sábado, abril 22, 2006
Futebol e Cinema - Boleiros 2
Faltando pouco para a Copa do Mundo na Alemanha, o que não está faltando são filmes sobre futebol, seja no cinema ou nas locadoras.
Na salinha escura, dá para curtir Boleiros 2, do paulistano Ugo Georgetti e com um elenco que conta com nomes como Lima Duarte, Adriano Stuart, Cássio Gabus Mendes, Fernanda D'Umbra, Suzane Alves (a Tiazinha), o narrador Silvio Luiz, Dr. Sócrates e o Titãs Paulo Miklos. A trama é semelhante a do primeiro filme, de 1998, porém modernizada. Ex-jogadores de futebol se reúnem num bar paulistano e recordam histórias de companheiros ou deles mesmo. Porém desta vez, os "boleiros" estão descontentes com o destino que está tomando o boteco, comprado por um craque de sucesso na Europa e pentacampeão mundial, Marquinhos (José Trassi). Georgetti garantiu que não, mas o personagem tem um toque de Ronaldinho Gaúcho. "Foi pura coincidência", afirmou o diretor, em entrevista concedida no começo de abril em Porto Alegre, nas dependências do Unibanco Arteplex.
Em Boleiros 2 também existe uma promessa futebolística de 17 anos, cujo ator é a cara de Anderson, ex-Grêmio e hoje no Porto, de Portugal. Ele é empresariado pelo engraçado ator Otávio Augusto. "Nem sabia da existência deste Anderson", disse o cineasta ao ser perguntado se era mais um a referência ao tricolor gaúcho. "O Grêmio me incomodou muito nos anos 1990", ressaltou Georgetti, um palmeirense desiludido com o futebol. "Não sou um apaixonado pelo esporte e sim um critico. Faz dois anos que não ponho os pés num estádio", garantiu.
Porém o Grêmio está muito presente no filme, princilmente com um personagem que passa o tempo todo com uma camiseta do clube porto-alegrense. O garoto é uma promessa, mas que está se perdendo na marginalidade e sonha em fazer um teste no Olímpico. "Usar a camisa do Grêmio foi outra engraçada. É muito fácil achar a camisa do time em São Paulo. Tem em qualquer lugar", confirmou.
O filme, apesar de algumas cenas engraçadas, no geral é triste, quase melâncólico. Os ex-jogadores (fictícios) são aqueles, com exceção do Dr. Sócrates, que fracassaram no esporte e só conseguem alegrias enchendo a cara de cerveja no bar, cujo co-proprietário é um ex-atacante do Boca Juniors, o narrador Silvio Luiz.
Prateleiras - Nas locadoras, dá para cavocar vários filmes sobre o tema futebol. O tema é de difícil aceitação, principalmente entre as mulheres, e as cenas de futebol, no geral, são mal filmadas. Porém dois filmes em especial dão um toque diferente no nobre esporte bretão (não vou falar de O Milagre de Berna, já comentado no ano passado neste espaço).
Um deles é Duelo de Campeões, dirigido por David Anspaugh. O filme trata da montagem da seleção dos Estados Unidos que participou da Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil. Com filmagens realizadas em Saint-Louis, nos EUA, e no Rio de Janeiro, é levinho e por vezes bobo demais. Mas as cenas das partidas são excepcionais. O jogo em que os Estados Unidos derrotam a Inglaterra no Mundial por 1 a 0 é de deixar qualquer um boquiaberto - o estádio do Fluminense serviu como palco das filmagens (a partida real foi realizada no estádio Independência, em Belo Horizonte).
Já em Hooligans, de Lexi Alexander, como o nome diz, se discute as furiosas torcidas organizadas inglesas. Elijah Wood, o eternizado Frodo de O Senhor dos Anéis, é expulso da universidade de Harvard quando faltam dois meses para sua formatura por acobertar um colega traficante e viciado em cocaína. Desiludido, Matt parte para Londres para visitar a irmã. Só que acaba se envolvendo com fanáticos e briguentos torcedores do West Ham United, um dos trocentos clubes que existem em Londres e que tem como principal fã o baixista do Iron Maiden Steve Harris. No começo, Matt fica assustado com as brigas, mas com o tempo passa a gostar da coisa.
O filme é envolvente e ao mesmo tempo assustador. E lembra muito um livro que fez muito sucesso no começo da década passada: Entre os Vândalos, de Bill Buford. O autor, um jornalista norte-americano, se infiltrou nas organizadas britânicas no final dos anos 1980 e começo da década de 1990 e virou ele próprio um hooligan. Ódio contra os imigrantes, violência, assassinatos...Não deixe de ver o filme e se puder, leia o livro também para tentar entender porque um esporte tão maravilhoso gera em seus fãs um fanatismo, uma monstruosidade tão latente.
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