sexta-feira, janeiro 13, 2023

"I Wanna Dance with Somebody: A História de Whitney Houston"

Nas recentes cinebiografias de artistas da música como "Bohemian Rapsody" sobre o Queen, "Rocket Man", sobre Elton John, ou "Elvis", contando a vida do Rei do Rock, pude opinar com tranquilidade, pois sempre acompanhei a trajetória deles, podendo verificar o que de certo e errado foi registrado nos filmes. Mas em "I Wanna Dance with Somebody: A História de Whitney Houston", direção de Kasi Lemmons, me sinto como Glória Pires naquela famosa transmissão do Oscar: "Não tenho capacidade de opinar", já que desconheço quase tudo da vida da famosa cantora, para mim famosa por causa do filme "O Guarda-Costas", de 1992, com Kevin Costner, e de sua grudenta música "I Will Always Love You". A obra cinebiográfica leva o título de uma das canções mais famosa da artista, “I Wanna Dance With Somebody”, lançada em 1987, e que a fez ganhar o segundo Grammy naquele ano.
Nas mais de duas horas do filme, o espectador pode acompanhar a trajetória da cantora, desde a sua adolescência nos anos 1980 até a sua morte, em 2012, afogada numa banheira em um hotel em Beverly Hills, Los Angeles, após uma overdose. E como costuma acontecer com outros filmes do gênero, muitos acontecimentos da vida e carreira de Whitney Houston (interpretada com perfeição, menos na parte das canções, por Naomi Ackie). Whitney começou como cantora em um coral em Nova Jersey, e foi contratada pelo produtor musical Clive Davis (vivido por Stanley Tucci). A vida da musa tinha seus percalços, como sua suposta bissexualidade, seu tumultuado casamento com o rapper Bobby Brown (Ashton Sanders), e a manipulação do pai, que drenou toda a fortuna obtida por ela durante a carreira de mais de 20 anos.
Whitney Houston é considerada a maior vocalista feminina de Rhythm and Blues de todos os tempos, ganhando o apelido de “The Voice” (A Voz). Mas apesar de o filme trazer uma história real e uma trilha sonora de arrepiar, o roteiro deixa a desejar, pois não escapa dos clichês, e algumas atuações seguem no piloto automático – não é o caso de Naomi Ackie, muito diferente fisicamente da personagem retratada, mas atuando com vontade e tesão.
Cotação: regular
Duração: 2h26min
Chico Izidro

quarta-feira, janeiro 04, 2023

"GATO DE BOTAS 2: O ÚLTIMO PEDIDO" (Puss in Boots: The Last Wish)

Em "Gato de Botas 2: O Último Pedido", dirigido por Joel Crawford, um dos personagens mais marcantes da saga Shrek volta com força e mais engraçado. Na história, o gato que tem como marca registrada o olhar pidão, que derrete qualquer coração, descobre que por causa de suas atividades insanas e descuidadas com sua segurança pessoal cobraram um grande fardo: ele já queimou oito de suas nove vidas.
Assim, com apenas uma vida restante, o Gato precisa repensar as suas atitudes e se aposentar das aventuras, indo parar em uma espécie de asilo para felinos, administrado por Mama Luna, onde é apenas mais um entre centenas de seres de sua espécie. Mas incansável, ele descobre que pode recuperar as suas vidas encontrando a mística Estrela dos Desejos, capaz de lhe proporcionar o Último Desejo. Para tanto, precisa pedir ajuda para sua rival e inimiga mortal, e ao mesmo tempo paixão platônica Kitty Pata Mansa. Em sua jornada, acaba sendo acompanhado ainda de Perrito, um cão que se disfarçava de gato e que conheceu no asilo, e que é uma versão do Burro do Shrek.
E pelo caminho, o trio acaba se deparando com diversos personagens dos contos de fadas, como por exemplo Cachinhos Dourados e a Família do Crime dos Três Ursos, Cinderela, Branca de Neve, além de outros desenhos clássicos, como Alice no País das Maravilhas. O filme apresenta ainda piadas muito inteligentes, usando principalmente elementos comuns sobre gatos na construção das tiradas. Além disso, as cenas de ação são muoto bem-feitas, proporcionando uma excelente aventura tanto para os adultos quando para as crianças.
Cotação: ótimo
Duração: 1h42min
Chico Izidro

terça-feira, dezembro 27, 2022

"Terrifier 2"

