quinta-feira, agosto 24, 2017
"Bingo - O Rei das Manhãs"
Até o momento, o melhor filme nacional do ano para mim. "Bingo - O Rei das Manhãs", dirigido por Daniel Rezende, conta a biografia do palhaço Bozo, mas como o nome é de propriedade norte-americana, optou-se por um nome genérico, Bingo, que é interpretado por Vladimir Brichta. A trama é levemente inspirada na vida de Arlindo Barreto, um dos atores que interpretou o Bozo na TV, mas utilizando um pouco de licença poética.
Aqui Arlindo Barreto vira Augusto Mendes (Brichta) e é mostrada sua ascensão, queda e renascimento. Ator de pornochanchadas nos anos 1970, o ator deseja algo maior e visa participar de novelas, mas ganha apenas papéis secundários. Descontente, busca algo maior, e acaba encontrando vaga como o palhaço num programa norte-americano que será produzido no Brasil - o palhaço Bozo, aqui no caso Bingo. Mas apesar de começar a ganhar muito dinheiro, as coisas não ficam do agrado do ator, pois ele assinou um documento onde não pode assumir ser o famoso palhaço que vai alegrando as manhãs da televisão brasileira. Afinal, o intérprete de Bingo é um ilustre desconhecido. E junto com isso vem a depressão, as bebidas e as drogas.
A trama foca também em personagens coadjuvantes, como o filho de Mendes, que vai ficando escanteado quanto mais cresce a fama do pai, mesmo que sem ser reconhecido. Ou da produtora do programa, Lúcia, vivida por Leandra Leal, uma mulher religiosa e que resiste as investidas de Bingo. Tem ainda o câmera Vasconcelos (Augusto Madeira), parceiro das farras de Mendes.
"Bingo - O Rei das Manhãs" tem cenas memoráveis, muitas delas calcadas na realidade. Quando por exemplo, Bingo chama um garoto no palco e este o manda tomar naquele lugar. Ou para derubar a concorrente, não citada, mas claramente deve ser Xuxa, ele convoca a cantora rebolativa Gretchen (Emanuelle Araújo) para "cantar" no seu programa - os dois chegam às vias de fato num banheiro. Ou ainda o momento em que estava cheirando cocaína no camarim e teve de correr para o palco e o nariz ficou sangrando.
Brichta está sensacional como Bingo. Ele transmite muito bem o peso de um ator que está sempre em forte conflito, pois ao mesmo tempo que comanda um programa líder de audiência, fatura milhões com vários produtos - cadernos, lancheiras, livros, ninguém sabe quem ele é. Afinal, de que vale a fama se ninguém sabe? Um filmaço. Que tem ainda uma trilha sonora totalmente anos 1980, com Echo and the Bunnymen, Tokyo (a banda de Supla), Metrô, Dr. Silvana & Cia, Titãs e Roupa Nova. De fazer chorar.
Duração: 1h53m
Cotação: excelente
Chico Izidro
"O Castelo de Vidro" (The Glass Castle)
A história real de uma família completamente disfuncional é contada em "O Castelo de Vidro" (The Castle Glass), dirigido por Destin Daniel Cretton. O filme é baseado no livro autobiográfico da jornalista norte-americana Jeannette Walls, e apresenta atuações espetaculares de Woody Harrelson, Brie Larson e Naomi Watts. A história compreende três décadas, entre os anos 1960 e 1980. "O Castelo de Vidro" tem grandes semelhanças com outro filme lançado este ano, "Capitão Fantástico", com Viggo Mortensen.
Walls foi criada junto com três irmãos e seus pais sem criar vínculos em lugar nenhum. O pai, Rex (Harrelson) não acreditava nas instituições e ao menor sinal de algo que não fosse de seu interesse, todos partiam para um novo lar - geralmente casas abandonadas em cidadezinhas do interior dos Estados Unidos. Mas Rex também era um homem ególatra, alcoolatra e sonhador - ele fazia crer aos filhos de que iriam se estabilizar em algum ponto do país e construíriam o tal castelo de vidro do título.
A trama é contada em vários momentos - com Jeannete já adulta, pronta a se casar com um yuppie (estamos nos anos 1980), e com vários flash-backs, que vão contando aos poucos a história tumultuada dos Walls.
