segunda-feira, fevereiro 27, 2023

"CASAMENTO EM FAMÍLIA" (Maybe I Do)

Baseado em uma peça teatral, "Casamento em Família" (Maybe I Do), é um filme dirigido por Michael Jacobs, e fala sobre o matrimônio e suas agruras. A trama foca nos pombinhos Michelle (Emma Roberts) e Allen (Luke Bracey), que estão juntos há algum tempo, mas a garota quer dar o grande salto e casar. Porém Allen não tem tanta certeza assim e entra em pânico.
Os dois acabam recorrendo aos pais, que vivem eles próprios crises em seus matrimônios. O detalhe é que depois de tantos anos, os pais não se conhecem (o que é um baita furo no roteiro). Michelle e Allen decidem que todos devem se encontrar para um jantar, e a bagunça acaba se instalando, pois ambos os casais têm uma conexão com o parceiro um do outro.
Os pais de Michelle são Howard (Richard Gere) e Grace (Diane Keaton), e os de Allen são dele Sam (Willem H. Macy) e Monica (Susan Sarandon). E Monica e Howard mantém um relacionamento há alguns meses, enquanto que na noite anterior ao jantar Grace e Sam se conhecem em um cinema, e solitários, vão a um motel, mas optam em apenas conversar, tendo uma incrível empatia.
O grande trunfo de "Casamento em Família" é reunir um elenco de atores veteranos que dão um baile de atuação, se destacando Susan Sarandon, que aos 76 anos segue bela, e dona de diálogos mordazes. O casal jovem é simplesmente engolido pelos quatro, sendo que Luke Bracey é apenas caras e bocas. O filme acaba sendo interessante apenas por causa do bom texto e do elenco, mas acaba sendo no final uma ode a esta instituição falida.
Cotação: regular
Duração: 1h35min
Chico Izidro

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

"TILL - A BUSCA POR JUSTIÇA" (Till)

Recentemente a minisérie "Women in Movement" contou o cruel assassinato de Emmett "Bobo" Till por racistas americanos no Mississippi em 1954. Agora, a mesma história vai para as telas de cinema com o longa-metragem "Till - A Busca Por Justiça", dirigido por Chinonye Chukwu, que também assina o roteiro junto com Michael Reilly e Keith Beauchampé. E é uma punhalada.
Emmett "Bobo" Till ( (Jalyn Hall) vivia em Chicago, ao lado da mãe Mamie (Danielle Deadwyler), mas queria passar as férias no segregacionista estado do Mississippi com os primos. O garoto tem 14 anos e não entende muito bem os pedidos para que se mantenha longe dos brancos, ou ao menos, abaixe a cabeça e desvie o olhar quando cruza com algum.
E no pequeno Distrito de Money, com pouco mais de 300 habitantes, nos confins da América sulista e racista, ele acaba sendo linchado, após cometer o “crime” de dirigir a palavra para uma mulher branca. Ele apanhou tanto, levou tiro no rosto, que seu corpo ficou completamente deformado, só sendo reconhecido pelo anel que levava no dedo, herdado de seu pai, morto na II Guerra Mundial.
Matar um negro naquela época era considerado normal, e impunidade certa para os assassinos, muitos pertencendo a organização racista e terrorista Ku Klux Klan. Mamie decide, porém, ir à luta, e expor o violento crime que seu filho foi acometido. Ela providenciou um funeral de caixão aberto em Chicago, apesar do estado do corpo de seu filho. Este gesto começou a mudar a opinião pública americana, que passou a enxergar com outros olhos a segregação sulista. É considerado, ao lado da briga de Rosie Parks, o começo da luta pelos Direitos Civis nos EUA.
Os dois assassinos foram inocentados por um júri formado totalmente por homens brancos, que ainda zombaram da morte de Bobo. Tempo depois, eles confessaram o crime em entrevista para a hoje extinta revista Life, recebendo 4 mil dólares. Mas como já haviam sido julgados, ficaram livres.
O filme é doloroso, mas assim como outros filmes sobre racismo ou Holocausto, são necessários. As pessoas têm de assistir, para entender que o mundo não é cor-de-rosa, pelo contrário, é cruel. "Ah, me incomoda cena com sangue, cena com assassinato...". Deveria incomodar o fato de crimes serem praticados. Aliás, a atuação de Danielle Deadwyler é esplendorosa - se houvesse justiça mesmo no mundo do cinema, ela deveria ganhar o Oscar...mas...
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Cotação: excelente
Duração: 2h10
Chico Izidro

terça-feira, fevereiro 07, 2023

"Os Banshees de Inisherin"

"Os Banshees de Inisherin" dirigido e escrito por Martin McDonagh, conta a história de Pádraic (Colin Farrell), que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando seu melhor amigo, Colm (Breendan Gleeson) decide que não quer mais continuar com a amizade entre eles. O personagem de Farrel é um fazendeiro humilde, sem muito intelecto e que vive na fictícia ilha de Inisherin, ao lado da irmã Siobhan (Kerry Condon) e seus animais, e tendo ainda outro jovem pouco inteligente o seguindo por todos os lados, Dominic (Barry Keoghan).
A trama se passa no começo dos anos 1920, quando a Irlanda vivia uma guerra civil. Mas os moradores de Inisherin pareciam viver uma vida alheia ao conflito, que eles podem observar de longe. Uma das tradicões é se reunir todos os dias, exatamente às duas da tarde, no único bar da cidade para beber cerveja.
Pádraic começa a tentar entender o motivo por qual Colm decidiu romper com ele, e tenta de todas as maneiras fazer com que o amigo repense. Mas cada vez que força a situação, as coisas vão piorando, com Colm passando a tomar medidas drásticas para afastar o fazendeiro. Colm é um homem inteligente, que vive solitário em sua cabana, tendo como grande paixão a música, decidindo até mesmo sacrificá-la para ter paz.
"Os Banshees de Inisherin" é falado boa parte dele em gaélico e mostra, de forma lenta (e isso pode incomodar muita gente, acostumada ao ritmo intenso do cinema atual), os hábitos, costumes, a mania de cada morador, as fofocas - sendo uma ilha, fica evidente mais ainda todo mundo saber da vida de todo mundo. E a química entre Colin Farrell e Breendan Gleeson é excelente, com diálogos inteligentes e reflexivos. Um belo filme.
Cotação: ótimo
Duração: 1h54
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...