quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Vermelho como o Céu





Ao brincar com uma espingarda, garoto de 10 anos, Mirco fica cego. Como na Itália até meados da década de 1970 a lei proibia que ele ficasse em uma escola regular, vai parar num instituto para garotos cegos, em Vermelho Como o Céu, de Cristiano Bordone. Inconcientemente, Mirco vai brigar contra o sistema vigente, que não propiciava a deficientes como ele um futuro promissor, a não ser como telefonista ou tecelão. Tocante filme, onde as crianças dão um show de atuação. Pena que Vermelho como o Céu fique escondido do grande público.

A Grande Final




O tema pode espantar boa parte das mulheres, pois em A Grande Final (La Gran Finale, Espanha / Alemanha 2006), se fala sobre futebol, ou seja, a final da Copa do Mundo de 2002 entre Brasil e Alemanha. Porém o futebol pouco aparece neste semi-documentário de Gerardo Olivares. Na realidade, a comédia mostra em três diferentes locais do planeta como comunidades distante dos grandes centros fazem para assistir ao jogo. A ação se desenrola na selva amazônica, no deserto do Níger e nos confins da Mongólia.

domingo, fevereiro 04, 2007

O último Rei da Escócia


Forest Whitaker chamou a atenção pela primeira vez em Bird (a filmografia do jazzista Charlie Parker, levada às telas por Clint Eastwood no final da década de 1980). Agora em O último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, de Kevin MacDonald), ele simplesmente arrasa desde a primeira vez que surge na tela como o ditador africano Idi Amin Dada - que comandou Uganda com mão de ferro nos anos 1970. O filme é visto pela ótica do fictício médico escocês Nicholas (James MCavoy, na realidade o principal ator e não o coadjuvante e também numa atuação soberba). Tem ainda uma magérrima Gillan Anderson, a imortal Dana Scully de Arquivo X, como uma médica.
Num primeiro momento, temos um olhar apaixonado de Nicholas pelo ditador, apoiado pelos ingleses, para depois mostrar um olhar apavorado do médico, que de queridinho passa a ser odiado por Idi Amin Dada. Mas talvez com essa licença poética, os anos cruéis em Uganda fiquem mais palatáveis para quem conhece nada ou quase nada da história daquele país.
O título faz referência a paixão de Amin pela Escócia - tanto que ele se auto-titulou Rei do país britânico. Para quem não sabe, Idi Amin tinha várias mulheres, gostava de desmembrar os seus inimigos - até se dizia que ele os devorava -, erigiu uma estátua de Hitler no centro da capital Kampala, expulsou os indianos do país numa atitude racista e burra (mas toda a atitude racista é burra!!!) e morreu no exílio, na Arábia Saudita, no começo deste século. Um filmaço.

Borat



Cheguei a ficar com dores no corpo de tanto rir em Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América. A melhor comédia dos últimos tempos, aliada ao fato de ser um falso documentário, com pessoas que não sabiam se tratar de uma grande piada do comediante inglês Sacha Baron Cohen.
O jornalista Borat sai de sua vila no distante Cazaquistão - antiga república soviética - (na realidade um vilarejo na Romênia) e vai para a América, onde emprenderá uma viagem pelo interior do país, tentando chegar à Califórnia após se apaixonar pela atriz-peituda Pamela Anderson.
Pelo caminho, se fazendo passar realmente por um jornalista de um país do leste europeu, completamente ignorante, tosco e anti-semita (o próprio Cohen é judeu), Borat vai encontrar uma América hipócrita e racista.
Cohen consegue convencer tão bem que chega a ser convidado para um telejornal de uma emissora do meio-oeste. Essa é apenas uma das grandes sacadas do filme, que despeja uma grande piada por minuto. Como a de Borat num jantar numa típica mansão no racista sul dos EUA, Borat cantando o hino do Cazaquistão com a melodia do Star Spangled Banner (o hino norte-americano) durante um rodeio - ele quase foi linchado pelo furioso público, a briga entre Borat e seu assistente Azamat pelos corredores e quartos de um hotel - detalhe, eles estão nus -, eles...tá bom, não escrevo mais. O filme é para ser visto e revisto, mesmo que você não goste de comédia. Imperdível.