"Terrifier 2", dirigido por Damien Leone, tem a história transcorrendo um ano depois dos eventos ocorridos no primeiro filme, que é de 2016, mostrando os brutais assassinatos cometidos por um palhaço mímico e serial killer, Art, vivido por David Howard Thornton. A primeira parte tinha pouco mais de uma hora e meia. Agora, sua continuação tem quase duas horas e meia, mas segue na onda da violência e de sangue, muito sangue, cenas de mortes brutais e torturas. Não é para estômagos frágeis, absolutamente. E com quase duas horas e meia. A produção chamou atenção pelos relatos de pessoas que passaram mal e desmaiaram nos cinemas dos Estados Unidos após assistirem ao terror.
O palhaço nunca solta uma palavra sequer. Quando encara a vítima, sorri e mostra seus dentes podres, deixando a pessoa em um estado de nervos gritante. E então ele parte para a chacina. E desta vez, Art tem como meta os irmãos Sienna (Lauren LaVera) e Jonathan (Elliott Fullam), garoto que costuma fantasiar sobre o assassino, sem saber que é a vítima da vez (a cena em que ele é açoitado pelo palhaço é angustiante e pesada). A atuação silenciosa de Howard Thornton é destacada pelo diretor Damien Leone. “Ele traz muita coisa ao filme, como os maneirismos, e eu o deixo improvisar o tempo todo. Conheço bem seu senso de humor e todas as coisas sádicas que ele pode fazer”, conclui.
"Terrifier 2" é um excelente filme de terror, assustador mesmo, com sua violência gratuita - é preciso que o espectador tenha estômago forte para esta sequência. Apenas uma ressalva que faço ao palhaço Art, que é totalmente amedrontador e brutal. É que ele ganhou ares de imortal, a exemplo de seus pares, como Jason Vorhees e Fred Krueger. Ou seja, por mais que seja esfaqueado, explodido, decapitado, fuzilado, sempre volta à vida. Isso tirou um pouco as forças do personagem.
"Terrifier 2" foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 6 de outubro e se tornou um dos assuntos mais comentados por causa de relatos do público desmaiando, vomitando e indo parar no hospital, devido as cenas de violência explícita, mortes brutais e sangrentas causadas pelo protagonista Art, um serial killer fantasiado de palhaço.
Cotação: bom
Duração: 2h18min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 08, 2022

"ELA DISSE" (She Said)

"Ela Disse" (She Said), filme dirigido por Maria Schrader, é baseado no livro best-seller do New York Times, “Ela Disse: Os Bastidores da Reportagem que Impulsionou o #MeToo”, escrito por Megan Twohey e Jodi Kantor. A obra mostra como foi escancarado todo o sistema que o poderoso produtor de filmes Harvey Weinstein usava para abusar de suas vítimas - mulheres que queriam trabalhar na indústria cinematográfica e sofriam todos os tipos de abusos sexuais.
O longa é importante, muito importante por dar voz as mulheres. As atrizes Carey Mulligan (Bela Vingança) e Zoe Kazan (Doentes de Amor) vivem as repórteres Megan Twohey e Jodi Kantor, que por mais de três anos trabalharam nas investigações. Tendo de neste tempo driblar o silêncio e o medo de muitas das vítimas. O longa permite ver não só a uma história do jornalismo investigativo, mas, principalmente, verificar todo o sistema voltado contra as mulheres.
A atriz Ashley Judd (Risco Duplo) interpreta ela mesma, vítima que foi no início de carreira de Weinstein. Também muita citada no filme, Gwyneth Paltrow aparece apenas em fotos e citações. "Ela Disse" foi gravado realmente na redação do The New York Times, à época esvaziado por causa da pandemia da Covid-19.
Apesar de ser um baita filme, "Ela Disse" não tem nada de novo em relação a filmes de jornalismo investigativo. Por vezes remete muito a "Todos os Homens do Presidente" (1976), um dos grandes clássicos sobre jornalismo, que relata o trabalho de dois jornalistas Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), em relação a corrupção no governo Nixon, e "Spotlight", vencedor do Oscar em 2016, e que trata sobre os crimes sexuais da igreja católica. Além disso, pode fazer que muita gente decida ser jornalista na vida - uma vida sem nenhum glamour e que exige muito sacrifício pessoal.
Ah, em tempo, depois de divulgadas as matérias, Harvey Weinstein, que no filme aparece só de costas, tentou se desculpar com algumas de suas vítimas. Ele acabou sendo condenado a 25 anos - que está cumprindo desde 2020. Com 70 anos de idade atualmente, dificilmente sairá vivo da cadeia.
Cotação: ótimo
Duração: 2h09min
Chico Izidro

