quinta-feira, setembro 07, 2017

"Dupla Explosiva" (The Hitmans Bodyguard)




Mais uma vez a distribuidora preguiçosamente intitulou um filme com um título idiota e tantas vezes já visto. (The Hitmans Bodyguard) ou o Guarda-Costa do Assassino virou "Dupla Explosiva"!!!! Tenha santa paciência, diria o Robin para o Batman.

O longa é dirigido por Patrick Hughes II, e é um mar de clichês de filmes de ação, com perseguições de carros, tiroteios, e cabe aqui ressaltar como os vilões são ruim de mira, por que mesmo portando potentes metralhadoras, bazucas ou rifles, nunca conseguem acertar um tiro sequer nos mocinhos.

Os mocinhos no caso são o guarda-costa de personalidades políticas e empresariais Michael Bryce (Ryan Reynolds). Ele recebe a incubência de levar o assassino profissional Darius Kincaid (Samuel L. Jackson) para testemunhar contra o político bielo-russo Vladislav Dukhovich (Gary Oldman) na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. Dukhovich é acusado de crimes contra seus cidadãos e claro, não quer que Kincaid, um ex-contratado seu, apareça. Por isso, põe um verdadeiro exército para tentar evitar sua ida à cidade holandesa.

Claro que Bryce e Kincaid são completos opostos e desde o primeiro momento não se entendem - clichê! Mas enquanto viajam pela Europa vão se conhecendo, e se odiando, depois se amando, depois se odiando mais um pouco. E perseguidos por um bando de incompetentes. As cenas de ação e tiroteios são bem filmadas, mas nada do que já não vimos anteriormente. O mais do mesmo.

Duração: 1h58min

Cotação: regular
Chico Izidro

sexta-feira, setembro 01, 2017

“Atômica” (Atomic Blonde)




Ambientada dias antes da queda do Muro de Berlim, “Atômica” (Atomic Blonde), dirigido por David Leitch, é baseado nos quadrinhos The Coldest City, de Antony Johnston e Sam Hart. É um filme de espionagem, com muita ação, humor, erotismo, belas coreografias e uma trilha sonora poderosa. Ah, e ainda tem Charlize Theron no papel de uma poderosa espiã.

A trama, como já disse antes, é toda passada na Berlim, que vive seus últimos dias de Guerra Fria. O Muro vai cair dali a alguns dias, mas agências de espionagem americanas, russas, inglesas e alemãs ainda não tem noção do que está acontecendo pelo país, dividido desde o final da II Guerra Mundial. Lorraine Broughton (Charlize Theron) é uma agente do MI6, serviço secreto britânico, recebe a missão de recuperar uma lista contendo os nomes de diversos espiões, que serão revelados se caírem nas mãos dos russos. Além disso, ela tem de desvendar o assassinato de um antigo colega, ao lado de outro colega,
David Percival (James McAvoy), que conhece cada canto berlinense.

“Atômica” tem uma história envolvente, mas ao mesmo tempo às vezes meio confusa, por causa de suas reviravoltas – uma hora você acha que tal espião é pró-soviético, outra hora ele parecer ser pró-ocidente. Ficamos meio que sem saber quem está jogando para quem e por quê. Mesmo assim, isso não tira a sua força.

O longa mostra ainda um excepcional plano sequência, com uma luta de Lorraine contra vários inimigos num prédio de Berlim. A cena é um deleite, e mostra closes de Theron sendo chutada, esfaqueada, chutando, esfaqueando, olhos roxos, hematomas. Ah, e ainda tem uma trilha sonora fantástica para quem é fã dos anos 1980, com direito a David Bowie com Cat People (Putting Out Fire), Peter Schilling e sua Major Tom. Nena e a dançante
99 Luftballons, George Michael, com Father Figure, Siouxsie & The Banshees com o clássico neo-punk Cities in Dust, Falco, com Der Kommissar, Clash e o clássico LondON Calling, e ufa.... A Flock of Seagulls, e sua I Ran. Filmaço.

Duração: 1h55min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Deserto do Deserto"




O documentário "Deserto do Deserto", dirigido por Samir Abujamra e Tito
Gonzalez Garcia, mira um povo esquecido pelo mundo: o Saharaui, habitantes do Saara Ocidental, país que durante mais de 90 anos foi colônia espanhola na África. Quando sonhava com sua independência em 1975, ano da morte do ditador Franco, os espanhóis barganharam o país com o Marrocos e à Mauritânia (que se retirou em 1979), que desde então controla o local com mão de ferro, transformando seus habitantes em cidadãos de segunda classe.


