quinta-feira, fevereiro 10, 2022

"MORTE NO NILO" (Death on the Nile)

O ator e diretor norte-irlandês Kenneth Branagh já havia transposto para a telona "Assassinato no Expresso Oriente" em 2017, e agora lança "Morte no Nilo" (Death on the Nile). Coincidentemente, estes dois livros da dama do crime já haviam virado filmes, em 1974 e em 1978, primeiro com Albert Finney vivendo o detetive belga Hercule Poirot, e depois Peter Ustinov. Branagh decidiu ele mesmo nas novas versões interpretar o astuto detetive, e se sai muito bem, mostrando claramente estar se divertindo muito em cena.
Na trama, passada em 1937, Poirot está de férias no Egito, e é convidado pelo jovem e novo casal Simon e Linnet Ridgeway a fazer uma viagem pelo rio Nilo no navio Karnak, que, em 1937. Os dois estão celebrando o recente casamento, ao lado de parentes, amigos e empregados da milionária. Mas antes de se chegar ao Egito, ocorre uma introdução, mostrando primeiro como Poirot desenvolveu seu famoso bigode e depois, como o casal se conheceu. Então no luxuoso navio, que percorre pontos turísticos ao longo do estuário, acontece um crime. A suspeita inicial é Jacqueline de Bellefort, antiga noiva de Simon, que a abandonou por Linnet.
Afinal, a garota rejeitada perseguia e ameaçava Linnet e Simon, além de carregar uma arma na bolsa, e apareceu no barco sem ser convidada. Poirot, porém, está convenientemente no Karnak para montar o quebra-cabeça que vai durar até a conclusão do caso. E ao longo da viagem ocorrem mais assassinatos a bordo.
O filme tem imagens belíssimas do Egito, mesmo que os cenários no Egito tenham sido construídos por computador. O enredo é intrigante, mas para quem leu o livro ou assistiu a versão de 1978 não traz surpresas. Talvez as atuações sejam melhores. Além de Kenneth Branagh como Hercule Poirot, estão presentes Gal Gadot e Armie Hammer como os recém-casados bonitões Linnet e Simon, Annette Bening, Russell Brand, Sophie Okonedo, Rose Leslie, Emma Mackey, entre outros. Detalhe: "Morte no Nilo" foi rodado em 2019, antes da pandemia do Coronavírus, e o diretor manteve fidelidade ao romance de Agatha Christie, acertando na intriga que tem como eixo principal a investigação cerebral do detetive Hercule Poirot, igual aos livros, um homem maniático, chato, cheio de toques e arrogante.
Cotação: ótimo
Duração: 2h07
Chico Izidro

quinta-feira, fevereiro 03, 2022

"MOONFALL - AMEAÇA LUNAR" (Moonfall)

Um dos mestres do cinema-desastre volta a atacar. O diretor alemão, responsável por, entre outros, Independence Day, 2012 e O Dia Depois de Amanhã, ataca agora com "Moonfall - Ameaça Lunar" (Moonfall), onde desta vez a Terra passa a ser ameaçada não por aliens, ou calendários maias ou meteoros (aí a pessoa recorda do ótimo Não Olhe Para Cima, para logo depois deparar com esta tragédia cinematográfica).
O filme até começa bem para uma obra do gênero, quando se verifica que uma ameaça vinda do espaço pode acabar com a vida terrestre. Mas logo começam a imperar os clichês, como o astronauta que testemunhou um acidente espacial, mas é visto como louco, e o nerd que descobre a ameaça, porém é ignorado pelas autoridades. E só vai piorando, muitas vezes provocando humor involuntário.
A história ainda tem soluções milagrosas, diálogos rasteiros e atuações de doer. Halle Berry segue quase 20 anos depois com a maldição do Oscar, pois nunca mais conseguiu fazer nada de destaque, Patrick Wilson até se esforça, e o terceiro personagem principal, vivido por John Bradley, é a vítima perfeita para momentos gordofobia e nerdfobia. O garoto que faz o papel do filho de Berry parece estar olhando para o teleprompter enquanto solta as suas falas. O quase sempre ótimo Michael Peña caiu de paraquedas na produção, e Donald Sutherland faz uma rápida aparição, talvez para pagar o aluguel.
"Moonfall: Ameaça Lunar" tenta divertir, não se levando a sério, porém mergulha no exagero e no ridículo. Sempre me pergunto ao assistir a algumas obras, o que os roteiristas fumaram para escrever certas coisas. Lá pelas tantas se descobre que uma força alienígena atacou a Lua, que assim passa a se deteriorar…Talvez quem queira apenas perder duas horas, assistindo o filme e sua ficção científica caótica, boa sessão.
Cotação: Ruim
Duração: 2h
Chico Izidro

sexta-feira, janeiro 21, 2022

"EDUARDO E MÔNICA"

