quinta-feira, agosto 24, 2017
"Bingo - O Rei das Manhãs"
Até o momento, o melhor filme nacional do ano para mim. "Bingo - O Rei das Manhãs", dirigido por Daniel Rezende, conta a biografia do palhaço Bozo, mas como o nome é de propriedade norte-americana, optou-se por um nome genérico, Bingo, que é interpretado por Vladimir Brichta. A trama é levemente inspirada na vida de Arlindo Barreto, um dos atores que interpretou o Bozo na TV, mas utilizando um pouco de licença poética.
Aqui Arlindo Barreto vira Augusto Mendes (Brichta) e é mostrada sua ascensão, queda e renascimento. Ator de pornochanchadas nos anos 1970, o ator deseja algo maior e visa participar de novelas, mas ganha apenas papéis secundários. Descontente, busca algo maior, e acaba encontrando vaga como o palhaço num programa norte-americano que será produzido no Brasil - o palhaço Bozo, aqui no caso Bingo. Mas apesar de começar a ganhar muito dinheiro, as coisas não ficam do agrado do ator, pois ele assinou um documento onde não pode assumir ser o famoso palhaço que vai alegrando as manhãs da televisão brasileira. Afinal, o intérprete de Bingo é um ilustre desconhecido. E junto com isso vem a depressão, as bebidas e as drogas.
A trama foca também em personagens coadjuvantes, como o filho de Mendes, que vai ficando escanteado quanto mais cresce a fama do pai, mesmo que sem ser reconhecido. Ou da produtora do programa, Lúcia, vivida por Leandra Leal, uma mulher religiosa e que resiste as investidas de Bingo. Tem ainda o câmera Vasconcelos (Augusto Madeira), parceiro das farras de Mendes.
"Bingo - O Rei das Manhãs" tem cenas memoráveis, muitas delas calcadas na realidade. Quando por exemplo, Bingo chama um garoto no palco e este o manda tomar naquele lugar. Ou para derubar a concorrente, não citada, mas claramente deve ser Xuxa, ele convoca a cantora rebolativa Gretchen (Emanuelle Araújo) para "cantar" no seu programa - os dois chegam às vias de fato num banheiro. Ou ainda o momento em que estava cheirando cocaína no camarim e teve de correr para o palco e o nariz ficou sangrando.
Brichta está sensacional como Bingo. Ele transmite muito bem o peso de um ator que está sempre em forte conflito, pois ao mesmo tempo que comanda um programa líder de audiência, fatura milhões com vários produtos - cadernos, lancheiras, livros, ninguém sabe quem ele é. Afinal, de que vale a fama se ninguém sabe? Um filmaço. Que tem ainda uma trilha sonora totalmente anos 1980, com Echo and the Bunnymen, Tokyo (a banda de Supla), Metrô, Dr. Silvana & Cia, Titãs e Roupa Nova. De fazer chorar.
Duração: 1h53m
Cotação: excelente
Chico Izidro
"O Castelo de Vidro" (The Glass Castle)
A história real de uma família completamente disfuncional é contada em "O Castelo de Vidro" (The Castle Glass), dirigido por Destin Daniel Cretton. O filme é baseado no livro autobiográfico da jornalista norte-americana Jeannette Walls, e apresenta atuações espetaculares de Woody Harrelson, Brie Larson e Naomi Watts. A história compreende três décadas, entre os anos 1960 e 1980. "O Castelo de Vidro" tem grandes semelhanças com outro filme lançado este ano, "Capitão Fantástico", com Viggo Mortensen.
Walls foi criada junto com três irmãos e seus pais sem criar vínculos em lugar nenhum. O pai, Rex (Harrelson) não acreditava nas instituições e ao menor sinal de algo que não fosse de seu interesse, todos partiam para um novo lar - geralmente casas abandonadas em cidadezinhas do interior dos Estados Unidos. Mas Rex também era um homem ególatra, alcoolatra e sonhador - ele fazia crer aos filhos de que iriam se estabilizar em algum ponto do país e construíriam o tal castelo de vidro do título.
A trama é contada em vários momentos - com Jeannete já adulta, pronta a se casar com um yuppie (estamos nos anos 1980), e com vários flash-backs, que vão contando aos poucos a história tumultuada dos Walls.
Woody Harrelson tem uma das melhores atuações de sua carreira, e Brie Larson também está muito bem no papel de Jeanette. A química deles é excepcional e todo o conjunto familiar funciona muito bem. Talvez a exceção seja a de Max Greenfield, do seriado "New Girl", quie faz o noivo de Jeannete, e é completamente estereotipado.
