sábado, agosto 05, 2006

Pais, Filhos e Etc.


Pais, Filhos e Etc. (Père & Fils), de Michel Boujenah, é uma divertida comédia francesa que faz a gente pensar muito em estar sempre perto das pessoas que amamos. Sentindo o distanciamento dos seus três filhos, Léo (Phillipe Noiret, de Cinema Paradiso), inventa estar com uma doença muito grave para reunir os familiares e com eles partir para uma viagem de Paris para Quebec, no Canadá. O objetivo: ver baleias antes de uma cirurgia aonde poderá não sair vivo. É tudo uma farsa de Léo neste road-movie francês, porém aos poucos, apesar de muitas brigas e discussões e de ele tentar esconder a verdade, as coisas vão se ajeitando.
E apesar de ser uma comédia, fica a pergunta: por que às vezes nos afastamos de quem gostamos por puro capricho? A vida é uma só e devemos manter próximos aqueles queridos a nós. Vejo assim a mensagem que Pais, Filhos e Etc. em sua simplicidade e belas imagens de um Canadá outonal, tenta nos passar e sem nunca perder o bom humo
r.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Zuzu Angel


Zuzu Angel

Sempre reclamaram que o cinema brasileiro não aproveitava a sua história para fazer bom cinema. Se desperdiçou uma época - a de 1970 com pornochanchadas e alguma coisa para ser lembrada, mas sem muito entusiasmo. Porém aos poucos, apesar de deslizes que ainda ocorrem, temos duas décadas que valem mais a pena do que qualquer filme sobre um herói do beisebol americano (sabem do que falo, afinal Hollywood transforma qualquer coisa em épico, vide aquele filme do cavalo Seabiscut, uma verdadeira bomba). Bem, deixemos de delongas e vamos a Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
Se escrevi há dias que Gwyneth Paltrow arrasa em A Prova, Patrícia Pillar faz muito mais em Zuzu Angel. Famosa estilista nascida em Minas Gerais, mas que fez sucesso no Rio de Janeiro dos anos 1970, ela bateu de cara com a ditadura militar, depois de ter seu filho morto pela repressão. O jovem, Stuart, fruto de seu casamento com um norte-americano, é interpretado por Daniel Oliveira (Cazuza). Ele se envolve com a guerrilha urbana e é pego pelos milicos. Após ser severamente torturado, o seu corpo foi jogado no mar e nunca encontrado.
Zuzu, no início, assim como a maior parte da população brasileira, não acreditava que estava ocorrendo uma revolução no país e nem mesmo uma brutal ditadura, até perder o filho e a nora Sônia (a bela Leandra Leal). Zuzu passa anos protestanto e tentando esclarecer o que ocorreu com o seu filho. Isso lhe provoca a perseguição da ditadura, que passa a considerar a estilista uma figura perigosa para o sistema.
O filme tem uma boa reconstituição de época e faz bem as idas e vindas no tempo, sem deixar o espectador confuso.
Zuzu incomodou tanto, que acabou sendo eliminada pelos militares - e não há nada de maniqueísmo no filme, apesar de algumas pessoas que forem assistir ao filme considerarem os militares por demais maus, cínicos, mentirosos. E não o eram?
Ah, detalhe para Luana Piovani interpretando Elke Maravilha, uma figura conhecida pelos programas dominicais de Silvio Santos como jurada e por sua excentricidade. Porém Elke é uma figura singular. Nascida na antiga União Soviética, seus pais fugiram do regime comunista e vieram parar no Brasil. Com um Q.I. altíssimo, ela fala seis línguas e até faz uma ponta no filme como uma cantora alemã num bar.
Zuzu, há pouco, ganhou uma homenagem ao ter o túnel onde foi assassinada passar a levar o seu nome. Uma de suas filhas, Hildegard Angel, é hoje colunista do jornal O Globo. Um filme nota 10.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Memória - Cinema Político


