quinta-feira, dezembro 27, 2007
Alvin e os Esquilos
Primeiro, quem curte Jason Lee, do seriado My Name is Earl e filmes como Procura-se Amy, não se engane, pois aqui ele passa longe de seus personagens canalhas. Falo de Alvin e os Esquilos (Alvin and the Chipmunks), de Tim Hill, um filme realmente feito para o público infantil e com personagens criados há mais de 50 anos. Na história, 3 esquilinhos, Alvin, Theodore e Simon tem o poder de falar e, melhor, cantar. Adotados pelo músico frustrado Dave (Jason Lee), os pestinhas se tornarão astros da música pop. A primeira parte até empolga, mas na segunda parte, onde imperam as apresentações dos esquilos ao ritmo das boy-bands, como Backstreet Boys e N' Sync, e a ganância de um empresário do ramo musical (Dave Cross, da série Arrested Development), o sono pode bater no publico adulto. Apenas para crianças. Ainda mais com uma péssima dublagem.
Encantada
O mundo real é cruel. Não tem nada de romântico. É o que vai descobrir a princesa Giselle (Amy Adams), que é vítima do ciúme da rainha má e que sairá de seu mundo feliz e vai parar numa cruel, nem tanto assim, e desordeira Nova Iorque, no divertido Encantada (Enchanted, de Kevin Lima). O legal é que a transposição de um mundo para o outro ela se transforma de desenho para carne e osso.
O mix de desenho com seres humanos não é novo, mas é hilário ver a princesa, que passa o tempo a cantar, receber a ordem do humano que a acolheu, Patrick Dempsey, de Namorada de Aluguel e Grey's Anatomy, dizendo: "Por favor, nada de cantar. Apenas fale".
O choque entre os dois mundos é bem bolado, mas perde força apenas em seu final, quando ocorre uma desnecessária batalha entre a bruxa (Susan Sarandon) e os mocinhos. E a pergunta: por que a bruxa é sempre mais interessante do que os personagens bonzinhos?
Conduta de Risco
Conduta de Risco (Michael Clayton, de Tony Gilroy) é para ser de George Clooney, que continua em sua investida no cinema de conscientização. Mas quem rouba a cena é Tom Wilkinson, como Arthur (Entre Quatro Paredes e Ou Tudo ou Nada). Os dois são advogados especializados em limpar as sujeiras de clientes da firma que eles representam. Clooney é o próprio Clayton, que vive um período conturbado em sua vida, com dívidas, separado, correndo risco de morte. O problema é que ele parece não mudar suas feições ao longo do filme, seja a situação em que se encontra. Já Wilkinson tem cenas memoráveis, surtos incríveis e até mesmo carregando pães embaixo do braço ele faz o diferencial. O seu objetivo é denunciar uma empresa que fabirca alimentos prejudiciais à saúde e cuja advogada é a excelente Tilda Swinton, encantadoramente maléfica.
Belo filme denúncia, que não permite uma piscada em suas quase duas horas, que percorre quatro dias da vida do personagem título.
quinta-feira, dezembro 20, 2007
O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA
Tentei puxar da memória e até pode ter ocorrido, mas nunca filme foi tão fiel ao ivro quando a O Amor Nos Tempos do Cólera (The Love in the Time of Cholera, de Mike Newell, de Quatro Casamentos e Um Funeral e Harry Potter e o Cálice de Fogo), do romance genial de Gabriel Garcia Márquez. E se você quer encontrar um ator em sua plenitude, observe o espanhol Javier Bardem no papel do apaixonado Florentino Ariza. Ainda adolescente, em Cartagena, na Colômbia, ele se apaixona pela jovem Fermina Daza (Giovana Mezzogiorno, de O Último Beijo, excelente filme italiano de 2002) e como é impedido de se casar com ela, passa 53 anos de sua vida sofrendo por amor. Até promete se manter virgem para ela, mas para esquecer sua frustração, a opção é se entregar às mulheres, chegando a ir para a cama com mais de seiscentas. O seu objetivo é, antes de morrer, ter sua amada nos braços.
O filme, se tratando de amor, por vezes, beira à breguice. Mas o amor é brega e só quem sofreu por amor entende isso.
O cuidado com o visual de época é primoroso e até encontraram um ator por demais semelhante a Javier Bardem, o jovem Unax Ugalde. Mas os pecados por vezes são gritantes, como os erros cronológicos, a maquiagem falha e, pasmén, numa das cenas, um dos personagens pergunta a Ariza se ele gosta de música. "Sim. Carlos Gardel", responde o protagonista. No entanto, a cena se passa em meados da década de 1880 e Gardel só surgiria para o mundo no século 20, afinal nasceu apenas em 1890.
E apesar de muita gente pensar em cólera como raiva, na realidade, o cólera citado é a doença, que vitimava muitas pessoas devido à falta de higiene naqueles idos anos.
