quarta-feira, março 12, 2025

“O MACACO” (The Monkey)

Foto: Paris Filmes
INSPIRADO NO CONTO “THE MONKEY”, DO MESTRE DO TERROR STEPHEN KING, O FILME “O MACACO” (The Monkey), com direção de Oz Perkins, acompanha a história de dois irmãos gêmeos adolescentes, Hal e Bill, ambos interpretados por Theo James, que vivem com a mãe solteira, após o pai ter saído de casa e nunca mais ter voltado.
Um dia, revirando os pertences dele no porão, acabam encontrando um macaco de brinquedo, e curiosos, dão corda nele. O gesto vai desencadear uma série de mortes brutais com as pessoas próximas deles, inclusive a mãe deles.
Os dois irmãos nunca se deram bem e decidem se separar. E passados mais de duas décadas depois, o brinquedo volta a assombrar a vida deles, que se obrigam a se juntar para tentar acabar com a maldição.
“O Macaco” tem muito terror psicológico, mas também abre muito espaço para toques de humor, com cenas de mortes de certa forma engraçadas, de tão ridículas, que deixam a coisa leve – muitas até lembrando muito as mortes da cinessérie “Premonição”. O filme não reinventa o cinema de terror, mas consegue fugir do convencional. E isto é um baita trunfo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h38
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ZWdhgGTAelE

“MÁQUINA DO TEMPO” (Lola)

Foto: Pandora Filmes
EM “MÁQUINA DO TEMPO” (Lola), direção de Andrew Legge, a trama se passa durante a Batalha da Inglaterra, evento da Segunda Guerra Mundial, no começo dos anos 1940. As irmãs Thomasina Hanbury (Emma Appleton) e Martha Hanbury (Stefanie Martini) criam uma máquina batizada de Lola, um aparelho capaz de captar transmissões de rádio e televisão vindas do futuro, tanto que viram fãs de David Bowie e outros artistas dos anos 1970.
A invenção abre caminho para descobertas culturais, como a antecipação do Movimento Punk. E começa a ser usada para fins táticos pelos britânicos para combater os nazistas. Porém, a invenção acaba trazendo efeitos colaterais trágicos ao longo do tempo, alterando o rumo da história – por exemplo, a Inglaterra acaba sendo invadida pela Alemanha, fato que nunca ocorreu na realidade, e ainda bem!
As irmãs são vistas como traidoras pelos conterrâneos e passam a fugir, tanto dos alemães quanto dos ingleses, numa trama tensa e assustadora. “A Máquina do Tempo” foi produzido com câmeras e lentes originais dos anos 1930 e revelado em um tanque soviético de 16mm, o filme adota o estilo found-footage – termo que designa obras que simulam imagens gravadas pelos próprios personagens – conferindo ao público a sensação de estar diante de registros reais da época. Ou seja, o filme é todo ele em preto & branco.
A trilha sonora assinada por Neil Hannon (líder da banda The Divine Comedy) traz faixas de David Bowie, The Kinks e composições clássicas do britânico Edward Elgar.
Cotação: excelente
Duração: 1h19
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vqhVZeViRIs

“O MELHOR AMIGO”

Foto: Deberton Filmes
“O MELHOR AMIGO” tem direção do cearense Allan Deberton (“Pacarrete”), e é um filme LGBTQIAPN+ , e conta a vida do jovem Lucas (Vinicius Teixeira), que se descobriu gay há pouco tempo, e tem inúmeros números musicais, com hits dos anos 1980 e 1990, como por exemplo Blitz, mas numa roupagem modernosa.
O jovem arquiteto Lucas está cansado do namoro com o grudento Martin (Léo Bahia), que adora grandes declarações de amor, e decide fazer uma viagem sozinho para Canoa Quebrada, no Ceará, com o objetivo de descansar e repensar sua vida amorosa.
Só que na paradisíaca praia, Lucas acaba reencontrando uma antiga paixão de faculdade, o bonitão Felipe (Gabriel Fuentes), com quem o jovem acabou saindo do armário. A paixão volta com todo o vigor, porém Felipe é um bom vivant, que ataca qualquer coisa que se mexa, deixando Lucas frustrado e mais perdido.
O arquiteto acaba então conhecendo a comunidade gay da localidade, liderada pela drag queen Deydianne Piaf (Dênis Lacerda), que está de mudança para a Itália, pois foi pedida em casamento por um italiano. Mas antes de viajar, quer deixar tudo arrumado para suas colegas de uma boate onde ocorrem performances musicais. E vai mostrar a Lucas que, às vezes, é bom ficar sozinho para conseguir se encontar e saber o que realmente se quer
Além dos protagonistas, “O Melhor Amigo” inclui um elenco formado por grandes atores e atrizes cearenses como Dênis Lacerda (Deydianne Piaf), Souma, Muriel Cruz, Rodrigo Ferrera (Mulher Barbada), Solange Teixeira, Patrícia Dawson, Walmick de Holanda, Gabriel Arthur e Adna Oliveira. Junto com um corpo de baile, todos se entregam de corpo e alma para os divertidos números musicais, coreografados por Rômulo Vlad.
Mas, se tratando de um filme com muita memória pelos anos 1980, artistas emblemáticas dessa época também fazem participações especiais, como Cláudia Ohana, que interpreta a mística Estrela D’Alva, enquanto Mateus Carrieri é um hóspede no mesmo hotel de Lucas. E Gretchen interpreta a si mesma, cantando dois dos seus grandes sucessos, “Melô do Piripipi” e “Conga Conga”, acompanhada de Esdras de Souza.
Nestes tempos de muito ódio e preconceito, “O Melhor Amigo” é um filme para a comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas de mente aberta, que não veem problema nenhum em enxergar apenas amor nestas pessoas que trazem muita alegria e diversidade para o mundo.
Cotação: ótimo
Duração: 1h36
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sJQqMa04msY

