quinta-feira, julho 17, 2008

BATMAN



Está chegando lá. Sombrio e pesado, Batman, o Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, faz lembrar e muito, apesar de a história não ser a mesma, mas pelo tom, a HQ histórica de Frank Miller, o Cavaleiro das Trevas, de 1986. O herói mascarado, ao contrário do que nos acostumamos a ver na tevê, sempre foi um personagem fechado, soturno, quase depressivo.
No novo filme da série, o Homem-Morcego combate o seu principal adversário, o Coringa, em duas horas e meia de muitas mortes e sangrentas batalhas. Christian Bale mais uma vez é o Batman, que vive no limite da justiça ao combater o crime organizado em Gotham City e tentar reconquistar a garota de seus sonhos, a insossa Maggie Gyllenhall (de Mais Estranho do que a Ficção), e que tem seu coração disputado também pelo promotor Harvey Dent (um ótimo Aaron Eckhardt), que se tornará mais outro perigoso vilão, o Duas Caras.
O Coringa, por sua vez, é vivido pelo falecido em janeiro passado, de forma precoce, Heather Ledger (de Brokeback Mountain). E ele dá um novo conceito ao pirado vilão, mais macabro do que o interpretado por Jack Nicholson em 1989. Ledger, praticamente, é o dono do filme, com seus tiques nervosos e risadas assustadoras.
Batman, o Cavaleiro das Trevas é, sem sombra de dúvidas, o melhor de todos os seis filmes já feitos sobre o herói desde a década de 1980.

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias, de Helvécio Ratton (de Batismo de Sangue e O Menino Maluquinho), tenta recriar um Brasil interiorano e ingênuo. São quatro curtas contados por uma costureira interpretada por Marieta Severo. No primeiro, uma sereia (Patrícia Pillar) se casa com um pescador, esperando ser bem tratada por ele. O final acaba sendo por mais previsível. No segundo, um coroinha tem um pesadelo com os mortos e acaba sendo a história mais fraca do pacote. No terceiro, um Papai Noel interpretado por Paulo José (debilitado devido ao Mal de Parkinson) comete um pequeno furto e acaba dando uma ceia para moradores de rua. No último conto, o excelente Gero Camilo (de Carandiru) vive Zé Burraldo, ingênuo roceiro que sai pelo mundo após a morte do pai. O resultado acaba sendo irregular e meio deslocado em pleno século XXI, repleto de avanços tecnológicos. Talvez agrade a um público mais saudosista, porém dificilmente será, por mais que seja destinado a eles, simpático a crianças e jovens, mais afeitos a filmes de ação e aventuras ou desenhos japoneses.

A Ilha da Imaginação



A Ilha da Imaginação (Nim's Island, de Mark Levin e Jennifer Flackett) é feito, exclusivamente, para o público infanto-juvenil. Uma pequena garota (a excelente Abigail Breslin, de Pequena Miss Sunshine) vive numa ilha paradisíaca com o seu pai cientista (Gerald Butler, de 300 e P.S.: Eu Te Amo). A diversão da menina é brincar com os animais que habitam o local e ler os livros do aventureiro Alex Rover. As coisas começam a mudar quando ela necessita da ajuda do ídolo, que na realidade não existe, tendo sido criado pela escritora agorafóbica Alexandra Rover (Jodie Foster, aqui vivendo um papel completamente diferente daqueles que nos habituamos a ver e que tem uma levada de humor, mas que não funciona). Enfim, uma pequena imitação de Indiana Jones, que deve funcionar nas locadoras e na sessão da tarde. E só.

