terça-feira, junho 20, 2006

ÁRIDO MOVIE


Que belo filme é Árido Movie (desculpe a redundância). O moderno e o antigo convivendo pacificamente, numa trama que, ironicamente, trata de vingança, de redescobrir o passado perdido em algum lugar no sertão nordestino. Filme de estréia de Lírio Ferreira, mas com grande ajuda de Murillo Salles, tem humor na medida certa e melancolia na hora correta. O "rapaz do tempo" de uma emissora de tevê (Jonas) Guilherme Weber, tem de voltar às origens depois que seu pai, o sempre escrachado Paulo César Pereio é assassinado.
Meio contrariado, Jonas sai da chuvosa São Paulo e encara uma calorenta e sufocante Recife. Ali reencontra a mãe, vivida por Renata Sorrah (aliás, quando é que ela vai aparecer em alguma cena sem estar segurando um copo de uísque?) e alguns amigos de adolescência, os "maconheiros" vividos pelo sempre engraçado Selton Mello, com uma barriga descomunal, Gustavo Falcão e Mariana Lima.
De Recife, Jonas parte para o sertão nordestino, onde impera a lei do matou, tem de morrer. E ele recebe da avó, que nem conhecia, a incubência de assassinar o matador de seu pai. Enquanto seguimos a jornada de Jonas, existem cortes no filme mostrando a trajetória hilária de seus amigos endoidecidos pela marijuana, a famíllia de Jonas, que o considera um total estranho no ninho, e ele o é - principalmente para o primo falcatrua vivido pelo ótimo Matheus Nachtergaele. E ainda sobra espaço para a documentarista Soledad (Giulia Gam), contida em seu papel, sem nenhum exagero. Aliás, nenhum dos atores está fora do que pede o filme. Show à parte de José Dumont, que vive um personagem convivendo entre Jonas, os amigos deste e o assassino. Filosofando e nos deixando levar a um mundo que funde Graciliano Ramos, Gabriel Garcia Marquez e até Ignácio de Loyola Brandão. Para ver e rever.

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