quinta-feira, setembro 05, 2019
"Pássaros de Verão" (Pájaros de Verano)
"Pássaros de Verão" (Pájaros de Verano), dirigido pela dupla Cristina Gallego e Ciro Guerra, se passa na Colômbia antes do surgimento de Pablo Escobar e seu domínio das drogas. A trama se inicia nos anos 1960, no território habitado pelos índigenas Wayuu, e de cara mostra uma cerimônia de iniciação feminina numa aldeia na Península de La Guajira, no nordeste da Colômbia, com a emancipação da jovem Zaida (Natalia Reyes), que apenas 13 anos faz uma dança ritual. Sua sensualidade atrai o jovem Rapayet (José Acosta), que ali decide que a menina será sua.
O problema é que Rapayet não integra a comunidade local e muito menos aparenta ter condições de atender as exigências feitas pela mãe de Zaida, Ursula (Carmiña Martínez). Ela pede em troca da mão da filha uma série de exigências para o dote, como por exemplo, 27 cabras. Algo impossível de ele conseguir. Porém um amigo de Rapayet, Moises (Jhon Narváez), descobre que alguns norte-americanos que fazem parte do Corpo da Paz que atua na região, querem muito obter maconha. Está aí uma forma de conseguir a grana para adquirir o dote exigido pela família de Zaida.
A história de Pássaros de Verão transcorre por mais de duas décadas. Mostrando a evolução de Rapayet como chefe do tráfico e dono de um império no interior do país, mas também atraindo inimigos. Tudo vai descambar para um conflito muito violento. O filme é em sua maior parte do filme falado em idiomas índigenas, e reconstitui com vigor a cultura e o ambiente Wayuu. O título "Pássaros de Verão" tem dois significados. O primeiro se refere aos animais tradicionais da cultura Wayuu, e o segundo é relacionado aos aviões vindos dos Estados Unidos que chegavam frequentemente à região em busca da maconha na Colômbia de forma mais frequente. É um filmaço.
Cotação: Excelente
Duração: 2h05
Chico Izidro
segunda-feira, setembro 02, 2019
"Yesterday"
A premissa é interessante: e se os Beatles nunca tivessem existido? Ou se sim, mas as pessoas terem esquecido completamente da existência dos Fab Four de Liverpool? Esta é a pegada de “Yesterday”, filme do diretor Danny Boyle (“Quem Quer Ser um Milionário?”) e escrito por Richard Curtis (“Cavalo de Guerra“). Mas uma ressalva – se apenas uma pessoa lembrasse que um dia a banda pisou na Terra e deixou obras musicais extraordinárias?
Assim, a trama foca no inglês descendente de indianos Jack Malik (Himesh Patel), um músico que ganha a vida trabalhando num depósito de um supermercado, mas sonhando em ser um astro pop compondo canções que apenas os amigos curtem e se apresentando em barzinhos e outros muquifos. Ele é empresariado pela amiga de infância Ellie Appleton (Lily James). Quase a ponto de desistir da carreira após outro show frustrado em um festival, Jack é atropelado por um ônibus em meio a um apagão que aconteceu no mundo inteiro.
O incidente provoca uma espécie de blackout na mente das pessoas. Ao sair do hospital, Jack ganha um violão dos seus amigos, que pedem que ele toque uma música. E Jack solta “Yesterday”, composta por Paul McCartney, gravada em 1965 para o álbum “Help!”, dos Beatles. Ellie e os demais amigos ficam de boca aberta com a música,“inédita” que escutaram. Jack, em princípio, acha que os amigos estão tirando onda com sua cara, até que começa a entender que as pessoas não se lembram mesmo da existência de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. E começa a estudar as músicas da banda, e mostrá-las como se ele houvesse compondo cada uma delas. E isso vai torná-lo famoso e rico. Mas qual o preço que Jack terá de pagar pela farsa?
