quinta-feira, janeiro 26, 2012
J. Edgar
Talvez pela idade, Clint Eastwood já um octagenário, esteja amolecendo cada vez mais o seu coração. Por isso o ícone americano pegou leve em J. Edgar, a cinebiografia do diretor do FBI durante 48 anos (de 1935 a 1972). O polêmico personagem é interpretado com certa competência por Leonardo DiCaprio sob uma pesada maquiagem, mas o modo com que o filme foi dirigido, pôs tudo abaixo d'água.
A agência americana, no período controlado por Hoover, transformou-se na maior organização policial do mundo, com mais de 16 mil agentes, e revolucionou o sistema de investigação criminal, como por exemplo a utilização das impressões digitais. O FBI começou prendendo comunistas, depois gângsters. E começou a se consolidar quando capturou o sequestrador do filho do aviador Charles Lindberg, o maior herói dos Estados Unidos na década de 1930. Nestes eventos, o filme é fiel e instigante.
Mas depois sofre uma queda brusca, pois Eastwood passou a se preocupar mais com a questão sexual do diretor do FBI, homossexual enrustido que viveu romance com seu assistente Clide Tolson (Armie Hammer) até a morte. J. Edgar vira um dramalhão total, onde o personagem título é um filho carinhoso, mas com medo de se assumir, com pavor da reação da religiosa mãe vivida por Judie Dench. As cenas em que Hoover e Tolson lançam olhares apaixonados um ao outro são risíveis ao extremo.
Eastwood acaba perdendo uma tremenda oportunidade de fazer um retrato completo e fiel sobre a história do FBI na metade do século passado. A sexualidade de Hoover foi importante, sim, pois ele era um tremendo hipócrita, já que fazia festinhas onde todos os convidados se vestiam de mulher (os crossdressers), e ao mesmo tempo perseguia homossexuais, negros e judeus. O líder e pastor negro Martin Luther King, que lutou pelos direitos humanos na década de 1960, esteve sempre na mira do chefe da agência. E o filme faz uma rápida e ineficiente citação ao evento. Outro fato marcante foi a queda de braço que teve com o ministro da Justiça Robert Kennedy naquele mesmo período, pois a tradicional família era intensamente espionada por Hoover. Afinal, o diretor do FBI era de direita e os Kennedys democratas e católicos e o presidente J. F. Kennedy assumiu o governo fazendo mudanças radicais. O filme passa rasante pela briga. Igualmente não funciona a maquiagem pesada imposta aos atores. Ao invés de envelhecer os atores, ela apenas inchou os seus rostos, o que para uma produção de tal porte, é uma grande derrapada.
Cotação: ruim
Chico Izidro
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