O filme "Eduardo e Mônica" é uma comédia romântica inspirada nos personagens populares criados por Renato Russo para a música homônima presente no segundo disco da banda Legião Urbana, "Dois", de 1986. A faixa permanece sendo um grande hit, mais de 35 anos depois de seu lançamento. O filme é dirigido por René Sampaio, que reedita a parceria com a produtora Bianca De Felippes - os dois são responsáveis também por “Faroeste Caboclo” (2013), longa que também se baseou em outro grande sucesso da banda brasiliense.
Nos papéis principais estão Gabriel Leone e Alice Braga, e foi gravado em Brasília, no Rio de Janeiro e na Chapada dos Veadeiros durante oito semanas em 2018. A trama é bem conhecida por todos. Quem não conhece deve ter morado em Marte nestas últimas três décadas. Fala da relação de um casal completamente diferente, com Mônica sendo uma garota mais velha, já quase se formando na faculdade, namorando um garoto de 16 anos, ainda no ensino médio. A leitura que se pode fazer é de que o amor supera tudo, inclusive diferenças extremas.
Renato Russo, que faleceu em 1996, vítima da AIDS, admitiu em entrevistas que o casal em que se baseia Eduardo e Mônica existiu, mas que não podia revelar quem eram, por um pedido próprio da dupla em que ele se baseou para fazer a letra. "O filme é uma delicada história de amor que fala, entre outras coisas, sobre como é possível amar e respeitar quem pensa muito diferente de você. Em alguma medida, todos já foram o Eduardo ou a Mônica em alguma relação", definiu o diretor René Sampaio. "Era muito importante para a gente ser fiel ao espírito do Renato. Das músicas compostas por ele, esta é a mais solar. Então, a ideia era manter essa energia", acrescentou Bianca De Felippes.
Além de Gabriel Leone e Alice Braga, também estão no elenco Otávio Augusto (como Bira, avô de Eduardo), Juliana Carneiro da Cunha (Lara, mãe de Mônica), Victor Lamoglia (Inácio, amigo de Eduardo), Bruna Spínola (Karina, irmã da Mônica) e Fabrício Boliveira (que foi o João de Santo Cristo de Faroeste Cabloco) em participação especial.
"Eduardo e Mônica" é um filme que emociona, ainda mais para quem cresceu escutando a música no rádio ou em seu toca-discos. E ainda por cima tem momentos tristes, pois pega pesado em questões como solidão e luto. "Quem um dia irá dizer que não existe razão, nas coisas feitas pelo coração...E quem me irá dizer que não existe razão...".
Cotação: ótimo
Duração: 1h54min
Chico Izidro

quarta-feira, janeiro 05, 2022

"O FESTIVAL DO AMOR" (Rifkin's Festival)

