quinta-feira, janeiro 30, 2025

“ALMA DO DESERTO” (Alma del desierto)

Foto: Retrato Filmes
“ALMA DO DESERTO” (Alma del desierto), é uma coprodução Brasil-Colômbia, com direção da cineasta colombiana Mónica Taboada-Tapia. O documentário mostra a luta de Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu. Ela enfrenta dificuldades para obter o direito fundamental de ter sua identidade de gênero reconhecida em um contexto marcado por obstáculos sociais e culturais profundos.
Georgina perdeu seus documentos em um incêndio criminoso, provocado pelos próprios vizinhos que não aceitavam sua presença.
Então, ela passa a percorrer órgãos governamentais para poder recuperar seus documentos. E por muitas vezes, os registros mostram a sua identidade como foi registrada quando ainda não havia feito a transição de gênero.
“Alma do Deserto” explora os desafios de Georgina Epiayu, já septuagenária, que conta as aventuras e desventuras, como por exemplo, quando se apaixonou e teve um grande momento com o amor de sua vida, que depois a abandonou.
A obra é um relato sensível sobre as dificuldades enfrentadas por Georgina, uma figura que luta por visibilidade e por um futuro em que sua identidade seja respeitada. “Alma do Deserto” escancara as barreiras enfrentadas por pessoas trans na sociedade, trazendo também as complexas questões da identidade, do pertencimento e do amor próprio, dentro de um contexto social e geográfico único.
Cotação: ótimo
Duração: 1h27
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1NG1jklbv98

“KASA BRANCA”

Foto: Vitrine Filmes
INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL, “KASA BRANCA”, dirigido por Luciano Vidigal, é um filme de subúrbio carioca, com atores predominantemente negros, e que acompanha a trajetória sofrida do jovem Dé (Big Jaum). Ele passa a viver com a sua avó Dona Almerinda (Teca Pereira) no bairro da Chatuba. A idosa foi diagnosticada com Alzheimer e tem pouco tempo de vida.
Desempregado, Dé tem de se virar para conseguir os remédios para a sua avó, que não reage a nada, passando os dias sentada em sua cadeira de rodas, olhando para o vazio. Além disso, o garoto tem de enganar a proprietária da casa, que volta e meia aparece para cobrar o aluguel.
Dé tem dois amigos inseparáveis, Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), que tentam ajudá-lo nos percalços do dia a dia, gerando até cenas tensas, quando, por exemplo, invadem uma farmácia para roubar remédios, enquanto milicianos passam de carro pela vizinhança, ameaçadores, prontinhos para mandar ao outro mundo qualquer infrator.
Ator de filmes como “Tropa de Elite 2”, "Cidade dos Homens" e “Três Verões”, Luciano Vidigal já coleciona créditos como diretor, de longas como “5x Favela: Agora por Nós Mesmos” e o documentário “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”, todos em parceria com outros cineastas.
Mas agora estreia na direção solo, explicando que “Kasa Branca” é a realização de um sonho, porque sempre quis contar essa história tão comovente. “É um filme que tem um protagonismo negro no lugar do objeto, que são os atores, no lugar do sujeito, eu como diretor. Então, você tem a figura preta ali como protagonista no elenco e também na criação. E a gente que faz cinema independente, cinema preto, busca essa relação horizontal com o audiovisual brasileiro. E sempre no objetivo de somar, de trazer essa diversidade potente e cultural que tem o nosso país”, afirmou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h35
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ac5fp_7Be9I

“O HOMEM DO SACO” (Bagman)

Foto: Paris Filmes
“O HOMEM DO SACO” (Bagman), dirigido por Colm McCarthy, trata de uma lenda urbana, o tal ser maligno que rapta crianças, as colocando em um saco e sumindo com elas. Na trama, Patrick McKee (Sam Claflin), casado com Karina (Antonia Thomas), é pai do pequeno Jake (Caréll Rhoden).
Cheio de dívidas, seus projetos não vão adiante e ele é obrigado a trabalhar na madeireira do irmão, e morar na casa da mãe, que se mudou para outro estado.
Ele cresceu escutando o pai enchendo a sua cabeça sobre uma lenda de uma criatura mitológica maligna, o tal Homem do Saco, que levava crianças inocentes numa sacola e as devorava. Patrick ainda lembrava o dia em que escapou de um encontro com o monstro na adolescência, mas conseguiu escapar. E agora, adulto, o tal ser retorna para assombrar a sua família, tendo seu filho Jake como alvo.
O problema é que o filme não leva a lugar nenhum. Sem imaginação, tentativas frustradas de susto, um protagonista fraco, “O Homem do Saco” é apenas decepção, falhando em tudo.
Aliás, tem uma cena no mínimo engraçada, quando o casal vai a uma psicóloga. A mulher atira para a esposa de Patrick a ficha médica dele, mostrando que o cara era um poço de traumas – a psicóloga foi antiética, esquecendo o sigilo médico-paciente, e ainda tentando dizer para Karina: “olha, você é casada com um doido”.
Cotação: ruim
Duração: 1h32
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1pYFYB4OAPk

“TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO” (Soundtrack to a Coup d'État)

Foto: Pandora Filmes
“TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO” (Soundtrack to a Coup d'État), diridido por Johan Grimonprez, é um documentário que ostra os estragos do colonialismo europeu na África, focando nos últimos meses antes de Patrice Lumumba, primeiro-ministro do Congo, assassinado em 1961.
O Congo foi uma colônia belga que sofreu um verdadeiro genocídio praticado pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, com mais de dez milhões de pessoas mortas nos primeiros anos do Século XX. O país obteve a independência em 1960, e se viu no meio da Guerra Fria entre Estados Unidos e a União Soviética, que levou a uma sangrenta guerra civil. Os americanos não queriam que o país caísse nas mãos dos comunistas, porque uma de suas regiões, Katanga, era rica em urânio, matéria-prima da produção das bombas atômicas usadas pelos EUA para a destruição de Hiroshima e Nagasaki.
O documentário parte de um protesto dos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que invadiram o Conselho de Segurança da ONU para denunciarem o assassinato do primeiro primeiro-ministro congolês Patrice Lumumba, em 1961. Ele era anti-imperialista e defensor do pan-africanismo, e apoiado pela União Soviética. Seu assassinato foi praticado por apoiadores de Mobuto Sese Seko, com o auxílio da CIA. Mobuto depois renomeou o país para Zaire e o governou com mão-de-ferro por mais de duas décadas.
“Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado” conta com depoimentos de astros do jazz, como Louis Armstrong, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, John Coltrane, Abbey Lincoln, Max Roach, Nina Simone. Esses músicos negros não sabiam, mas eram usados pelo governo dos EUA para fazerem turnês por diversos países, como parte de um processo de expansão cultural americana durante a Guerra Fria – em suas equipes, eram infiltrados agentes para espionar o que se passava nos países visitados.
O fenomenal documentário é um dos melhores dos últimos anos, e une com perfeição colonialismo, Guerra Fria, jazz, racismo. Para se entender o mundo em meados do século passado.
Cotação: excelente
Duração: 150 min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=S_8DSSG4Bmg

domingo, janeiro 26, 2025

“AMEAÇA NO AR” (Flight Risk)

Foto: Paris Filmes
“AMEAÇA NO AR” É DIRIGIDO POR MEL GIBSON e se passa quase todo o tempo dentro de um avião, que sobrevoa o Alasca. Na trama, a agente do FBI Madolyn (Michelle Dockery, de ‘Downton Abbey’) tem a missão de levar o ex-contador de uma família mafiosa, Winston (Topher Grace, de ‘That ’70s Show’) para depor contra seu ex-patrão, em Nova Iorque, em troca de proteção. A viagem intermediária até Anchorage, onde Winston será entregue às autoridades, será feita em um pequeno avião, comandado pelo piloto Daryl (Mark Wahlberg), e levará cerca de noventa minutos.
Porém, durante o trajeto, os passageiros descobrem que o piloto é um assassino contratado para matar Winston. Então a viagem até a pista mais próxima se torna uma verdadeira luta pela sobrevivência, com o contador e a agente lutando contra o verdadeiro psicopata que se mostra Daryl.
O assassino vivido por Mark Wahlberg é um pouco caricato, e o que é aquela careca do ator? Já Topher Grace incomoda com seu personagem verborrágico, pseudo-engraçadinho...
Por se passar em praticamente apenas um ambiente, o filme se mostra tenso, com boas cenas de ação. Porém, o roteiro por vezes se mostra preguiçoso, e com os personagens fazendo escolhas estúpidas - por exemplo, Madolyn tem diversas chances de eliminar o vilão, mas não o faz, e em outros momentos, deixa o indivíduo solto dentro da nave, apenas desacordado. Mas a curta duração se mostra propícia, sem muita enrolação.
Cotação: regular
Duração: 1h31
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=P3GdwcKS7Tc

quinta-feira, janeiro 16, 2025

“MARIA CALLAS” (Maria)

