreditável - A Batalha dos Aflitos




Até o final dos tempos os amantes do futebol e até aqueles que não gostam não irão entender como o Grêmio conseguiu derrotar o Náutico naquele 26 de novembro de 2005, no estádio Aflitos, em Recife. O diretor Beto Souza reconta em Inacreditável como foi aquele dia e também toda a campanha do time na segunda divisão daquele terrível ano. Ele entrevista várias pessoas que viveram o momento impar na história do futebol mundial, desde jogadores, dirigentes e torcedores. Como com apenas 7 jogadores e dois pênaltis contra si o Grêmio ainda bateu o Náutico por 1 a 0 e foi campeão da Série B do Brasileiro e voltou à Série A? Inacreditável! Quem é gremista sabe que as coisas nunca caem de mão beijada. Tudo sempre é sofrido, com doses extremas de sadismo e masoquismo. O filme emociona quem é tricolor e até torcedores de outras equipes, com exceção daqueles que torcem para o time vermelho - que até hoje reclamam do chamado "rabo" do Tricolor da Azenha.

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...