quinta-feira, dezembro 05, 2019
"Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" (Motherless Brooklyn)
Baseada no livro homônimo escrito por Jonathan Lethem, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" (Motherless Brooklyn), direção de Edward Norton, apresenta uma história Noir ambientada nos anos 1950, em Nova Iorque. E além de dirigir, Norton tambpem interpreta o personagem principal, o detetive Lionel Essrog, que tem síndrome de Tourette, condição que o faz, volta e meia, ter espasmos e não ter controle sobre o que diz.
Ele perdeu o melhor amigo e mentor, Frank Minna (Bruce Willis), assassinado. E começa a investigar o crime, percorrendo várias partes da cidade em busca de respostas, e nesta busca se depara com políticos envolvidos em especulação mobiliária em vizinhanças resididas em sua maioria por pobres e negros. E em seu caminho surge a bela Laura Rose (Gugu Mbatha-Raw), mulher negra que parece ser a resposta para vários questionamentos.
Além da trama Noir, a produção é repleta de acertos, como a restituição de época, com a estética perfeita dos anos 1950, com seus carros, os clubes noturnos e a música jazz, o racismo impregnado na sociedade. Edward Norton consegue brilhar em sua obra, onde está presente em quase todas as cenas, com seu personagem esquisito. Além de Norton temos outros nomes conhecidos no elenco como Bruce Willis, Alec Baldwin, Leslie Mann e Willem Dafoe. Um filmaço. Mas não vai agradar a quem está acostumado a ver filmes onde não se exige pensar muito.
Cotação: ótimo
Duração: 2h24
Chico Izidro
"Entre Facas e Segredos" (Knives Out)
Em um clima totalmente Agatha Christie, o suspense "Entre Facas e Segredos" (Knives Out), escrito e dirigido por Rian Johnson (‘A Ponta de um Crime’, ‘Looper: Assassinos do Futuro’, ‘Star Wars: Os Últimos Jedi’) homenageia a escritora inglesa (1890-1976) no divertido e tenso "Entre Facas e Segredos" (Knives Out). Recheado de estrelas hollywoodianas, como Chris Evans, Ana De Armas, Jamie Lee Curtis, Don Johnson, Michael Shannon, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Katherine Langford e Jaeden Martell, é uma obra inteligente e que deixa o espectador ligado durante suas mais de duas horas.
A história é centrada na morte do escritor e milionário Harlan Thrombey (Christopher Plummer). Ele é encontrado morto logo após a festa de aniversário de seus 85 anos. Teria sido suicídio ou assassinato? Para desvendar o incidente, é chamado o detetive caladão Benoit Blanc (Daniel Craig), ainda mais depois que na leitura de seu testamento, toda a fortuna é deixada para a sua enfermeira, a imigrante Marta (Ana de Armas). O que revolta os familiares de Harlan. E as investigações vão indicando que a culpa pode recair sobre Marta.
E aquela velha história, os familiares meio que desprezavam o romancista, mas se acham no direito de ficar com sua fortuna. E Marta, que era vista como "quase da família", passa a ser odiada e forçada a abrir mão da herança. São várias reviravoltas na trama, com pegadinhas e mistérios, fazendo o espectador parar e pensar, coisa rara no cinema dos dias atuais.
Cotação: ótimo
Duração: 2h10
Chico Izidro
"As Golpistas" (Hustlers)
O filme "As Golpistas" (Hustlers), dirigido por Lorene Scafaria, evoca a crise financeira que abalou Wall Street em 2008, sob a ótica feminina. A trama mostra a ex-striper Destiny (Constance Wu) concedendo entrevista para a jornalista Elizabeth (Julia Stiles), da New York Magazine - sim, a história é verídica, baseada em reportagem escrita por Jessica Pressler na publicação.
Tendo de sustentar uma filha pequena e a avó, já idosa, Destiny não tinha muita desenvoltura para agarrar a profissão. Até que conheceu em uma boate Ramona (Jennifer Lopez), ícone da profissão e que se tornou sua grande amiga e mentora. Elas ganharam muito dinheiro se apresentando para os engomadinhos de Wall Street. Porém quando ocorreu a crise em 2008, a clientela praticamente desapareceu. Como já estavam em um estilo de vida alto, tiveram de criar um plano.
E ao lado de outras strippers e com a conivência de donos de boates e restaurantes, vão atrás de homens em restaurantes para, após drogá-los, faturar em cima de seus cartões de crédito. A história tem mulher pelada, sim, mas não existe apelação, apenas é realista. E Jennifer Lopez, com seus 50 anos, ainda bate um bolão, mostrando muita sensualidade e beleza. "As Golpistas" se mostra um ótimo filme, escapando de armadilhas que poderiam tê-lo levado para outro lado.
Cotação: ótimo
Duração: 1h44
Chico Izidro
"O Juízo"
Filme de terror da família Torres Waddington, "O Juízo", dirigido por Andrucha Waddington, tropeça feio na tentativa de tentar assustar. A obra ainda tem Fernanda Torres como a roteirista, o filho Joaquim Torres Waddington e Fernanda Montenegro em papéis centrais da trama.
Augusto Menezes (Felipe Camargo) é um homem atormentado pelo alcoolismo, que decide se mudar com a mulher Tereza (Carol Castro) e o filho, Marinho (Joaquim Torres Waddington), para uma fazenda abandonada no interior de Minas Gerais, deixada para ele pelo avô.
O local é afastado, bucólico e sem luz elétrica. E claro, assombrado pelo fantasma do ex-escravo Couraça (Criolo) e sua filha Ana (Kênia Bárbara), decididos a se vingarem depois que antepassados de Augusto provocaram suas mortes em uma traição por causa de uma pedra preciosa. Os espíritos começam a tentar se vingar através do garoto, que detesta o isolamento forçado a que é submetido.