Woody Harrelson tem uma das melhores atuações de sua carreira, e Brie Larson também está muito bem no papel de Jeanette. A química deles é excepcional e todo o conjunto familiar funciona muito bem. Talvez a exceção seja a de Max Greenfield, do seriado "New Girl", quie faz o noivo de Jeannete, e é completamente estereotipado.
Duração: 2h07min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Bye Bye Alemanha" (Bye Bye Germany | Es war einmal in Deutschland...)
Mais um filme sobre o Holocausto, nesta caso sobreviventes. "Bye Bye Alemanha" (Bye Bye Germany | Es war einmal in Deutschland...), do cineasta Sam Garbarski e baseado no romance de Michel Bergmann, mostra a vida de David Berman(Moritz Bleibtreu), que conseguiu sobreviver aos campos de extermínio nazistas. Estamos em 1946 e a Alemanha está destroçada pela guerra. Os judeus que escaparam da morte querem deixar o país, de preferência embarcando para a Palestina ou os Estados Unidos.
David reúne seis amigos, todos judeus, e necessitando de muito dinheiro para poder emigrar, eles começam a vender roupas de cama para os alemães. Só que as coisas não serão assim tão fáceis. Logo, Berman começa a ser investigado por uma oficial das forças de ocupação, Sara Simon (Antje Traue). A suspeita é de que ele, no tempo em que ficou preso num campo de concentração, teria se aliado aos nazistas. David Berman, inclusive, teria sido contatado para ensinar piadas ao ditador Adolph Hitler - ele conta que realmente chegou a estar perto do ditador, mas tinha planos de matá-lo.
Enfim, o filme apresenta ótimos momentos cômicos e também conflituosos, trazendo ainda um personagem muito espirituoso e inteligente, mas também com traços misteriosos. "Bye Bye Alemanha" é uma boa comédia com uma ótima performance do ator Moritz Bleibtreu.
Duração: 1h42min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Na Mira do Atirador" (The Wall)
Um soldado americano fica encurralado atrás de um pequeno muro num vilarejo iraquiano, enquanto um franco-atirador rebelde espera o momento de matá-lo. Um thriller forte e angustiante é "Na Mira do Atirador" (The Wall), dirigido por Doug Liman, que também esteve no comando de "Identidade Bourne" e "Sr . e Sra. Smith".
A história mostra o sargento americano Allen Isaac(Aaron Taylor-Johnson), em meio a uma missão no Iraque. Ele e um colega, o também sargento Shane Matthews (John Cena), ficam a sós com um sniper iraquiano – mas em disputa assimétrica: o iraquiano podia vê-los, mas eles não enxergavam ver o iraquiano, escondido num ponto estratégico.
Os momentos são tensos. Após acertar Shane, o sniper faz um jogo de gato e rato com Isaac. Ao invés de alvejá-lo, o iraquiano passa a conversar com Isaac (através de seu walkie-talkie, que foi rastreado pelo calculista atirador asiático). E detalhe: o rosto do atirador nunca é mostrado, só escutamos a sua voz. E os dois acabam tendo um embate quase filosófico, sobre o que fazem ali naquela guerra, as consequências dela para cada país, por que ela começou, qual o sentido de ela continuar. E a única proteção que Isaac possui é um pequeno muro feito de tijolos.
Mas a obra não é apenas de suspense, por trás da trama existe toda uma discussão sobre imperialismo norte-americano. Tanto que o filme não se chama "The Wall" ou "O Muro" no original, de graça. Este muro pode ser interpretado como aquele que separa os norte-americanos dos outros povos.
Duração: 1h28min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Torre Negra" (The Dark Tower)
"A Torre Negra" (The Dark Tower), dirigido pelo cineasta dinamarquês Nikolaj Arcel, é uma adaptação de uma série de oito livros, que misturam fantasia e faroeste, escrito pelo mestre do terror Stephen King. E o resultado acaba sendo, mesmo, me desculpem o trocadilho, um terror, no mau sentido. A obra de King já rendeu filmes fantásticos no cinema, desde Carrie – A Estranha (1976), passando por Louca Obsessão (1990), Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de um Milagre (1999), e O Nevoeiro (2007). Eu sinceramente não gosto de "O Iluminado", de Stanley Kubrick, que para mim ficou muito aquém do livro.
