quarta-feira, janeiro 17, 2018

"O Jovem Karl Marx" (Le Jeune Karl Marx)




Dirigido pelo haitiano Raoul Peck (Eu Não Sou Seu Negro), "O Jovem Karl Marx" (Le Jeune Karl Marx) foca o autor de O Manifesto Comunista no auge de seus 26 anos, vivido por August Diehl, tendo de se exilar com sua esposa, Jenny (Vicky Krieps), em Paris no ano de 1844, e conhecendo o também jovem Friedrich Engels (Stefan Konarske), que seria seu grande amigo e mecenas.

É mostrada a amizade dos dois, com Engels influenciando Marx, que quatro anos depois escreveria seu grande clássico O Manifesto Comunista, em 1848. Friedrich Engels era filho de um industrial da época e não aceitava aquela condição de o pai explorar os trabalhadores de suas fábricas. Mas é engraçado ver como Peck mostra a união de Engels e Marx, que mais parecem dois adolescentes irresponsáveis, se escondendo da polícia em Paris, bebeiras e conversas filosóficas. Será que Marx não era tão sisudo como a história o construiu?

A ambientação de época é fiel, com vestuários e ambientes, aliás estes ficam quase restritos a interiores, sejam em bares, apartamentos, fábricas - quase nada de locais abertos. O roteiro também acerta em mostrar como viviam os trabalhadores à época, sendo explorados (bem que muita coisa não mudou nestes mais de 150 anos).

Duração: 1h58min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Estrangeiro" (The Foreigner)



O astro chinês Jackie Chan mostra estar muito em forma aos 63 anos no político "O Estrangeiro" (The Foreigner), dirigido por Martin Campbell, que comandou dois longas da franquia de James Bond, "007 - Cassino Royale" e "007 Contra GoldenEye". O ator não poupa suas acrobacias e balé em suas lutas, mas apresenta um personagem sombrio e vingativo, Quan Ngoc Minh.

Chan é um comerciante viúvo que mora em Londres, ao lado da filha Fan (Katie Leung). A garota, no entanto, acaba morrendo em um atentado a bomba feito por terroristas irlandeses. Ao ser ignorado pelas autoridades, que não se empenham em buscar os criminosos, Quan Ngoc Minh tenta ajuda de um ex-militante da organização que praticou o atentado, uma espécie de IRA, o agora primeiro-ministro Liam Hennessy (Pierce Brosnan, que interpretou James Bond em quatro filmes).

Mas o político também não faz força nenhuma para ajudar o imigrante. Que então decide buscar justiça pelas próprias mãos - e aí surge o verdadeiro Quan Ngoc Minh, que antes de imigrar para a Inglaterra, era das forças especiais do exército, uma espécie de máquina de matar. E essa sua faceta renasce com muita força.

O filme de Martin Campbell mostra um equilíbrio muito forte entre cenas de ação e política. E Jackie Chan apresenta uma bela atuação, deixando de lado aquele seu lado mais engraçado, mostrando um personagem triste, mas determinado. Brosnan também não fica muito atrás, apresentando um político cínico e aproveitador. Até mesmo lembra um pouco o namorado de Sally Field em "Uma Babá Quase Perfeita", inimigo do ex-marido dela, Robin Williams.

Duração: 1h54min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, janeiro 04, 2018

"120 Batimentos Por Minuto" (120 battements par minute)



"120 Batimentos Por Minuto" (120 battements par minute) é uma espécie de cinebiografia do diretor Robin Campillo, que no início dos anos 1990 fez parte do grupo ativista francês AIDS Coalition to Unleash Power (ACT UP), criada em 1987, na luta contra o vírus HIV. Eles lutaram lutaram pela democratização do acesso aos coquetéis que hoje asseguram a longevidade aos soropositivos, que à época, quando recebiam o diagnóstico era como uma sentença de morte. Campillo sobreviveu para contar a história destas pessoas.

A trama se passa durante o governo do socialista François Mitterrand, que durou de 1981 a 1995. E no início desta década, o Act Up está intensificando a batalha para que o governo francês tome uma atitude e esclareça melhor o público sobre a epidemia, que era vista como uma praga homossexual - em uma das cenas do filme, os militantes invadem uma escola para distribuir camisinhas, e uma estudante, em sua total ignorância, diz que não precisa, pois "não anda com veados". O filme também mostra o Act Up em ações de guerrilha, invadindo instalações médicas e farmacêuticas.

