“O Último Episódio”, dirigido pelo mineiro Maurilio Martins, é uma verdadeira ode às lembranças afetivas da adolescência, como o primeiro crush, as músicas que começaram a moldar o nosso caráter, assim como as obras televisivas.
A história é ambientada no bairro de Laguna, na periferia de Contagem, na Grande Belo Horizonte, em 1991, e tem como protagonista o garoto Erick (Matheus Sampaio), de 13 anos, fã de rock, e que mora com a mãe, viúva. Ele tem como melhores amigos a esperta Cristão (Tatiana Costa), garota criada pela avó, depois que a mãe se mudou para os Estados Unidos, e Cassinho (Daniel Victor), filho de um pai beberrão e de uma mãe crente.
Então eis que Erik acaba se apaixonando platonicamente pela nova garota da escola, Sheila. Para se aproximar dela, sonhando com o primeiro beijo, ele acaba inventando que possui uma fita com o último capítulo do desenho clássico “A Caverna do Dragão” - O desenho, inspirado no jogo de RPG Dungeons & Dragons, surgiu em 1983 nos Estados Unidos e virou uma febre mundial, estreando no Brasil em 1985, pela TV Globo. A série mostra seis jovens presos em um mundo mágico, onde são guiados pelo Mestre dos Magos para tentar voltar para casa, e enfrentando pelo caminho vilões como o Vingador.
A garota passa a cobrar de Erik, que inventa vários subterfúgios, enquanto pensa em uma maneira de conseguir uma maneira de conseguir o tal misterioso episódio final – a série teve 3 temporadas, e o tal capítulo final intitulado “Requiem” acabou sendo apenas roteirizado, mas não foi produzido e o seriado acabou cancelado.
Ao lado de amigos, que nunca ficam sabendo de sua paixão, que ele mantém secreta, Erik pega uma câmera que era usada por seu pai, e sob o pretexto de fazer um trabalho colegial, começa a produzir o tal episódio, de forma artesanal.
Conforme o diretor, a trama traz uma aventura para toda a família, à moda antiga, brincando com memórias pessoais e a nostalgia de uma época em que os desenhos exibidos na televisão ajudaram a formar culturalmente muitas pessoas. E “O Último Episódio” não é autobiográfico, garante Maurilio Martins, produtor de “Marte Um”, outra produção da Filmes de Plástico, e indicado pelo Brasil para disputar uma vaga no Oscar 2023.
"Mesmo não sendo um filme autobiográfico, eu acho que a escolha de contar essa história se deu por relações minhas. Minha relação com o ano de 1991, quando eu tinha 13 anos, no bairro Laguna, onde moro até hoje”, disse Maurilio Martins.
“E daí vem esse 'atravessamento', porque eu faço uso de algo que me é muito caro: fotografias da minha família, dos meus amigos, até um vídeo que é o único registro em movimento da minha infância", ressaltou. "É quase como se esse filme fosse uma carta de amor ao bairro. É uma história ficcional, mas esse atravessamento verdadeiro das coisas que são reais, das fotos, dos vídeos, dos textos do narrador, dão ao filme esse componente um pouco único, porque a gente está falando da periferia sendo retratada num contexto de época", finalizou o diretor.
Outra coisa atraente no filme é a trilha sonora, idealizada por John Ulhoa e Richard Neves, da banda Pato Fu: "Qualquer Jeito", da cantora cega Kátia, é reinterpretada por Fernanda Takai, e outro sucesso da época, como "Doce de Mel", de Xuxa, é cantada por uma dupla fictícia, da qual Cristão é fã incondicional, têm papéis destacados na trama.
As memórias que o filme traz são incríveis. Chega a emocionar.
Cotação: ótimo
Duração: 1h55
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=XS96Dyl6HvY
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