Foto: Diamond Filmes
O DIRETOR CHILENO PABLO LARRAÍN gosta de “cinebiografar” divas. Depois de “Jackie” (2016), sobre Jacqueline Kennedy-Onassis e “Spencer” (2021), em que retratou Lady Diana, agora é a vez de “Maria Callas” (Maria), uma das maiores sopranos de ópera de todos os tempos, vivida por Angelina Jolie. O roteiro é de Steven Knight (o mesmo de Spencer).
O filme mostra a última semana de vida da diva greco-americana, em setembro de 1977 – ela nasceu em Nova Iorque em 1923, e faleceu jovem, com apenas 53 anos, em Paris. Depois de nascer nos Estados Unidos, nos anos 1930, devido a crise econômica por causa da Grande Depressão, sua mãe decidiu retornar para a Grécia. Lá, Maria começou a cantar, mas também a se prostituir para os invasores nazistas durante a II Guerra Mundial.
Tudo isso é mostrado em flash-backs, enquanto Maria percorre Paris, alucinando e concedendo uma entrevista para o repórter Mandrax (Kodi Smit-McPhee), que na realidade está apenas na imaginação dela. Mandrax é o nome de um dos comprimidos que ela toma compulsivamente. Maria sonhava em voltar aos palcos, sem perceber que seu tempo havia passado.
Maria Callas também relembra o romance que teve com o milionário Aristóteles Onassis (Haluk Bilginer), considerado o amor de sua vida, mas também um dos fatores pela decadência de sua carreira. Eles se conheceram em 1957, e ela deixou o marido para ficar com o armador grego, que praticamente a castrou e depois a largou para casar com Jaqueline Kennedy.
Maria também é mostrada em seu dia a dia em seu enorme apartamento parisiense, cuidada pelo mordomo Ferrucio (Pierfrancesco Favino) e da governanta (Alba Rohrwacher). Ambos completamente dedicados a ela, apesar de seu estrelismo acima da conta.
Angelina Jolie está muito bem no papel, apesar de alguns escorregões – por exemplo, ficam gritantes, quase constrangedores, os momentos em que a atriz dubla a cantora cantando suas óperas.
Cotação: Bom
Duração: 2h03
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=gOO9qtVzvuM

“LOBISOMEM” (Wolf Man)

Foto: Blumhouse
A LENDA DO “LOBISOMEM” (WOLF MAN) É REVISITADA PELO DIRETOR AUSTRALIANO LEIGH WHANNELL. Mas como está sendo comum no cinema atual, as obras ficam mudando a mitologia que conhecemos.
Na trama, o escritor Blake (Christopher Abbott, um sósia do ator brasileiro Paulo Betti), 30 anos depois de ter passado uma experiência assustadora com o pai, decide voltar para o Oregon. Ele recebeu a certidão de óbito de seu pai, que sumiu sem deixar rastros. Vivendo uma crise no casamento com Charlotte (Julia Garner, do seriado Ozark) e sempre preocupado com a filha Ginger (Matilda Firth), Blake sugere para a esposa passarem um tempo na antiga propriedade do pai, no meio de uma floresta.
E logo na chegada, Blake atropela algo na estrada, e a família sofre um grave acidente com a caminhonete. Um ser começa a perseguir os três, que se refugiam na antiga cabana onde ele passou a sua infância. E aos poucos, o escritor começa a passar mal – ele foi arranhado pela criatura que os cercou, e vai se transformando num monstro, para desespero da mulher e da filha.
“Lobisomem” apresenta personagens cujas atitudes são geralmente estúpidas. Além do que os roteiristas esqueceram completamente a mitologia da criatura noturna, pois em nenhum momento as fases da lua interferem na transformação de um humano para um lobo. E não bastasse, a mutação parece ser eterna, e não apenas temporária, com o amaldiçoado voltando à condição humana depois de algumas horas. E o monstro não era morto somente com uma bala de prata?
Apesar destas mudanças na mitologia que conhecemos, o filme dá bons sustos e a maquiagem é muito bem feita. Ah, 90% do filme acontece em apenas uma noite, então por vezes, não conseguimos ver nada o que acontece na tela...e isso incomoda.
Cotação: regular
Duração: 1h30
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ovhjDSeUaw8

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...