quarta-feira, abril 30, 2025

“HOMEM COM H”

Foto: Paris Filmes
“HOMEM COM H”, DIRIGIDO POR ESMIR FILHO, ESMIÚÇA ao longo de mais de duas horas a complicada e maluca vida do cantor sul-matogrossense Ney Matogrosso, que completará 84 anos de idade em 1º de agosto. A trama é convencional, transcorrendo principalmente nos anos 1950, 1960, 1970 e 1980, começando em sua infância controlada por um pai militar, Antônio Matogrosso Pereira, vivido pelo ator Rômulo Braga. e que não aceitava já à época os trejeitos afeminados do garoto. E esse embate entre pai e filho vai permear quase todo o filme, entremeado por números musicais.
Depois de ser expulso de casa, Ney, interpretado por Jesuita Barbosa, parte para o Rio de Janeiro, onde servirá na Aeronáutica, onde cenas tensas entre ele e um colega já mostram o homoerotismo que virá em seguida e em boa parte do longa-metragem.
A história também mostra a sua vida como hippie até a entrada no grupo musical Secos e Molhados, onde começará a conhecer o sucesso, e de onde acabará saindo por divergências contratuais, para uma carreira solo de sucesso.
Em sua carreira solo, Ney peitou censores, com danças altamente sexuais, olhares inquisidores – em uma cena marcante, três censores tentam negociar menos rebolados do cantor em uma apresentação em Recife nos anos 1970. Afinal, vivíamos naqueles anos uma forte repressão do governo militar e sua intensa Ditadura.
Falando em Ditadura, o pai conservador do artista só começou a aceitar e reconhecer o talento do filho ao assistir ao primeiro show solo de Ney, “O Homem de Neanderthal”, em 1975.
Já na década seguinte, o roteiro focou nos grandes amores na vida de Ney, a relação intensa e difícil com o rebelde Cazuza (1958 – 1990), interpretado pelo estreante Jullio Reis – corrigindo erro da própria cinebiografia do cantor do Barão Vermelho, que apagou qualquer traço do relacionamento dos dois, e depois com o advogado Marco de Maria, outro grande amor da vida de Ney, vivido por Bruno Montaleone. Ambos foram vítimas do vírus da AIDS, mostrando a crueza daqueles anos.
“Homem com H” tem de destacar o maravilhoso trabalho de caracterização de Jesuita Barbosa, que encarnou com precisão os jeitos, olhares, gestos de Ney. Uma cena que mostra a gravação de um videoclipe para o Fantástico ainda na fase com os Secos e Molhados é tão perfeita, que o espectador pode jurar que foram usadas as imagens reais da época, tal perfeita a caracterização.
Porém, Jesuita não cantou nos números musicais, dublando as canções de Ney Matogrosso, que possui uma belíssima voz de contralto.
O nome do filme faz referência ao estrondoso sucesso do disco Ney Matogrosso de 1981, com o forró “Homem com H”, criada por Antonio Barros, e que só foi gravada pelo cantor por insistência do músico Gonzaguinha (1945 – 1991), filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião (1912-1989).
Enfim, a vida de Ney Matogrosso é bem retratada, mostrando a luta de um homem pela liberdade e poder ser quem ele é.
Cotação: Excelente
Duração: 2h09min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=tHlkkfoMwFo

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