quarta-feira, março 19, 2025

“THE ALTO KNIGHTS – MÁFIA E PODER” (Alto Knights)

Foto: Warner Bros.
“THE ALTO KNIGHTS – MÁFIA E PODER” (Alto Knights), dirigido por Barry Levinson, é praticamente uma homenagem a obras do imaginário norte-americano que falam sobre as famílias americanas que se dedicam ao crime, os mafiosos, tão bem retratados nas telonas através de diretores como Martin Scorsese, Brian De Palma e Francis Ford Coppola. E como protagonista, o ator que talvez seja a síntese dos filmes de máfia e suspense, Robert de Niro, aqui encarnando os dois personagens principais.
Invocando clássicos como “O Poderoso Chefão 2”, “Era uma Vez na América” e “Os Bons Companheiros”, entre outros, “The Alto Knights” acompanha a trajetória dos amigos de infância Frank Costello e Vito Genovese (dois grandes nomes da máfia ítalo-americana de meados dos anos 1950), vividos por Robert de Niro, que construíram um grande império em Nova Iorque – eles tinham em mente não viver como seus pais, pobres e explorados imigrantes italianos na América dos anos 1910, e decidiram se embrenhar no mundo do crime. E assim prosperaram.
Porém, Genovese em determinado período dos anos 1940, se refugiou na Itália, deixando tudo nas mãos de Costello. Ao voltar para os Estados Unidos na década de 1950, o mundo havia mudado e ele havia perdido a relevância. Porém, não aceitou isso e entrou em uma guerra com o outrora melhor amigo, que praticamente só queria viver em paz com a esposa Bobbie (Debra Messing, do seriado Will & Grace) em sua luxuosa cobertura.
De Niro apresenta um ótimo trabalho ao encarnar os dois protagonistas, se metamorfoseando, utilizando próteses faciais. O engraçado é a voz de seu Genovese, por vezes, parece uma homenagem ao amigo Joe Pesci e seu icônico psicopata Tommy DeVito, de “Os Bons Companheiros”.
“The Alto Knights - Máfia e Poder” vale muito pelas ótimas atuações e pela reconstituição de época. Mas não apresenta nenhuma novidade, porém é uma bela homenagem aos mestres do gênero. Então tá valendo.
Cotação: bom
Duração: 2h03
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=bzXpoHskuNQ

“CÓDIGO PRETO” (Black Bag)

Foto: Universal Pictures
“CÓDIGO PRETO” (Black Bag) tem direção de Steven Soderbergh, e trata sobre espionagem, com a trama focando no bem-sucedido casal de espiões Kathryn St. Jean (Cate Blanchett) e George Woodhouse (Michael Fassbender). Eles trabalham na Inteligência Britânica, e mantém um relacionamento baseado na total dedicação um com o outro, com ela fazendo mais trabalho de campo, e ele mais nos bastidores.
Só que a relação deles é abalada quando George é comunicado por seus superiores que o projeto “Severus”, uma arma cibernética com potencial de controlar códigos nucleares, teve dados vazados. E Kathryn é uma das suspeitas. Qual a missão de George? Ele deve descobrir qual foi o espião que traiu a agência e eliminá-lo.
Então George começa a sua missão, analisando cada fato, cada colega...também são suspeitos os agentes Freddie (Tom Burke, de Furiosa!) e Clarissa (Marisa Abela, a Amy Winehouse de Back to black), que formam um casal, e James (Regé-Jean Page, de Dungeons & Dragons) e sua namorada, a psicóloga Zoe Vaughan (Naomie Harris).
No detalhado roteiro de David Koepp, muitos diálogos, jantares luxuosos, encontros furtivos na calada da noite e, muita, muita traição e ódio entre os casais vindo à tona.
Eu até pensei que em determinado momento, “Código Preto” iria partir para cenas de violência de “Sr. & Sra. Smith”. Mas não, praticamente não existe ação em cena. Este filme é daqueles à moda antiga, com mais papo do que correria. O que não será fácil para o público preguiçoso de hoje em dia aguentar.
Cotação: ótimo
Duração: 1h33
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=DrPJTMLvYB0