Cada música dos Beatles no filme é bem utilizada, sendo encaixada no contexto de cada cena. E Boyle aproveita, até mesmo com a participação do músico Eddie Sheeran, a fazer uma crítica as músicas atuais, que carecem de criatividade e musicalidade. E como a idiotia pegou forte. Em certo momento, Jack apresenta sua nova “obra-prima”, “Hey Jude”, e os gênios do marketing acham que não vai pegar: por que não “Hey Dude”? Soa patético.
Os dois protagonistas, Patel e James têm química, sendo que o ator faz umas caras de idiota muito bem. Afinal, o que está acontecendo no mundo? Aliás, não é somente os Beatles que não existem neste universo. Muitos outros elementos da cultura e mesmo do dia a dia não existem, como a Coca-Cola, Harry Potter e cigarros...Enfim, “Yesterday” é uma bela homenagem à banda de Liverpool, e também uma comédia romântica.
Cotação: ótimo
Duração: 1h57
Chico Izidro
“Um Amor Impossível” (Un Amour Impossible)
Baseado no best-seller de Christine Angot, “Um Amor Impossível” (Un Amour Impossible), direção de Catherine Corsini, percorre décadas na vida de uma humilde mulher, Rachel (Virgine Efira), que se apaixona por um estudante Phillippe (Niels Schneider), e tem uma filha com ele. O problema é que o rapaz não aceita casar com ela e nem reconhecer a menina, por causa da diferença de classe deles.
A trama se inicia nos anos 1950, quando o casal central se conhece numa festa na pequena Châteauroux, na França. Rachel, para a época, com 25 anos, já era considerada uma solteirona, e engravida. O filme vai mostrar como era ser mãe solteira, mas sendo a França um país mais liberal, isso não era problema. A questão era a diferença de classes entre a heroína e Phillippe e ele se recusa terminantemente a estreitar laços com a moça, que vai se virando sozinha e sonhando em casar. Mas o mais importante é ter a filha reconhecida.
A história vai dando pulos no tempo, e pode-se ver a pequena Chantal passar de criança para adolescente, depois adulta – alguns saltos temporais deixam a história, por vezes, meio confusa. Chantal se aproxima do pai, se afasta, se aproxima de novo, existe uma acusação de abuso sexual, que nunca fica claro. Mas isso não incomoda, dá até um certo charme ao filme.
Reconstituição de época, maquiagem, a complexidade de se criar uma filha sozinha – a menina vai se tornar meio rebelde, como quase todo o adolescente. As várias atrizes que vivem Chantal se destacam, assim como Virgine Efira, já vista em comédias românticas como “Um Amor à Altura” e “Na Cama com Victoria”. Suas mais de duas horas passam quase que voando, com uma história deliciosa e intrigante.
Cotação: bom
Duração: 2h15
Chico Izidro
“Anna – O Perigo Tem Nome” (Anna)
Com roteiro e direção de Luc Besson, “Anna – O Perigo Tem Nome” (Anna), meio que perdeu o trem da história, pois se compõe de elementos já fortemente utilizados em filmes como Salt, com Angelina Jolie, Atômica, com Charlize Theron, e Operação Red Sparrow, com Jennifer Lawrence. Aliás, o próprio diretor já havia embarcado em projetos semelhantes, como Lucy, com Scarlett Johanson, e Nikita, com Anne Parillaud como protagonista. Ou seja, longas com a temática espionagem com mulheres nos papéis principais.
Assim, “Anna – O Perigo Tem Nome” é mais um requentado, focando na garota russa, vivida pela modelo e atriz Sasha Luss, que vive na Moscou do final dos anos 1980, ou seja, pouco antes da derrocada da União Soviética – ops, Atômica tinha a mesma sinopse...Ela é treinada pela KGB para eliminar inimigos do estado, enquanto se disfarça de modelo, atuando em uma agência de Paris. Mas tem seus passos seguidos pela CIA, e em determinado momento vê a sua vida ameaçada. O que fazer? Buscar a liberdade em plena Guerra Fria.