“AMIZADE”

Foto: Embaúba Filmes
O DOCUMENTÁRIO “AMIZADE”, DE CAO GUIMARÃES, é uma coletânea de momentos íntimos reunidos ao longo de 30 anos que se transformam em experiências plurais e complexas.
“Já que eu não podia trazer os amigos comigo para o Uruguai, eu os trouxe através de sons e imagens”, afirmou o diretor. A frase sintetiza a essência do filme: uma coletânea de momentos reais, registros espontâneos e memórias acumuladas ao longo de três décadas.
Filmado em diversos formatos – de filmes Super8 e 16mm a telas de computador, fitas cassete e gravações de secretária eletrônica –, o longa reúne pequenos gestos e encontros que, juntos, formam um retrato íntimo e afetivo sobre amizade, tempo e partilha.
A amizade, assim como o cinema, é feita de encontros, distâncias e reencontros. E é a partir dessas costuras que Cao constrói um filme que oscila entre a memória e a invenção, o pessoal e o universal. No centro dessa construção está a relação do diretor com seus amigos, entre eles Beto Magalhães, produtor de muitos dos seus filmes, cuja mudança de Belo Horizonte para Montevidéu foi registrada em três dias de filmagem.
Ao revisitar décadas de registros pessoais, Cao transforma sobras, rastros e restos em matéria-prima para um filme que dialoga com sua própria trajetória. "A gente vai mudando com o tempo, e o tempo é a matéria que o cinema (e a vida) esculpe", afirma o diretor. Amizade é, acima de tudo, um gesto de resistência contra o esquecimento – um convite para olhar com mais atenção para os momentos que, muitas vezes, passam despercebidos.
“Decidi fazer um filme com meu arquivo pessoal. E dentre os vários temas que surgiam ao revisitar essas imagens, escolhi a amizade. Porque, para mim, a amizade sempre foi o exercício por excelência da alteridade e, além disso, também é, como o cinema, uma escultura no tempo”, refletiu Cao.
O filme “Amizade” acaba sendo um produto feito apenas para o diretor e seus conhecidos. O espectador comum acaba se perdendo naquele monte de imagens e falas, que por vezes, parecem desconexas e sem sentido para quem não é próximo ao cineasta. O pouco mais de uma hora do filme se transforma numa tortura interminável.
Cotação: ruim
Duração: 1h25
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_shpURsTiCo

quarta-feira, março 05, 2025

“MICKEY 17”

Foto: Warner Bros Pictures
“MICKEY 17”, NOVO FILME DO DIRETOR SUL-COREANO BONG JOON-HO, O MESMO DO OSCARIZADO “PARASITA” (2019) é baseado no romance Mickey 7, escrito por Edward Ashton em 2022.
No filme, acompanhamos o jovem Mickey Barnes (Robert Pattinson), que ao lado de seu parceiro Timo (Steven Yeun, o Glenn de The Walking Dead) tem um negócio de doces na Terra, mas para manter a firma, acabam se endividando com um perigoso agiota. Temendo serem mortos, ambos decidem encarar uma viagem espacial patrocinada pelo magnata e político Kenneth Marshall (Mark Ruffalo).
Marshall pretende iniciar uma colonização em outros planetas, e divide os inscritos no programa em vários setores. Mickey, não se sentindo útil, alista-se no programa de “humanos descartáveis”, para ser enviado em missões suicidas em outros planetas. E sempre que cumpre uma tarefa, ele morre, e o upload de sua mente é introduzido em seu mesmo corpo, que é reimpresso, em uma nova versão. Mais exatamente um clone.
Então, um dia em uma missão em um planeta gelado, Mickey fica preso numa caverna junto com animais alienígenas e dado como morto. Porém, ele sobrevive e ao voltar para a nave, constata que um “outro seu” foi reimpresso, e Mickey é forçado a conviver com seu duplo, o Mickey 18, trazendo situações inusitadas.
Sendo um filme do politizado Bong Joon-Ho, o filme é cheio de críticas sociais, de como o ser humano pode ser dispensável, até mesmo como as pessoas são suscetíveis a acreditar em políticos mentirosos e aproveitadores, no caso o personagem de Ruffalo.
O outrora criticado Robert Pattinson mostra ter evoluído com o tempo, desde seu insonso vampiro da cinessérie “Crepúsculo”, chegando ao ótimo “The Batman” (2022), de Matt Reeves. Ele consegue passar características diferentes para os seus diferentes Mickeys, tanto com humor, quanto com agonia e desespero. Já o quase sempre excelente Mark Ruffalo tropeça, apresentando um personagem caricato e exagerado.
Talvez fosse mais curto, e muita coisa poderia ter sido cortada, que não faria falta e “Mickey 17” poderia acertar. Porém, se torna um filme muito pretensioso, ao tentar misturar vários gêneros e errando o alvo em quase todos.
Cotação: regular
Duração: 2h17
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=GQUAxORWmqc

