quarta-feira, janeiro 01, 2025

“ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot)

Foto: Pandora Filmes
“ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot), direção do cineasta cambojano Rithy Panh, e com roteiro de Pierre Erwan Guillaume e Rithy Panh, baseado no livro “When The War Was Over” de Elizabeth Becker, ocorre durante o cruel governo de Pol Pot no Camboja, em meado dos anos 1970.
Um dos meus filmes preferidos da vida é “Gritos do Silêncio – The Killing Fields”, dirigido por Roland Joffé em 1984, que mostra o começo do governo comunista, conhecido como Khmer Vermelho, de Pol Pot no Camboja e a consequência sobre o povo do país, vizinho do Vietnã. Há alguns anos, mais exatamente em 2017, Angelina Jolie dirigiu “Primeiro, Mataram o Meu Pai”, que também retrata aquele período trágico no país asiático. A ditadura durou entre 1975 e 1979, com a morte de mais de 2 milhões de cidadãos cambojanos.
Em “Encontro com o Ditador”, três jornalistas franceses, Lise Delbo (Irène Jacob), Paul Thomas (Cyril Guei) e Alain Cariou (Grégoire Colin), aceitam, em 1977, o convite do governo do Khmer Vermelho para visitar o país e entrevistar o líder Pol Pot. Eles acreditam na revolução comandada pelo comunista. Mas ao chegar no Camboja, começam a observar os estragos feitos pelo governo em tão pouco tempo.
O país está economicamente devastado e quase dois milhões de cambojanos morreram, a maioria assassinados – os comunistas tinham a política do ano zero, ou seja, começar tudo do nada. Assim, as populações das grandes cidades foram transferidas para os campos, e qualquer um que tivesse ligação com o estrangeiro, ou usasse óculos, ou soubesse ler, era fuzilado - num genocídio que permanecia desconhecido do resto do mundo.
Aos poucos, os três começam a tomar conta da realidade – em determinado momento são levados a um acampamento, onde tentam entrevistar os moradores...um deles acaba dando um depoimento forçado, mas mesmo assim, momentos depois é morto. Afinal, o regime procura culpados, realizando um genocídio em grande escala.
O filme mergulha, assim, de forma crua nas profundezas da tragédia cambojana e mostra um retrato perturbador dos horrores vividos pela população cambojana naquele período trágico e não tão distante no tempo assim – serão apenas 50 anos do começo do pesadelo em 2025.
Cotação: excelente
Duração: 1h52min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=q3Y-BPDoXEY

“NOSFERATU”

Foto: Universal
TODO MUNDO SABE QUE “NOSFERATU” é a versão não-autorizada de Drácula, lançada em 1922 por F.W. Murnau, depois de não conseguir os direitos da obra de Bram Stocker. Porém, a história é praticamente a mesma, alterando apenas os nomes dos personagens – afinal, Conde Drácula virou Conde Orloff...Em 1979, a refilmagem, agora colorizada, com “Nosferatu: O Vampiro da Noite, de Werner Herzog. Duas grandes obras.
Então por que mexer no que estava ótimo? Para Hollywood nunca é suficiente, então Robert Eggers, diretor de “A Bruxa” e “O Homem do Norte”, e que já havia dirigido duas versões teatrais de “Nosferatu”, resolveu trazer de volta a história do clássico de F.W. Murnau para os cinemas.
“Nosferatu” é um conto gótico sobre a obsessão de um vampiro romeno, Conde Orlok (Bill Skarsgård), por uma mulher, Ellen (Lily-Rose Depp), sósia de uma antiga paixão sua, e esposa de Thomas Hutter (Nicholas Hoult), o advogado contratado para realizar o contrato de sua nova residência na Alemanha – no original Drácula, o conde se muda para Londres.
Ellen é frequentemente perturbada por pesadelos que se conectam com o nobre que Thomas encontrará e que vive sozinho num castelo em ruínas nos Cárpatos. Então não preciso repetir aqui a trama, mas o conde aprisiona Thomas e parte em busca da mulher desejada, e depois o jovem tentará retornar e salvar a amada.
Desnecessário.
Cotação: regular
Duração: 2h12min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=moIrYMjS0nI

“CRÔNICA DE UMA RELAÇÃO PASSAGEIRA” (Chronique d'une liaison passagère)

Foto: Mares Filmes
“CRÔNICA DE UMA RELAÇÃO PASSAGEIRA” (Chronique d'une liaison passagère), direção de Emmanuel Mouret, tem uma pegada bem Woody Allen. A trama passada na bela e romântica Paris, mostra o relacionamento extraconjugal entre a mãe e solteira Charlotte (Sandrine Kiberlain) e o casado Simon (Vicenti Macaigne), cuja mulher está esperando um bebê, que se conhecem em uma festa.
Os dois se reencontram em um bar e viram amantes – os dias em que se encontram são mostrados na tela, geralmente uma vez por semana. Ambos garantem que aquele relacionamento não interfere em suas vidas, sendo apenas sexo.
Porém, aos poucos, as coisas começam a se complicar, quando sentimentos vão aparecendo na relação. Simon é mais tímido e retraído e em determinado momento se sente incomodado quando Charlotte aparece de surpresa em seu trabalho. Ela se sente rejeitada e pensa em terminar tudo, mas acaba voltando atrás. Ambos até experimentam um ménage a trois para apimentar mais o relacionamento.
A culpa em nenhum momento é vista pelo casal, principalmente com Simon, que tem uma família, mas não se sente incomodado em mentir para a esposa, a fim de ver a amante. Seu personagem, por vezes, incomoda por sua lerdeza.
O filme tem muito de Woody Allen, principalmente nas conversas entre o casal, os passeios contemplativos por Paris.
Cotação: bom
Duração: 1h41min
Trailer: https://youtu.be/dVZIRuM-AwQ

“ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot)

Foto: Pandora Filmes “ENCONTRO COM O DITADOR” (Rendez-Vous Avec Pol Pot), direção do cineasta cambojano Rithy Panh, e com roteiro de Pierre...