O filme apresenta muitas cenas em flash-back , para contar o passado da garota e como ela foi parar naquela situação. E isso é um acerto, com excelente reconstituição de época – aliás, os cenários são surpreendentes. Afinal, sendo um filme de espionagem, privilegia várias locações pelo mundo.
A atriz Sasha Luss está convincente como a espiã sedutora e mortal. Uma das melhores cenas do filme acontece em um restaurante, onde Anna entra em luta corporal e sanguinária com vários seguranças de seu alvo. Além dela, aparecem Luke Evans como o espião da KGB e Hellen Mirren vivendo Olga, a manda-chuva da agência de espionagem russa, e Cillian Murphy, o agente da CIA. Todos muito bem em seus papéis. O problema em “Anna – O Perigo Tem Nome” é que lhe falta ineditismo, não apresentando nada de novo, com cada momento sendo comparado com aqueles filmes já vistos e revistos.
Cotação: bom
Dutação: 1h59
Chico Izidro
"Brinquedo Assassino" (Child's Play)
O boneco Chucky, que tocou o terror nos cinemas desde o primeiro filme, de 1988, e depois teve mais seis sequências, volta repaginado em "Brinquedo Assassino", direção de Lars Klevberg. O primeiro longa tinha muito de terror, mas com o tempo o medo foi dando espaço para o humor e o esculacho, gerando continuações tipo "A Noiva de Chucky" e até mesmo "O Filho de Chucky".
No primeiro filme, o boneco Good Guy era possuído pelo espírito de um serial killer, Charles Lee Ray, interpretado por Brad Dourif, que à beira da morte invocava um ritual vudu. Seu objetivo era o de retornar a um corpo humano, e a vítima era o pequeno Andy. Agora, em novos tempos de conetividade e internet, o boneco é produzido no Vietnã, em uma fábrica onde os operários são tratados quase como escravos.
Um deles, maltratado por um gerente, decide sabotar o brinquedo, mexendo em seu chip - ou seja, Chucky não tem mais uma alma humana, mas sim inteligência artificial capaz de aprender lições bastante perversas por causa da sabotagem do operário vietnamita. Até o visual do brinquedo ficou mais sinistro, perdendo uma certa aura de angelical oitentista.
Já nos Estados Unidos, o boneco é adquirido por um comprador, que o devolve, já que ele apresenta defeitos. Assim, a jovem mãe solteira Karen (Aubrey Plaza, da série Legions), que trabalha na loja de brinquedos, pega o boneco e leva de presente para o filho adolescente, Andy ( Gabriel Bateman), que no primeiro filme era um garotinho de sete anos.
Nesta nova versão, Chucky não quer mais assumir o corpo do garoto, mas sim ter um amigo para sempre. E isso se torna obsessão para o boneco, que sai matando todo mundo que se aproxima do solitário Andy, que ao ver as reais intenções do "amiguinho", tem de se livrar dele.
O novo "Brinquedo Assassino" capricha no gore, sendo muito mais sangrento que seus predecessores. O diretor Lars Klevberg não poupa cenas violentas, com muito sangue jorrando. Mas a obra tem muito humor também, e até referências, como por exemplo "E.T.", de Steven Spielberg. No quarto de Andy há um pôster do filme de 1982, e Chucky, dublado com primor por Mark Hamill (o Luky Skywalker), consegue acender um dedo como o extraterrestre e aprende suas interações com os humanos e suas maldades vendo TV - uma das lições equivocadas de Chucky é aprendida ao ver “O Massacre da Serra Elétrica 2” .
O boneco, enfim, quer apenas um amigo para chamar de seu. Aliás, a musiquinha que ele canta fica ruminando em nossas cabeças: "você é meu amigo, mais que um amigo, você é meu melhor amigo. Eu te amo mais do que você jamais saberá, eu nunca vou deixar você ir". Stalker total...