Mas vamos para "A Torre Negra" (The Dark Tower), que traz o adolescente Jake (Tom Taylor), que tem sonhos muito estranhos com um local dominado por um homem de preto, Walter, (Matthew McConaughey), uma figura demoníaca, que atormenta seu subconsciente. Este personagem planeja dominar o mundo e para isso pretende soltar forças das trevas no planeta. Jake começa a ser visto como maluco, pois faz desenhos sinistros sobre seus sonhos, e ninguém acredita nele. Quando está para ser internado, o garoto foge e acaba entrando na tal dimensão dominada por Walter. Para combater o vilão, ele ganhará a ajuda do Pistoleiro Roland (Idris Elba).
O problema é que o filme não funciona de jeito nenhum. Tudo é feito de forma truncada, sem criatividade - e nem mesmo os efeitos especiais salvam. Os atores parecem estar atuando no piloto automático, aparecendo ali apenas para pagar o aluguel no final do mês.
Duração: 1h35min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, agosto 17, 2017
"Afterimage"
A história do artista plástico e professor polonês Wladyslaw Strzeminski me era desconhecida. E sua vida acabou sendo o testamento final do grande cineasta Andrzej Wajda, que nos deixou em 2016, após passar boa parte de sua carreira contando em espetaculares filmes a história da Polônia em seu século XX, marcado por invasões russas e alemãs, e os domínios nazistas e depois comunista em seu país.
Wladyslaw Strzeminski (em atuação espetacular de Boguslaw Linda), era um artista polonês que tinha deficiências físicas tremendas - havia perdido o braço esquerdo e a perna direita na I Guerra Mundial -, mas nunca se rendeu, sempre se superando. Após a II Guerra Mundial, ele ministrava aulas na Faculdade de Lodz, mas logo começou a ser perseguido pelas autoridades comunistas, que não aceitavam sua independência. Além do que, Strzeminski se negava a trabalhar apenas com a arte conceitual comunista.
Aos poucos, Strzeminski começou a ter dificuldades para dar suas aulas ou mesmo de trabalhar. As autoridades chegaram a impedir que ele até mesmo comprasse tintas e pincéis para fazer suas obras, visto que havia sido expulso do Sindicato dos Artistas Poloneses. Strzeminski se virava dando aulas particulares ou vivendo da ajuda de amigos e ex-alunos para poder até mesmo comer.
A visão que Wajda mostra da Polônia comunista não é nada dievrtida. Um país cinzento, atrasado, reacionário. Grande obra final do mestre do cinema polonês. Polanski está em segundo.
Duração: 1h38min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Annabelle 2 - A Criação do Mal" (Annabelle: Creation)
Depois de "Invocação do Mal" (2013), "Annabelle" (2014) e "Invocação do Mal 2" (2016), "Annabelle 2: A Criação do Mal" (Annabelle: Creation) é o novo filme da saga que tem como 'protagonista' a assustadora boneca, e é dirigido por David F. Sandberg. Neste novo longa, é contada a história da origem do brinquedo possuído por forças do mal.
"Annabelle 2 - A Criação do Mal" tem como núcleo central uma freira e um grupo de meninas órfãs, que vão morar na casa de Samuel Mullins (Anthony LaPaglia, da finada série Without a Trace). Aliás, ele é o artesão que criou a boneca, e agora vive isolado ao lado da mulher, Esther (Miranda Otto), numa propriedade no meio do nada em um lugarejo no interior dos Estados Unidos. O começo do filme mostra a construção da boneca e a vida que Samuel e Esther viviam ao lado da filha pequena, que acaba morrendo em um trágico acidente.
No decorrer do filme será explicado o motivo de a boneca se transformar em obra do mal - enlutados, Samuel e Esther meio que invocaram o espírito da filha, que retornou, mas possuído pelo demônio, que acabou se transferindo para Annabelle. E claro que a boneca vai atormentar as órfãs, principalmente Janice (Talitha Bateman), que sofre de poliomelite e tem dificuldades para andar, e a esperta Linda (Lulu Wilson).
Tudo começa a dar errado quando Janice não respeitas as regras impostas por Samuel - "nunca entre naquele quarto". Claro que a garotinha vai entrar...e abrir a porta do inferno!!!
O filme dá bons sustos, deixa todo mundo tenso, e também introduz novo personagem aterrorizante, um espantalho. Às vezes acaba lembrando dois assustadores filmes de terror, "Chucky - O Brinquedo Assassino" e "Olhos Famintos". "Annabelle 2 - A Criação do Mal" não é ruim, mas está longe de seus antecessores.
