domingo, setembro 25, 2022

“A MULHER REI” (The Woman King)

Inspirado em fatos históricos ocorridos no Século XIX, "A Mulher Rei" (The Woman King), é dirigido por Gina Prince-Bythewood, e protagonizado pela fantástica Viola Davis, que raramente erra em suas escolhas. A trama segue as guerreiras Agojie, um exército completamente feminino que protegeu o reino africano de Daomé, por cerca de 200 anos – isso aconteceu porque os homens morriam nas guerras ou eram trazidos para a América como escravos. Então as mulheres eram treinadas para o combate.
E na história, ambientada nos anos 1820, temos Nanisca (Viola), que treina as guerreiras, enquanto ao mesmo tempo combate o império Oyo, uma nação escravagista. Mas o roteiro não amolece, e mostra que sim, várias tribos africanas realmente vendiam outras tribos para os comerciantes de escravos – em determinado momento Nanisca chega a pedir ao seu rei que ele não transforme Daomé em uma tribo que vende seu próprio povo, e que eles foquem no comércio dos produtos locais para se sustentarem.
E o filme tem várias cenas de batalhas, lutas, todas muito bem encenadas. Mas Viola Davis até Disse que “A Mulher Rei” não é um filme de ação, e sim um filme de drama com cenas de ação. E mostra com firmeza o protagonismo feminino, retratando a força e a coragem das guerreiras Agojie – no mesmo dia em que assisti o filme, à noite estava zapeando na TV, e dei de cara com um documentário no canal Smithsonian sobre essas mulheres reais. Espetacular.
A obra tem ainda um elenco predominantemente negro e feminino, algo raramente visto em filmes, o que é mais fantástico ainda. Nada de amazonas loiras com superpoderes, mas mulheres negras lutando por suas nações, vidas e dignidade.
Além da excelente atuação de Viola, que consegue surpreender novamente, vivendo uma mulher forte, decidida, respeitada e extremamente corajosa, “A Mulher Rei” traz outras grandes atuações, como Thuso Mbedu, atriz sul-africana de 31 anos que interpreta Nawi, uma menina de 19 anos que se torna uma das principais guerreiras Agojie e Lashuana Lynch vivendo a forte e destemida Izogie.
“A Mulher Rei” é um filme que precisa ser visto, tanto por sua importância histórica (mesmo com a natural liberdade criativa), tanto pelas brilhantes atuações de suas poderosas atrizes.
Cotação: ótimo
Duração: 2h24min
Chico Izidro

“NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA” ( Don't Worry Darling)

"Não Se Preocupe, Querida” (Don't Worry Darling), dirigido por Olivia Wilde, vinha chamando mais atenção devido as fofocas de bastidores, que envolviam troca de atores na última horam atritos com a diretoria e briga entre os atores, que teve até uma cena de um dos protagonistas cuspindo em um colega durante uma premiação (o que se provou ter sido falso).
Pois o filme, que transcorre nos anos 1950, conta a história de uma dona de casa, Alice (Florence Pugh), que mora com o marido, Jack (Harry Stiles), em uma comunidade fechada na Califórnia, conhecida como Projeto Vitória.
Na localidade, tudo é perfeito. Bonitas casa, donas de casa cuidando dos cônjuges, e quando eles saem para trabalhar – um tal secreto Projeto Vitória – o mesmo nome do condomínio, elas se dedicam a limpar as casas, fazer balé, beber drinks à beira da piscina, até a volta dos maridos para casa.
Tudo tão certinho, até o dia em que uma amiga e vizinha de Alice começa a ter atitudes estranhas, e reclamando para todos que alguma coisa está errada no local. As pessoas dizem que ela está enlouquecendo.
Porém Alice não acha normal a atitude da amiga e passa a questionar toda aquela normalidade. Em determinado momento, vê à comunidade, mas ninguém parece ter notado o acidente ou o ignora. Isso liga o sinal de alerta em Alice, que inicia uma investigação sobre o que existe por trás dessa comunidade tão exemplar. E com uma virada na história, Alice descobre o que está por trás de sua vida que parecia tão perfeita.
O roteiro é até bem amarrado, no entanto é muito previsível, pois desde o começo o espectador nota que aquele localidade não é tão normal como aparenta ser, assim como os seus moradores. Não existe novidade na trama.
Mas a atuação de Florence Pugh como a atormentada Alice é esplendorosa, na mesma linha de outro filme estrelado por ela, o terror “Midsommar – O Mal Não Espera a Noite” (2019). Já seu par, o astro pop Harry Stiles, ainda precisa comer muito feijão para sair da mediocridade. Enfim, “Não Se Preocupe, Querida”(Don't Worry Darling)”, é um filme de terror psicológico mediano.
Cotação: regular
Duração: 2h03min
Chico Izidro

sexta-feira, setembro 02, 2022

"Era Uma Vez Um Gênio" (Three Thousand Years of Longing)