Nos últimos anos, todos os filmes de Woody Allen lançados no Brasil vinham com o título do original em inglês ou então traduzidos literalmente, vide "Match Point", "Cafe Society", "Rainy Days in New York", "Blue Jasmine", entre outros. Mas nos anos 1970, as distribuidoras realizavam um verdadeiro assassinato ao batizar os longas. O próprio diretor, hoje com 86 anos de idade, disse que por aqui os nomes de suas obras são "terríveis", "sem charme" e "sem imaginação", ao descobrir que filmes como Annie Hall, ganhou o nome de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" no Brasil, sendo que no filme de 1977 não existe nem noivo nem noiva na história. Já para "Take The Money and Run" (1969) [Pegue o Dinheiro e Corra], em nosso país foi batizado de "Um Ladrão Muito Atrapalhado".
O diretor afirmou que "o título original é divertido na Inglaterra e nos EUA, mas Um Ladrão Muito Atrapalhado não mostra nenhuma imaginação, porque já diz o que o personagem é. É um título sem charme", criticou.Outro exemplo canhestro é "A Última Noite de Boris Grushenko", no original "Love and Death". O octagenário nova-iorquinho completa, lamentando não poder fazer nada em relação ao nome de suas obras. "Algumas distribuidoras mudam os títulos de forma sofisticada. Outras mudam para tentar chegar ao título mais comercial e lucrativo que podem, mas não posso fazer nada quanto a isso", analisou. "Geralmente, não gosto dos títulos que outros países dão aos meus filmes", finalizou.
Bem, depois de tudo isso, chegamos ao novo filme de Woody Allen, mantendo a média de um por ano desde os anos 1970. E mesmo que venha sofrendo boicote nos Estados Unidos, com diversos atores e atrizes se recusando a trabalhar com ele, ainda devido a polêmica da acusação feita por sua ex-mulher, Mia Farrow, de ter abusado da filha mais nova deles, Dylan, em 1992, e depois ter tido um caso e depois casado com a enteada, Sun-Yi. Detalhe: Farrow acusou o diretor de ter transado com uma menor de idade, mas quando rolou o romance, Sun-Yi já tinha 22 anos de idade.
Agora chega ao país, o 50º longa de sua carreira, "Rifkin's Festival", que pasmém, no Brasil recebeu o horrível título de "O Festival do Amor", todo ele gravado na Espanha, e onde Allen homenageia seus grandes inspiradores, como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luis Buñuel, e fazendo citações de obras como "Jules e Jim" (1962), "Persona" (1966) "8 e ½" (1963), "Cidadão Kane" (1941), "Acossado" (1960) e "O Sétimo Selo" (1957).
Com seu humor afiado, e tendo como protagonista Wallace Shawn, presente em filmes de Woody Allen desde "Manhatan" (1979), no papel de Mort Rifkin, escritor frustrado e ex-professor de cinema especializado nos clássicos, mas também (assim como o próprio Allen) hipocondríaco, ranzinza e neurótico, e cheio de problemas existenciais. Ele viaja para o Festival de San Sebastián, no País Basco, para acompanhar a mulher, Sue (Gina Gershon), alguns anos mais nova e assessora de diretores de cinema. Na bela cidade, Mort começa a desconfiar de que a sua esposa está tendo um caso com Philippe (Louis Garrel), um atraente diretor francês. Sem conseguir deixar de lado sua paranoia, o protagonista acaba procurando ajuda médica e conhece a bela médica Jo Rojas (Elena Anaya), também infeliz no casamento, e fica encantado por ela - que de certa forma o faz rejuvenescer e voltar a acreditar no amor.
“Eu já estive no Festival de San Sebastián e me lembrei de como a cidade é linda, então decidi escrever uma história que se passasse lá”, lembrou Woody Allen a respeito da escolha da locação para o filme, que é mais uma ode maravilhosa do grande cineasta à sétima arte.
Cotação: ótimo
Duração: 1h32min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 16, 2021

"AZOR"

“Azor”, filme de estreia do diretor suíço Andreas Fontana, é um forte drama político, que lembra e muito o clássico “Missing” (1982), de Costa-Gavras, em que um pai norte-americano investigava o sumiço de seu filho logo após o golpe de Pinochet no Chile, em setembro de 1973. Em “Azor”, a trama também transcorre na América Latina, mais especificamente na Argentina, no começo dos anos 1980.
À época, o país vizinho vivia sob forte ditadura militar, e onde desembarca o banqueiro suíço Yves (o excelente Fabrizio Rongione), ao lado da esposa Inés (Stéphanie Cléau). Os dois chegam a Buenos Aires, onde ele tem uma missão: reconquistar a clientela de seu banco depois do desaparecimento de seu sócio René, até então responsável pelas contas. A primeira cena é forte, mostrando dois jovens sendo interpelados por militares, enquanto que Yves e Inés observam tudo, de dentro do táxi, sem entender muito o que está acontecendo.
Outra cena marcante é quando o suíço é recebido em uma sala pelos poderosos, que vão se apresentando um por um, e colocando para fora os seus pensamentos conservadores e elitistas. Um soco no estômago. E aos poucos, Yves vai tomando conhecimento da situação crítica do país, e convivendo com os ricos e poderosos argentinos, vai mudando a sua percepção das coisas. A elite vive em uma bolha, e rale-se, para não escrever coisa mais forte, o resto da população. O jovem banqueiro vem de um país democrático, e se questiona muito do sumiço de René – afinal, o que houve com ele? E se sabia na Argentina que as pessoas desapareciam dia e noite, para nunca mais serem vistas.
“Azor” é um belo thriller político, que faz pensar e analisar período obscuro do continente. Cinema que pouco se faz hoje em dia.
Cotação: ótimo
Duração: 1h40min
Chico Izidro