Cinema Político, com Costa-Gravas
O cineasta grego nacionalizado francês Kostantinos Costa-Gravas fez verdadeiras obras-primas, que hoje andam meio esquecidas pelo público. Mas neste ano de eleições, sempre é bom tentar rever clássicos como Z, Estado de Sítio e Desaparecidos. Claramente filmes de esquerda - hoje perdendo sua força - estes três filmes retratam uma época não tão distante assim, em que as ditaduras imperavam sem dó nem piedade, principalmente na América Latina.
Mas comecemos por Z, baseado no romance de Nikos Kazantzakis, o mesmo autor de Zorba, o Grego. Protagonizado pelo italiano Yves Montand, mas que muita gente acha ser francês - afinal, ele virou um símbolo francófono depois de ainda pequeno se mudar para a França.
Em Z, Gavras retrata a cruel ditadura grega nos anos 1960 (hoje ao se ler sobre o belo país helênico, fica-se difícil de acreditar que os gregos tenham passado por uma ditadura) e a luta de um grupo liberal em tentar descobrir quem matou um deputado (Montand) da oposição.
Já Desaparecidos está mais próximo dos brasileiros. De 1982, mostra um pai, Jack Lemmon, tentando encontrar o seu filho, preso dias após o golpe de Pinochet, que derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Nem mesmo a cidadania norte-americana do "desaparecido", John Shea, o salva da morte no estádio Nacional de Santiago, à beira dos Andes. E o pior, a descoberta que o governo norte-americano - leia-se CIA apoiou o golpe. Se você for assistir Zuzu Angel, verá muitas semelhanças em ambos os filmes.
Com atuações magistrais de Sissy Spacek e Jack Lemmon, Desaparecidos é mais um filme retratando os anos de chumbo neste belo país sul-americano (sobre a ditadura de Pinochet recomendo ainda Chove Sobre Santiago e Machuca).
Por fim, deixei para falar de Estado de Sítio. Pouco conhecido nos dias de hoje, o filme mostra os piores momentos da ditadura no Uruguai, tão próximos de nós, gaúchos, nos anos 1970. Desde a guerrilha dos montoneros até a repressão militar. Muita semelhança ao que se passou no Brasil na virada das décadas de 1960 para a seguinte. A ditadura uruguaia tem tanto reflexo no Brasil e principalmente em Porto Alegre, em que o DOPS operava junto com a repressão uruguaia - chegando ao extremo no seqüestro dos exilados Lilian Celiberti e Universindo Diaz na capital gaúcha em 1978. Três filmes imperdíveis e cruéis.

A Prova (Proof)


Gwyneth Paltrow mais uma vez rouba a cena, como já o fizera em Sylvia - Paixão Além das Palavras (sobre a poeta inglesa Sylvia Platt), em A Prova (Proof), de John Madden, que já a dirigira em Shakespeare Apaixonado. Filha de um matemático que um dia foi brilhante, mas que com o tempo ficou esquizôfrenico, sua personagem desenvolve um trabalho revolucionário na área das exatas. Só que um dos ex-alunos de seu pai, Hal (Jake Gyllenhaal, de O Dia Depois de Amanhã), não acredita que ela tenha obtido tal resultado, assim como a irmã, Claire (Hope Davies), uma verdadeira bruxa. Além de tudo, Catherine, aos 27 anos, já demonstra alguns sintomas de esquizôfrenia como seu pai, Robert ( Anthony Hopkins), morto há pouco. Porém ela continua a vê-lo em seus delírios. Paltrow, bela como sempre, mesmo interpretando uma depressiva, é o nome do filme, mesmo que este tenha um ator sagrado como Hopkins, que cá entre nós, não faz força nenhuma. O básico. Simples, assim. Pena que o final do filme deixe um pouco a desejar.