“MILTON BITUCA NASCIMENTO”

Foto: Gullane+
“MILTON BITUCA NASCIMENTO”, dirigido por Flavia Moraes, é um road movie que celebra a turnê de despedida de um dos maiores artistas da Música Brasileira de todos os tempos.
Flavia acompanhou Milton de perto durante cerca de dois anos, revelando a conexão profunda do ídolo com seus fãs, entre os quais personalidades relevantes do Brasil e do mundo, enquanto propõe reflexões sobre potência, legado e finitude. Hoje o cantor e compositor, aos 83 anos, está aposentado dos palcos.
O documentário traz depoimentos de mais de 40 personalidades musicais, como Gil, Caetano, Ivan Lins, Mano Brown, Spike Lee, Quincy Jones e Djamila Ribeiro, mostrando a influência da obra de Bituca sobre diversos artistas.
O filme também resgata a vida do carioca nascido em 1942, no bairro da Tijuca, porém criado por pais adotivos em Minas Gerais. Racismo, orfandade, seus grandes shows pelo mundo, como Nova Iorque, Londres e até mesmo no Mineirão, em Belo Horizonte. Tudo isto é esmiuçado nas quase duas horas do documentário, que pergunta para o próprio espectador: o que explica a mística por trás do autor de faixas como “Travessia”, “Maria, Maria” e “Cais”? E mais: o que o artista tem de tão especial, que torna suas canções tão significativas para o público, mas também vira objeto de estudo em renomadas universidades?
“Milton Bituca Nascimento” reúne um material ímpar, capaz não só de reconhecer a grandiosidade do ídolo, mas também revelar a identificação humana que ele criou com suas dezenas de álbuns. Tudo embalado pelos grandes clássicos da discografia do Bituca.
"Meu sentimento em relação ao filme é de muita felicidade, principalmente quando penso nos tantos amigos preciosos que a vida me deu e que estão ali presentes”, afirmou Milton Nascimento. “Sou grato por todo o carinho e amor que recebo de tanta gente. Durante toda a minha trajetória, fui guiado pelas amizades e pela música e isso é o que realmente importa na minha vida", completou.
Cotação: ótimo
Duração: 1h55
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3huY2AiSH9c

“O BOM PROFESSOR” (Pas des Vagues)

Foto: Mares Filmes
“O BOM PROFESSOR” (Pas des Vagues), é baseado em uma experiência pessoal do próprio diretor e roteirista Teddy Lussi-Modeste, co-escrito ao lado de Audrey Diwan. A trama mostra como um simples mal-entendido em sala de aula pode se transformar em uma espiral de condenação social, transformando a vida de um professor num verdadeiro inferno.
Julien (François Civil) é um dedicado professor de francês, que trabalha sempre tentando criar um vínculo bem forte com os seus alunos – claramente jovens adolescentes carentes de um melhor estudo e muitos vindos de famílias mal estruturadas. Como prêmio, ele leva os melhores para lanchar. Isso cria certo ressentimento entre os outros.
Mesmo assim, Julien é muito querido pela turma. Porém, em um determinado dia, o professor resolve explicar uma situação usando os alunos como exemplo, e acaba elogiando a tímida Leslie (Toscane Duquesne). O efeito: os jovens começam a zoar a situação, dizendo que Julien está interessado na garota.
Pronto, o pavio foi acesso...dias depois, a menina denuncia o professor para a diretoria da escola, alegando ter sofrido assédio sexual do mestre. Afinal, ele é um adulto e Leslie é uma menina de apenas 13 anos. Ou seja, pedofilia. A partir deste evento, Julien começa a sofrer represálias e até ameaças de familiares da garota, e perde o respeito dos alunos, tornando suas aulas quase inviáveis.
“O Bom Professor” mostra como nos dias atuais qualquer gesto, qualquer palavra, podem ser interpretados de forma equivocada, com o acusado, mesmo sendo gay e ter um relacionamento estável, ter sua vida destruída, praticamente sem direito a defesa. O longa-metragem é muito realista, com atuações seguras e fortes, incomodando muito. Afinal, ninguém está livre de ser acusado de algo que não cometeu, e ver sua reputação ir direto pro ralo.
Cotação: bom
Duração: 1h31
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=1kRsZBYpTD4

terça-feira, março 18, 2025

“SOBREVIVENTES DO PAMPA"

