quinta-feira, agosto 10, 2017
"Malasartes e o Duelo com a Morte"
Pedro Malasartes é um personagem surgido há séculos em Portugal e Espanha, e acabou sendo trazido ao Brasil na época da colonização. Ele é metido a esperto e sedutor, sempre querendo levar vantagem em tudo. E em "Malasartes e o Duelo com a Morte", comédia dirigida por Paulo Morelli, o personagem terá de se virar contra dois grandes inimigos, Próspero (Milhem Cortaz), irmão de Áurea (Isis Valverde), namoradinha dele, e a Morte (Júlio Andrade).
A trama é atemporal e se situa entre alguma parte do interior caipira de São Paulo ou Minas Gerais, onde Malasartes passa o tempo aplicando pequenos golpes e tentando seduzir Áurea. Mas o irmão dela não gosta nada desta história, além do que Malasartes tem uma dívida muito grande com ele. Enquanto o caipira fica fugindo de Próspero, surge o padrinho de Malasartes, que nada mais é do que a própria Morte, que após dois mil anos quer tirar férias e pretende colocar seu afilhado em seu lugar.
Apesar de grandiosos efeitos especiais utilizados no filme, a trama é cansativa e arrastada, com muitos momentos de puro pastelão - que nos dias de hoje não cabem mais. É cena dos personagens correndo um atrás do outro, tropeçando, mais correria. Além disso, o sotaque caipira é tão carregado que por vezes se torna completamente incompreensível. Chato e sonífero.
Duração: 1h50min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, agosto 03, 2017
"Os meninos que enganavam nazistas" (Un Sac De Billes)
Baseado nas memórias de Joseph Joffo, lançado em 1973, "Os meninos que enganavam nazistas" (Un Sac De Billes), tem roteiro e direção do canadense Christian Duguay. A trama, apesar de ser real, tem muito do clássico "Adeus, Meninos", de Louis Malle, onde um menino judeu tem de se passar por católico para sobreviver à caça praticada pelos nazistas na França durante a II Guerra Mundial.
A estrutura do filme, quase um road-movie nos faz quase que participarmos das aventuras vividas pelos irmãos Joffo, Maurice (Batyste Fleurial) e Joseph (Dorian Le Clech), que vivem em Paris sob o domínio alemão. Quando os judeus passam a ser obrigados a usar a Estrela de Davi, começam a sentir o preconceito que estava adormecido entre os seus conterrâneos. E do dia para a noite, seus pais os obrigam a deixar a cidade e tentarem chegar na zona não-ocupada, que ficava ao sul do país.
Os dois tem de esconder sua condição judaica e tentar atravessar a França. E a viagem para dois garotos ainda entrando na adolescência torna-se uma grande aventura. Seja de trem, carona de carro, bicicleta, Maurice e Joseph vão encontrando quem os ajude, mas também quer entregá-los aos alemães.
"Os Meninos que Enganavam Nazistas" se mostra um filme importante, para mostrar como a perseguição nazista aos judeus foi um momento absurdo e cruel da humanidade. E é uma obra tocante, bem feita, muito realista e com boas atuações.
Duração: 1h53min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"O Filme da Minha Vida"
Depois de “Feliz Natal” (2008), e “O Palhaço” (2011), Selton Mello chega ao seu terceiro longa, intitulado “O Filme da Minha Vida“, e que se passa na serra gaúcha nos anos 1960, com reconstitução de época muito boa e uma trilha sonora cuidadosa, que nos transporta para aquele período, com muito saudosismo, mesmo que não tivessemos vivido àquela época. A história é baseada no livro "Um pai de cinema", do escritor chileno Antonio Skármeta, também autor de "O Carteiro e o Poeta".
A trama gira em torno de Tony ((Johnny Massaro, de “A Frente Fria que a Chuva Traz“), que após um período na Capital, onde se forma professor, retorna a pequena Remanso para dar aulas de francês. Mas ao voltar a sua terra natal, descobre que seu pai, Nicolas (Vincent Cassel), abandonou a sua mãe e voltou para a França, seu país de origem. Enquanto tenta entender os motivos do sumiço do seu pai, Tony se envolve com a linda Luna (Bruna Linzmeyer). O filme, aos poucos, vai desvendando segredos que estavam escondidos entre alguns moradores de Remanso, entre eles o personagem vivido por Selton Mello, o melhor amigo de Nicolas e da mãe de Tony.
Johnny Massaro consegue transmitir, com seu personagem, todas as incertezas e angústias de um jovem que vai vendo aquilo que acredita ir mudando sem que ele possa fazer nada. Já a bela Bruna Linzmeyer, é perfeita para o papel tanto por entregar uma leveza e sensualidade que o papel lhe exige. Já Vincent Cassel aparece pouco, mas sempre se destacando, seja por seu sotaque franco-português, seja por seu rosto de pedra. Já o personagem de Selton Mello é o verdadeiro retrato do cara que parece ser bacana, mas não é. Sem contar a paisagem maravilhosa, ainda mais envolvente por causa da belissima fotografia. Memorável.
Duração: 1h52min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Planetas dos Macacos: A Guerra" (War For The Planet Of The Apes)
Tudo bem, os humanos querem acabar com os macacos, mas não consigo torcer para os símios. Não tem jeito. Lembro dos filmes clássicos dos anos 1970 e da série que passava na Globo. Eu morria de medo do gorilão Urko e seus asseclas, enquanto que os humanos eram caçados sem dó. Então agora não me comovo com os macacos sendo ameaçados de extermínio pelo coronel vivido por Woody Harrelson. Afinal, eles vão dominar o mundo e escravizar os humanos!