A história, no entanto, é repleta de problemas. Se é um filme de terror, era para provocar sustos. E eles não surgem. E as aparições dos fantasmas são risíveis. Felipe Camargo até segura bem o tranco, como um homem sofrido e marcado por problemas pessoais. Mas o restante do elenco, inclusive a sempre ótima Fernanda Montenegro, não se sustenta. O pior, sem dúvida, o garoto Joaquim, que só atua por ser filho do diretor e da roteirista. Ou seja, nepotismo simples e puro. Fuja.
Cotação: ruim
Duração: 1h30
Chico Izidro
segunda-feira, dezembro 02, 2019
"Carcereiros - O Filme"
A série, com duas temporadas, e agora o filme "Carcereiros", dirigidos por José Eduardo Belmonte, são apenas inspirados na obra homônima escrita pelo médico Drauzio Varella. E apenas isso, pois enquanto o livro e até parte da série global se preocupava em mostrar a rotina fora e dentro das prisões dos agentes penitênciários, com seus problemas pessoais, família, a ida para a tela grande transformou tudo em um thriller de ação.
O protagonista segue sendo Adriano (Rodrigo Lombardi), que tem uma cena mais perto do livro, quando conversa com a filha adolescente, que reclama da profissão do pai, e o medo de ficar sozinha no mundo, já que não tem mais mãe. Acaba aí qualquer similaridade com a obra de Drauzio Varela.
Depois, a história começa a se desenrolar quando Adriano e seus colegas recebem a missão de cuidar de um terrorista árabe durante uma noite no presídio, até que ele seja buscado pela Interpol. Ele explodiu uma escola na França, matando várias crianças. Essa é a senha para os demais presos pensarem numa forma de matá-lo. Ao mesmo tempo, duas facções criminosas pretendem se enfrentar dentro dos muros da prisão.
E ainda tem mais, quando homens fortemente armados invadem o presídio, matando todo mundo pela frente. O objetivo parece ser encontrar o terrorista, não se sabe se para executá-lo ou libertá-lo. Adriano, então, terá de usar de táticas e técnicas para tentar esconder o preso, e salvar os outros presidiários, brasucas. Se pensarmos em filme de ação, "Carcereiros" acerta em cheio, com muitos tiros, explosões, suspense. Cinema pipoca. Mas se pensarmos em um drama psicológico, corra para longe.
Cotação: regular
Duração: 1h50
Chico Izidro
"Aspirantes"
"Aspirantes", de Ives Rosenfeld, fala de amizade, de aspirações, de confiança, de sonhos e de desesperança nas figuras de Júnior (Ariclenes Barroso) e Bento (Sergio Malheiros), dois amigos adolescentes que sonham em se tornar jogadores de futebol para se livrar da vida de humildade que levam. Eles moram em Saquarema, no interior do Rio de Janeiro, e defendem um clube amador da região.
Porém a vida dos jovens começa a tomar caminhos distintos. Bento é melhor jogador e começa a ver a possibilidade de ser contratado por um time profissional. Já Júnior é o retrato da azaração. Sua namorada Karine (Julia Bernat) está grávida, trabalha em meio período como carregador em um mercado, e ainda mora com um tio, que lhe cobra como se adulto fosse - numa cena marcante, o jovem chega em casa, e não há luz, cortada por falta de pagamento. "Ah, eu esqueci", diz o tio, e Júnior sabe que é mentira. Se dispondo a pagar a conta no dia seguinte.
O rapaz se incomoda mais ainda, pois vê o melhor amigo começar a planejar o futuro, que para ele, parece estacionado em Saquarema, pai e com dificuldades financeiras. Em certo momento, Bento se dispõe a ajudar Júnior financeiramente. Este ponto mostra uma espécie de ruptura entre eles.
"Aspirantes" é de uma naturalidade que assombra. Os atores parecem ter vivido, eles mesmos, aquelas situações colocadas no filme. Todos que passam pela tela representam seus papéis da forma mais visceral, crua, possível. Seus olhares, expressões e os movimentos corporais dão um realismo extraordinário aos personagens. Enfim, "Aspirantes" tem muito de real, de brasileiro.
Cotação: bom
Duração: 1h11
Chico Izidro
"Duas Coroas"
"Duas Coroas", dirigido por Michal Kondrat, é uma mistura de documentário com cenas ficcionais, enfim, um docudrama (gênero que mescla documentário com dramatização), que trata da vida de São Maximiliano Maria Kolbe, que em 14 agosto de 1941, em meio a II Guerra Mundial, sacrificou sua vida no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, para salvar um pai de família que mal conhecia. Kolbel, anos após a sua morte, foi proclamado santo pelo Papa São João Paulo II.
A obra começa mostrando o pequeno Kolbe tendo uma visão, pois teria visto Nossa Senhora Aparecida - claro que o garoto, criado no meio de católicos, teve um sonho e passou a crer que aquilo era verdade. Depois, ele se transformaria em sacerdote na Polônia e atuaria ainda no Japão, onde implantou a Revista Cavaleiro da Imaculada. A publicação se tornou referência mundial religiosa. Ele também criou a Milícia da Imaculada em resposta aos ataques feitos por maçons aos católicos em 1917. A dramatização da vida de Kolbe teve no papel do padre o ator polonês Adam Woronovicz.
"Duas Coroas" é um filme bem panfletário, feito para crentes, para as pessoas que acreditam em visões, em milagres. Tudo é belo, lindo na santidade de Kolbe e nos feitos que ele realizou. Ou seja, se você, como eu, é ateu, passe longe.