Duração: 1h50min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Eva Não Dorme" (Eva no duerme)
Que filme interessante é "Eva Não Dorme" (Eva no duerme), dirigido por Pablo Aguero, conta a disputa pelo corpo de Evita Perón. A primeira dama argentina, casada com Juan Domingo Perón, morreu jovem, aos 33 anos, em 1952, vítima de câncere no útero. Ela era amada pelos argentinos por sua luta pela melhoria de vida da população. Também foi atriz e era uma figura extremamente carismática.
Ao morrer, o seu marido decide embalsamar o corpo de Evita, e expô-lo a visitação pública. Porém, três anos após sua morte, os militares dão um golpe de estado e depõem. Para apagar seu governo e principalmente a influência de Evita, os novos governantes do país decidem sumir com seu corpo, enviando-o para a Europa. Aguero, de forma ficcional, conta como foram os trâmites para o sumiço do corpo embalsamado dela. Durante 25 anos, os argentinos se debateram para saber o que havia acontecido com ele.
O filme une ficção com algumas cenas reais e impressionantes, para ilustrar o período da morte de Evita, mas o que vemos não é um documentário ou uma cinebiografia. A premissa do filme, são os eventos que sucedem a morte da Primeira Dama e a disputa pelo corpo embalsamado dela. Alguns momentos são deslumbrantes, como uma entre um general e um motorista, que discutem e chegam as vias de fato para saber o que fazer com o corpo da ex-primeira dama.
Em “Eva Precisa Dormir” todos que surgem em cena estão excelentes, entregues em seus papéis. A narração é feita por Gael Garcia Bernal, que faz o papel de um militar envolvido no sequestro do corpo. Além disso, o diretor não se propõe a endeusar Evita, mas retrata uma época difícil no país vizinho, das tantas por que eles passaram.
Duração: 1h27min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Corpo Elétrico"
"Corpo Elétrico", dirigido por Marcelo Caetano, é um filme com forte temática gay, centrada no jovem paraibano Elias (Kelner Macêdo), que trabalha numa confecção de roupas no centro de São Paulo. Afastado dos seus familiares, sua vida se resume ao trabalho e a encontros com outros homens em motéis na capital paulista.
As cenas de intimidade homossexuais são fortes, mas passando longe da pornografia barata. No entanto, não são para qualquer espectador. E em cada momento dos relacionamentos esparsos de Elias, ele escuta as histórias de vida de seus companheiros. Aos poucos, o rapaz vai fazendo amizades na fábrica onde trabalha - boa parte da segunda parte do filme se centra em festas e encontros dos colegas em várias partes da cidade.
"Corpo Elétrico", no entanto, apesar de exaltar a homossexualidade de seus personagens, derrapa ao não mostrar conflitos. Afinal, todo mundo aceita de boa seus colegas gays, que não sofrem perseguições e nem bullying. Enfim, falta conflito, o que sabemos é totalmente fora da realidade.
Duração: 1h34min
Cotação: regular
Chico Izidro
quinta-feira, agosto 10, 2017
"O Estranho Que Nós Amamos" (The Beguiled)
Quando li que a cineasta Sofia Coppola iria fazer uma nova versão de "O Estranho Que Nós Amamos" (The Beguiled) com uma visão totalmente mostrada no clássico de 1971 dirigido por Don Siegel e estrelado por Clint Eastwood, vibrei. Que legal. Como seria esta visão?
Pois bem, a diretora, filha do diretor Francis Ford Coppola simplesmente protagonizou um assassinato cinematográfico. Sofia simplesmente e preguiçosamente refilmou a trama quase quadro a quadro, mas suprimindo cenas e fatos importantes da história.
Nela, passada durante a Guerra da Sucessão dos Estados Unidos, o soldado federado John McBurney (Colin Farrell, revivendo o papel de Clint Eastwood), ferido, se perde de sua tropa e é encontrado na floresta por uma garotinha, estudante de uma escola feminina das proximidades, administrada por Martha Farnsworth (Nicole Kidman, no papel que originalmente foi de Geraldine Page). Ao invés de entregar o soldado para os militares sulistas, as mulheres da instituição, entre elas Edwina (Kirsten Dunst) e Alicia (Elle Fanning) decidem mantê-lo na escola, e aos poucos vão caindo nos encantos dele. Que não é flor que se cheire e vai seduzindo uma a uma, pensando apenas em salvar a sua pele, pois o objetivo de algumas delas é entregá-los as tropas sulistas.