“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig)

Foto: Mares Filmes
“A SEMENTE DO FRUTO SAGRADO” (The Seed of the Sacred Fig), dirigido pelo cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, é um longa-metragem em colaboração entre Irã, Alemanha e França. E que enfureceu o governo teocrata do país da Ásia.
A trama se desenrola em Teerã e segue a história de Iman (Misagh Zare), um juiz de instrução recém promovido casado com Najmeh (Soheila Golestani) e pai de Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki). Ele vive para o regime, acreditando fielmente em Alá, e parece não notar que os jovens no Irã cansaram do rigoroso regime ditatorial dos aiatolás, que impedem a liberdade das pessoas – as mulheres, principalmente, não possuem vozes ativas e são obrigadas a tapar os cabelos com o hijab.
Vários protestos estão ocorrendo pelo país, e suas filhas querem participar. Mas dentro de casa vivem a mesma repressão das ruas, principalmente através da mãe, que não acredita nos desejos da juventude, afinal foi criada para ser servil.
As coisas pioram quando uma colega de Rezvan é presa depois de ter sido pega no dormitório da faculdade, machucada pelas agressões sofridas pela polícia. E a arma de Iman some da casa, com ele acreditando que uma das filhas roubou. O pai e juiz do regime então mostra dentro das paredes de seu lar o que ele faz para aqueles que protestam contra o governo – passa a impor medidas severas que abalam os laços familiares e as meninas chegam a passar por uma sessão de interrogatório para confessarem o crime.
“A Semente do Fruto Sagrado” é um excepcional filme, provavelmente gravado às escondidas, e que mostra como os 45 anos de ditadura teocrática deixaram as novas gerações cansadas de rigor religioso, principalmente questões delicadas relacionadas à obrigatoriedade do uso do véu (hijab) para as mulheres no Irã e a repressão contra as pessoas que desafiam as normas do regime islâmico. Nos últimos anos, muitas jovens estão sendo presas e mortas por se negarem a usar o hijab. Religião mata.
Cotação: excelente
Duração: 2h47min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IAXWFIY0S4Y

“ÚLTIMO ALVO” (Absolution)

Foto: Imagem Filmes
HÁ UM TEMPO, LIAM NEESON DISSE QUE NÃO TINHA MAIS IDADE PARA FILMES DE AÇÃO (o ator está com 72 anos). Mas ele não consegue se desassociar do gênero, e agora chega “ÚLTIMO ALVO” (Absolution), dirigido por Hans Petter Moland.
Eu estaria mentindo se dissesse que não curto os filmes com o ator norte-irlandês. Porém, a fórmula segue praticamente a mesma – um homem solitário, distante da família e que decide salvar alguma pessoa em situação de risco.
Aqui, Neeson interpreta Murtagh, um ex-boxeador que trabalha como segurança para um chefão mafioso em Boston, Charlie (Ron Perlmann) há três décadas, vive sozinho e tentando se reconectar com a filha e o neto. Então descobre ter uma doença degenerativa, com poucos meses de vida. Assim, decide tentar deixar um bom legado, se aproximando do neto, dando a oportunidade de amar novamente com uma falante garota, vivida por Yolonda Ross, talvez o melhor personagem do filme.
E claro, Murtaugh tem como missão fundamental libertar uma garota obrigada a se prostituir pelo cafetão Armando (Omar Moustafa Ghonim), propiciando na parte final aquelas cenas clássicas de filmes de Liam Neeson, com muitos tiros, facadas.
O “Último Alvo”, pelo menos, tem menos correria e um pouco mais de reflexão entre os filmes do gênero. Porém, os clichês estão todos lá. E o final é igual a “Na Mira do Perigo” (The Marksman), também protagonizado por Liam Neeson, em 2021.
Cotação: regular
Duração: 112min
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=nnKQGkDn7xk

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...