E Fernanda Montenegro interpreta a dedicada mãe de Florentino. Então se ela está lá, assista sem medo.
NO VALE DAS SOMBRAS
A guerra do Iraque é mais um conflito a traumatizar a sociedade americana. Aquela famosa frase que diz "quem não aprendeu com os erros do passado, vai repetí-los no futuro" lembra bem que o Vietnã não adiantou de nada. Em No Vale das Sombras, de Paul Haggis, existe uma crítica violenta a invasão que se estende desde 2003. Logo no começo do filme, vemos um pai desesperado (Tommy Lee Jones, em atuação explendorosa) orientando um zelador guatemalteco a colocar a bandeira americana corretamente no mastro. "Assim, de cabeça para baixo significa que queremos voltar para casa", ensina ao imigrante - um dos que mais sofrem para se integrar na sociedade americana e que mais servem de bucha de canhão na guerra. A frase será emblemática no filme.
Jones procura o filho, que retornou do Iraque, mas não entrou em contato com os familiares, ao contrário dos colegas. Começa uma busca incessante, existe um assassinato misterioso, onde uma policial desacreditada pelos colegas tentará mostrar que não é só beleza (e Charlize Teron como a detetive mostra que, realmente, não é só um rosto lindo. É uma bela atriz)., ao tentar desvendá-lo. E muitos segredos, preconceito racial. Um filme a se refletir. E tem Susan Sarandon, que com o seu papel, o de mãe e esposa frustrada, mostra nas cenas a que tem direito, que o filme é dela.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
O SOBREVIVENTE
Werner Herzog adora selva. Haja vista os seus clássicos Aguirre, a Cólera dos Deuses e Fitzcarraldo, com seu ator e alter-ego Klaus Kinski. Agora, o diretor alemão retorna ao seu habitat preferido em O Sobrevivente (Rescue Dawn). O tema chega a ser anacrônico: a guerra do Vietnã. Mas isso fica como pano de fundo. O que interessa é como o piloto Dieter Dengler (Christian Bale, que não faz muito marketing e acaba sendo deixado de lado, mas ele é um dos melhores atores de sua geração, desculpem-me o clichê), alemão naturalizado americano, fez para sobreviver após ser feito prisioneiro pelos vietcongues no começo da guerra, em meados da década de 60 do século passado.
O Sobrevivente se baseou em fatos reais e durante quase duas horas temos a batalha do homem contra a natureza inóspita. Em certos momentos, lembra o clássico oitentista Os Gritos do Silêncio, que retratava a guerra do Camboja. Pena que no final Herzog desperdice a trama em puro americanismo, com direito aquelas irritantes salvas de palmas para o mocinho. Não precisava.
30 DIAS DE NOITE
O que se propõe um filme de terror? A dar medo nos seus espectadores. Então podemos chegar a conclusão de que 30 Dias de Noite (30 Days of Night, de David Slade) é um bom filme de terror. Sim, no distante Alasca, uma comunidade sabe que vai passar o próximo mês sem ver a luz do sol. O que desconhece é que vampiros vão aproveitar a ocasião para vir à tona e saciar a fome. Um grupo de moradores, liderado por Josh Hartnett (de Pearl Harbour e com sua eterna cara de sonso), que tenta entender o porque foi chutado pela noiva (a bonitinha e dentucinha Stella Oleson), vão tentar sobreviver. É um jogo de gato e rato e ao espectador resta saber quem vai sobreviver, com direito a pulos na poltrona. Para quem gosta de filme do gênero é uma boa pedida.
MANDANDO BALA
Você quer das boas risadas e ver Clive Owen (Closer, Perto Demais) comendo cenoura sem parar, Monica Belucci como uma linda prostituta com instinstos maternais e Paul Giamatti (Sideways) como um assassino psicopata? Então vá ver Mandando Bala (Shoot'En Up, de Michael Davis). Cenas totalmente inverossíveis, onde Clive Owen é um misterioso pistoleiro que compra uma briga desnecessária com a gangue de Giamatti. O motivo é que este pretende eliminar um bebê que pode salvar a vida de um político. Mandando Bala tem cenas de desenho animado e também de filmes como Carga Explosiva e coisas do gênero. Owen até lembra Pernalonga, chegando a citar a famosa frase What's Up, Doc? Não é para ser levado a sério, mas quem se importa, se a questão é se divertir?
quinta-feira, dezembro 06, 2007
3 EFES
3 Efes, o novo filme de Carlos Gerbase (Sal de Prata e Tolerância), começa lembrando o estilo da obra-prima de Jorge Furtado, Ilha das Flores, de 1989: uma explicação porque os 3 efes são uma necessidade básica para a humanidade. Fome, sexo e fasma (fasma vem do grego e significa representação). Aí se substitui sexo por foda e temos os 3 efes do título. E na história, a personagem principal, Sissi (Cristina Kessler) tem uma vida prá lá de complicada. Apesar de namorar um jogador do Grêmio, é mãe solteira, universitária e trabalha em telemarketing. Mas nada disso evita que ela e o filho passem fome. Para sair dessa vidinha miserável, uma amiga sugere que Sissi "se vire".
