quarta-feira, novembro 28, 2007

BEOWULF



O que é falso e o que é verdadeiro? Em Beowulf, de Robert Zemeckis, o trabalho digital que já fora testado em Expresso Polar chega às beiras da perfeição. Utilizando as feições e vozes de atores como Anthony Hopkins, Angelina Jolie, Robin Wright-Penn e Ron Winstone, Zemeckis (De Volta Para o Futuro) buscou inspiração na mitologia nórdica, na figura do guerreiro Beowulf (o nome faz uma referência as características do herói, com a esperteza de um Lobo e a força de um Urso), que por volta de 500 d.C. derrotou o monstro Grendel e se tornou rei, mas com uma maldição que o assombrou nos anos posteriores. Pois como todo o homem, tinha as fraquezas da carne. É interessante notar, mesmo que não seja aprofundado no filme, o começo do surgimento do catolicismo na Dinamarca, rivalizando com deuses nórdicos como Odin e Thor.
Apesar do extraordinário trabalho tecnológico - às vezes é quase impossível distinguir se o que estamos vendo na tela é mesmo um ator e não o seu "avatar" -, falta alma aos personagens. Afinal eles não estão atuando e sim colocados ali digitalmente. Por isso, por mais que insistam que no futuro acabarão os atores de carne e osso, acho que eles não perderão o seu espaço. Além do que, qual a dificuldade em se reproduzir os rostos das belas Robin Wright-Penn e Angelina Jolie? Ora, a reprodução da beleza feminina está restrita aos mestres, e apesar de bom cineasta, Zemeckis não é mestre. É bom.

A LOJA MÁGICA DE BRINQUEDOS



Antes de sair para o cinema, você liga a tevê e depara com Rain Man, de 1988, com Dustin Hoffman. Mesmo dublado, ali você se emociona com um espetacular ator no papel de um altista. Algumas horas depois, e visto A Loja Mágica de Brinquedos, de Zach Helm, temos a impressão de que Dustin Hoffman está de saco cheio e precisando de dinheiro. E assim como o personagem de seu filme, está preparando a hora de se retirar de cena. O sr. Magorium, depois de mais de 240 anos, chegou ao ocaso de sua vida e pretende deixar a sua loja de brinquedos mágicos - no caso aqueles antigos em que a tecnologia não havia colocado as mãos e onde não eram necessários o uso de joysticks e internet - para a sua ajudante, a ex-criança-prodígio Mahoney (Natalie Portmann). E a atriz foi mesmo uma atriz precoce, deixando muito marmanjo babando quando surgiu em O Profissional, de 1994. Aqui de cabelo joãozinho para não tentar parecer sexy, já que o filme é feito para a criançada. A loja mágica, porém, não aceita a mudança de dono e, como uma casa mal-assombrada, protesta, sabotando tudo e a todos, menos o contador chamado o Mutante (Jason Bateman, do seriado Arrested Development), um cara que deixou a infância em algum lugar do passado.
O filme tem seu encanto, e diverte por vezes a petizada. E até deixa os adultos recordando um pouco a infância. Pena que o cansaço de Dustin Hoffmann o deixe por vezes sonolento.

quinta-feira, novembro 22, 2007

VIAGEM A DARJEELING



Vamos combinar. Vai aparecer alguém para dizer: genial! Mas Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson, é apenas mais um road-movie, desta vez em solo indiano, onde três irmãos que não se entendem, Owen Wilson, Jason Schwartzmann e Adrien Brodi, vão tentar fazê-lo. Após um ano da morte do pai, eles vão à India em busca da mãe, a agora freira interpretada por Angelica Houston, ex-sra. Jack Nicholson, e tentar retomar os laços de afetividade, entre garçonetes indianas cheias de tesão, crianças em perigo, terras áridas e um trem que perdeu o passageiro Bill Murray, "que poderia estar voltando de sua sua viagem ao Japão", numa referência ao filme Encontros e Desencontros. No minuto 60 você pensa: deu!