Cotação: ruim
Duração: 1h32
Chico Izidro
quinta-feira, novembro 21, 2019
"Um Dia de Chuva em Nova York" (A Rainy Day in New York)
O que dizer de Woody Allen? Por causa das denúncias de abuso sexual que recebeu de sua filha, a carreira do cineasta de 83 anos quase foi para o espaço. Seu contrato com a Amazon Studios foi rompido e, com o atraso no lançamento de seu filme mais recente, "Um Dia de Chuva em Nova York" (A Rainy Day in New York), 2018 se tornou o primeiro ano desde 1981 que não contou com um filme do diretor nos cinemas.
Toda a trama ocorre em um sábado em Nova Iorque, e segue o casal de universitários Gatsby (Timothée Chalamet) e Ashleigh (Elle Fanning). Os dois têm um namoro recente, mas vão à cidade para que ela faça uma entrevista com o diretor de cinema Roland Pollard (Liev Shreiber), que está em crise, pois não consegue aceitar a nova obra que realizou.
E enquanto a jovem faz seu trabalho, o rapaz fica circulando pela cidade, tentando evitar os pais e entrando em crise existencial ao se deparar com Shannon (Selena Gomez), irmã mais nova de uma ex-namorada, e também participando de jogos de pôquer. Ashleigh, por sua vez, vai se enfronhando mais no meio artístico, conhecendo o roteirista Ted Davidoff (Jude Law) e o astro Francisco Vega (Diego Luna).
Timothée Chalamet personifica uma versão jovem de Woody Allen, com suas frustrações, melancolias, inseguranças. Já a personagem de Elle Fanning é exagerada na ingenuidade, errando um pouco no tom. Aliás, os personagens são quase todos verborrágicos, e os jovens pensam e tem atitudes por demais intelectualizadas - Gatsby toca piano e gosta de músicas da era de ouro do jazz (nada mais Woody Allen). O diretor, enfim, repete um pouco o que já vimos em outros filmes. Mas o passeio por uma bela Nova Iorque, que talvez exista só na cabeça de Allen, vale a pena.
Cotação: ótimo
Duração: 1h34
Chico Izidro
"Midway - Batalha em Alto Mar" (Midway)
“Midway – Batalha em Alto Mar” (Midway), dirigido por Roland Emmerich, que adora fazer filmes catástrofes como “2012” e “Independence Day”, retrata a principal batalha entre norte-americanos e japoneses em junho de 1942, durante a II Guerra Mundial no Pacífico, e que mostrou que os ocidentais tinham mais poderio bélico do que os nopônicos. Já existe um outro filme sobre o tema "Midway - A Batalha do Pacífico" de 1976, dirigido por Jack Smight, e que teve as presenças Charlton Heston, Henry Fonda, James Coburn, Hal Holbrook, Glenn Ford e Robert Mitchum.
A história começa no entanto em meados dos anos 1930, quando os dois países ainda mantinham relações diplômáticas. E até chegar à famosa batalha, ainda investe na reconstituição do ataque japonês a Pearl Harbur, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941 e que provocou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. As cenas são mais impactantes do que o filme "Pearl Harbor", de 2001, dirigido por Michael Bay, e que virou um verdadeiro dramalhão.
As entradas de cada personagem remontam ao clássico "O Mais Longo dos Dias", dirigido em 1962 por Ken Annakin, Andrew Marton, Darryl F. Zanuck, Bernhard Wicki e Gerd Oswald, onde cada um vai sendo apresentado, com suas funções. Aqui temos Woody Harrelson, Dennis Quaid, Mandy Moore, Patrick Wilson, Nick Jonas, Ed Skrein, entre outros. O problema é que a maioria deles aparece careteiro, com caras de mau, quase engessados em cena.
Porém as cenas das batalhas são fantásticas, quase que o espectador se sente dentro dos aviões e dos navios. Enfim, Emmerich é habilidoso na construção de sequências repletas de tensão, sustentado por impressionantes efeitos visuais. Impactante.
Cotação: ótimo
Duração: 2h18
Chico Izidro
"A Vida Invisível"
O novo longa de Karim Aïnouz, "A Vida Invisível", retrata o forte machismo da sociedade brasileira na década de 1950, sob a ótica de duas irmãs. A obra é baseada no romance "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", livro de Martha Batalha, e roteirizado por Murilo Hauser, Inês Bortagaray e Karim Aïnouz. No Rio de Janeiro daquela época, Eurídice Gusmão (Carol Duarte e Fernanda Montenegro na terceira idade) é uma jovem que sonha em se tornar pianista e estudar no conservatório de Viena.
Já sua irmã Guida (Julia Stockler), é praticamente o oposto, mostrando-se desinibida e mais fogosa. Um dia Guida decide fugir com seu namorado, um marinheiro grego. Porém, ao chegar a Atenas, descobre que o rapaz não era tudo o que ela esperava. Grávida, decide voltar para casa. Porém, seu pai, o conservador comerciante português Manuel (Antônio Fonseca) não admite ter embaixo de seu teto uma jovem solteira e com um filho e expulsa a menina.
O pai a considera morta e assim conta para Euridice - que acaba casando com um homem tão conservador e machista quanto, Antenor (Gregório Duvivier). Ele não admite que a esposa saia para estudar piano, deixando de lado as obrigações caseiras.
E ao longo dos anos, segue Guida criando o filho Francisco, trabalhando como operária numa fábrica e sendo acolhida por Filomena (Bárbara Santos) na periferia do Rio de Janeiro. E sempre tentando entrar em contato com Eurídice, mas uma série de desencontros faz com que elas se mantenham afastadas, mas sem nunca perderem a esperança de se encontrarem novamente.