domingo, dezembro 04, 2022

Em meio às diversas comédias românticas que são lançadas na época de Natal, chega um filme diferente: "Noite Infeliz" (Violent Night), protagonizado por David Harbour, o Jim Hopper de "Stranger Things", e direção de Tommy Wirkola (Zumbis na Neve, de 2009). O filme é uma comédia de ação, misturando o espírito natalino com violência.
Na história, o Papai Noel realmente existe, mas ao contrário do imaginário popular, não é aquele velhinho simpático, falando hohoho. Ele, interpretado por David Harbour, é um homem de meia idade, alcóolatra e amargurado com a vida. Na noite de Natal precisa entregar os presentes, mas apenas para aqueles que se comportaram.
Ao mesmo tempo, a família bilionária dos Lightfoot se reúne na mansão da matriarca Gertrude (uma irreconhecível Beverly D'Angelo, por causa de tanto botox em seu rosto). A neta Leah Brady (The Umbrella Academy) acredita no Papai Noel, e tem como pedido de Natal que seus pais se reconciliem e voltem a ficar juntos.
Porém, a mansão acaba sendo invadida por ladrões no exato momento em que Papai Noel se encontra em seu interior, deixando os presentes. Assustadas com o tiroteio, suas renas fogem, e o velhinho fica preso no local. Os invasores são cruéis, assassinos frios e mortais. Mas o velhinho, que aparentava ser uma pessoa medrosa e fraca, deixa transparecer quem realmente é: um viking (afinal ele é da Lapônia, na Escandinávia) esmagador de crânios, usando um martelo para detonar os inimigos.
A produção não poupa cenas de violência, sangue esjorrando, crânios explodidos, e quando não são mostradas, são usados cortes de câmera para mexer com a imaginação do espectador. São utilizados ainda elementos e easter-eggs de clássicos natalinos como "Duro de Matar" (1988) e "Esqueceram de Mim" (1990).
Se fosse apenas por este lado, "Noite Infeliz" (Violent Night) seria um filmão. Porém, o longa acaba sendo enfraquecido quando entram em ação momentos apelativos, beirando a breguice, de como o Natal é maravilhoso, de como Papai Noel realmente existe...blah, blah, blah....enjoativo e apelativo.
Cotação: regular
Duração: 1h52min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 01, 2022

"ATÉ OS OSSOS" (Bones and All)