Mas Sofia Coppola não deveria mexer em vespeiros. Por medo do politicamente correto, ela tira a cena em que McBurney beija na boca uma garotinha de 13 anos. E simplesmente esquece a subtrama do irmão de Martha Farnsworth, pois os dois mantinham um relacionamento incestuoso. E pior é limar completamente a escrava Hallie, que era quem realmente cuidava de McBurney e protagonizava com ele uma discussão sobre escravidão e racismo. E Sofia Coppola deixa de lado. Além do que, as atuações de Colin Farrel e Nicole Kidman são quase burocráticas, distante anos-luz das interpretações viscerais de Eastwood e Geraldine Page. Definitivamente o cinema não aprende.
Duração: 1h33min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"Valerian e a Cidade de Mil Planetas" (Valerian and the City of a Thousand Planets)
Ficção científica dirigida por Luc Besson e baseada nas histórias em quadrinhos francesas “Valerian et Laureline” é um espetáculo visual extasiante, mas ao mesmo tempo a trama se mostra arrastada e cansativa ao longo de suas mais de duas horas.
Na história, passada no Século XXVII, o agente espacial Valérian (Dane DeHaan) viaja pelas galáxias ao lado da colega por quem é apaixonado, Laureline (Cara Delevingne). Os dois têm a missão de combater bandidos intergaláticos, até que acabam descubrindo uma operação que pretende dizimar a tal cidade do título, que abriga milhões de habitantes vindos de todas as partes do universo. E a dupla também terá de ajudar uma civilização que teve seu planeta dizimado por um militar ganancioso e conservador.
"Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" vale pelas suas grandiosas cenas, com efeitos visuais espetaculares. As criaturas digitais que aparecem na obra são outro ponto a favor. Mas o grande destaque é simplesmente a cantora Rihana, que em pouco mais de 10 minutos em cena, tem uma participação acima do esperado, vivendo a alienígena Bubble e fazendo uma cena de dança, desculpem o trocadilho, de outro mundo.
Mas se Rihana está espetacular, o mesmo não se pode dizer do casal Dane DeHaan e Cara Delevingne. Eles possuem química zero, e não convencem nunca como dupla romântica. A atriz e modelo também é fraquinha, não conseguindo variar suas expressões. DeHaan até tenta, mas é pedir demais. O que vale é mesmo o visual. Só que é muito pouco.
Duração: 2h18min
Cotação: regular
Chico Izidro
"Malasartes e o Duelo com a Morte"
Pedro Malasartes é um personagem surgido há séculos em Portugal e Espanha, e acabou sendo trazido ao Brasil na época da colonização. Ele é metido a esperto e sedutor, sempre querendo levar vantagem em tudo. E em "Malasartes e o Duelo com a Morte", comédia dirigida por Paulo Morelli, o personagem terá de se virar contra dois grandes inimigos, Próspero (Milhem Cortaz), irmão de Áurea (Isis Valverde), namoradinha dele, e a Morte (Júlio Andrade).
A trama é atemporal e se situa entre alguma parte do interior caipira de São Paulo ou Minas Gerais, onde Malasartes passa o tempo aplicando pequenos golpes e tentando seduzir Áurea. Mas o irmão dela não gosta nada desta história, além do que Malasartes tem uma dívida muito grande com ele. Enquanto o caipira fica fugindo de Próspero, surge o padrinho de Malasartes, que nada mais é do que a própria Morte, que após dois mil anos quer tirar férias e pretende colocar seu afilhado em seu lugar.
Apesar de grandiosos efeitos especiais utilizados no filme, a trama é cansativa e arrastada, com muitos momentos de puro pastelão - que nos dias de hoje não cabem mais. É cena dos personagens correndo um atrás do outro, tropeçando, mais correria. Além disso, o sotaque caipira é tão carregado que por vezes se torna completamente incompreensível. Chato e sonífero.
Duração: 1h50min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, agosto 03, 2017
"Os meninos que enganavam nazistas" (Un Sac De Billes)
Baseado nas memórias de Joseph Joffo, lançado em 1973, "Os meninos que enganavam nazistas" (Un Sac De Billes), tem roteiro e direção do canadense Christian Duguay. A trama, apesar de ser real, tem muito do clássico "Adeus, Meninos", de Louis Malle, onde um menino judeu tem de se passar por católico para sobreviver à caça praticada pelos nazistas na França durante a II Guerra Mundial.
