quinta-feira, agosto 06, 2009

INIMIGOS PÚBLICOS



INIMIGOS PÚBLICOS (PUBLIC ENEMIES, de Michael Mann, de Colateral, Miami Vice e Fogo Contra Fogo) nos remete à década de 1930, em plena era da depressão norte-americana. Era um período em que a máfia prosperou, principalmente com Al Capone. Um ladrão de bancos ficou famoso na época, John Dillinger, que aqui é interpretado por Johnny Depp, sempre competente e sem fazer muita força, pois parece ter nascido para fazer papéis de "gauches" na vida. Queridinho da imprensa por ser um ladrão que roubava bancos, mas não tocava no dinheiro dos clientes que estivessem na agência na hora dos roubos, era chamado de Robin Hood. Bom vivant, acaba caindo de amores pela mestiça de mãe índia com pai francês Billie Frechette (Marion Cotillard, de Piaf, um Hino ao Amor). E Michael Mann fixa muito suas história neste romance, que acabará sendo um dos principais culpados pela queda de Dillinger. O ladrão teria uma morte que remete a Bonnie e Clide, com Warren Beatty e Faye Dunaway. INIMIGOS PÚBLICOS é violento, assim como era àquela época, com cenas bem-feitas de tiroteiros, fuzilamentos, assaltos a bancos. O diretor bebeu bem nas fontes como o já citado Bonnie e Clide, além de O Poderoso Chefão e Os Intocáveis. Só que é um filme que não dá vontade de ver outra vez. Acabou. Passemos para a próxima.
Chico Izidro

KAPO



KAPO (KAPO, do diretor esquerdista italiano Gillo de Pontecorvo) é um filme menor na filmografia do cineasta, e lançado agora no Brasil em DVD. Não que o filme seja ruim, ao contrário. Trata do holocausto e perde sua força em relação as centenas de filmes feitos sobre o tema sobre o maior crime do século XX - o extermínio dos judeus pelos nazistas. A trama gira em torno da adolescente Edith (Susan Strasberg, filha do diretor Lee Strasberg), que para sobreviver num campo de trabalhos forçados muda de identidade, graças a ajuda de uma prisioneira e de um médico. De judia, ela passa a condição de prisioneira-criminosa, usando um triângulo preto no lugar da Estrela Amarela, que identificava os judeus. E quando as coisas pioram - se é que num campo de concentração as coisas podiam ficar piores -, a garota aceita o cargo de kapo, ou seja, guarda das prisioneiras, que recebe algumas mordomias, como maior ração e alojamento melhor. A atriz Susan Strasberg é fraca e não consegue transmitir a desesperança de uma prisioneira num campo de morte, ao contrário dos atores coadjuvantes. Algumas mulheres parecem mesmo ter saído direto de Auschwitz para os sets de filmagem. Em KAPO, porém, Gillo de Pontecorvo semeava as plantinhas paar sua obra, A Batalha de Argel, clássico esquerdista de 1966, que tratava da independência da Argélia da França em 1962.
Chico Izidro

A PROPOSTA



A PROPOSTA (THE PROPOSAL, de Anne Fletcher, 2009) é daqueles filmes que não acrescentam nada em nossas vidas. Tá, vá lá, talvez uma hora e meia de relax na sala de cinema e só. Totalmente previsível, mostra a relação belicosa entre Margaret Tate (Sandra Bullock, repetindo o mesmo personagem cruel de Meryl Streep em O Diabo veste Prada, mas sem a mesma força) e o secretário Andrew (Ryan Reynolds). Da noite para o dia, a bruxa, como é chamada por seus subordinados, fica sabendo que será deportada para seu país natal, o Canadá, pois seu visto de permanência não foi renovado. Para evitar a expulsão dos Estados Unidos e obter a cidadania, ela praticamente obriga Andrew a mentir para o departamento de imigração que eles mantém um relacionamento e pretendem casar. O rapaz, com medo de perder o emprego, cede e a dupla passa a ser investigada, para ver se o namoro não passa de uma farsa. Para aumentar a mentira, os dois têm de passar um final de semana juntos, com a família dele...no Alasca. E aí você já pode prever o que vai se suceder, entre umas boas piadas, principalmente quando surge a avó de Andrew, Betty White (a Rose, do clássico seriado dos anos 1980 As Supergatas). Mas tão logo as luzes do cinema se acendem, o filme é rapidamente esquecido.
Chico Izidro

EFEITO BORBOLETA: REVELAÇÃO



Existem cineséries que não justificam sua existência. É o caso de EFEITO BORBOLETA: REVELAÇÃO, de
Seth Grosmann. Este é o terceiro filme da série. A história, para quem viu a primeira ou segunda partes, é conhecida. Um personagem tem o poder de se teletransportar para o passado. O problema é que ele não pode interagir com ninguém, pois isso altera os acontecimentos futuros. Nesta terceira parte, Sam (o fraco Chris Carmack, a cara de David Beckham) ajuda a polícia na solução de crimes. Até que recebe o pedido de ajuda da irmã de uma antiga namorada sua, assassinada há 10 anos, e cujo possível matador está no corredor da morte e será executado em uma semana. A jovem traz provas de que o assassino possa ser inocente. No início Sam se mostra reticente em aceitar o caso, mas acaba cedendo e isso vai alteraldo, incessantemente, os fatos, até que ele passa a ser o suspeito de vários crimes praticados pelo Assassino da Serra. Lá pela quarta, quinta viagem no tempo, a história se esgota, tornando-se cansativa e claro, repetitiva. Se você não ver este filme, não perderá nada.
Chico Izidro