Scoop


Sou fã de carteirinha de Woody Allen e sempre escrevo isso. Em Scoop (gíria para furo jornalístico), o cineasta nova-iorquino volta ao filão policial já explorado em Match Point e Assassinato em Manhatan. E com ele você ama ou odeia. Não tem meio-termo. Aqui de novo ele acerta na simplicidade, nos diálogos afiados e vai direto ao ponto. O filme é curtinho, enxuto.
Scarlett Johansson (thank you God!), a paixão do momento de Allen, aqui esbanjando beleja e aqueles lábios...é Sondra, uma jovem estudante de jornalismo, que recebe a visita de um espírito de um jornalista morto que lhe passa uma dica: o assassino serial que vem atordoando Londres seria um nobre inglês Peter Lyman (Hugh Jackman, o Wolverine), numa clara referência a um dos suspeitos de ser Jack, o Estripador - um nobre do século XIX está na lista da polícia inglesa.
Ao lado do atrapalhado e verborrágico mágico Sid Waterman (o próprio Allen), Sondra tenta provar que o sedutor nobre é, na realidade, o serial killer, até se apaixonar por ele. A gente ri tanto no filme, que quando se dá conta, já acabou. Obrigado, Woody Allen, por alegrar nossas vidas.

À Procura da Felicidade



Uma vez escrevi que Will Smith deveria se preocupar em protagonizar apenas filmes de ficção científica. Agora, após assistir À Procura da Felicidade (A Pursuit of Happyness, de Gabriele Cuccino, que há uns quatro anos nos deu o fantástico filme italiano O Último Beijo), peço desculpas públicas ao ator de As Loucas Aventuras de James West, Homens de Preto, Bad Boys e Independence Days. Ele tem uma atuação excepcional no filme, que conta a histórica verídica do milionário Chris Gardner, que antes de chegar a possuir uma fortuna pessoal de mais de 600 milhões de dólares, comeu o pão que o diabo amassou no início da década de 1980.Gardner era um vendedor de aparelhos médicos chegando à beira do desastrado e mal conseguia sustentar a ele e sua família: uma envelhecida Thandy Newton (Missão Impossível 2) e Jaden Smith, filho também na vida real de Will e que estréia no cinema com uma atuação emocionante e cativante. Aos poucos a vida de Gardner começa a desabar, até ser abandonado pela esposa e passar a cuidar sozinho de seu filho.
Ele então começa a trabalhar como estagiário numa empresa financeira, aonde não recebe salário, ao mesmo tempo que é despejado, primeiro de seu apartamento e depois do quarto de hotel onde mora com o garoto. Os dois vão viver na rua, seja em banheiros públicos e albergues para os sem-tetos, pois Gardner não pretende largar o estágio, com duração de seis meses e assim mudar de vida. O filme, apesar de não ser apelativo, leva o espectador facilmente ao choro.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Apocalypto


Apocalypto

O início do final de uma civilização. É o que tenta nos contar Mel Gibson em seu novo filme, Apocalypto. O diretor e ator norte-americano, mas criado na Austrália, retrata em Apocalypto o povo maia, principalmente na figura do índigena Jaguar Paw (Rudy Youngblood).
Natural de uma aldeia de pacatos caçadores, Jaguar e conterrâneos seus, se transforma da noite para o dia em prisioneiro de violentos maias, para servir de oferenda aos deuses. Assim, governantes da decadente sociedade acreditam possam salvá-la do fim. Decretada a sua morte, Paw passa a ter como objetivo voltar à sua mulher, grávida, e ao seu pequeno filho, que sobreviveram a chacina da aldeia. Bem, não quero dar mais detalhes para não estragar a história
e nem ser xingado - pô, não vai contar o filme pois ainda não o vi...Tá bom, tá bom.
Só que Apocalypto não é um filme magistral, mesmo tendo todos os ingredientes para o sê-lo. Em seus primeiros momentos tudo leva a crer Mel Gibson produziu algo fantástico. Começando pelo visual, pelas tomadas geniais na floresta, pelas caçadas. Por mostrar os nativos no seu dia-a-dia, no uso da língua nativa (assim como fizera em Paixão de Cristo), mesmo correndo o risco de muita gente fugir do cinema por causa dessa escolha. E são 140 minutos que o espectador nem sente passar.
Só que Apocalypto não sobrevive a análises mais profundas, pois é cheio de furos de roteiro
, por passagens inverossíveis e porque lá pelas tantas se transforma apenas num filme de pega-pega pela floresta, com muito sangue e tripas escorrendo na tela (ops, olha aí de novo Paixão de Cristo). A caçada humana lembra muito o que passa Sylvester Stallone (Rocky Balboa 6 vem aí) em Rambo I , que é um ótimo filme.
Afinal, quem gosta muito de cinema de ação não vai se decepcionar. A arte, no entanto, fica para a próxima tentativa do senhor Mel Gibson. Bem que de repente não fosse o seu objetivo.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...