A obra é um melodrama, mas sem cair em exageros. A reconstituição do Rio de Janeiro dos anos 1950 é primorosa, e as atrizes Carol Duarte e Julia Stockler fazem atuações espetaculares. Quase no final, surge Fernanda Montenegro, que em poucos minutos na tela, está avassaladora, mostrando porque é a principal estrela nacional.
Cotação: ótimo
Duração: 2h19
Chico Izidro
"Medo Profundo: O Segundo Ataque" (47 Meters Down: Uncaged)
"Medo Profundo: O Segundo Ataque" (47 Meters Down: Uncaged), do diretor Johannes Roberts, que já havia feito "Medo Profundo", em 2017, e que até era interessante, com duas amigas presas em uma jaula tentando escapar de um tubarão branco. Aliás, filmes feitos para quem gosta de tubarões. Eu gosto.
A trama transcorre no México, para onde foi uma família de americanos, com as filhas de mães diferentes Mia (Sophie Nélisse) e Sasha (Corinne Foxx). E elas não se bicam, sendo que a primeira, por sua timidez, é vítima de bullying na escola.
Em um dia, as duas decidem escapar de uma excursão escolar com duas amigas, e vão para um local secreto, onde se localiza uma caverna com obras de uma civilização antiga. A entrada acaba desabando e as garotas ficam trancadas lá dentro, sem muito oxigênio.
E claro que no lugar se encontram tubarões famintos por carne humana. E as jovens vão passar as próximas horas tentando evitar virar comida. Enfim, o filme é isso. Caça e caçador, com cenas subterrâneas. Algumas até dão sustos. E a gente olha para tal personagem e já sabe que ele será o próximo alvo. E claro, os momentos de tensão fazem com que as irmãs acabem criando laços diante do pavor.
Cotação: regular
Duração: 1h31
Chico Izidro
segunda-feira, novembro 18, 2019
"Ford vs Ferrari"
Com direção de James Mangold, "Ford vs Ferrari" conta conta a história real de Carroll Shelby (Damon) e Ken Miles (Bale), que nos anos 1960 se uniram para tentar vencer a difícil prova automobilística 24 horas de Le Mans, na França. O título do filme se refere a rixa entre as empresas norte-americana Ford, e a mítica italiana Ferrari, dominante nas pistas. A primeira tentou absorver a segunda, mas sem sucesso.
Ambicioso, e querendo repetir o sucesso de seu avô Henry Ford, Henry Ford II (Tracy Letts) liberou sua equipe para criar um carro potente e que conseguisse bater de frente com as máquinas italianas. Para alcançar esse objetivo sua equipe de marketing contrata Shelby, lendário piloto que teve de abandonar a profissão por causa de problemas de saúde, e que então se dedicava à produção e revenda de veículos.
Shelby por sua vez contata Miles, um engenheiro britânico que motava nos Estados Unidos com a família formada pela esposa Mollie (Caitriona Balfe) e pelo filho Peter (Noah Jupe). Miles, no entanto, era uma pessoa de difícil trato, beirando a loucura nas pistas, mas ousado. Os dois fariam história no automobilismo.
Christian Bale e Matt Damon estão simplesmente perfeitos em seus papéis. "Ford vs Ferrari" impressiona ainda pela excepcional restituição de época, e ainda consegue transporta o espectador para o interior dos carros voando a mais de 300 quilômetros por hora, em cenas de arrepiar. O único problema do longa é tentar demonizar os italianos. Já que não existe espaço para vilões, os europeus são vistos sempre de cara fechada ou misteriosa.
Cotação: ótimo
Duração: 2h32
Chico Izidro
“Invasão ao Serviço Secreto” (Angel Has Fallen)
A franquia iniciada por “Invasão à Casa Branca” e seguida por “Invasão à Londres” chega a seu terceiro capítulo com “Invasão ao Serviço Secreto”, com direção de Ric Roman Waugh. E vamos combinar, não precisava. Estrelado novamente pelo astro Gerard Butler, vivendo o agente secreto Mike Banning, que já salvou a Casa Branca e Londres. Agora, ele é acusado de traição e tentativa de matar o presidente norte-americano, Orador Trumbull (Morgan Freeman) e tem de fugir do FBI para tentar provar a sua inocência.
Aí você vai vendo o filme, e pensando nas cenas, remendos de outras tantas produções. Está na cara que o agente é inocente, pois as pistas deixadas pelos verdadeiros vilões são claramente armadas. Então Banning recorre ao pai, vivido por um envelhecido Nick Nolte, um ex-soldado da Guerra do Vietnã desconfiado de tudo e de todos. E o vilão? Na primeira vez que aparece, fica evidente que o personagem é o sacana da história.
Claro, é um filme de ação, cinema pipoca. Então não é para filosofias e pensamentos profundos. Quem for assistí-lo quer ver explosões, tiros, perseguições de carros. E isso “Invasão ao Serviço Secreto” tem de sobra.
Cotação: regular
Duração: 2h01
Chico Izidro
domingo, novembro 03, 2019
"O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio" (Terminator: Dark Fate)
Ufa, primeiro uma boa sacada de James Cameron. Limar os filmes três, quatro e cinco e continuar a história a partir do segundo longa, de 1991. Falo da franquia Exterminador do Futuro, que volta agora em "O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio" (Terminator: Dark Fate), direção de Tim Miller, o mesmo do excelente "Deadpool". Vinte e oito anos depois, temos de volta Linda Hamilton no papel de Sarah Connor, uma das mulheres mais fodonas da história do cinema de aventura.