E a terceira parte da nova franquia, iniciada em 2011, "Planetas dos Macacos: A Guerra" (War For The Planet Of The Apes), direção de Matt Reeves, começa com César (Andy Serkis) sendo caçado por um grupo militar de humanos, liderados pelo Coronel (Woody Harrelson). E os humanos tentam garantir a sobrevivência após grande parte ter sido dizimada por um vírus. Mas agora surge outra ameaça: um efeito colateral da doença que faz as pessoas perderem a fala. E numa empreitada militar ao local onde vivem os macacos, César acaba perdendo alguns familiares, ele decide se vingar, mesmo depois de pedir que sua espécie só quer um local para ficar em paz, e não é atendido.
O filme apresenta mais uma vez um grandioso trabalho de tecnologia, como a utilização da captura de movimentos de atores reais para a criação dos personagens macacos. E o longa não é apenas feito de batalhas, aliás, muito bem filmadas. Também tem longos momentos filosóficos, que fazem refletir sobre a convivência entre diferentes espécies no planeta.
Duração: 2h20min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Rifle"
Dirigido por Davi Pretto, "Rifle" é um filme extremamente naturista, mostrando o ocaso que vive o interior do país, com as dificuldades, isolamento e insegurança dos poucos pequenos proprietários da região, cercados por grandes fazendas mecanizadas e expansionistas, no caso aqui o Rio Grande do Sul. O filme teve como palco a fronteira próxima ao Uruguai, e grande parte das personagens são interpretadas por atores não profissionais. Eles têm o mesmo nome das pessoas que as interpretam, e apresentam falhas, como dicção ruim, algumas atuações beirando o tosco. Mas tudo isso acaba por engrandecer o longa.
O personagem principal é o jovem Dione (Dione Ávila de Oliveira). Ele é solitário, quando interage com outras pessoas, fala pouco e para dentro, mostrando extrema timidez. Ele vive isolado com sua família na área rural da cidade interiorana, que nunca ficamos sabendo qual o nome. Só que um dia Dione vai se rebelar, quando um um rico proprietário tenta comprar a pequena propriedade de seus familiares.
A partir daí, ele passa a carregar um rifle. A ideia é defender seu território de investidores que ele considera nocivos. Mas do nada, Dione sai por aí como um sniper, mirando sua arma em tudo e todos. No ato do personagem, talvez possamos fazer a leitura de que com seu rifle, Dione, quer afastar qualquer ameaça ao seu espaço, afastando tudo o que se aproxima por ali. Forte.
Duração: 1h29min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Carros 3" (Cars 3)
"Carros 3" (Cars 3), direção de Brian Fee, tem uma trama forte e emotiva, falando sobre quando devemos saber a hora de nos retirarmos e dar espaço para o novo. Não é algo fácil nesses tempos de descartes fáceis e por vezes desnecessários ou até mesmo desumanos - aqui no caso são carros, que vão vendo seu tempo acabando.
O personagem principal é o carro corredor Relâmpago McQueen. E a trama se passa alguns anos depois dos eventos vistos nos filmes 1 e 2 da franquia. Agora McQueen começa a ser superado por carros mais novos e mais velozes, com destaque para Johnny Storm. Será que com as novas tecnologias, chegou a hora de ele abandonar as pistas? Relâmpago McQueen decide que ele, e não os outros, é que determinarão a sua aposentadoria. O carrinho vai tentando provar que não está ultrapassado, até sofrer um grave acidente.
Então o filme se transforma em um road-movie, com Relâmpago McQueen e sua trupe atravessando o país para participar de uma prova forte, com os melhores carros. E ele vai ao choque com a sua personal-trainer, Cruz Ramirez, que tenta incutir no veterano os novos métodos de corrida, ocorrendo os choques geracionais. Até acabar com um desfecho inesperado.
Duração: 1h48min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Esteros"
"Esteros", direção de Papu Curotto, tem um forte teor homossexual, mostrando a vida de dois homens que se conheceram ainda na infância e que constrõem uma forte ligação, mesmo que passem anos e anos longe um do outro.
A trama se passa em Paso de Los Libres, na Argentina, fronteira com o Brasil, em seus estuários, daí o nome original, "Esteros". Matias (Ignacio Rogers) e Jerónimo (Esteban Masturini) eram inseparáveis e com aquela curiosidade da adolescência, acabaram sentindo uma atração mútua. Outras atividades fizeram com que se separassem. Anos depois, Matias decide passar o carnaval na cidade ao lado da noiva brasileira. Enquanto se prepara para participar das festividades, onde irá fantasiado de zumbi, tema que adora, sua namorada contrata um maquiador. E quando ele aparece, nada mais, nada menos do que é seu amigo Jerónimo.
Os dois agora estão diferentes. Jerónimo se descobriu homossexual e Matias é hetero. E os dois vão conversar sobre os anos que passaram afastados, mas ao pouco descobrindo que ainda sentem grande afeto um pelo outro. Como lidar com sentimentos que julgavam esta mortos? Esta é a proposta de "Esteros".
Duração: 1h26min
Cotação: bom
Chico Izidro
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