E ao redor da garota transitam figuras que também só vivem em função dos 3 efes. Sua tia, dona de casa e que deixada de lado pelo infiel marido (que vive inventando reuniões para sair com outras mulheres), acaba se confortando com o papeleiro; a amiga que ganha muito se prostituindo, o fotógrafo que se apaixona por ela, o pai preguiçoso...
O filme não traz surpresas, mas é bem contada, e as atuações são simples, nada de extraordinárias. O começo é vacilante, mas no decorrer da trama, a gente vai simpatizando com a história. Muito por ela se passar em Porto Alegre e nas ruas por onde passamos. Fale de sua aldeia e você será universal. Com Cris Kessler (Sissi), Paulo Rodrigues (o papeleiro William), Ana Maria Mainieri (a amiga Giane), Felipe de Paula (o fotógrafo Betinho), Carla Cassapo (a tia Martina), Leonardo Machado (o tio Rogério), Fábio Rangel (o publicitário Heitor) e Júlio Andrade, de Cão sem Dono, numa ponta, como policial.
Bee Movie - A História de Uma Abelha
A dublagem, na maioria dos casos, costuma assassinar os filmes. E em Bee Movie, desenho animado dirigido por Simon J. Smith e Steve Hickner, não chega a tanto, mas muita coisa é perdida na história da abelha inconformada com o destino programado para os da sua espécie - especialmente ela - e com a utilização do mel pelos seres humanos. O pequeno Barry acaba brigando com tabus de sua sociedade e até se envolvendo com uma humana, a florista Vanessa (Renné Zellweger). E Bee Movie pode ser interpretado como um jogo de palavras. Tanto serve para filme de abelha como filme "B", ou aqueles de orçamento baixo. Apesar da dublagem, o filme tem piadas impagáveis, mas neste caso o som original ficaria melhor, pois está a cargo de Jerry Seinfeld, que era o protagonista da melhor série televisiva de todos os tempos, que se chamava...Seinfeld e cujas histórias se passavam, assim como no filme, em Nova Iorque. E quem como eu, era e é fã do seriado, vê nos maneirismos de Barry os toques de Seinfeld. Espere sair em dvd e se deleite com as belas tiradas.
Lady Chatterley
O romance é um dos mais polêmicos da primeira metade do século passado e escandalizou os moralistas: O Amante de Lady Chatterley, de D.H. Lawrence. Se não o leu ainda, o faça. Agora no início do século XXI , temos uma nova versão levada às telas, com direção de Pascale Ferran, e apesar de a história se passar na Inglaterra, é todo falado em francês. A história é simples. Lady Chatterley (Marina Hands) tem uma vida tediosa ao lado do marido paraplégico, Clifford Chatterley, (Hippolyte Girardot), vitimado em combate na 1ª Guerra Mundial. Os dias de Constance na enorme propriedade do lorde são chatas, longas e nada a fazer. E com isso, ela acaba descobrindo a sexualidade com o guarda-florestal do local, o tosco Parkin (Jean-Louis Coullo'ch). E se o livro é transposto rapidamente, o filme não é ruim, mas é longo, por vezes cansativo, com longas tomadas de plantas, animais. E os atores não são bonitos, são gente comum. E quase três horas de projeção, o que para muita gente significa fugir da sala de cinema.
Eu e As Mulheres
Meg Ryan continua bonita, apesar do colágeno nos lábios, mas já está entrando na idade em que interpreta mãe de adolescentes ao invés da mocinha romântica. Isso pode ser conferido em Eu e As Mulheres (In the Land of the Women, de Jon Kasdan), com Adam Brody, do seriado juvenil e recém-cancelado O.C. A história é até legalzinha e trata de perdas e recomeços. Adam é Carter Webb, jovem escritor que leva um pontapé da namorada e fica com bloqueio criativo. Então sai de Los Angeles e vai morar com a avô senil, interpretada por Olympia Dukakis, sempre bem, no subúrbio de Michigan, onde se envolverá com Meg Ryan, dona de casa entediada, com câncer e traída pelo marido, e a filha dela, a bonitinha Lucy (Kristen Stewart, que com apenas 18 anos já tem mais de 10 filmes no currículo), que ainda não sabe o que deseja da vida. O filme não exige muito e é bom de se ver acompanhado, seja do lado da pessoa amada, ou na falta dessa, de um saco de pipoca com refrigerante.
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