Muitos deles buscaram refúgio na Argélia - o Marrocos sufocou os Saharauis, deixando apenas uma pequena faixa territorial para morarem - no entorno existe um muro, protegido ainda por quase sete milhões de minas explosivas.


O diretor Samir Abujamra e o co-diretor, o franco-chileno Tito Gonzalez Garcia penetram neste território, entrevistando seus moradores - muito deles falando espanhol, pois serviram no exército espanhol durante a colonização, mas depois foram largados à própria sorte. São depoimentos tocantes e fortes, chamando a atenção para o drama que essas pessoas vivem.


O documentário termina num momento de grande tensão: Samir e Tito atravessam a pequena faixa que pode ser habitada pelos Saharauis, tentando chegar até o Oceano Atlântico - eles são acompanhados por soldados da etnia. E passando pelo vasto deserto quase acabam morrendo
quando o carro que estavam explode ao passar sobre uma mina. Momento tenso, e que os fez se colocarem no lugar daquele povo oprimido.


Duração: 1h26min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Um Filme de Cinema"




O que nos motiva a gostar de cinema? Ou melhor, porque escolher este meio
para ganhar a vida? Enfim, ser cineasta. O diretor Walter Carvalho faz um
delicioso documentário, onde ao largo de uma década e meia entrevistou
vários diretores consagrados, que buscaram em suas memórias contar
porque são cineastas e como isto é um prazer para eles. E em meio ao
depoimento, incluiu trechos de filmes citados por eles, indo desde "Limite",
de Mario Peixoto, "Ladrões de Bicicletas", de Vittorio De Sica, até mesmo
obras com Boris Karloff vestido de gorila em "The Ape".


“O documentário é uma reflexão sobre a construção e a linguagem
cinematográfica. Eu queria entender um pouco mais sobre cinema e sobre o
que eu estava fazendo como cineasta”, afirmou Carvalho. “A princípio
entrevistei os diretores com os quais estava trabalhando e depois parti
para os que admiro e que tive oportunidade de encontrar”, complementa.


O documentário apresenta entrevistas saborosas com cineastas do quilate
de Béla Tarr, Hector Babenco, Julio Bressane, Andrzej Wajda, Ruy Guerra,
Ken Loach, Gus Van Sant, Jia Zhangke, José Padilha e Lucrécia Martel. Eles fazem uma
análise sobre a narrativas dos filmes, sobre planos longos, o ritmo, o som, o
espaço e o tempo. Alguns chegam abordar questões questões teóricas e
filosóficas que envolvem seu ofício tais como: o cineasta faz o filme, ou o
filme faz o cineasta?


"Um Filme de Cinema" traz ainda uma divertida participação do escritor
Ariano Suassuna, que recorda sua relação com o cinema na infância,
contando uma história de quando viu um filme de terror com sua tia,
"ligeiramente iletrada", Também aparece o ator italiano Salvatore Cascio,
revisitando locações do clássico Cinema Paradiso (1988), onde ele
interpretou o garotinho Totó.


Duração: 1h48min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“O Acampamento” (Killing Ground)



“O Acampamento” (Killing Ground), direção de Damien Power, tem uma trama muitas vezes já vista em filmes de terror: um casal decide passar um final de semana acampando e acaba dando de cara com caçadores psicopatas. Mas da forma como este longa é contado, esquecemos esta premissa. O filme faz looping no tempo, indo e voltando, até nos darmos conta do que está acontecendo.

Na trama, o casal Ian (Ian Meadow) e Samantha (Harriet Dyer) vai acampar perto de uma cachoeira no interior australiano às vésperas do Ano Novo. Quando eles chegam ao local, encontram uma barraca vazia, mas não acham nada estranho. Até que o casal depara com um bebê sozinho. E logo aparecem em cena os caçadores Chook (Aaron Glenane) e German (Aaron Pedersen). São dois personagens com fortes tendências homicidas – e aviolência que eles vão gerar é totalmente gratuita, sem nenhuma explicação. É pelo simples gosto por matar.

Aos poucos, o espectador vai ficando a par do que aconteceu com as pessoas que estavam na barraca abandonada. O filme vai e volta no tempo, embaralhando por gosto os fatos. E essa alternância é que faz a história ser forte e impactante, quebrando o fato de ser comum e com tema batido.



