quinta-feira, junho 12, 2025

“EROS”

Foto: Fistaile
“EROS” É UM DOCUMENTÁRIO DIRIGIDO POR RACHEL DAISY ELLIS. A diretora brasileira/britânica estabelecida em Recife, Pernambuco, decidiu em sua obra investigar a intimidade vivenciada na maior instituição erótica do Brasil: o motel.
A ideia surgiu quando ela teve uma noite frustrada em um quarto de um motel, e passou a escutar as pessoas das suítes vizinhas e imaginar as histórias por trás dos gemidos e conversas. Depois, escutando depoimentos de frequentadores de motel de vários cantos do país, Ellis convidou alguns deles a se filmarem durante uma das suas noites.
O resultado é uma costura de experiências e visões que, por mais distintas que sejam, compartilham entre si olhares profundos sobre as relações de intimidade e afeto.
A intimidade que “Eros” registra não se resume a sexo: há prazer e fantasias sim, mas há também amor, solidão, liberdade, confiança e introspecção. Quer dizer, entre as quatro paredes de um quarto de motel, existe uma vulnerabilidade reveladora muito rica – não só para entender os indivíduos retratados, mas a própria relação do Brasil com estes estabelecimentos tão tradicionais.
“Quando vi as primeiras filmagens dos personagens, fiquei impressionada com a intimidade compartilhada”, recordou a cineasta. “Tinha algo mágico ali, entre o exibicionismo e a partilha íntima, que foi muito especial. Os momentos capturados antes e depois do sexo, onde a intimidade se constrói eram fascinantes”, completou.
O autorregistro se mostrou uma linguagem interessante também do ponto de vista estético: as imagens mudavam não só conforme o aparelho usado para registrá-las, como também pela própria individualidade das personagens. Com a câmera na mão, viravam diretores e gravavam sua experiência como bem entendessem. “Me interessava pensar também até que ponto as pessoas usariam o palco da suíte do motel como espaço de performance de suas histórias e reflexões e como seria a mistura de performance e registro de observação”, explicou Ellis.
Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens que foram convidadas a se filmar durante uma estadia, numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do auto registro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a auto-representação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a auto-representação, a performance, o amor romântico e a solidão.”
“Eles (os motéis) são um prisma das normas e das práticas sexuais e emocionais do país e evidenciam a maneira como as pessoas percebem, perpetuam e desafiam os estereótipos e (pre)conceitos sobre sexo, sexualidade e gênero”, explicou Ellis. “Eles estão associados à transgressão erótica, mas também ao amor romântico. Contribuem para a maneira como as pessoas se relacionam com o amor, a intimidade, a sexualidade e o corpo, mas também revelam algo da nossa relação com o consumo, o gênero e a estética. O motel representa tudo isso”, finalizou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h48
Trailer: https://drive.google.com/file/d/1mTRnMSoR-IdDKRhf9SH4ZNvMEOdTcfzm/view

“PRÉDIO VAZIO”

Foto: Retrato Filmes
“PRÉDIO VAZIO”, sétimo longa-metragem de terror do cineasta capixaba Rodrigo Aragão, explora o terror em ambiente urbano, inspirando-se no estilo psicológico dos filmes de horror japoneses para retratar um prédio na cidade litorânea de Guarapari como um local misterioso e mal-assombrado.
Na história, o Edifício Magdalena, na Praia do Morro, tem um visual decadente, parecendo estar abandonado há muitos anos. Ele, porém, é habitado por um casal de idosos – e após a morte deles, fica no prédio apenas a zeladora Dora (Gilda Nomacce), e o local passa a receber apenas turistas temporários durante o carnaval.
E depois do feriado, fica no edifício somente uma turista, Marina (Rejane Arruda), que permaneceu para se recuperar de agressões e traições praticadas pelo namorado, recebendo apoio de Dora. Porém, a turista não manda mais notícias para a filha, Luna, que preocupada com a mãe, viaja com o namorado, de Belo Horizonte para Guarapari em busca de Marina.
Ao chegar no edifício, descobre que o lugar é um lugar misterioso, repleto de espíritos atormentados e que Dora é muito mais do que uma simples zeladora.
E diferente das obras anteriores de Aragão, ambientadas em zonas rurais ou áreas isoladas, como a vila de pescadores de “Mangue negro”, o interior capixaba de “A noite do chupacabras” e “Mar negro”, a floresta de “Mata negra” ou a necrópole de “O cemitério das almas perdidas” –, “Prédio vazio” se passa na Praia do Morro, um bairro urbano de Guarapari.
"Prédio Vazio é minha tentativa de levar o espírito de Dario Argento para o litoral ensolarado de Guarapari”, disse o diretor, que foi considerado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão (1936-2020) o seu herdeiro direto.
“Prédio Vazio” é divertido, misterioso, com algumas tiradas de humor, e repleto de sangue e fantasmas, sendo que os efeitos especiais foram feitos artesanalmente pelo próprio Aragão. Enfim, é uma obra autêntica, coisa de guerrilha mesmo, por isso admirável.