Sentinela



Um 24 Horas (a série do canal a cabo da Fox) vitaminado. Bem, não sou fã da série que virou febre mundial. Porém em Sentinela, de Clark Johnson (quem?), Kiefer Sutherland e Michael Douglas fazem uma bela dobradinha num thriller policial e por quê não político? Um espião infiltrado na Casa Branca pretende ajudar ex-agentes da extinta polícia política secreta soviética KGB a matar o presidente dos Estados Unidos, interpretado por David Rasche. O suspeito número um passa a ser o agente Garrison, que tem um caso com a primeira-dama, Sarah Ballantine (Kim Basinger, ainda irradiando beleza, ela que foi uma das musas das telas nos anos 1980. Principalmente no clássico 9 e Meia Semanas de Amor). Mas será que Garrison é mesmo o agente-duplo ou o vilão será o personagem de Kiefer Sutherland, o agente David Breckinridge? Muito mistério e correria, em um filme que não vemos o tempo passar. Ocorrerm alguns furinhos de roteiro - como o helicóptero do presidente dos Estados Unidos voar sem segurança. Sempre há jatos da aeronáutica em volta para impedir qualquer atentado. Mas isso não tira a graça do filme - um pouquinho americano demais para o meu gosto, mas que dá para engolir. E aliás, surge mais uma deusa em Sentinela, a morenaça Eva Longoria, que interpreta a parceira de Sutherland, Jill. Só por ela já vale a pena assistir ao filme.

As Loucuras de Dick e Jane - DVD


As Loucuras de Dick e Jane - por Carol Witczak.
Jim Carey algumas vezes acerta na mão mas, desta vez, sua graça foi pros ares. Com direção de Dean Parisot, posso dizer que o filme é fraco. Quis montar algumas cenas mais padrão de comédias românticas americanas e fez com que Carrey, apesar de açlgumas cenas desvairadas, não tivesse graça suficiente. Jim Carey, felizmente ou infelizmente para sua carreira, é um ator de comédia, não serve para draminhas e o filme, com Téa Leoni se encaminha para isso. Bom, vamos à história. Dick é um executivo relativamente bem sucedido, quando, sem mais nem menos, recebe uma promoção. Contente, diz à sua mulher para largar o emprego. Na verdade, a companhia havia sonegado impostos e da noite para o dia deixa Dick sem nada. A empresa havia falido e com ele os sonhos de Dick e Jane. Os dois ficam na merda. Na brincadeira, o casal começa a roubar, primeiro vendinhas, depois supermercados até partir para...bancos. Bem, no final, a diretoria corrupta da empresa se ferra e o 'grand finale' é a volta da televisão 20 polegadas para o lar de Dick e Jane. Pode um filme desses? Bom, mas se é para pensar em algo de positivo, na hora do filme pensei... Com alguém que valha a pena... Até bancos eu roubaria...

Obrigado por Fumar


Obrigada por Fumar

O cigarro faz mal. Mata mais do que armas e álcool, porém Nick Naylor (Aaron Eckhardt, sósia do novo técnico da Seleção Brasileira, Dunga) é pago pela indústria do tabaco para provar o contrário. A convencer as pessoas de que a nicotina não faz mal. Desse modo, ele é perseguido pelo senador Ortolan Finisterre (William H. Mace - aliás, você sabia que no começo do livro No Coração do Mar, a história real que inspirou Moby Dick, de Nathaniel Philbrick, é citado um pescador com o mesmo nome do ator e que viveu no início do século XIX?). Mace, aliás, é conhecido por sua participação em filmes como Fargo e Jurassic Parc.
Bem, voltemos ao filme. Naylor vive um conflito moral, pois tem um filho entrando na adolescência. E se o garoto quiser fumar, o que ele fará? Deixar o garoto propenso a pegar um câncer ou dizer: não faça isso, que é prejudicial à saúde.
Naylor, porém, tenta não se deixar influenciar por isso e segue em viagens pelos Estados Unidos vendendo uma boa imagem dos cigarros, mesmo quando é seqüestrado e passa a correr o risco de morte caso coloque outro cigarro na boca, devido a uma sabotagem de seus raptores em seu corpo.
Ao mesmo tempo que é hilário, o filme faz pensar e imaginar: se o cigarro mata, por que tanta gente ainda insiste em colocar fumaça para dentro do corpo? Bom, as empresas de tabaco só têm a dizer: Obrigado por fumar!

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...