A estrutura do filme, quase um road-movie nos faz quase que participarmos das aventuras vividas pelos irmãos Joffo, Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech), que vivem em Paris sob o domínio alemão. Quando os judeus passam a ser obrigados a usar a Estrela de Davi, começam a sentir o preconceito que estava adormecido entre os seus conterrâneos. E do dia para a noite, seus pais os obrigam a deixar a cidade e tentarem chegar na zona não-ocupada, que ficava ao sul do país.
Os dois tem de esconder sua condição judaica e tentar atravessar a França. E a viagem para dois garotos ainda entrando na adolescência torna-se uma grande aventura. Seja de trem, carona de carro, bicicleta, Maurice e Joseph vão encontrando quem os ajude, mas também quer entregá-los aos alemães.
"Os Meninos que Enganavam Nazistas" se mostra um filme importante, para mostrar como a perseguição nazista aos judeus foi um momento absurdo e cruel da humanidade. E é uma obra tocante, bem feita, muito realista e com boas atuações.
Duração: 1h53min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"O Filme da Minha Vida"
Depois de “Feliz Natal” (2008), e “O Palhaço” (2011), Selton Mello chega ao seu terceiro longa, intitulado “O Filme da Minha Vida“, e que se passa na serra gaúcha nos anos 1960, com reconstitução de época muito boa e uma trilha sonora cuidadosa, que nos transporta para aquele período, com muito saudosismo, mesmo que não tivessemos vivido àquela época. A história é baseada no livro "Um pai de cinema", do escritor chileno Antonio Skármeta, também autor de "O Carteiro e o Poeta".
A trama gira em torno de Tony ((Johnny Massaro, de “A Frente Fria que a Chuva Traz“), que após um período na Capital, onde se forma professor, retorna a pequena Remanso para dar aulas de francês. Mas ao voltar a sua terra natal, descobre que seu pai, Nicolas (Vincent Cassel), abandonou a sua mãe e voltou para a França, seu país de origem. Enquanto tenta entender os motivos do sumiço do seu pai, Tony se envolve com a linda Luna (Bruna Linzmeyer). O filme, aos poucos, vai desvendando segredos que estavam escondidos entre alguns moradores de Remanso, entre eles o personagem vivido por Selton Mello, o melhor amigo de Nicolas e da mãe de Tony.
Johnny Massaro consegue transmitir, com seu personagem, todas as incertezas e angústias de um jovem que vai vendo aquilo que acredita ir mudando sem que ele possa fazer nada. Já a bela Bruna Linzmeyer, é perfeita para o papel tanto por entregar uma leveza e sensualidade que o papel lhe exige. Já Vincent Cassel aparece pouco, mas sempre se destacando, seja por seu sotaque franco-português, seja por seu rosto de pedra. Já o personagem de Selton Mello é o verdadeiro retrato do cara que parece ser bacana, mas não é. Sem contar a paisagem maravilhosa, ainda mais envolvente por causa da belissima fotografia. Memorável.
Duração: 1h52min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Planetas dos Macacos: A Guerra" (War For The Planet Of The Apes)
Tudo bem, os humanos querem acabar com os macacos, mas não consigo torcer para os símios. Não tem jeito. Lembro dos filmes clássicos dos anos 1970 e da série que passava na Globo. Eu morria de medo do gorilão Urko e seus asseclas, enquanto que os humanos eram caçados sem dó. Então agora não me comovo com os macacos sendo ameaçados de extermínio pelo coronel vivido por Woody Harrelson. Afinal, eles vão dominar o mundo e escravizar os humanos!
E a terceira parte da nova franquia, iniciada em 2011, "Planetas dos Macacos: A Guerra" (War For The Planet Of The Apes), direção de Matt Reeves, começa com César (Andy Serkis) sendo caçado por um grupo militar de humanos, liderados pelo Coronel (Woody Harrelson). E os humanos tentam garantir a sobrevivência após grande parte ter sido dizimada por um vírus. Mas agora surge outra ameaça: um efeito colateral da doença que faz as pessoas perderem a fala. E numa empreitada militar ao local onde vivem os macacos, César acaba perdendo alguns familiares, ele decide se vingar, mesmo depois de pedir que sua espécie só quer um local para ficar em paz, e não é atendido.