Cotação: bom
Duração: 1h20
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=MB6K4dI0tEg

“COMO TREINAR SEU DRAGÃO” (How to Train Your Dragon)

Foto: Universal Filmes
“COMO TREINAR SEU DRAGÃO” (How to Train Your Dragon) chega agora em versão live-action, dirigido por Dean Deblois. Esta adaptação é vista como fiel à história original, da animação lançada em 2010.
A trama é centrada no adolescente viking Soluço (Mason Thames, de O Telefone Preto), que vive na Ilha de Berk e é filho do chefe do local, Stoico (Gerard Butler). E os habitantes sofrem com ataques frequentes de dragões, por isso são treinados desde para combater os animais. Porém, Soluço não leva jeito nenhum para lutar com os dragões, sendo motivo de chacota para os moradores da aldeia.
A vida do garoto, no entanto, muda quando após um novo ataque à ilha, ele consegue capturar uma das criaturas conhecida como Fúria da Noite e a batiza de Banguela. Os dois desenvolvem, após driblarem as desconfianças iniciais, uma forte relação de amizade, descobrindo que pode haver harmonia entre humanos e animais.
O diretor do remake é o canadense Dean DeBlois, que também escreveu e dirigiu os três primeiros filmes de animação da franquia. O protagonista do filme, no papel de Soluço, é Mason Thames, de apenas 17 anos, apresentando um ótimo trabalho na pele de um garoto inseguro. Já Nico Parker (The Last of Us), faz a destemida garota viking Astrid Hofferson.
No entanto, acho que faltou empatia entre alguns personagens coadjuvantes, como os quatro adolescentes que, ao lado de Soluço e Astrid, tentam se tornar matadores de dragões: Julian Dennison (Perna-de-Peixe Ingerman), Gabriel Howell (Melequento Jorgenson), Bronwyn James (Cabeçaquente Thorston) e Harry Trevaldwyn (Cabeçadura Thorston). Eles não tem nenhuma graça, e conseguem estragar as cenas em que aparecem.
Por sua vez, Gerard Butler está quase irreconhecível no papel de Stoico, embaixo de muita barba e músculos. Ele já havia feito a dublagem do chefe viking nas animações, e consegue na live-action incorporar perfeitamente o personagem ignorante e violento.
O filme erra, no entanto, no roteiro, mostrando de forma errônea e repetitiva, como o jovem Soluço é sempre considerado culpado pelos acontecimentos que acontecem na ilha. Isto é um clichê recorrente no cinema, e irrita profundamente.
Porém, “Como Treinar o Seu Dragão” emociona o espectador em sua versão live-action, assim como na animação. O visual do longa-metragem é sensacional, desde a ilha, as roupas dos vikings – que erra, porém, nos capacetes, pois esses não possuíam chifres, uma invenção do cinema. Os dragões ganham forma por CGI, com eles ficando muito realistas. O trabalho é tão perfeito, mostrando os músculos dos animais se movimentando, as texturas da pele, os olhares dos dragões. Enfim, o remake em live-action consegue, apesar de alguns tropeços, ser encantador.
Cotação: ótimo
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=khMphQy4xCM

quarta-feira, junho 04, 2025

“BAILARINA – DO UNIVERSO DE JOHN WICK” (Ballerina)

