quinta-feira, julho 11, 2013

"Os Amantes Passageiros"

Pedro Almodóvar tenta recriar em "Os Amantes Passageiros", aquele clima encontrado no seu clássico "Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos". Desta vez com personagens absolutamente gays. Muitas pessoas imaginavam que o diretor faria um novo “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, afinal a trama transcorre durante uma viagem de avião, que corre o risco de se espatifar. Não chega, porém, nem perto daquele clássico besteirol de 1980.

Mesmo porque a proposta aqui é diferente. A ideia é fazer do conturbado voo uma alusão a atual situação vivida pela Espanha, afundada numa crise financeira que parece não ter fim. A bagunça é provocada no início através de uma ponta protagonizada por Antonio Banderas e Penelope Cruz, atores ícones de Almodóvar. A história fica quase restrita á cabine – o governo -, e a classe executiva – os donos do poder econômico, enquanto que na classe econômica os passageiros passam quase todo o tempo dormindo, depois de sedados pelas aeromoças. Ou seja, o povo acomodado, em estado letárgico, sem forças para reagir.
Nesse ínterim, os tripulantes discutem a homossexualidade à flor da pele, saídas do armário, enquanto que os viajantes vips vão revelando seus podres e tentando resolver pendengas – desde a cafetina que diz ter segredos de mais de 600 homens poderosos, entre eles o rei Juan Carlos, o ator destruídor de corações e sua relação com as ex-namoradas. Aliás, o filme tem o ritmo quebrado quando foca muito na namorada suicída.

Almodóvar também apela um pouco, caso contrário não seria Almodóvar. Ele busca chocar em cena onde os passageiros participam de uma orgia a 10 mil metros de altura. “Amores Passageiros” acaba tendo momentos luminosos, com outros desnecessários e fracos.
Cotação: regular
Chico Izidro

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