Foto: Bretz Filmes
“SOBREVIVENTES DO PAMPA”, dirigido por Rogério Rodrigues, investiga as origens do diretor no bioma que conecta os países do Cone Sul da América Latina.
No Brasil, o Pampa está presente apenas no Rio Grande do Sul, cobrindo 63% do estado e 2 % do território nacional. O bioma apresenta paisagens diversas, como serras, planícies e coxilhas, com campos nativos predominantes, além de matas ciliares, butiazais, banhados e afloramentos rochosos.
O documentário retrata os povos e comunidades tradicionais do Pampa, destacando sua sociobiodiversidade e as ameaças enfrentadas devido à degradação acelerada. O longa-metragem foi rodado em 13 municípios gaúchos: Alegrete, Bagé, Barra do Ribeiro, Dom Pedrito, Eldorado do Sul, Porto Alegre, Quaraí, Santa Maria, Sant’Ana do Livramento, São Borja, São Miguel das Missões, Tapes e Uruguaiana.
Com 35 entrevistas, o filme apresenta diferentes perspectivas sobre essas identidades sociais. Entre os entrevistados estão pecuaristas familiares, comunidades quilombolas, povos indígenas e agricultores de assentamentos da reforma agrária, que, por meio de seus modos de vida, preservam os ecossistemas do bioma.
Com direção de fotografia de Lívia Pasqual, “Sobreviventes do Pampa” teve sua estreia no 51º Festival de Cinema de Gramado, onde ganhou o Kikito de Melhor Longa-Metragem Gaúcho pelo Júri Popular, e seguiu para o circuito internacional. Foi o filme de encerramento do 14º Festival Internacional de Cinema da Fronteira e estreou na Europa pelo London Director Awards 2024. Além disso, integrou a seleção oficial do Rome Prisma Film Awards 2024 e do 32º Ecocine – Festival Internacional de Cinema Ambiental e Direitos Humanos.
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=bE67WgGvFng

quarta-feira, março 12, 2025

“BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man)

Foto: Diamond Films
“BETTER MAN - A HISTÓRIA DE ROBBIE WILLIAMS” (Better Man), direção deMichael Gracey (“O Rei do Show”) realmente me pegou de surpresa. Eu confesso que desconhecia totalmente a carreira do cantor e ídolo Pop britânico Robbie Williams, e até brincava só conhecer o ator Robin Williams (1951-2014).
Pois bem, o filme sobre a vida do cantor foge totalmente do convencional. É um musical e ao mesmo tempo o personagem principal é mostrado como um macaco – feito em CGI, com o ator Jonno Davies fazendo a captura de performance, enquanto o próprio Robbie Williams empresta sua voz para sua versão símia. A ideia é mostrar que Williams sempre foi diferente, desde criança, que sofria nas partidas de futebol em Stoke-On-Trent dos anos 1980.
Michael Gracey explicou que o filme queria fugir do formato das cinebiografias lançadas recentemente. "Houve muitos filmes biográficos musicais", detalhou o diretor. "Eu queria abordar isso com uma lente diferente". O cineasta contou ainda que Williams costuma afirmar que se sente como um "macaco performático". Como resultado, surgiu a ideia de criar um longa "não da perspectiva de como vemos Rob, mas de como ele se vê".
O pai de Robbie era um carteiro sonhador e fã de Frank Sinatra e passou esta paixão para o filho, que desde cedo começou a sonhar com a fama, até que ainda adolescente conseguiu entrar para a famosa boy band Take That, e obtendo fama, mas não fortuna, e sim conhecendo o álcool e as drogas.
Ele acabou expulso da banda, por causa de seu comportamento nada adequado, e foi tentar a carreira solo, e ser envolvendo com a cantora Nicole Appleton, da girl band All Saints, que o trocaria por Liam Gallagher, do grupo Oasis, anos depois.
O longa-metragem se encerra quando ele se apresenta no Royal Albert Hall no começo dos anos 2000, para um grande público e até gerando um DVD – no filme ele é mostrado cantando ao lado do pai a canção “My Way”, porém esta é uma licença poética. Mas é um momento emocionante.
“Better Man” é um filme que não passa o pano para a vida e carreira de Robbie Williams, mostrando todos os seus erros e acertos. E isto é edificante. “Robbie é mais que um popstar, mais do que a persona que ele apresenta para o mundo. O filme revela suas imperfeições, contradições e o esplendor que fazem dele o homem que é", declarou o diretor.
Cotação: excelente
Duração: 2h15
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ji4EQCAKBWI