Duração: 1h29min

Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Os Guardiões" (Zaschitniki)



Um filme de super-heróis vindo da Rússia. Não é sempre que isso acontece.
Talvez por isso até acabe criando expectativas, que no final se fazem
frustradas, tal precariedade da obra cinematográfica. "Os Guardiões"
Zaschitniki), dirigido por Sarik Andreasyan, apresenta um grupo de
pessoas com poderes especiais - eles tiveram seu DNA modificado durante
a Guerra Fria. Com o final da União Soviética, acabaram relegados ao
esquecimento e até mesmo vivendo clandestinamente.


Até que anos depois, uma ameaça aparece sobre a Rússia na figura do
cientista que, coincidentemente, foi o criador do grupo. Ele quer destruir o
país, e o governo vai atrás de Arsus, Khan, Ler e Xenia, para que eles
possam parar o cientista maluco, Kuratov. Cada um deles possui uma
habilidade especial: Arsus se transforma em um urso, Khan é hábil com
espadas, Ler controla objetos inanimados e Xenia pode se tornar invisível.


Mas além do filme ser dublado em inglês, e muito mal - o original é em russo
-, tudo é tão apressado, com cenas rápidas e pessimamente editadas. os
diálogos e as posses que fazem os personagens também são patéticas. A
chefe dos super-heróis caminha como se estivesse numa passarela, para
repentinamente e faz biquinho para a câmera. Risível. Patético.

Duração: 1h29min

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, agosto 24, 2017

"Bingo - O Rei das Manhãs"



Até o momento, o melhor filme nacional do ano para mim. "Bingo - O Rei das Manhãs", dirigido por Daniel Rezende, conta a biografia do palhaço Bozo, mas como o nome é de propriedade norte-americana, optou-se por um nome genérico, Bingo, que é interpretado por Vladimir Brichta. A trama é levemente inspirada na vida de Arlindo Barreto, um dos atores que interpretou o Bozo na TV, mas utilizando um pouco de licença poética.

Aqui Arlindo Barreto vira Augusto Mendes (Brichta) e é mostrada sua ascensão, queda e renascimento. Ator de pornochanchadas nos anos 1970, o ator deseja algo maior e visa participar de novelas, mas ganha apenas papéis secundários. Descontente, busca algo maior, e acaba encontrando vaga como o palhaço num programa norte-americano que será produzido no Brasil - o palhaço Bozo, aqui no caso Bingo. Mas apesar de começar a ganhar muito dinheiro, as coisas não ficam do agrado do ator, pois ele assinou um documento onde não pode assumir ser o famoso palhaço que vai alegrando as manhãs da televisão brasileira. Afinal, o intérprete de Bingo é um ilustre desconhecido. E junto com isso vem a depressão, as bebidas e as drogas.

A trama foca também em personagens coadjuvantes, como o filho de Mendes, que vai ficando escanteado quanto mais cresce a fama do pai, mesmo que sem ser reconhecido. Ou da produtora do programa, Lúcia, vivida por Leandra Leal, uma mulher religiosa e que resiste as investidas de Bingo. Tem ainda o câmera Vasconcelos (Augusto Madeira), parceiro das farras de Mendes.

"Bingo - O Rei das Manhãs" tem cenas memoráveis, muitas delas calcadas na realidade. Quando por exemplo, Bingo chama um garoto no palco e este o manda tomar naquele lugar. Ou para derubar a concorrente, não citada, mas claramente deve ser Xuxa, ele convoca a cantora rebolativa Gretchen (Emanuelle Araújo) para "cantar" no seu programa - os dois chegam às vias de fato num banheiro. Ou ainda o momento em que estava cheirando cocaína no camarim e teve de correr para o palco e o nariz ficou sangrando.

Brichta está sensacional como Bingo. Ele transmite muito bem o peso de um ator que está sempre em forte conflito, pois ao mesmo tempo que comanda um programa líder de audiência, fatura milhões com vários produtos - cadernos, lancheiras, livros, ninguém sabe quem ele é. Afinal, de que vale a fama se ninguém sabe? Um filmaço. Que tem ainda uma trilha sonora totalmente anos 1980, com Echo and the Bunnymen, Tokyo (a banda de Supla), Metrô, Dr. Silvana & Cia, Titãs e Roupa Nova. De fazer chorar.

Duração: 1h53m

Cotação: excelente
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...