O filme apresenta mais uma vez um grandioso trabalho de tecnologia, como a utilização da captura de movimentos de atores reais para a criação dos personagens macacos. E o longa não é apenas feito de batalhas, aliás, muito bem filmadas. Também tem longos momentos filosóficos, que fazem refletir sobre a convivência entre diferentes espécies no planeta.
Duração: 2h20min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Rifle"
Dirigido por Davi Pretto, "Rifle" é um filme extremamente naturista, mostrando o ocaso que vive o interior do país, com as dificuldades, isolamento e insegurança dos poucos pequenos proprietários da região, cercados por grandes fazendas mecanizadas e expansionistas, no caso aqui o Rio Grande do Sul. O filme teve como palco a fronteira próxima ao Uruguai, e grande parte das personagens são interpretadas por atores não profissionais. Eles têm o mesmo nome das pessoas que as interpretam, e apresentam falhas, como dicção ruim, algumas atuações beirando o tosco. Mas tudo isso acaba por engrandecer o longa.
O personagem principal é o jovem Dione (Dione Ávila de Oliveira). Ele é solitário, quando interage com outras pessoas, fala pouco e para dentro, mostrando extrema timidez. Ele vive isolado com sua família na área rural da cidade interiorana, que nunca ficamos sabendo qual o nome. Só que um dia Dione vai se rebelar, quando um um rico proprietário tenta comprar a pequena propriedade de seus familiares.
A partir daí, ele passa a carregar um rifle. A ideia é defender seu território de investidores que ele considera nocivos. Mas do nada, Dione sai por aí como um sniper, mirando sua arma em tudo e todos. No ato do personagem, talvez possamos fazer a leitura de que com seu rifle, Dione, quer afastar qualquer ameaça ao seu espaço, afastando tudo o que se aproxima por ali. Forte.
Duração: 1h29min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Carros 3" (Cars 3)
"Carros 3" (Cars 3), direção de Brian Fee, tem uma trama forte e emotiva, falando sobre quando devemos saber a hora de nos retirarmos e dar espaço para o novo. Não é algo fácil nesses tempos de descartes fáceis e por vezes desnecessários ou até mesmo desumanos - aqui no caso são carros, que vão vendo seu tempo acabando.
O personagem principal é o carro corredor Relâmpago McQueen. E a trama se passa alguns anos depois dos eventos vistos nos filmes 1 e 2 da franquia. Agora McQueen começa a ser superado por carros mais novos e mais velozes, com destaque para Johnny Storm. Será que com as novas tecnologias, chegou a hora de ele abandonar as pistas? Relâmpago McQueen decide que ele, e não os outros, é que determinarão a sua aposentadoria. O carrinho vai tentando provar que não está ultrapassado, até sofrer um grave acidente.
Então o filme se transforma em um road-movie, com Relâmpago McQueen e sua trupe atravessando o país para participar de uma prova forte, com os melhores carros. E ele vai ao choque com a sua personal-trainer, Cruz Ramirez, que tenta incutir no veterano os novos métodos de corrida, ocorrendo os choques geracionais. Até acabar com um desfecho inesperado.
Duração: 1h48min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Esteros"
"Esteros", direção de Papu Curotto, tem um forte teor homossexual, mostrando a vida de dois homens que se conheceram ainda na infância e que constrõem uma forte ligação, mesmo que passem anos e anos longe um do outro.
A trama se passa em Paso de Los Libres, na Argentina, fronteira com o Brasil, em seus estuários, daí o nome original, "Esteros". Matias (Ignacio Rogers) e Jerónimo (Esteban Masturini) eram inseparáveis e com aquela curiosidade da adolescência, acabaram sentindo uma atração mútua. Outras atividades fizeram com que se separassem. Anos depois, Matias decide passar o carnaval na cidade ao lado da noiva brasileira. Enquanto se prepara para participar das festividades, onde irá fantasiado de zumbi, tema que adora, sua namorada contrata um maquiador. E quando ele aparece, nada mais, nada menos do que é seu amigo Jerónimo.
Os dois agora estão diferentes. Jerónimo se descobriu homossexual e Matias é hetero. E os dois vão conversar sobre os anos que passaram afastados, mas ao pouco descobrindo que ainda sentem grande afeto um pelo outro. Como lidar com sentimentos que julgavam esta mortos? Esta é a proposta de "Esteros".
Duração: 1h26min
Cotação: bom
Chico Izidro
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