Duração: 2h07min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Bye Bye Alemanha" (Bye Bye Germany | Es war einmal in Deutschland...)
Mais um filme sobre o Holocausto, nesta caso sobreviventes. "Bye Bye Alemanha" (Bye Bye Germany | Es war einmal in Deutschland...), do cineasta Sam Garbarski e baseado no romance de Michel Bergmann, mostra a vida de David Berman(Moritz Bleibtreu), que conseguiu sobreviver aos campos de extermínio nazistas. Estamos em 1946 e a Alemanha está destroçada pela guerra. Os judeus que escaparam da morte querem deixar o país, de preferência embarcando para a Palestina ou os Estados Unidos.
David reúne seis amigos, todos judeus, e necessitando de muito dinheiro para poder emigrar, eles começam a vender roupas de cama para os alemães. Só que as coisas não serão assim tão fáceis. Logo, Berman começa a ser investigado por uma oficial das forças de ocupação, Sara Simon (Antje Traue). A suspeita é de que ele, no tempo em que ficou preso num campo de concentração, teria se aliado aos nazistas. David Berman, inclusive, teria sido contatado para ensinar piadas ao ditador Adolph Hitler - ele conta que realmente chegou a estar perto do ditador, mas tinha planos de matá-lo.
Enfim, o filme apresenta ótimos momentos cômicos e também conflituosos, trazendo ainda um personagem muito espirituoso e inteligente, mas também com traços misteriosos. "Bye Bye Alemanha" é uma boa comédia com uma ótima performance do ator Moritz Bleibtreu.
Duração: 1h42min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Na Mira do Atirador" (The Wall)
Um soldado americano fica encurralado atrás de um pequeno muro num vilarejo iraquiano, enquanto um franco-atirador rebelde espera o momento de matá-lo. Um thriller forte e angustiante é "Na Mira do Atirador" (The Wall), dirigido por Doug Liman, que também esteve no comando de "Identidade Bourne" e "Sr . e Sra. Smith".
A história mostra o sargento americano Allen Isaac(Aaron Taylor-Johnson), em meio a uma missão no Iraque. Ele e um colega, o também sargento Shane Matthews (John Cena), ficam a sós com um sniper iraquiano – mas em disputa assimétrica: o iraquiano podia vê-los, mas eles não enxergavam ver o iraquiano, escondido num ponto estratégico.
Os momentos são tensos. Após acertar Shane, o sniper faz um jogo de gato e rato com Isaac. Ao invés de alvejá-lo, o iraquiano passa a conversar com Isaac (através de seu walkie-talkie, que foi rastreado pelo calculista atirador asiático). E detalhe: o rosto do atirador nunca é mostrado, só escutamos a sua voz. E os dois acabam tendo um embate quase filosófico, sobre o que fazem ali naquela guerra, as consequências dela para cada país, por que ela começou, qual o sentido de ela continuar. E a única proteção que Isaac possui é um pequeno muro feito de tijolos.
Mas a obra não é apenas de suspense, por trás da trama existe toda uma discussão sobre imperialismo norte-americano. Tanto que o filme não se chama "The Wall" ou "O Muro" no original, de graça. Este muro pode ser interpretado como aquele que separa os norte-americanos dos outros povos.
Duração: 1h28min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Torre Negra" (The Dark Tower)
"A Torre Negra" (The Dark Tower), dirigido pelo cineasta dinamarquês Nikolaj Arcel, é uma adaptação de uma série de oito livros, que misturam fantasia e faroeste, escrito pelo mestre do terror Stephen King. E o resultado acaba sendo, mesmo, me desculpem o trocadilho, um terror, no mau sentido. A obra de King já rendeu filmes fantásticos no cinema, desde Carrie – A Estranha (1976), passando por Louca Obsessão (1990), Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de um Milagre (1999), e O Nevoeiro (2007). Eu sinceramente não gosto de "O Iluminado", de Stanley Kubrick, que para mim ficou muito aquém do livro.
Mas vamos para "A Torre Negra" (The Dark Tower), que traz o adolescente Jake (Tom Taylor), que tem sonhos muito estranhos com um local dominado por um homem de preto, Walter, (Matthew McConaughey), uma figura demoníaca, que atormenta seu subconsciente. Este personagem planeja dominar o mundo e para isso pretende soltar forças das trevas no planeta. Jake começa a ser visto como maluco, pois faz desenhos sinistros sobre seus sonhos, e ninguém acredita nele. Quando está para ser internado, o garoto foge e acaba entrando na tal dimensão dominada por Walter. Para combater o vilão, ele ganhará a ajuda do Pistoleiro Roland (Idris Elba).