“O MACACO” (The Monkey)

Foto: Paris Filmes
INSPIRADO NO CONTO “THE MONKEY”, DO MESTRE DO TERROR STEPHEN KING, O FILME “O MACACO” (The Monkey), com direção de Oz Perkins, acompanha a história de dois irmãos gêmeos adolescentes, Hal e Bill, ambos interpretados por Theo James, que vivem com a mãe solteira, após o pai ter saído de casa e nunca mais ter voltado.
Um dia, revirando os pertences dele no porão, acabam encontrando um macaco de brinquedo, e curiosos, dão corda nele. O gesto vai desencadear uma série de mortes brutais com as pessoas próximas deles, inclusive a mãe deles.
Os dois irmãos nunca se deram bem e decidem se separar. E passados mais de duas décadas depois, o brinquedo volta a assombrar a vida deles, que se obrigam a se juntar para tentar acabar com a maldição.
“O Macaco” tem muito terror psicológico, mas também abre muito espaço para toques de humor, com cenas de mortes de certa forma engraçadas, de tão ridículas, que deixam a coisa leve – muitas até lembrando muito as mortes da cinessérie “Premonição”. O filme não reinventa o cinema de terror, mas consegue fugir do convencional. E isto é um baita trunfo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h38
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ZWdhgGTAelE

“MÁQUINA DO TEMPO” (Lola)

Foto: Pandora Filmes
EM “MÁQUINA DO TEMPO” (Lola), direção de Andrew Legge, a trama se passa durante a Batalha da Inglaterra, evento da Segunda Guerra Mundial, no começo dos anos 1940. As irmãs Thomasina Hanbury (Emma Appleton) e Martha Hanbury (Stefanie Martini) criam uma máquina batizada de Lola, um aparelho capaz de captar transmissões de rádio e televisão vindas do futuro, tanto que viram fãs de David Bowie e outros artistas dos anos 1970.
A invenção abre caminho para descobertas culturais, como a antecipação do Movimento Punk. E começa a ser usada para fins táticos pelos britânicos para combater os nazistas. Porém, a invenção acaba trazendo efeitos colaterais trágicos ao longo do tempo, alterando o rumo da história – por exemplo, a Inglaterra acaba sendo invadida pela Alemanha, fato que nunca ocorreu na realidade, e ainda bem!
As irmãs são vistas como traidoras pelos conterrâneos e passam a fugir, tanto dos alemães quanto dos ingleses, numa trama tensa e assustadora. “A Máquina do Tempo” foi produzido com câmeras e lentes originais dos anos 1930 e revelado em um tanque soviético de 16mm, o filme adota o estilo found-footage – termo que designa obras que simulam imagens gravadas pelos próprios personagens – conferindo ao público a sensação de estar diante de registros reais da época. Ou seja, o filme é todo ele em preto & branco.
A trilha sonora assinada por Neil Hannon (líder da banda The Divine Comedy) traz faixas de David Bowie, The Kinks e composições clássicas do britânico Edward Elgar.
Cotação: excelente
Duração: 1h19
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vqhVZeViRIs

