quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Os Nomes do Amor

Tratar de assuntos como imigração, fascismo, religião e Holocausto com humor não é dos mais fáceis. O pior exemplo é o deplorável A Vida é Bela, que tratou o extermínio dos judeus de forma equivocada e debochada. No mesmo período o ótimo O Trem da Vida sobre o mesmo tema, passou batido. Em Os Nomes do Amor, de Michel Leclerc, todos os temas citados acima foram unidos de forma divertida, acrescentando a eles o sexo. Bahia Benmahmoud é uma belíssima garota francesa, filha de um imigrante argelino com uma hippie francesa. Quase sem noção, falante compulsiva, Bahia (e ela não se cansa de repetir não ser brasileira e sim árabe) é uma militante política de esquerda. E no melhor lema sessentista faça amor, não faça a guerra, Bahia transa com adversários políticos de direita para tentar convertê-los. A revolucionária vai acabar conhecendo um homem mais velho, por quem vai se apaixonar. O problema é que Arthur Martin (Jacques Gamblin) é um reprimido, cujo nome é o mesmo de uma grande empresa de eletrodomésticos francesa e toda hora é confundido com o herdeiro da firma e tem de desmentir. Na realidade, Arthur trabalha na prevenção da gripe aviária e passa o tempo catando aves mortas pelos arredores da capital francesa. Ele também se apaixona por Bahia, mas ao contrário da garota, que parece resolvida, Arthur sofre por desconhecer o passado de seus pais - a mãe teve os pais mortos no Holocausto e se nega a falar sobre isso. Já o pai lutou na Guerra da Argélia, terra natal, por ironia do pai de Bahia. Numa bela sacada do filme, Arthur costuma conversar com ele mesmo mais jovem (Adrien Stoclet). A cena do jantar entre o casal e os seus respectivos pais é hilária. Bahia começa a desfilar comentários inocentes, mas que remetem ao Holocausto, e quase pira, saindo em disparada pelo apartamento. A linda atriz Sara Forestier, de grandes e cristalinos olhos azuis, vive a maluquete e não mostra pudores, pois faz closes nus e desfila sem roupas pelo metrô de Paris na maior naturalidade. Os Nomes do Amor tem um final convencional, mas o modo com que ele é encaminhado até lá é que faz o diferencial. Cotação: bom Chico Izidro

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