quinta-feira, julho 10, 2008

Banquete do Amor



Uma cafeteria é um local em que muito das relações humanas acontecem. E ser um observador atento afeta, sensivelmente, o professor Harry Stevenson (Morgan Freeman) no simpático Banquete do Amor (outro título nacional equivocado, no original leia-se Feast of Love ou Festim do Amor), de Robert Benton, de Kramer vs Kramer.
No café do amigo e sofredor Bradley (Greg Kinnear, de Pequena Miss Sunshine, e perfeito no papel de um cara que só se dá mal em suas relações amorosas, com um olhar para lá de apatetado), ocorrem encontros e desencontros possíveis e imagináveis. Fazer um filme deste perfil para Freeman foi como refresco, ele que está afeito a tramas policiais ou suportar o chato Jack Nicholson em bobagens como Antes de Partir. E aqui talvez pela idade avançada de seu protagonista, foi concedido a ele o direito de um casamento inter-racial, tabu no cinema americano. A esposa de Freeman é a atriz branca Jane Alexander. Ponto para o filme.

Amar....Não Tem Preço



Com este título, muita gente vai fugir das salas de cinema, na mesma proporção que muita gente vai querer conferir mais um drama romântico. E vão se enganar. Amar...Não Tem Preço (no original Hours de Prix ou Horas de Valor), direção de Pierre Salvador é na realidade uma bela e divertida comédia de erros. A vigarista Irène (Audrey Tautou, de O Destino de Amélie Poulain) só quer se dar bem e achar um idiota rico que lhe pague as caríssimas roupas, joiás, sapatos e jantares e que de preferência acabe caindo no golpe do baú e casando com ela. Até dar de cara com o atrapalhado garçom Jean (o caricatural Gad Elmaleh, não pela atuação e sim pela seu rosto, parecendo ter saído direto de um cartum). Daí em diante, o destino, ops, olha o trocadilho aí, de ambos vão se cruzar para o mal e o bem, proporcionando situações engraçadíssimas, principalmente nas vezes em que Jean tenta se passar por um bon vivant e sendo traído pelo seu reflexo de garçom.
Tattou foi por muitos comparada a xará Audrey Hepburn. Mas ainda tem um longo caminho as separando. Tattou é bonitinha, só que não tem o charme e a elegância da atriz de Sabrina, Charada e Bonequinha de Luxo. Mas não é isso que importa aqui, não!

Todos Contra Zucker



Jackie Zucker é um ex-narrador esportivo da extinta Alemanha Oriental. Mas sua vida é um desastre, não pelo passado, mas sim pelo presente. Jogador inveterado, endividado e escorraçado pela família e os inimigos em Todos Contra Zucker (Alles auf Zucker, de Dani Levy). As coisas podem melhorar sua vida financeira quando fica sabendo ter herdado uma herança devido a morte da mãe e também com a chance de participar de um torneio de sinuca milionário. Só que para receber a herança, deve conviver com o irmão, judeu ortodoxo, que não vê há 44 anos, desde a saída deste para o ocidente. E aí está a graça do filme, em que temos o contraponto de um ortodoxo com alguém que renegou sua religião e abraçou o comunismo. Alles Auf Zucker é de 2004 e na época desbancou na Alemanha pesos-pesados como A Queda, Os últimos Dias de Hitler e Sophie Scholl, Uma Mulher Contra Hitler. Talvez por retratar um lado mais leve de um país com um passado tão pesado.

Kung-Fu Panda



Os desenhos estão cada vez mais perfeitos. Bem, escrever isso é chover no molhado, pois não é nenhuma novidade. Em Kung-Fu Panda, de Mark Osborne, existe no entanto uma superação, quando os movimentos dos personagens chegam ao extremo. Quem ver vai associar imediatamente as suas referências, que são os filmes chineses de ação, principalmente os estrelados por Bruce Lee, mas também encontramos algo mais atual, como os balês de O Tigre e o Dragão.
O roteiro, por sua vez, não foge do convencional - sonho, desprezo e consagração, na figura do panda Po, que gordo e preguiçoso, parece ter o destino escrito...trabalhar no restaurante do pai, que é...uma garça. Só que ele sonha em ser um bravo lutador de kung fu, contra todas as probabilidades e inimizades iniciais dos cinco grandes. Até surgir a chance de mostrar seu valor contra o maudoso tigre Tai Lung, que está em busca do papiro sagrado. Mas isso não desvaloriza o filme, divertido e com boas piadas do começo ao final e feito para crianças e adultos.

WALL-E



Um desenho animado em que na sua primeira parte o silêncio impera, apenas com a trilha sonora a guiar os movimentos de um robô. Isso pode afastar seu público alvo, as crianças. Mas Wall-E, de Andrew Stanton consegue surpreender, na história do robozinho deixado só na terra e que após 700 anos segue na sua sina de limpar a sujeira dos seres humanos, que se mandaram para uma estação orbital.
A vida de Wall-E segue tediosa, ao lado de seu amigo de estimação, uma barata - e não é esse ser consegue sobreviver a todas as tragédias nucleares? -, até se apaixonar por outro robô, Eva, mandada à terra para verificar a situação do ambiente. Então entramos na segunda parte do filme, que perde um pouco de sua força, ainda mais com o aparecimento dos obesos seres humanos. Mas não perde a graça. E em Wall-E encontramos ecos de Eu Sou a Lenda, 2001, uma Odisséia no Espaço, Solaris, entre outras obras-primas da ficção científica. E o que mais dizer de um filme que cuja sessão a que entrei, a piazada se calou desde o seu início, observando atenta os movimentos do solitário robô? Imperdível.

Valsa para Bruno Stein



Baseado na novela do escritor gaúcho Charles Kiefer, Valsa para Bruno Stein, de Paulo Nascimento, peca pelo estilo excessivamente teatralesco de seus atores. Nada parece ser natural no longa-metragem situado no interior gaúcho. Bruno (um alquebrado Walmor Chagas) é um velho alemão dono de uma olaria, mal-humorado, que sente forte desejo pela nora Valéria (Ingra Liberato, a única boa atuação no filme). A vida deles e de todos na casa vai se alterar com a chegada de um trabalhador desconhecido, Gabriel, que como um anjo, mostra a Bruno que a vida ainda vale a pena ser vivida. Porém, por ser um filme localizado no interior gaúcho, falta o sotaque acentuado de seus personagens, que se comunicam como estivessem no tablado. E se observarmos bem, depois de seus quase 90 minutos, muita coisa fica inexplicada. Desperdício.

Chega de Saudade



Ao Assistir Chega de Saudade, poderá ser notada uma leve semelhança com O Baile, de Ettore Scola. Mas talvez não seja proposital. Aqui, em seu similar nacional, Lais Bodanszky não pretende contar a história do Brasil através das danças de salão, como a obra-prima italiana, que contou a trajetória da Itália. Porém, a diretora percorreu toda a história da música popular brasileira do século XX durante uma tarde e noite num clube paulistano. Podemos nos deliciar com as marchinhas carnavalescas, o rock de Rita Lee e Lulu Santos, ao brega de Odair José, enquanto que de pano de fundo vemos personagens sofrendo com a solidão, a velhice, a traição, o desejo. Uma bela surpresa.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...