quinta-feira, maio 15, 2008

O Sonho de Cassandra



Como já escrevi e declarei várias vezes, sou suspeito para escrever sobre Woody Allen. Ele é um de meus cineastas preferidos e lamento sempre o atraso com que seus fimes são lançados no Brasil. Aqui está estreando O Sonho de Cassandra (Cassandra's Dream), quando ele já tem pronto um novo filme, gravado em Barcelona, com a musa Scarlett Johansson.
Em O Sonho de Cassandra, o diretor nova-iorquino passa longe da comédia, gênero onde arrematou grande público nos anos 70 do século passado. A película é muito mais do que um drama, é propriamente uma tragédia, com ares de Crime e Castigo, de Dostoievsky. Dois irmãos, Terry e Ian (respectivamente Colin Farrell e Ewan MacGregor em atuações primorosas) têm sérios problemas, um com jogos de azar e o outro querendo levar uma vida de mauricinho. Mas juntos conseguiram comprar um pequeno barco, o Cassandra, onde se distraem nos finais de semana. Para sair da situação em que se encontram, pedem ajuda a um tio, milionário, porém trambiqueiro (Tom Wilkinson, de Conduta de Risco e que nas poucas cenas que aparece ganha o filme). Ele condiciona a ajudar aos sobrinhos, desde que esses eliminem um conhecido que pode entregar provas de suas falcatruas à Justiça.
Então, o filme discute ética, consciência, o bem contra o mal. Só que desta vez não existe o humor sarcástico no texto de Woody Allen - utilizado mesmo em seus dramas. O Sonho de Cassandra está mais próximo de Match Point, o filme anterior e que tratava de ascenção social e crime, do que suas obras anteriores, em que sempre fazia questão de analisar o mundo judaico nova-iorquino. E talvez aí Woody Allen tenha perdido um pouco o charme, não que O Sonho de Cassandra seja fraco, mas ficou faltando algo. Ainda estou procurando...Dificilmente quem não é fã de Woody Allen vai gostar.

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