segunda-feira, dezembro 13, 2021

“E AGORA? A MAMÃE SAIU DE FÉRIAS! 2” (10 Giorni com Bapo Natale)

Para começar, o título nacional é de umn equívoco imenso, apesar de remeter ao primeiro filme: “E Agora, a Mamãe Saiu de Férias 2” (10 Giorni com Bapo Natale), dirigido por Alessandro Genovesi, é uma continuação de longa de 2019, quando sim, a personagem principal saia de férias. Mas agora não. Não tem mamãe de férias, e sim viajando por um emprego, e no meio aparece um Papai Noel. A obra é um roadie movie, nada original.
A trama foca no casal Carlo (Fabio De Luigi) e Giulia (Valentina Lodovini). No primeiro filme, ela havia abandonado a carreira para se dedicar aos seus três filhos, enquanto que ele não tinha tempo para a família e passava mais tempo no trabalho do que em casa. Então, Giulia decide decide sair de férias por dez dias, deixando Carlo sozinho com as crianças. Agora, Carlo é quem está em casa, cuidando da piazada, mas querendo voltar ao mercado de trabalho. É quando ela revela ser candidata a uma promoção que pode a levar a se mudar para a Suécia. Como se não bastasse, ela terá que fazer a entrevista no dia 24 de dezembro em Estocolmo.
Carlo decide então acompanhar a mulher e os três filhos na viagem, alugando um trailer. E no caminho, na fronteira da Itália com a Áustria, eles atropelam um homem vestido de Papai Noel, e que acredita ser o próprio. O casal decide levar o maluco para a Lapônia, visto que há tempo hábil antes da entrevista de Giulia.
“E Agora, a Mamãe Saiu de Férias 2” era para ser uma comédia de estrada. Porém, o humor apresentado é rasteiro, sem imaginação. E os personagens são completos clichês - os filhos do casal, um é um garotinho com pensamentos facistas, a maior é aquela adolescente emburrada, e a mais nova é um pequeno gênio. Fabio De Luigi e Valentina Lodovini são bons atores, mas são desperdiçados nesta trama farsesca de Papai Noel....
Cotação: ruim
Duração: 1h34min
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 02, 2021

"KING RICHARD - CRIANDO CAMPEÃS" (King Richard)

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King Richard – Criando Campeãs” (King Richard), direção de Reinaldo Marcus Green, é um filme que fala de superação e de determinação. A trama enfoca o objetivo da vida de Richard Williams, o pai das tenistas Venus e Serena, as maiores jogadoras da história, e de como ele forjou a carreira das garotas, desde o berço até elas alcançarem o sucesso profissional.
Richard é interpretado magistralmente por Will Smith, que já havia feito outro filme com temática semelhante e também biográfico, “À Procura da Felicidade” (The Pursuit of Happyness) (2006). Em “King Richard – Criando Campeãs” o racismo e as diferenças sociais estão presentes, mas surgem como pano de fundo para a história.
Vivendo no bairro negro de Compton, em Los Angeles, a família Williams sabe que tem potencial para a riqueza e o estrelato, e Richard procura incentivar as filhas, mesmo que às vezes de forma ditatorial, afinal o esporte escolhido, o tênis, é elitista e competitivo ao extremo. Smith tem ao seu lado as carismáticas atrizes Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton vivendo Serena. E o ator, com este filme, ficou muito perto de ser um dos favoritos de levar um Oscar de atuação para casa.
Cotação: ótimo
Duração: 2h24min
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...