“Azor”, filme de estreia do diretor suíço Andreas Fontana, é um forte drama político, que lembra e muito o clássico “Missing” (1982), de Costa-Gavras, em que um pai norte-americano investigava o sumiço de seu filho logo após o golpe de Pinochet no Chile, em setembro de 1973. Em “Azor”, a trama também transcorre na América Latina, mais especificamente na Argentina, no começo dos anos 1980.
À época, o país vizinho vivia sob forte ditadura militar, e onde desembarca o banqueiro suíço Yves (o excelente Fabrizio Rongione), ao lado da esposa Inés (Stéphanie Cléau). Os dois chegam a Buenos Aires, onde ele tem uma missão: reconquistar a clientela de seu banco depois do desaparecimento de seu sócio René, até então responsável pelas contas. A primeira cena é forte, mostrando dois jovens sendo interpelados por militares, enquanto que Yves e Inés observam tudo, de dentro do táxi, sem entender muito o que está acontecendo.
Outra cena marcante é quando o suíço é recebido em uma sala pelos poderosos, que vão se apresentando um por um, e colocando para fora os seus pensamentos conservadores e elitistas. Um soco no estômago. E aos poucos, Yves vai tomando conhecimento da situação crítica do país, e convivendo com os ricos e poderosos argentinos, vai mudando a sua percepção das coisas. A elite vive em uma bolha, e rale-se, para não escrever coisa mais forte, o resto da população. O jovem banqueiro vem de um país democrático, e se questiona muito do sumiço de René – afinal, o que houve com ele? E se sabia na Argentina que as pessoas desapareciam dia e noite, para nunca mais serem vistas.
“Azor” é um belo thriller político, que faz pensar e analisar período obscuro do continente. Cinema que pouco se faz hoje em dia.
Cotação: ótimo
Duração: 1h40min
Chico Izidro
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