A trama começa quando o Exterminador vivido por Arnold Schwarzenneger consegue matar John Connor. A cena é excepcional, e feita com computação gráfica, mostra Linda e Schwarzenneger novinhos numa praia do Caribe. Então anos depois, outro robô, Rev-9, vivido por Gabriel Luna, aparece para tentar matar a jovem mexicana Dani (Natalia Reyes).
Ele tem as mesmas características do T-1000, interpretado por Robert Patrick no filme de 1991, mas mais mortífero. Para proteger a garota, surge a metade humana-metade robô Grace (Mackenzie Davis). A pergunta que fica por boa parte do filme é por que Dani é o alvo da vez? Estará grávida, se nem namorado tem? A resposta virá, mas não vou dar spoiler aqui.
Para ajudar Grace, ressurge Sarah Connor, fortemente armada e sem muita paciência para amenidades. Também ressurgirá o Exterminador vivido por Schwarzenneger, agora um pacato marido e pai de um adolescente - sim, o robô se humanizou, mas segue odiado por Sarah.
"O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio" (Terminator: Dark Fate) não tem espaço para muito bate papo. É correria e pancadaria desde o começo, com destaques para duas cenas fantásticas. Uma perseguição de um trator a um carro em uma autoestrada e a parte final, numa usina, onde os protagonistas se vem frente à frente com o Rev-9. Filmão de tirar o fôlego, e mostrando o poderio feminino no mundo.
Cotação: ótimo
Duração: 2h09
Chico Izidro
"A Odisseia dos Tontos" (La Odisea de los Giles)
Quem aí se lembra quando o Plano Collor sequestrou as poupanças em 1990? Pois bem, em nosso vizinho, a Argentina, as crises financeiras são mais comuns, e em 2002 um plano deixou muitos hermanos a ver navios, com suas economias desaparecendo da noite para o dia. E é isso que trata o filme "A Odisseia dos Tontos" (La Odisea de los Giles), direção de Sebastián Borensztein, e que tem o astro Ricardo Darín como protagonista. O longa é baseado no livro "La Noche de la Usina", de Eduardo Sacheri.
No vilarejo de Alsina, vivendo uma séria crise, com a maioria dos moradores tendo abandonado o lugar. O desemprego impera e o dono de um posto de gasolina, Fermín (Darín) e a mulher, Lidia (Verónica Llinás) resolve chamar um grupo de amigos para comprar alguns silos abandonados em uma propriedade agroindustrial e criar uma cooperativa, na esperança de gerar renda e também empregos. Só que eles precisam levantar a quantia, de 300 mil dólares, para fazer a compra. Assim, cada um dos investidores vai colocando uma quantia. Porém, tudo somado dá um pouco mais de 150 mil dólares.
Por segurança, Fermín deposita o dinheiro em um cofre no banco da provincia. O gerente do banco, dias depois, oferece a possibilidade de um empréstimo para completar a quantia necessária para a compra dos silos. Mas para tanto, o dinheiro deve aparecer na conta pessoal de Fermín. Ao fazer o depósito, ele não sabia o que aconteceria horas depois: um novo plano econômico do governo decidiu sequestrar as economias dos argentinos.
O protagonista entra em choque e passa a ser acusado por alguns investidores. Mas no decorrer dos acontecimentos, Fermín descobre que algumas pessoas receberam informações privilegiadas e se apoderaram dos dólares dos trabalhadores. Então de drama a história vira uma comédia das mais inteligentes, pois os moradores lesados decidem unir forças e descobrir quem foi o espertalhão que está com o dinheiro deles - que por justiça, deve ser recuperado. O grupo de tontos é formado, e em meio a muitas trapalhadas e espertezas, vão em busca da grana.
A história é espertíssima, com uma narrativa simples, mas inteligente. E os hermanos são experts em contar tramas humanas, com cuidado esmerado na reconstituição de época. Além do sempre ótimo Ricardo Darín, o elenco conta com ainda com as excepcionais participações de Verónica Llinás, Luis Brandoni, Chino Darín (filho de Ricardo na vida real e no filme), Rita Cortese, Daniel Aráoz e Andrés Parra como o empresário vigarista, que roubou a grana dos "tontos".
Coração: ótimo
Duração: 116min
Chico Izidro
"A Família Adams" (The Family Adams)
A musiquinha com o estalar de dedos é clássica e abre a animação "A Família Adams" (The Family Adams), direção de Conrad Vernon,Greg Tiernan, e que conta a origem da formação da trupe, formada por Gomez, Mortícia, Vandinha, Feioso, Tio Chico, Tropeço e Mãozinha. E tenta apresentar a lição de que devemos sempre aceitar o diferente.
Tudo começa durante o casamento de Gomez e Mortícia. A população da cidade onde eles moram decidem expulsar aquelas pessoas estranhas, que têm atração por coisas mórbidas. O casal foge e no caminho acaba encontrando o mordomo Tropeço, e logo em seguida, a mansão abandonada e mal-assombrada onde decidem recomeçar as suas vidas. Anos depois, Gomez e Mortícia, já pais, vivem apaixonados pela mansão.
Os filhos herdaram os costumes e hábitos dos pais. Feioso, porém, passa boa parte do tempo tentando fazer armadilhas para Gomez. Já Vandinha, mais velha, quer descobrir o que está além dos portões e da neblina da mansão, enfim, conhecer o mundo. Afinal, lá fora existem pessoas que levam uma vida normal, para os Addams, no entanto, anormal. E aí que reside a graça de mostrar a convivência entre diferentes. O que, convenhamos, hoje em dia está tão em desuso. Infelizmente. Então o filme tenta passar isso, que devemos aceitar todos. Isso é legal. Xó, preconceito.