TONY MANERO



O título enganou e espantou muita gente do cinema, que pensou TONY MANERO, de Pablo Larraín, tratar da infame época disco, imortalizada nas telas por John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite. Bem, TONY MANERO foca-se mesmo nos meados dos anos 1970, porém numa Santiago do Chile sufocada pela ditadura de Augusto Pinochet. Nela, vive o solitário Raúl (o ótimo Alfredo Castro), que tem como maior sonho ganhar um concurso de dança na televisão como melhor imitador do personagem de Travolta. Ele sabe todas as falas do filme americano, que vê seguidamente, num cinema vazio. Raúl veste-se como seu ídolo e quando perguntam a ele qual sua profissão, ele repete: "Sou ele, ele, Tony Manero". Só que neste mundo há um porém muito grave, tão grave quanto a ditadura, que matava os seus inimigos e os atirava no Rio Mapocho, que corta a capital chilena: Raúl é um serial killer, que mata suas vítimas friamente (tá, qual serial killer não mata suas vítimas friamente alguém vai perguntar...). Numa cena emblemática, ele assiste televisão calmamente com uma velhinha, quando passa a socá-la até a morte e depois volta a assistir o programa, como se nada tivesse acontecido. Em certo momento, TONY MANERO fica arrastado, deixando o espectador um pouco sonolento. Na parte final, no entanto, ele ganha novo fôlego e volta a prender a atenção do espectador. Certamente é um filme para ser revisto.
Chico Izidro

A GAROTA IDEAL



Nos primeiros minutos, você até pode achar que é uma comédia das mais descerebradas. Só que enquanto vai rolando o filme, dá para notar que A GAROTA IDEAL (Lars and the Real Girl), de Craig Gillespie, é muito mais do que isso. Numa atuação sensível de Ryan Gosling (o judeu nazista de TOLERÂNCIA ZERO), vemos como comporta-se uma pessoa que tem total horror ao contato com outros seres humanos. Seu personagem, Lars, não consegue relacionar-se com ninguém, nem mesmo com o irmão e a cunhada, que passa o tempo todo querendo que ele tome o café da manhã ou jante com eles. Nem mesmo a paixonite de uma colega de trabalho, Cindy (Karen Robinson), o emotiva. Lars só acaba saindo de sua toca quando compra uma boneca de silicone de tamanho humano e imagina ter uma relação com ela. Conversa com ela, mas nunca faz sexo com Bianca e sim planos para o futuro com a boneca, que para ele é uma missionária que foi criada por freiras e tem metade brasileira, metade nórdica. No começo, todos à sua volta acreditam que ele pirou, mas depois de consultarem uma médica, Dagmar (Patricia Clarkson, da série Frasier e do ótimo filme Fatal, com Ben Kinsgley), é que vem que só entrando no jogo dele é que talvez encontrem a cura para Lars. Uma cena emblemática é quando a médica tenta tocá-lo e Lars arrepia-se todo, dizendo para Dagmar que sua pele está queimando: "Dói, dói", diz ele, que só consegue interagir com Bianca, que sabe ele ser algo irreal e que nunca irá machucá-lo.
Chico Izidro

HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO



Posso estar exagerando, mas HÁ TANTO TEMPO QUE TE AMO (IL Y A LONGTEMPS QUE JET'AIME, de Phillipe Claudel) é até agora o melhor filme do ano. Para começar, tem uma atuação marcante da inglesa Kristin Scott-Thomas como Juliette. Após 15 anos, ela sai da prisão e é acolhida na harmoniosa casa de Léa (Elsa Zylbertein), sua irmã caçula, e com quem teve pouco contato em todo o período em que esteve encarcerada. Juliette cometeu um crime que cria repulsa nas pessoas. Um exemplo é quando vai a uma entrevista de emprego e o possível empregaxdor a expulsa da sala após saber o que ela cometeu. Scott-Thomas, de uma beleza clássica, cria uma personagem fria distante das pessoas e que tem dificuldades de ser tocada. O que lhe amolece o coração é uma das flhas adotivas de Léa, a garotinha vietnamita P'tit Lyz (Lise Ségur), que é outro grande achado do longa. HÁ QUANTO TEMPO QUE TE AMO é sensível, com cenas contemplativas, mas nunca tediosas e que além da beleza de uma pequena cidade francesa, Lorraine, também nos traz outros aspectos da cultura, como literatura, o próprio cinema, música e pintura. Pintura que é este belo filme.
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...