OS DONOS DA NOITE



Posso estar numa semana ranzinza, mas as coisas não têm me agradado. Não que Donos da Noite seja um mau filme policia. Não é. Está na mesma linha de Os Infiltrados, Cassino, Os Bons Companheiros, ou seja, está na área dominada por Martin Scorsese esta obra de James Gray, que lida sobre família, o certo e o errado. Mas é justamente neste ponto em que está o seu erro, ao requentar tudo. Você está lá no cinema e tem a impressão de que já viu aquilo em algum lugar, mostrado de uma forma melhor executada.
Em Os Donos da Noite - devem ter uns 30 filmes com este título -, temos uma família dividida. De um lado, os policiais bonzinhos Robert Duvall e Mark Walhberg e do outro, o perdido na noite e com chances de enriquecer rápido com a máfia russa Joaquim Phoenix, em atuação irrepreensível. E de sobra tem a perfeição de Eva Mendes, uma das mulheres mais lindas do mundo.
Ah, a história se passa em 1988, porém a trilha sonora que rola na danceteria em que a história é focada toca somente músicas do final dos anos 70 do século passado, como Blondie, Talking Heads, Chic, entre outros.

CRIMES DE AUTOR



Roman de Gare é o nome original deste filme e também do barco da escritora interpretada por Fanny Ardant e pode ser traduzido como O Romance da Estação. Ela é suspeita de assassinato de seu ghost-writer, Dominique Pinon (de Delicatessen e O Quinto Elemento). Ao mesmo tempo, o filme se divide em três, na fuga de um serial killer, no sumiço de um professor e do próprio ghost-writer. Os três seriam o mesmo homem? E entre belas imagens do interior da Franbça, criamos a orbigação de achar que todo o filme francês tem de ser bom. E não é assim. Este se mostra por vezes perdido, de copiar seus similares americanos e atores que parecem aborrecidos. Faltou. Do veterano Claude Lelouch.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Planeta Terror



Planeta Terror vai ficar para a história não pelo roteiro, mas sim por um de seus personagens, a go-go girl (dançarina) Cherry - a belíssima Rose McGowan e seu cotoco de perna - que recebe uma metralhadora como apoio! Esta é uma das aberrações de Planeta Terror, filme de Robert Rodriguez em parceria com Quentin Tarantino, que até faz uma ponta como um militar que tem os órgãos sexuais derretidos...
O nome original do filme é Grindhouse, que significa produção de baixíssimo orçamento, exibidas em cinemas pulgueiros. E Planeta Terror lembra mesmo aquelas velhas fitas dos anos 70 do século passado, com riscos na telona, partes faltando (propositalmente). Ah, a história: um gás escapa de uma instalação militar e transforma as pessoas em zumbis devoradores de carne humana. E um grupo de pessoas - quase todos marginalizados, armados até os dentes, se defende de todas as formas, principalmente com tiros que esfacelam as cabeças dos zumbis...ou seja, esta história já foi mostrada milhares de vezes. Terror, humor negro, escatologia, sangreira...mas dá para dar umas boas risadas.

O MAGNATA



O vocalista do grupo de skaterock Charlie Brown JR., Chorão, estréia como roteirista no filme O Magnata, direção de Johnny Araújo. O personagem principal, vivido por Paulo Vilhena, é um jovem rico que vive com a herança do pai e constante conflito com a mãe, Maria Luísa Mendonça. Ele porém, além de cantar em uma banda punk, adora o submundo paulista, rouba, ainda com os piores marginais e seduz todas as garotinhas. Por isso o apelido que ganha entre os marginais.
Sua vida começa a dar errado quando se mete com o irmão de um parceiro, que comete uma estupidez após o roubo de um carro.
Tirando a atuação de Vilhena, que convence como um riquinho deslumbrado com o submundo, o filme é de uma chatice monumental e por vezes seria necessária a legendagem para se compreender o que alguns dos personagens falam. Fazendo um trocadilho terrível, o filme é de chorão...