Foto: Paris Filmes
“BAILARINA – DO UNIVERSO DE JOHN WICK” (Ballerina), com direção de Len Wiseman, como diz o título nacional, é uma espécie de spin-off da cinessérie protagonizada pelo assassino vivido por Keanu Reeves. E tem no papel principal a bela atriz cubana Ana de Armas, como Eve Macarro, que viu o pai ser assassinado por tentar deixar uma organização criminosa.
Ela acaba sendo adotada por outra organização, a Ruska Roma, e desde pré-adolescente estuda balé e também é treinada para ser uma assassina – e no seu íntimo, sonha em se vingar daqueles que mataram o seu pai.
A trama de “Bailarina” ocorre entre os eventos de “John Wick 3: Parabellum (2019)” e antes de “John Wick 4: Baba Yaga (2023)”, quando o herói acaba morrendo. Eve e John quase se cruzam pela primeira vez quando o assassino vai à sede da Ruska Roma, para conseguir uma ajuda para sair de Nova Iorque, depois que um prêmio milionário por sua cabeça é disparado – ele se torna a mira alvo dos maiores criminosos do mundo.
O filme ainda traz outros personagens do universo John Wick, como Winston (Ian McShane), o gerente do hotel que abriga assassinos e o recepcionista Charon (Lance Reddick, que faleceu logo depois das filmagens).
O filme é repleto de ação, com muitos tiros, explosões, sangue, assim como os longas-metragens protagonizados por Keanu Reeves. Porém, o roteiro não traz nenhuma surpresa, e até abusa da inteligência do espectador, tal a quantidade de cenas absurdas e irreais mostradas a cada minuto (não que os quatro filmes que o antecederam estivessem livres dos exageros).
Ana de Armas, atual namorada de Tom Cruise, se sai bem no papel da assassina vingativa, mostrando agilidade em algumas cenas – em algumas é visível o uso de dublê. Se a gente não exigir muito, dá para curtir as bobagens mostradas na tela.
Cotação: regular
Duração: 2h05
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=EU1w96zPaFw

“OH, CANADÁ”

Foto: California Filmes
“OH CANADÁ”, DIRIGIDO PELO VETERANO Paul Schrader, é baseado no livro Foregone, do norte-americano Russell Banks, autor cujas obras inspiraram filmes como “O Doce Amanhã” (1997), de Atom Egoyan, e “Temporada de Caça” (1997), adaptado pelo próprio Schrader.
A história fala sobre tomada de consciência tardia. E foca no documentarista norte-americano Leonard Fife (Richard Gere, excelente), que está muito doente e vendo a morte iminente, decide conceder uma última entrevista, sem qualquer censura, para um ex-aluno, Malcolm (Michael Imperioli).
Ao lado da esposa, Emma (Uma Thurman), ele recebe a equipe de Michael em sua mansão, em Montreal, no Canadá. E então vai respondendo as perguntas e desmontando toda a sua vida, que foi repleta de mentiras e invencionices, para espanto de Emma – ela acreditava saber tudo da vida do marido.
Filho de uma família abastada, Leonard era um privilegiado nos anos 1960, mas mesmo assim, com medo de ser convocado para a Guerra do Vietnã (a história é clara quando relata que jovens ricos conseguiam escapar da convocação). Mesmo assim, Leonard fugiu para o Canadá para evitar ir lutar na Ásia, e também revela como usou, traiu e descartou amigos e familiares ao longo de toda sua vida.
Autor dos roteiros de “Taxi Driver” e “Touro Indomável”, Schrader conta que decidiu filmar “Oh, Canadá” quando descobriu que Russell Banks estava doente (o autor morreu, vítima de um câncer, em janeiro de 2023). “Eu estava considerando outras possibilidades de história para um filme. Aí, percebi que a mortalidade deveria ser o tema. Ainda saudável, Russell tinha pesquisado e escrito um livro sobre morrer, intitulado Foregone. Ele queria chamá-lo de Oh, Canadá, mas havia outro livro com um título parecido, e me perguntou se eu usaria seu título original. Então Foregone virou Oh, Canadá”, lembrou Schrader.
E “Oh, Canadá” é um filmaço, com excelentes atuações, reconstituição de época. E reflexivo. Muito reflexivo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h35
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=FAgum-8uyfQ

“AINDA NÃO É AMANHÔ

Foto: Embaúba Filmes
“AINDA NÃO É AMANHÔ, dirigido por Milena Times, é um forte retrato de como sonhos podem ser quebrados por causa de um deslize.
A trama segue a jovem Janaína (Mayara Santos), jovem negra de 18 anos criada pela mãe (Clau Barros) e pela avó (Cláudia Conceição) em um conjunto habitacional da periferia do Recife.
Ela é bolsista em uma faculdade de Direito, e tem como objetivo se tornar a primeira pessoa da família a obter um diploma universitário. Só que seus planos começam a correr riscos ao descobrir que está grávida.
Então Janaína começa a refletir se conseguirá seguir adiante, e até mesmo discutir um assunto que é praticamente tabu no Brasil: o aborto. Afinal, vivemos em uma sociedade conservadora, que acha ter poder sobre o corpo de uma mulher, em um pensamento hipócrita e religioso.
A diretora disse que “pessoas optam pela interrupção voluntária da gravidez em qualquer lugar do mundo, por inúmeras razões, independentemente de ser permitido. As restrições sociais e legais só contribuem para que seja uma prática insegura e desassistida, especialmente para quem tem menos instrução e poder aquisitivo. Boa parte dos efeitos individuais e sociais mais danosos são resultado da própria criminalização, do silêncio, da falta de informação”.
“Ainda Não É Amanhã” ganhou o prêmio de melhor direção para Milena Times e melhor atriz para Mayara Santos na mostra Sob o Céu Nordestino do Fest Aruanda, e melhor atriz na mostra Novos Rumos no Festival do Rio.
Cotação: ótimo
Duração: 77 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=F1t-J8SUNZ4