“O MELHOR AMIGO”

Foto: Deberton Filmes
“O MELHOR AMIGO” tem direção do cearense Allan Deberton (“Pacarrete”), e é um filme LGBTQIAPN+ , e conta a vida do jovem Lucas (Vinicius Teixeira), que se descobriu gay há pouco tempo, e tem inúmeros números musicais, com hits dos anos 1980 e 1990, como por exemplo Blitz, mas numa roupagem modernosa.
O jovem arquiteto Lucas está cansado do namoro com o grudento Martin (Léo Bahia), que adora grandes declarações de amor, e decide fazer uma viagem sozinho para Canoa Quebrada, no Ceará, com o objetivo de descansar e repensar sua vida amorosa.
Só que na paradisíaca praia, Lucas acaba reencontrando uma antiga paixão de faculdade, o bonitão Felipe (Gabriel Fuentes), com quem o jovem acabou saindo do armário. A paixão volta com todo o vigor, porém Felipe é um bom vivant, que ataca qualquer coisa que se mexa, deixando Lucas frustrado e mais perdido.
O arquiteto acaba então conhecendo a comunidade gay da localidade, liderada pela drag queen Deydianne Piaf (Dênis Lacerda), que está de mudança para a Itália, pois foi pedida em casamento por um italiano. Mas antes de viajar, quer deixar tudo arrumado para suas colegas de uma boate onde ocorrem performances musicais. E vai mostrar a Lucas que, às vezes, é bom ficar sozinho para conseguir se encontar e saber o que realmente se quer
Além dos protagonistas, “O Melhor Amigo” inclui um elenco formado por grandes atores e atrizes cearenses como Dênis Lacerda (Deydianne Piaf), Souma, Muriel Cruz, Rodrigo Ferrera (Mulher Barbada), Solange Teixeira, Patrícia Dawson, Walmick de Holanda, Gabriel Arthur e Adna Oliveira. Junto com um corpo de baile, todos se entregam de corpo e alma para os divertidos números musicais, coreografados por Rômulo Vlad.
Mas, se tratando de um filme com muita memória pelos anos 1980, artistas emblemáticas dessa época também fazem participações especiais, como Cláudia Ohana, que interpreta a mística Estrela D’Alva, enquanto Mateus Carrieri é um hóspede no mesmo hotel de Lucas. E Gretchen interpreta a si mesma, cantando dois dos seus grandes sucessos, “Melô do Piripipi” e “Conga Conga”, acompanhada de Esdras de Souza.
Nestes tempos de muito ódio e preconceito, “O Melhor Amigo” é um filme para a comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas de mente aberta, que não veem problema nenhum em enxergar apenas amor nestas pessoas que trazem muita alegria e diversidade para o mundo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h36
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sJQqMa04msY

“AMIZADE”