O Escafandro e a Borboleta



Com apenas 42 anos, em 1997, o editor da edição francesa da revista Elle, Jean-Dominique Bauby, sofreu um raro tipo de derrame, conhecido por locked-in (trancado). O resultado foi que depois de três semanas em coma, ele acordou somente com movimentos no olho esquerdo. Seu único modo de se comunicar com o mundo era piscar o olho, num sistema inventado por uma terapeuta, onde dita cada letra do alfabeto, pacientemente, ao interlocutor. Dessa forma, Bauby conseguiu publicar um livro, o Escafandro e a Borboleta, que foi transposto magistalmente para a telona por Julian Schnabell, diretor de Basquiat e Antes do Anoitecer.
O drama médico, no entanto, foge dos similares americanos, que geralmente apelam para o emocional, querendo que o espectador apenas chore e não reflita. Aqui vale mostrar o quanto é significativa a vida.
Jean-Do, como era chamado pelos amigos, era um bon vivant e rodeado de mulheres belas, o que continua acontecendo, mesmo ele preso em seu próprio corpo inerte. Inteligente, depois do choque inicial, quando desejava morrer ao se descobrir paralítico - e aí Schnabell deu um golpe de mestre ao mostrar o mundo pela perspectiva de Jean-Do (interpretado pelo excelente Mathieu Amalric), ou seja, vemos o filme em seu início como pelo olho esquerdo do protagonista.
O Escafandro (aquelas antigas roupas de mergulho, presas por um tubo ao barco) do título é a prisão em que se encontra o homem, que sonha em ser livre como uma Borboleta. E livre não com a morte, que chegou para Jean-Do duas semanas após a conclusão do livro, mas livre para voltar a ter uma vida normal - que ele consegue através de seus pensamentos.
O Escafandro e a Borboleta, enfim, segue a linha de obras como Meu Pé Esquerdo, com Daniel Day-Lewis e Mar Adentro, com Javier Bardém, que fazem refletir e não apelam para o choro fácil. Imperdível.

Do Outro Lado



Todos sabem como é difícil o convívio entre os alemães e os turcos que vivem na Alemanha - tanto que esses nem são considerados cidadãos germânicos, mesmo tendo nascido no país. Do Outro Lado, do diretor Fatih Akin, nascido em Hamburgo e de ascedência turca, registrou em forma de parábola, esses dois mundos em um só, na figura do professor universitário Nejat (Baki Davrat). Após a morte da namorada do pai, a ex-prostituta Yeter (Nursel Köse), ele parte para Istambul em busca da filha dela, Ayten (Nurgül Yesilçay). Que ao mesmo tempo, foge da Turquia para a Alemanha, num jogo de desencontros tremendo. E pelos olhos desses personagens, podemos constatar o quanto é difícil a convivência desses povos, mesmo numa Europa que tenta se unificar. Do Outro Lado conta com a presença cativante de Hanna Schygulla, musa do cinema alemão dos anos 1970 e 80, e aqui, apesar da idade, ainda mostrando traços de sua antiga beleza.

Hancock



Will Smith é o atual queridinho da América. Em Hancock, de Peter Berg, ele interpreta um super-herói desastrado. Ou seja, é odiado pela população de Los Angeles. Pela bela sacada de roteiro: afinal, quem paga as contas toda a vez que um super-herói combate os vilões, mas destrói prédios, carros, ruas? Hancock é um "Godzilla sobre Tóquio" e ainda por cima alcoólatra. Para limpar sua imagem, aparece um publicitário preocupado com a falta de amor no mundo, o engraçado Jason Bateman, da série Arrested Development e do filme Juno. Então Hancock começa a melhorar perante os olhos dos angelenos, mas também a perder seus poderes, ao descobrir que não é o único de sua espécie no mundo. Ah, não dá para não citar a presença de Charlize Theron, tão linda quanto em O Advogado do Diabo. Toda a vez que ela surge, rouba a cena, para deleite dos barbados...

Antes que o Diabo saiba que Você está Morto



Antes que o Diabo saiba que Você está Morto é um dos filmes com título mais longo da história do cinema. E também segue a linha de Fargo, onde o que era para dar errado, acaba dando errado. Com direção de Sidney Lumet, temos aqui um drama de erros, depois que um assalto a uma joalheria praticado por dois irmãos dá errado.
Os dois são interpretados excepcionalmente por Ethan Hawke e Philippe Seymour Hoffman, esse praticamente não necessitando de comentários abonadores. Sua presença em cena é magnética. Aqui ele está um verdadeiro filho da puta, inescrupuloso e sem problemas de consciência. Só fica incomodado pelo fracasso à joalheria, que é de seu pai, o veterano Albert Finney (de O Ultimato Bourne), pois assim fica difícil para pagar as dívidas e tapar os furos que provocou na empresa que trabalha. Já Hawke é o irmão meio que atrapalhado, que tem uma amante e deve a pensão para a ex-mulher e a filha. E aquela coisa, cada vez que eles tentam tapar um buraco na burrada que fizeram, abrem outro maior ali adiante. Perturbador.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...