O problema é que o filme não funciona de jeito nenhum. Tudo é feito de forma truncada, sem criatividade - e nem mesmo os efeitos especiais salvam. Os atores parecem estar atuando no piloto automático, aparecendo ali apenas para pagar o aluguel no final do mês.
Duração: 1h35min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, agosto 17, 2017
"Afterimage"
A história do artista plástico e professor polonês Wladyslaw Strzeminski me era desconhecida. E sua vida acabou sendo o testamento final do grande cineasta Andrzej Wajda, que nos deixou em 2016, após passar boa parte de sua carreira contando em espetaculares filmes a história da Polônia em seu século XX, marcado por invasões russas e alemãs, e os domínios nazistas e depois comunista em seu país.
Wladyslaw Strzeminski (em atuação espetacular de Boguslaw Linda), era um artista polonês que tinha deficiências físicas tremendas - havia perdido o braço esquerdo e a perna direita na I Guerra Mundial -, mas nunca se rendeu, sempre se superando. Após a II Guerra Mundial, ele ministrava aulas na Faculdade de Lodz, mas logo começou a ser perseguido pelas autoridades comunistas, que não aceitavam sua independência. Além do que, Strzeminski se negava a trabalhar apenas com a arte conceitual comunista.
Aos poucos, Strzeminski começou a ter dificuldades para dar suas aulas ou mesmo de trabalhar. As autoridades chegaram a impedir que ele até mesmo comprasse tintas e pincéis para fazer suas obras, visto que havia sido expulso do Sindicato dos Artistas Poloneses. Strzeminski se virava dando aulas particulares ou vivendo da ajuda de amigos e ex-alunos para poder até mesmo comer.
A visão que Wajda mostra da Polônia comunista não é nada dievrtida. Um país cinzento, atrasado, reacionário. Grande obra final do mestre do cinema polonês. Polanski está em segundo.
Duração: 1h38min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Annabelle 2 - A Criação do Mal" (Annabelle: Creation)
Depois de "Invocação do Mal" (2013), "Annabelle" (2014) e "Invocação do Mal 2" (2016), "Annabelle 2: A Criação do Mal" (Annabelle: Creation) é o novo filme da saga que tem como 'protagonista' a assustadora boneca, e é dirigido por David F. Sandberg. Neste novo longa, é contada a história da origem do brinquedo possuído por forças do mal.
"Annabelle 2 - A Criação do Mal" tem como núcleo central uma freira e um grupo de meninas órfãs, que vão morar na casa de Samuel Mullins (Anthony LaPaglia, da finada série Without a Trace). Aliás, ele é o artesão que criou a boneca, e agora vive isolado ao lado da mulher, Esther (Miranda Otto), numa propriedade no meio do nada em um lugarejo no interior dos Estados Unidos. O começo do filme mostra a construção da boneca e a vida que Samuel e Esther viviam ao lado da filha pequena, que acaba morrendo em um trágico acidente.
No decorrer do filme será explicado o motivo de a boneca se transformar em obra do mal - enlutados, Samuel e Esther meio que invocaram o espírito da filha, que retornou, mas possuído pelo demônio, que acabou se transferindo para Annabelle. E claro que a boneca vai atormentar as órfãs, principalmente Janice (Talitha Bateman), que sofre de poliomelite e tem dificuldades para andar, e a esperta Linda (Lulu Wilson).
Tudo começa a dar errado quando Janice não respeitas as regras impostas por Samuel - "nunca entre naquele quarto". Claro que a garotinha vai entrar...e abrir a porta do inferno!!!
O filme dá bons sustos, deixa todo mundo tenso, e também introduz novo personagem aterrorizante, um espantalho. Às vezes acaba lembrando dois assustadores filmes de terror, "Chucky - O Brinquedo Assassino" e "Olhos Famintos". "Annabelle 2 - A Criação do Mal" não é ruim, mas está longe de seus antecessores.
Duração: 1h50min
Cotação: bom
Chico Izidro
Assinar:
Postagens (Atom)
“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)
Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...

-
O release da primeira animação brasileira a entrar para o catálogo da plataforma de streaming Disney+, “O Pergaminho Vermelho”, direção de...
-
Foto: Diamond Films “TERRIFIER 3”, direção de Damien Leone, marca volta do palhaço assassino Art (David Howard Thornton), que volta a assom...
-
Foto: Blumhouse A LENDA DO “LOBISOMEM” (WOLF MAN) É REVISITADA PELO DIRETOR AUSTRALIANO LEIGH WHANNELL. Mas como está sendo comum no cinema...