Foto: Embaúba Filmes
O DOCUMENTÁRIO “AMIZADE”, DE CAO GUIMARÃES, é uma coletânea de momentos íntimos reunidos ao longo de 30 anos que se transformam em experiências plurais e complexas.
“Já que eu não podia trazer os amigos comigo para o Uruguai, eu os trouxe através de sons e imagens”, afirmou o diretor. A frase sintetiza a essência do filme: uma coletânea de momentos reais, registros espontâneos e memórias acumuladas ao longo de três décadas.
Filmado em diversos formatos – de filmes Super8 e 16mm a telas de computador, fitas cassete e gravações de secretária eletrônica –, o longa reúne pequenos gestos e encontros que, juntos, formam um retrato íntimo e afetivo sobre amizade, tempo e partilha.
A amizade, assim como o cinema, é feita de encontros, distâncias e reencontros. E é a partir dessas costuras que Cao constrói um filme que oscila entre a memória e a invenção, o pessoal e o universal. No centro dessa construção está a relação do diretor com seus amigos, entre eles Beto Magalhães, produtor de muitos dos seus filmes, cuja mudança de Belo Horizonte para Montevidéu foi registrada em três dias de filmagem.
Ao revisitar décadas de registros pessoais, Cao transforma sobras, rastros e restos em matéria-prima para um filme que dialoga com sua própria trajetória. "A gente vai mudando com o tempo, e o tempo é a matéria que o cinema (e a vida) esculpe", afirma o diretor. Amizade é, acima de tudo, um gesto de resistência contra o esquecimento – um convite para olhar com mais atenção para os momentos que, muitas vezes, passam despercebidos.
“Decidi fazer um filme com meu arquivo pessoal. E dentre os vários temas que surgiam ao revisitar essas imagens, escolhi a amizade. Porque, para mim, a amizade sempre foi o exercício por excelência da alteridade e, além disso, também é, como o cinema, uma escultura no tempo”, refletiu Cao.
O filme “Amizade” acaba sendo um produto feito apenas para o diretor e seus conhecidos. O espectador comum acaba se perdendo naquele monte de imagens e falas, que por vezes, parecem desconexas e sem sentido para quem não é próximo ao cineasta. O pouco mais de uma hora do filme se transforma numa tortura interminável.
Cotação: ruim
Duração: 1h25
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_shpURsTiCo

quarta-feira, março 05, 2025

“MICKEY 17”

Foto: Warner Bros Pictures
“MICKEY 17”, NOVO FILME DO DIRETOR SUL-COREANO BONG JOON-HO, O MESMO DO OSCARIZADO “PARASITA” (2019) é baseado no romance Mickey 7, escrito por Edward Ashton em 2022.
No filme, acompanhamos o jovem Mickey Barnes (Robert Pattinson), que ao lado de seu parceiro Timo (Steven Yeun, o Glenn de The Walking Dead) tem um negócio de doces na Terra, mas para manter a firma, acabam se endividando com um perigoso agiota. Temendo serem mortos, ambos decidem encarar uma viagem espacial patrocinada pelo magnata e político Kenneth Marshall (Mark Ruffalo).
Marshall pretende iniciar uma colonização em outros planetas, e divide os inscritos no programa em vários setores. Mickey, não se sentindo útil, alista-se no programa de “humanos descartáveis”, para ser enviado em missões suicidas em outros planetas. E sempre que cumpre uma tarefa, ele morre, e o upload de sua mente é introduzido em seu mesmo corpo, que é reimpresso, em uma nova versão. Mais exatamente um clone.
Então, um dia em uma missão em um planeta gelado, Mickey fica preso numa caverna junto com animais alienígenas e dado como morto. Porém, ele sobrevive e ao voltar para a nave, constata que um “outro seu” foi reimpresso, e Mickey é forçado a conviver com seu duplo, o Mickey 18, trazendo situações inusitadas.
Sendo um filme do politizado Bong Joon-Ho, o filme é cheio de críticas sociais, de como o ser humano pode ser dispensável, até mesmo como as pessoas são suscetíveis a acreditar em políticos mentirosos e aproveitadores, no caso o personagem de Ruffalo.
O outrora criticado Robert Pattinson mostra ter evoluído com o tempo, desde seu insonso vampiro da cinessérie “Crepúsculo”, chegando ao ótimo “The Batman” (2022), de Matt Reeves. Ele consegue passar características diferentes para os seus diferentes Mickeys, tanto com humor, quanto com agonia e desespero. Já o quase sempre excelente Mark Ruffalo tropeça, apresentando um personagem caricato e exagerado.
Talvez fosse mais curto, e muita coisa poderia ter sido cortada, que não faria falta e “Mickey 17” poderia acertar. Porém, se torna um filme muito pretensioso, ao tentar misturar vários gêneros e errando o alvo em quase todos.
Cotação: regular
Duração: 2h17
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=GQUAxORWmqc