O canibalismo sempre assustou, mas também trouxe curiosade ao longo da história da humanidade. Neste ano, ganhou destaque novamente o serial killer canibal Jeffrey Dahmer, que ganhou série na Netflix, e até a vida pessoal do ator Armie Hammer, um dos astros “Me chame pelo seu nome”. Ele se viu no meio de polêmica envolvendo estupro, abuso psicológico e canibalismo, que motivaram a produção da série “House of Hammer: Segredos de família”, exibida no Brasil pelo Discovery+.
Hammer, aliás, estrelou “Me chame pelo seu nome” ao lado de Timothée Chalamet, que vive um dos personagens centrais de "Até os Ossos", o andarilho Lee. A trama deste road-movie é baseada no romance homônimo de Camille DeAngelis, e tem direção de Luca Guadagnino, sendo focada em um relacionamento ardente e juvenil, mas que também traz seres canibais, que se escondem nas sombras - não, não são vampiros, mas pessoas que parecem normais, porém precisam de carne humana para sobreviver.
O filme já choca no começo, quando a jovem deslocada socialmente Mauren Yearly (Taylor Russell) tenta se entrosar, e numa cena que parece ser sexy, mas não é, chupa o dedo de uma colega. Feito o estrago, ela corre para casa, onde conta o ocorrido para o pai, que diz: "vamos, temos dez minutos para escapar".
No dia seguinte, Mauren se vê abandonada pelo pai, que deixa uma fita-cassete para ela escutar, onde ele narra a trajetória da família (detalhe, o filme se passa em 1984). Ao escutar a gravação, a garota, que recpém completou 16 anos, sai pelo mundo à procura da mãe, que nunca conheceu, para tentar entender as suas raízes.
E em sua caminhada pelo meio-oeste americano ela se depara com o canibal Sully (Mark Rylance), que mostra para Mauren os primeiros procedimentos de como deve se portar uma pessoa geneticamente parecida com eles. E logo surge na vida da adolescente Lee, e os dois se unem, numa fogosa paixão, e aprendendo ainda a sobreviverem à margem da sociedade, e tendo de encarar seus passados traumáticos.
"Até os Ossos" é um filme que tem momentos de terror e suspense, mas é mais ainda um filme de amor, de como os diferentes têm de se portar perante a sociedade e suas leis. E a química de Taylor Russell e Timothée Chalamet é perfeita, é nota dez. Filmaço.
Cotação: ótimo
Duração: 2h10min
Chico Izidro

terça-feira, novembro 15, 2022

"PANTERA NEGRA - Wakanda Para Sempre" (Black Panther - Wakanda Forever)

“Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, direção de Ryan Coogler, é um filme homenagem ao antigo protagonista do personagem da Marvel, o ator Chadwick Boseman, morto em 2020, vítima de câncer. E também uma obra com visão quase toda ela feminina, pois as mulheres são o centro da ação, lembrando muito o recente "A Mulher-Rei", mas como filme de herói, deixa muito a desejar.
A obra começa com uma bela homenagem a Boseman, cujo personagem é sempre citado ao longo de suas quase três horas e de seu legado para o reino de Wakanda - um rico e poderoso país africano, que possui um metal precioso, o Vibranium, que é o fator de conflito, pois é desejado pelas grandes potências mundiais. Mas os wakandianos rejeitam os pedidos para compartilhar a riqueza, pois acreditam que ele pode causar guerras.
Mas o filme também é de origem, ao introduzir o novo Pantera Negra, e também uma nova ameaça, o Princípe Submarino Namor (Tenoch Huerta), que luta para evitar a propagação do Vibranium pelo mundo, e para isso não descarta destruir e matar todo mundo que se oponha a ele, incluindo a jovem Riri Williams (Dominique Thorne), uma garota gênio da tecnologia que criou um instrumento capaz de localizar o metal precioso no fundo do mar.
Wakanda é governada pela Rainha Ramonda (Angela Bassett), tendo ao lado a filha nerd Shuri (Letitia Wright) e as guerreiras Okoye (Danai Gurira) e Nakia (Lupita Nyong’o). E aí já me incomoda de montão, pois sou totalmente antimonarquista, seja vida real ou ficção. E um filme que enobrece este sistema político me deixa muito p...da vida.
Além disso, suas cenas de ação são mais do mesmo, genéricas, e às vezes muito escuras, prejudicam a visibilidade. "Pantera Negra - Wakanda Para Sempre" é longo e arrastado, e ainda tem uma cena no meio dos créditos finais, que introduz um novo personagem - e aqui não vou dar um spoiler, mas talvez se ocorrer um terceiro longa, ocorra um salto temporal de uma década na história. Por fim, decididamente, não tenho mais paciência para filmes de super-heróis.
Cotação: regular
Duração: 2h41min
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...