“VENCER OU MORRER” (Vaincre ou Mourir)

Foto: Kolbe Arte
“VENCER OU MORRER” (Vaincre ou Mourir), direção de Vincent Mottez e Paul Mignot, relata um momento verídico da França pós-revolução de 1789. Camponeses resolveram ir à guerra, depois de se acharem perseguidos pelo novo governo da República instalada após a queda do Rei.
O filme conta a verdadeira história de François de Charette (interpretado por Hugo Becker) e do povo da região da Vendeia, que se revoltou após uma convocação de jovens feita por sorteio, para defender o país, que lutava contra invasores. Um filho de um camponês é morto, e é o estopim que dá início ao movimento de resistência.
Eles, então, procuram o nobre François de Charette (Hugo Becker), que era general da Marinha e não tem mais intenção de lutar novamente — principalmente em batalhas em terra firme, já que estava habituado ao combate no mar -, para liderá-los. Após inicialmente recusar a missão, ele acaba entrando de corpo e alma na luta, motivada muito pela religiosidade dos camponeses, que lutaram sob o símbolo do Sagrado Coração de Jesus. Sob o comando de Charette, os camponeses obtém vitórias inesperadas contra o forte exército francês.
“Vencer ou Morrer” recria aquela época pós Revolução Francesa com muito cuidado aos detalhes. E foi filmado nos próprios locais onde os eventos ocorreram, com excelentes cenas de guerrilha. Mas se pensarmos bem, os camponeses lutavam por algo que era contrário ao interesse deles, como a volta da monarquia, tão nocivo a eles, assim como a religião, impregnada de forma nociva e enganosa.
Mas é impressionante pela reconstituição histórica. Por isso já vale.
Cotação: bom
Duração: 1h40
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=8nEC6nx3yiQ

segunda-feira, junho 02, 2025

CAXIAS DO SUL RECEBE A PARTIR DE HOJE PROJETO QUE LEVA CRIANÇAS AO MUNDO DO CINEMA

Foto: Wagner Woelke
A PARTIR DE HOJE ATÉ O DIA 13 de junho, Caxias do Sul será palco do projeto “Oficina de Cinema no Sul”, realizado pela produtora Conceitoh Filmes. A iniciativa, com aprovação pela Lei Rouanet e apoio de empresas locais, é voltada à formação de jovens talentos no setor audiovisual.
A oficina oferece uma imersão no mundo do cinema para 100 crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, estudantes da rede pública municipal da cidade da Serra Gaúcha.
Divididos em turmas nos turnos da manhã e tarde, os participantes terão acesso gratuito a aulas práticas e teóricas, conduzidas por profissionais renomados do audiovisual brasileiro. A proposta da oficina é apresentar, de forma acessível e inspiradora, todas as etapas de uma produção cinematográfica — da criação de roteiros à gravação de dois curtas-metragens.
Entre os nomes confirmados estão o ator Sidney Costa, conhecido por seus trabalhos no SBT, o diretor Jorge Bareto, além do carismático “Stallone do Brasil”, o jovem destaque da Serra Gaúcha, o Youtuber Pedro Pastore, e outros convidados de diferentes regiões do país.
As oficinas serão voltadas especialmente a crianças em situação de vulnerabilidade, ligadas ao Projeto Mão Amiga, do Frei Jaime Bettega, reforçando o compromisso com a inclusão cultural e o desenvolvimento humano por meio da arte.
Mais do que ensinar sobre cinema, a “Oficina de Cinema no Sul” busca despertar sonhos, fomentar novas perspectivas e estimular a criatividade de jovens que, muitas vezes, não têm acesso a esse tipo de experiência.
Veja JORNAL AG NEWS - “Oficina de Cinema no Sul” no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=JhEJrsyzb4A

“EROS”

Foto: Fistaile “EROS” É UM DOCUMENTÁRIO DIRIGIDO POR RACHEL DAISY ELLIS. A diretora brasileira/britânica estabelecida em Recife, Pernambuco...