Cotação: bom
Duração: 87min
Chico Izidro
"Luta de Classes" (La Lutte des Classes)
A sociedade francesa é pluralista? Até que ponto? As questões são discutidas em "Luta de Classes" (La Lutte des Classes), direção de Michel Leclerc. A trama mostra as agruras de uma família tentando conviver com as diversas culturas na França, sob a ótica de um garoto de seus dez anos de idade, Corentin (Tom Lévy).
Seus pais, a advogada de ascendência muçulmana, Sofia (Leïla Bekhti) e o músico de uma banda punk, Paul (Édouard Baer), são agnósticos e de esquerda. Morando em um bairro de classe média baixa, eles colocam o garoto a estudar em uma escola pública. Porém todos os amigos de Corentin são transferidos para uma escola particular, e o garoto fica isolado, em uma classe cheia de muçulmanos e africanos.
Coco, como é carinhosamente chamado no lar, sente-se deslocado, pois se considera ateu e os coleguinhas o discriminam, e dizem que ele irá queimar no inferno. O menino começa a dar sinais de depressão.
Então como Sofia e Paul devem proceder? Esquecer seus ideiais políticos e filosóficos e transferir Coco para uma escola com crianças brancas e católicas?
"Luta de Classes" é quase uma comédia de costumes - mesmo os momentos dramáticos são ligados por uma piada mais leve ou reflexiva. Faz pensar e muito como é viver em uma sociedade que se diz pluralista, mas na essência separa os diferentes?
Cotação: ótimo
Duração: 94min
Chico Izidro
quinta-feira, outubro 24, 2019
"Downton Abbey"
A série "Downton Abbey" (2010-2015) me cativou de um jeito, que fui obrigado a maratonar todas as suas temporadas. A trama, criada por Julian Fellowes, segue a vida de uma família de aristocratas ingleses entre os anos de 1912 e 1919 - ou seja pré e pós I Guerra Mundial -, mostrando suas regalias, mas também focava e muito na criadagem, muitos querendo a ascensão social, e outros apenas sendo subservientes. Agora chega à telona o filme "Downton Abbey", direção de Michael Engler, e trazendo todos os personagens, com exceção daqueles que morreram.
Vivendo em um importante castelo, o fictício Downton Abbey (a abadia de Downton), a família Crawley, do patriarca e nobre Robert (Hugh Bonnevile) fica sabendo que a propriedade será palco de uma visita do rei inglês George 5º. Os criados ficam divididos, entre excitados pela visita e por como se comportarem e agradarem à realeza. A obra segue a mesma toada da série, que era mostrar a convivência, nem sempre agradável, de classes diferentes sobre o mesmo teto. Um dos personagens mais icônicos é o ex-motorista da família, Tom Branson (Allen Leech), e que ascendeu depois de casar com uma das filhas de Robert.
Muito engraçado ainda é notar a diferença entre iguais - os criados da mansão se sentem rebaixados pelos criados do rei George 5º, que aparentemente se sentem superiores e com mais direitos, afinal eles servem ao rei, e não apenas a um nobre.
"Downton Abbey" foca ainda nos direitos civis, na figura do mordomo Thomas Barrow, que vive escondendo sua condição homossexual, já que ser gay foi crime na Inglaterra até o final dos anos 1960. No longa, ele tem a oportunidade de curtir um romance nas sombras, nem que seja por pouco tem.
O filme mantém o mesmo cuidado visual e histórico visto na série - o único porém é que quem não é seguidor da série terá certa dificuldade em acompanhar um pouco as tramas e dramas paralelos - ah, o longa deu um salto temporal e transcorre em 1926.
Cotação: ótimo
Duração: 2h02
Chico Izidro
"Zumbilândia - Atire Duas Vezes" (Zombieland: Double Tap)
O primeiro "Zumbilândia" (2009) é bom lembrar, é anterior ao fenômeno "The Walking Dead", e era recheado de bom humor. Num mundo onde ocorreu uma epidemia zumbi, o jovem Columbus (Jesse Eisenberg) criou várias regras para sobreviver ao ataque dos mortos-vivos. E em sua trajetória, ele se unia ao solitário Tallahassee (Woody Harrelson) e as irmãs Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin). Passados dez anos, e o público meio cansado de zumbis - TWD segue, mas a cada dia perdendo mais audiência (eu sigo fiel, para ver onde tudo vai parar), agora a trupe retorna em "Zumbilândia - Atire Duas Vezes" (Zombieland: Double Tap), ainda tentando viver em meio ao caos.
Columbus e Wichita são um casal, Tallahassee continua solitário, mas Little Rock cresceu, está na adolescência, impaciente, e quer um namorado, e mais liberdade. A turma começa o filme numa abandonada Casa Branca, onde aparece um quadro do ex-presidente Barack Obama pendurado na parede. E Columbus tem a ideia de pedir a namorada em casamento, claro que a menina vai entrar em pânico.
E Little Rock, querendo mais do mundo, encontra um possível date, o hippie Berkeley (Avan Jogia), e decide sair por aí para curtir. Logo, os amigos estarão atrás dela, pois um dos lemas da turma é manter a união sempre.
Na jornada, surgem novos personagens, como a doidinha Madison (Zoey Deutch), a melhor sacada do filme. A garota é uma patricinha meio sem noção, sempre arrumada, maquiada, e demosntrando ter pouca inteligência: "os zumbis nunca irão atacá-la, pois sobrevivem comendo cérebros, coisa que ela não tem", diz em determinado momento um dos personagens.