Tá Dando Onda



Um pingüim que sonha em ser o rei do surf. O pequeno Cody deixa sua "aldeia" na Antarctica e tenta seguir, no Hawaii, os passos do ídolo Big Z, que sumiu misteriosamente há 10 anos. É Tá Dando Onda, de Ash Brannon e Chris Buck, excelente desenho digital em forma de documentário, com imagens de "deixar o queixo caído". E ao contrário dos mais recentes desenhos do gênero, referências a outros filmes são deixados de lado, favorecendo a criançada. Nota 10.

1408



1408, de Mikael Hafström, é mais um filme baseado em conto de Stephen King, o mestre da literatura de terror. O título faz referência a um quarto de hotel, no caso o Dolphin, em Nova Iorque, onde ninguém sobrevive por mais de uma hora - mas não se explica o porque. E é lá que vai parar o escritor Mike Enslin (John Cusack, que leva sozinho um filme mediano, mesmo com a presença de Samuel L. Jackson).
Escritor de livros onde desmistifica a existência de fantasmas, ele vive "assombrado" pela perda da filha pequena e pela separação da mulher e começa a mudar os seus conceitos quando fica trancado no tal quarto do título. E se era para ser um filme de terror, ficou faltando muito. Os sustos não acontecem...

quinta-feira, novembro 08, 2007

Antes só do que mal casado



Primeiro: quem nunca começou um relacionamento e logo se deu conta de que entrou numa barca furada? Segundo: os irmãos Farrely continuam politicamente incorretos, mas mais suavizados.
Na sua nova comédia, Antes Só do que Mal Casado (The Heartbreak Kid, algo como o garoto do coração partido, de Peter Farrelly e Bobby Farrelly), Eddie é um carinha de 40 anos que ainda insiste em ficar solteiro, enquanto todos a sua volta já estão comprometidos. Notando estar ficando para trás e pressionado pelo melhor amigo, Mac (Robby Corddry) e pelo pai, Doc (Jerry Stiller, pai de Ben na vida real e de George Constanza em Seinfeld), Eddie casa com a primeira garota que cruza em seu caminho, Lila (Malin Akerman), em apenas seis semanas.
E de anjo, logo a garota se mostra uma mala sem alça. Nada é o que parece ser. As cenas em que Lila começa a se revelar são hilárias, como a de ela cantando durante a viagem para a lua-de-mel no México. E já no México, onde piadas preconceituosas são despejadas uma atrás da outra, Eddie conhece outra garota que realmente parecer ser a especial, Miranda (Michelle Monaghan). Não perca a cena dos mariachis...é de se dobrar de rir. O filme, porém, não chega aos pés de Quem Vai Ficar com Mary e O Amor é Cego, mas é extremamente superior a Ligado em Você.

LEÕES E CORDEIROS



Em Leões e Cordeiros (Lions and Lambs, de Robert Redford), discute-se as ações intervencionistas dos Estados Unidos no resto do planeta. No caso em questão, o Afeganistão, terra dos talibãs e dos perpertradores do 11 de setembro (alguém aí vai dizer que Bin Laden é saudita, mas é no Afeganistão o local onde ele encontrou suporte para controlar o seu grupo, o Al-Qaeda). O filme é curto e tem três centros vitais, todos se interligando. Num deles, a veterana jornalista Janine Roth (Meryl Streep, sem vergonha de suas rugas) entrevista o jovem senador republicano Jasper Irving (Tom Cruise, surpreendendo emn seu papel, que exige muito mais do que caretas e correria), que defende as ações de seu governo no exterior. No outro, o professor Stephen (Robert Redford, se entupindo de café) tenta mudar os planos de vida de um de seus inteligentes e promissores alunos, o cínico Todd (Andrew Garfield) e por fim, dois soldados, vindos de classes desprivilegiadas, Arian e Ernest (respectivamente Derek Luke e Michael Peña) se perdem no interior afegão e são ameaçados pelos talibãs, enquanto relembram o porque foram parar ali.
Um filme antibelicista, sendo dirigido por quem foi, Robert Redford, onde os diálogos prevalecem sobre a ação - que praticamente inexiste em seus pouco mais de 80 minutos. Se você quer ver filme de guerra, passe longe. Se você quer uma discussão da inutilidade da guerra, assista.

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...