domingo, abril 20, 2025

“PECADORES” (Sinners)

Foto: Warner Bros.
“PECADORES” (Sinners), dirigido por Ryan Coogler, é uma das melhores surpresas deste ano, em uma trama que transcorre na década de 1930, no Mississippi controlado pelas leis segregacionistas de Jim Crow, e com toques de terror.
O filme tem como protagonista Michael B. Jordan, que interpreta os irmãos gêmeos Fuligem e Fumaça, que voltam à sua segregada cidade natal, dominada pela Ku Klux Klan, depois de alguma forma terem enriquecido na nortista Chicago. Eles pretendem abrir uma boate, onde os negros poderão ir para escutar Blues – a música dos negros escravizados. Para tanto, arregimentam o primo Sammie Moore (o estreante Miles Caton), que é um garoto aspirante a músico, e que sofre a oposição do pai, um pastor, que acredita ser o Blues o som de pecadores, não sendo coisa de deus.
“Pecadores” é tão bem esquematizado, detalhista, que o diretor leva mais de uma hora apenas apresentando os personagens e fazendo o público ter empatia por eles, como Grace e Yao, os donos chineses de uma mercearia, Mary (Hailee Steinfeld), uma garota negra que, por ter a pele mais clara, se passa por branca; a curandeira local Annie (Wunmi Mosaku).
E qual a surpresa do espectador, quando de repente, um filme que fala sobre os cidadãos negros tentando sobreviver ao racismo vigente, a trama apresenta os sanguinários vilões, vampiros, que desejam controla-los. Ou seja, uma alegoria de a população negra nunca ter sossego, tendo de se submeter aos seus senhores, tanto que o vampiro líder é branco, vivido pelo ator Jack O’Connel, do baita seriado sobre a II Guerra Mundial “SAS: Rogue Heroes”.
“Pecadores” tem muito de Quentin Tarantino, com cenas de pura violência e subversão da realidade – quando, por exemplo, um dos irmãos fuzila uma tropa da Ku Klux Klan, emulando “Bastardos Inglórios”.
Mas é uma cena da boate que salta aos olhos, quando os personagens dançam – com a cena transportando para várias etapas da evolução da música negra, do Blues, Rock, chegando até mesmo ao atual Rap e Hip Hop, numa sincronia maravilhosa.
O filme é muito bem executado, apresentando uma riqueza de detalhes da triste época retratada. A direção de arte e o figurino reforçam a ambientação histórica.
A bela trilha sonora, excepcionalmente regida pelo maestro sueco Ludwig Göransson, centrada no Blues, transcorre perfeitamente entre a narrativa, embalando ainda com maestria as cenas de maior tensão. Eu saí do cinema extasiado.
Cotação: Excelente
Duração: 2h17min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=YK4H0e5v_ko

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