"Zumbilândia: Atire Duas Vezes" mantém o pique do primeiro filme, com a mesma pegada de boas piadas, e tem uma trilha sonora poderosa, com direito a Metallica, Bob Dylan, AC/DC e Lynyrd Skynyrd. Ah, e como se passaram dez anos do apocalypse zumbi, estes evoluíram, se adaptando ao ambiente. Muitos ficaram mais fortes e resistentes, sendo apelidados de T-800, numa clara referência ao "Exterminador do Futuro".
Cotação: ótimo
Duração: 1h39
Chico Izidro
"Os 3 Infernais" (3 From Hell)
"Os 3 Infernais" (3 From Hell) é a terceira parte da sequência iniciada com "A Casa dos 1000 Corpos" (2003) e continuada com "Rejeitados pelo Diabo" (2005), dirigidos pelo cineasta e roqueiro Rob Zombie. O filme é uma sequência de cenas fortes e pesadas, com muitas mortes violentas. Ah, e para se entender melhor a história, é bom ver a segunda parte, se você tiver estômago para tanto.
Após 10 anos - a trama transcorre nos anos 1980 -, os três odiados do título estão na prisão. Otis (Bill Moseley) e Capitão Spaulding (Sid Haig) estão condenados à morte e Baby (Sheri Moon Zombie) está próxima de receber a liberdade condicional. Capitão Spaulding acaba sendo executado, mesmo porque durante as filmagens o ator Haig acabou falecendo. Otis consegue escapar, e encontra o irmão Winslow (Richard Brake). Os dois decidem, então, libertar Baby, que teve o pedido de soltura negado.
Então numa empreitada violenta e sádica, os dois libertam Baby, e o trio foge para o México para tentar recomeçar a vida. Porém, o destino de crueldades e brutalidades está impregano na vida deles. O filme tem dois momentos distintos. A primeira parte é meio arrastada, com muitos diálogos desnecessários. Já a segunda parte é puro cinema gore, com direito a corpos estraçalhados por balas e facadas, e sangue jorrando nos rostos dos assassinos.
Muita crueldade dos personagens até aparece de forma exagerada, aliás, exagero é o que se pode conferir da atuação de Sheri Moon Zombie, esposa do diretor. A atriz é de uma irritação profunda, fazendo de sua personagem uma psicopata caricata, careteira, parecendo deslocada na trama.
Cotação: regular
Duração: 1h55
Chico Izidro
domingo, outubro 20, 2019
"A Luz no Fim do Mundo" ((Light of My Life)
Casey Affleck produz, dirige e atua no excelente "A Luz no Fim do Mundo" ((Light of My Life), filme apocalíptico que mostra a relação intensa entre pai e filha. A história não é diferente de tantas outras já contadas, lembrando muito "A Estrada" (2009) e "Compra-me um Revólver" (2018), mas as atuações e o suspense o tornam especial.
Num futuro não muito distante, uma epidemia dizimou as mulheres do planeta. Mas a pequena Rag (Anna Pniowsky), filha de Caleb (Casey Affleck), é aparentemente a única sobrevivente da tragédia. Assim, se torna um espécime especial, e por isso seu pai tem de fazer de tudo para protegê-la. Os dois vagam pelos Estados Unidos, sempre se escondendo dos estranhos. A menina, de cerca de nove anos, só veste roupas masculinas e anda sempre com o cabelo curto. E é orientada a agir como um menino.
Mas na sua idade, Rag começa a querer questionar as coisas, e não se sentir tão protegida e cuidada por Caleb - que com sua proteção, beira ao sufocamento. O filme é calcado em ótimos diálogos. Mas a atuação de Affleck e Pniowsky, principalmente ela, são de deixar o queixo caído. É uma obra de fraternidade e de esperança.
Cotação: ótimo
Duração: 119 minutos
Chico Izidro
"Desafio de Um Campeão" (Il Campione)
Ao assistir "Desafio de Um Campeão" (Il Campione), filme italiano dirigido por Leonardo D'Agostini, temos a impressão de ver a vida do craque Neymar na telona. Um jogador famoso e excelente no campo, mas um caos fora dele, com pai explorador, namorada interesseira, amigos inconsequentes e irresponsáveis, quase uns sangue-sugas, e dirigentes mais preocupados em faturar em cima do atleta.
Christian Ferro (Andrea Carpenzano) é o garoto-prodígio da Roma, mas fora de campo leva uma vida polêmica. Tanto que a diretoria do clube romano analisa uma intervenção educacional para tentar enquadrar o craque - que logo na primeira cena aparece em um shopping fazendo compras e provocado pelos amigos, decide roubar as peças de roupas, para mostrar que ainda é o mesmo moleque esperto e não se transformou num almofadinha.
Assim, é contratado o professor Valerio Fioretti (ótima atuação de Stefano Accorsi), que vive em crise profissonal e afetiva, para tentar ensinar ao craque noções de cultura, história, política -o jovem Christian é inteligente dentro de campo, mas fora está próximo de ser uma toupeira.
O longa mostra personagens estereotipados, e trazendo momentos que já vimos e ouvimos, mas faz pensar, exigindo reflexão e análise de dois mundos distintos, mas que acabam se completando - aliás, a dupla de protagonistas se apresenta muito bem. A obra não surpreende, mas diverte e ensina.
Cotação: ótimo
Duração 1h45
Chico Izidro
"Morto Não Fala"
"Morto Não Fala" é o primeiro longa-metragem da carreira de Dennison Ramalho, e é um filme de terror brasileiro que surpreende. A obra é adaptada de um livro de Marco de Castro, e traz um protagonista que tem o poder, ou seria maldição, de falar com os mortos?