Em "Era Uma Vez Um Gênio" (Three Thousand Years of Longing), direção de George Miller, sim, aquele mesmo de "Mad Max", a história gira em torno de Alithea Binnie (Tilda Swinton), uma estudiosa de histórias e mitologia, que encontra um "djinn" (Idris Elba), que conforme a tradição, concede três desejos à ela. Alithea está participando de uma conferência em Istambul, na Turquia, quando se depara com a criatura fantástica. O filme, cuja trama foi escrita por George Miller e Augusta Gore é baseada no na coleção de contos “The Djinn in the Nightingale’s Eye”, de A. S. Byatt, lançado em 1994.
Alithea é uma pessoa de natureza solitária desde a infância – são mostrados flashbacks onde ela, interpretada por Alyla Browne, aparece criando um amigo imaginário. Já adulta e mais fechada, devido muito a um casamento fracassado, parece aceitar a situação. Mas ao libertar o gênio, três desejos lhe são concedidos e, quando eles forem realizados, a criatura estará livre, após três aprisionamentos distintos nos últimos três mil anos.
O problema é que Alithea não tem muitas ambições, nada que deseje, além do que desconfie do gênio, e sendo uma estudiosa, sabe que sempre os pedidos acabam dando errado, trazendo prejuízos para todos. Assim, o gênio conta para ela o que aconteceu com ele durante os milhares de anos, desde o palácio da Rainha de Sabá (Aamito Lagum) às profundezas do Mar Vermelho; de Constantinopla ao fundo do Estreito de Bósforo. Estas cenas são fantásticas, muito bem produzidas, com figurinos criados por Kym Barret, o trabalho de fotografia de John Seale e o design de produção de Roger Ford.
Até aí a história funciona, mas de repente algo se solta, se perde, e o filme perde a graça, apesar do esforço de Tilda e de Idris. Os dois se envolvem em um relacionamento amoroso !!!! Ou seja, nada faz sentido. Uma leitura que se pode fazer talvez seja a possibilidade de ela imaginar toda a situação, e o ser mítico ser apenas fruto de sua imaginação poderosa. Um desperdício de bons atores.
Cotação: Ruim
Duração: 1h49min
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 01, 2022

“Um Lugar Bem Longe Daqui” (Where the Crawdads Sing)

Baseado no romance de Delia Owens, “Um Lugar Bem Longe Daqui” (Where the Crawdads Sing), acompanha a trajetória de Kya Clark (Daisy Edgar-Jones), uma menina que aos seis anos começa a ser abandonada por toda sua família. Primeiro parte a sua mãe, cansada dos abusos praticados pelo marido, depois vão os seus irmãos, chegando até a partida do pai abusivo. A menina acaba tendo de se defender sozinha, vivendo escondida em sua casa em um pântano, encontrando apoio apenas em Jumpin' (Sterling Macer Jr.) e Mabel (Michael Hyatt), um casal de comerciantes negros da cidade fictícia de Barkley Cove, na Carolina do Norte.
Analfabeta, aprende com as plantas e os animais como é a vida. Já adolescente, o garoto Tate (Taylor John Smith) entra em sua vida, e ele será muito importante para quebrar o isolamento social de Kya. Que mesmo assim, ainda vai sofrer muito e já na fase adulta, sofrendo com o preconceito dos moradores da cidade, será acusada de assassinar Chase Andrews (Harris Dickinson), um jovem rico da localidade, e que tentava manter um relacionamento com ela.
O filme se passa em duas fases temporais. Em uma delas, é mostrada a vida de Kya adulta, sendo presa e julgada pelo assassinato. E na outra, a trajetória da garota desde sua infância até o começo de sua fase adulta. Não li o livro, mas quem o fez me disse ser o longa-metragem fiel, inclusive nos pequenos detalhes da obra de Delia Owens, como a aparência física dos personagens e as cores da flora e fauna de Barkley Cove, na Carolina do Norte.
A trama foca muito bem em questões como relacionamentos abusivos, desigualdade social, e aos vários tipos de preconceitos. E mostra muito bem os efeitos que o isolamento social pode causar em um ser humano, deixado sozinho à própria sorte.
Cotação: bom
Duração: 2h5min
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...