Cotação: bom
Duração: 2h
Chico Izidro
"Rafiki"
"Rafiki" é um filme queniano, dirigido por Wanuri Kahiu, e uma espécie de Romeu e Julieta lésbico. A trama mostra a história de amor e amizade que cresce entre duas jovens mulheres, Kena e Ziki, em meio a pressões familiares e políticas em torno dos direitos LGBT no país africano. A obra chegou a ser banida no Quênia por ser acusado de fazer propaganda de incentivo ao lesbianismo, o que é crime nas leis vigentes.
Depois de pressões internacionais, o governo aceitou liberar o filme desde que a diretora mudasse o final para algo triste, pois o original era muito positivo e esperançoso. Kahiu se negou e a situação ficou insustentável: quem fosse pego em posse do filme, seria preso com pena de até 14 anos de prisão, a sentença mínima para um homossexual no país.
A estreante Samantha Mugatsia interpreta Kena, que é filha de um candidato a política na periferia de Nairobi. Ela se divide entre cuidar da mãe e do mercadinho do pai, quando conhece Ziki (Sheila Munyiva), filha do candidato rival. No começo entre as duas surge uma forte amizade, que vai se transformando em amor. E claro que elas têm de manter a relação em segredo - mas nem tanto assim, pois suas atitudes são vigiadas por vizinhos, amigos e parentes.
"Rafiki" não tem cenas de sexo e mal e mal mostra as protagonistas se beijando. Mas as duas sofrem com preconceitos milenares - é mostrado com frequência um pastor religioso pregando contra o que considera ser coisas que vão contra os mandamentos de deus. Já a mãe de uma delas acredita estar a filha possuída por demônios e por isso age daquela forma, se envolvendo com outra mulher. Não demorará para as agressões físicas darem as caras. É um filme forte, com uma denúncia muito grande sobre a intolerância, que não tem mais espaço em nossos dias. Seja em qualquer lugar.
Cotação: ótimo
Duração: 1h23
Chico Izidro
sexta-feira, agosto 16, 2019
"Era Uma Vez em...Hollywood" (Once Upon a Time in...Hollywood)
Como já o fizera em "Bastardos Inglórios", mais uma vez Quentin Tarantino subverte e transforma a história. Deu, é o máximo que posso dar de spoiler de seu novo filme, "Era Uma Vez em...Hollywood" (Once Upon a Time in...Hollywood), onde o diretor foca o final dos anos 1960, mais exatamente em 1969, na meca do cinema mundial, Los Angeles, e na trajetória do ator decadente Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu amigo e espécie de faz-tudo Cliff Booth (Brad Pitt).
Dalton fez sucesso na TV nos anos 1950, mas uma década depois vê a carreira em declínio, aceitando participar de produções como vilão e até mesmo tentar uma carreira no exterior, nos western spaghetti (olha aí homenagem a Clint Eastwood, que tentou a sorte na Itália em meados dos anos 1960). Aliás, o filme é cheio de homenagens e lembranças, como várias séries televisivas e filmes daquela época. Calha ainda de a residência de Dalton ser localizada em Rodeo Drive, ao lado da casa do famoso diretor Roman Polanski e sua jovem esposa, a atriz Sharon Tate, vivida no filme por Margot Robbie. Sim, o famoso e infâme assassinato praticado pela Família Mason serve como pano de fundo.
Brad Pitt está genial, DiCaprio vai bem (uma das melhores cenas é quando ele bate um papo com uma atriz mirim num set de filmagem - a garotinha remete a Jodie Foster). A outra é quando Pitt briga com Bruce Lee (Mike Moh), e que gerou muitos protestos da família do ator, morto precocemente aos 32 anos, em 1973. Toda a hora a tela é invadida por algum personagem famoso, seja Steve McQueen, Polanski, Charles Manson, Mama Cass. Não dá para piscar e também se exige um pouco de conhecimento. Outro destaque é a reconstituição de época, primorosa, detalhada. Está certo, Tarantino reconstrói a história, mas isso faz pensar...e se tais fatos não houvessem ocorrido ou impedidos?
Cotação: ótimo
Duração: 2h41
Chico Izidro
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