O sempre ótimo Daniel de Oliveira (Cazuza e Aos Teus Olhos) vive Stênio, funcionário do IML à noite. Sua rotina é de ver cadáveres e eles falam com ele, seja lamentando as mortes, seja contando detalhes de suas vidas. Em casa, pai de dois filhos e casado com Odete (Fabiula Nascimento), que não suporta Stênio e seu cheiro.
Um dia, Stênio descobre que está sendo traído pela mulher, que tem um caso com o dono da vendinha local, Jaime (Marco Ricca). E no trabalho, recebe um novo cadáver, de um traficante. E ao "bater papo" com o morto, tem uma ideia - o de culpar Jaime pela morte do bandido.
Daí em diante, a trama se transforma em um filme de fantasmas - não dá para contar mais, para evitar o spoiler. Mas "Morto Não Fala" fica assustador, com um espírito se achando injustiçado decidindo transformar a vida de Stênio em um inferno, e ameaçar seus entes queridos.
O único problema do filme, que se passa quase em sua maior parte na periferia de São Paulo e conta com vários atores gaúchos (a produção é da Casa de Cinema de Porto Alegre) são os efeitos especiais - os mortos têm os rostos digitais inseridos nos corpos dos atores, e o resultado ficou muito aquém. Mas isso não diminui a obra.
Cotação: ótimo
Duração: 1h49
Chico Izidro
"Projeto Gemini" (Gemini Man)
Originalmente desenvolvido pela Disney nos anos 1990, o filme "Projeto Gemini" (Gemini Man) ficou arquivado por quase mais de duas décadas, pois a tecnologia da época ainda não era suficientemente avançada. Agora vem às telas com direção de Ang Lee e com Will Smith como protagonista. O longa tem boas cenas de ação, aliás, impressionantes, por causa do sistema de filmagem utilizado. Mas a história é genérica, não trazendo nada de novo ou surpreendente. Mas para quem gosta de ação é um prato cheio.
Na trama, o assassino profissional Henry Brogan (Will Smith) está para se aposentar. E em seu último trabalho, ele acaba matando uma pessoa que não era o que haviam lhe passado - o morto era um biocientista e não terrorista. Então sua agência governamental decide eliminá-lo.
Em seu encalço aparece outro assassino que sempre parece estar um passo à frente de Henry. Porém se mostra incrivelmente incompetente em matá-lo. Até esse ponto, Henry já tem ao seu lado a agente Danny (Mary Elizabeth Winstead, de Rua Cloverfield, 10 e Scott Pilgrim), no velho clichê de alguém em fuga sempre levar junto uma gata à tiracolo. E eles viajam na maior naturalidade para a Colômbia, Hungria, Estados Unidos, como trocassem de camisa.
Bem, o misterioso caçador não é nada mais, nada menos um clone do próprio Henry, com 20 anos de idade (Will Smith, recriado digitalmente).
O clone é um Will Smith careteiro - e de acordo com o ator, o pedido para a interpretação ruim partiu do diretor Ang Lee. "Projeto Gemini" tem boas cenas de ação, aliás, impressionantes, por causa do sistema de filmagem utilizado, mas de tão bem feitas, se mostram improváveis. Mas a história é genérica, não trazendo nada de novo ou surpreendente, e alguns diálogos são pavorosos. Mas para quem gosta de ação é um prato cheio.
Cotação: bom
Duração: 1h57
Chico Izidro
"Coringa" (Joker)
Heath Ledger fez o que é considerado o mais icônico Coringa da história, em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008), e ganhou um Oscar póstumo por sua atuação. Antes haviamos tido no papel Cesar Romero no seriado dos anos 1960 da televisão, e Jack Nicholson o filme de 1989, de Tim Burton. Mas agora Joaquin Phoenix veste o personagem, o maior inimigo do Batman, e vira candidato seriíssimo a levar a estatueta para casa. Merece.
O irmão mais novo de River Phoenix (1970-1983), que já teve atuações elogiadas em obras como em O Mestre (2012) e Amantes (2008), e agora está arrasando em Coringa (Joker), dirigido por Tod Phillips, de "Se Beber Não Case". Ele surge em cena quase cadavérico de tão magro, interpretando um personagem que é vítima de bullying, vive de bicos fantasiado de palhaço pelas ruas sujas de Gotham e que sofre com uma infestação de ratos - a Nova Iorque dos quadrinhos - e morando com a mãe, Penny (Frances Conroy, de A Sete Palmos).
Além disso, por causa de um distúrbio, Arthur Fleck é dado a soltar risadarias histéricas. Quando alguém se assusta, ele entrega um cartão explicando que se trata de um problema de saúde.
A trama se passa nos anos 1980. E certo dia ele recebe uma arma de um colega e acaba matando três yuppies no metrô. Isso acaba desencadeando um lado mais sinistro no palhaço, que tem certa fixação com a vizinha, Sophie (a linda Zazie Beetz, de Atlanta e Deadpool 2). Certamente ele tem delírios com a moça. E sonha ainda em participar de um talk show do apresentador Murray Franklin (Robert De Niro).
Enfim, Arthur Fleck é um looser e ainda por cima doente mental. Sua vida de infortúnios o levarão para o lado escuro do crime - neste filme violento e psicológico, temos a origem do perturbado Coringa. E não, não é um filme de super-heróis - o Batman só aparece ainda criança, quando Bruce Wayne vê os pais serem assassinados num beco, depois da saída do cinema. "Coringa" é pesado e mostra não apenas um personagem doente, mas sim toda uma sociedade perturbada. Filmaço.
Cotação: ótimo
Duração: 2h02
Chico Izidro
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“QUEER”
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