“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig)

Foto: Mares Filmes
“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig), dirigido pelo cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, é um longa-metragem em colaboração entre Irã, Alemanha e França. E que enfureceu o governo teocrata do país da Ásia.
A trama se desenrola em Teerã e segue a história de Iman (Misagh Zare), um juiz de instrução recém promovido casado com Najmeh (Soheila Golestani) e pai de Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki). Ele vive para o regime, acreditando fielmente em Alá, e parece não notar que os jovens no Irã cansaram do rigoroso regime ditatorial dos aiatolás, que impedem a liberdade das pessoas – as mulheres, principalmente, não possuem vozes ativas e são obrigadas a tapar os cabelos com o hijab.
Vários protestos estão ocorrendo pelo país, e suas filhas querem participar. Mas dentro de casa vivem a mesma repressão das ruas, principalmente através da mãe, que não acredita nos desejos da juventude, afinal foi criada para ser servil.
As coisas pioram quando uma colega de Rezvan é presa depois de ter sido pega no dormitório da faculdade, machucada pelas agressões sofridas pela polícia. E a arma de Iman some da casa, com ele acreditando que uma das filhas roubou. O pai e juiz do regime então mostra dentro das paredes de seu lar o que ele faz para aqueles que protestam contra o governo – passa a impor medidas severas que abalam os laços familiares e as meninas chegam a passar por uma sessão de interrogatório para confessarem o crime.
“A Semente do Fruto Sagrado” é um excepcional filme, provavelmente gravado às escondidas, e que mostra como os 45 anos de ditadura teocrática deixaram as novas gerações cansadas de rigor religioso, principalmente questões delicadas relacionadas à obrigatoriedade do uso do véu (hijab) para as mulheres no Irã e a repressão contra as pessoas que desafiam as normas do regime islâmico. Nos últimos anos, muitas jovens estão sendo presas e mortas por se negarem a usar o hijab. Religião mata.
Cotação: excelente
Duração: 2h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IAXWFIY0S4Y

“ÚLTIMO ALVO” (Absolution)

Foto: Imagem Filmes
HÁ UM TEMPO, LIAM NEESON DISSE QUE NÃO TINHA MAIS IDADE PARA FILMES DE AÇÃO (o ator está com 72 anos). Mas ele não consegue se desassociar do gênero, e agora chega “ÚLTIMO ALVO” (Absolution), dirigido por Hans Petter Moland.
Eu estaria mentindo se dissesse que não curto os filmes com o ator norte-irlandês. Porém, a fórmula segue praticamente a mesma – um homem solitário, distante da família e que decide salvar alguma pessoa em situação de risco.
Aqui, Neeson interpreta Murtagh, um ex-boxeador que trabalha como segurança para um chefão mafioso em Boston, Charlie (Ron Perlmann) há três décadas, vive sozinho e tentando se reconectar com a filha e o neto. Então descobre ter uma doença degenerativa, com poucos meses de vida. Assim, decide tentar deixar um bom legado, se aproximando do neto, dando a oportunidade de amar novamente com uma falante garota, vivida por Yolonda Ross, talvez o melhor personagem do filme.
E claro, Murtaugh tem como missão fundamental libertar uma garota obrigada a se prostituir pelo cafetão Armando (Omar Moustafa Ghonim), propiciando na parte final aquelas cenas clássicas de filmes de Liam Neeson, com muitos tiros, facadas.
O “Último Alvo”, pelo menos, tem menos correria e um pouco mais de reflexão entre os filmes do gênero. Porém, os clichês estão todos lá. E o final é igual a “Na Mira do Perigo” (The Marksman), também protagonizado por Liam Neeson, em 2021.
Cotação: regular
Duração: 112min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nnKQGkDn7xk

“EROS”

Foto: Fistaile “EROS” É UM DOCUMENTÁRIO DIRIGIDO POR RACHEL DAISY ELLIS. A diretora brasileira/britânica estabelecida em Recife, Pernambuco...