O drama é mostrado sob a ótica do jovem Nathan (Arnaud Valois), que não é soropositivo, mas homossexual, entra no Act Up pela ideologia, acabando por se encantar e apaixonar por Sean (Nahuel Pérez Biscayart), que está sofrendo os horrores da doença em seu corpo.

"120 Batimentos Por Minuto" é um filme interessante, educativo, mas peca pelo excesso de cenas desnecessárias, outras muito longas, e alguns personagens que simplesmente somem da história ao longo de suas mais de duas horas.

Duração: 2h23min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva" (Jumanji: Welcome to the Jungle)



"Jumanji: Bem-Vindo à Selva" (Jumanji: Welcome to the Jungle), dirigido por Jake Kasdan é uma aventura que tem todos os ares da saudosa “Sessão da Tarde” dos anos 1980 e 1990, e um ótimo complemento do longa original, de 1995, e que tinha como protagonista o também saudoso Robin Williams. E se naquele filme, a galera entrava no jogo através de um tabuleiro, agora o toque original está por conta de um jurássico video-game.

A trama tem como foco quatro jovens diferentes, vivendo as agruras do ensino médio: o nerd Spencer (Alex Wolff), o atleta Fridge (Ser'Darius Blain), a patricinha Bethany (Madison Iseman) e a certinha e esquisita Martha (Morgan Turner). Um dia eles pegam uma punição de detenção e são obrigados a limpar uma sala antiga na escola. E lá encontram o video-game, e ao ligar o aparelho são jogados no cenário de selva do jogo e ocupando o corpo dos avatares que escolheram, interpretados por Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart e Karen Gillan. E eles não vão apenas jogar Jumanji – os quatro terão que sobreviver à aventura, ou ficarão presos no jogo para sempre.

A sacada dos avatares é muito boa. A melhor sendo Bethany, que se acha a mais gostosa do pedaço, presa no corpo de Jack Black. Ou Spencer ganhando força e valentia na pele de Dwayne Johnson.
Jake Kasdan consegue entregar um filme na medida certa entre o humor e a ação, agradável de se ver comendo pipoca e tomando guaraná, assim como aquele comercial noventista.

Duração: 1h59min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Rei do Show" ( The Greatest Showman)



O sucesso de "La La Land" no ano passado reativou um pouco o interesse dos musicais em Hollywood, que já havia tentado voltar ao gênero com certa timidez com "Os Miseráveis", em 2013, e que já contava com o astro Hug Jackman, que agora retoma o estilo em "O Rei do Show" ( The Greatest Showman), direção de Michael Gracey.

O ator, mais conhecido como o Wolverine, interpreta P.T. Barnum (1810-1891), empresário criador do chamado circo dos horrores, que tinha mulher barbada, gigantes, acrobatas siameses. Mas tudo era farsa. E o sonho de Barnum era o de se vingar daqueles que o haviam humilhado quando criança, casando até com a filha do patrão de seu pai, Charity (Michelle Williams).

Ele ficou rico, mas para tentar ser recebido pela classe dominante nova-iorquina na metade do século XIX, o empresário investiu em musicais, trazendo da Europa a cantora Jenny Lind (vivida pela bela atriz Rebbeca Ferguson).

O filme é belo visualmente e com bonitas coreografias, e com os atores se sobressaindo no canto, como Michelle Williams e Zak Efron. Mas o que falta a ele? É que sendo um musical, deveria ter canções que marcassem, que fizessem a gente sair do cinema cantarolando. Mas não tem isso. Todas as músicas são muito similares, sem alma, um bate-estaca chato e repetitivo. Assim, "O Rei do Show", apesar de cativante, é algo sem alma.

Duração: 1h45min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Roda Gigante" (Wonder Wheel)



Sempre que Woody Allen vai lançar um filme, a genmte fica na expectativa de que surja um novo "Hannah e Suas Irmãs", "Manhatan" ou "Annie Hall". Mas esta época já passou, e apesar de o hoje octagenário cineasta manter a tradição de soltar um longa por ano, sua produção se mantém irregular, com alguns acertos e muitos erros. Por isso é um alento assistir ao seu novo trabalho, "Roda Gigante" (Wonder Wheel), que resgata o drama e conflitos presentes na obra do diretor nova-iorquino. Allen acerta na fotografia, na cenografia, que reconstitui Coney Island dos anos 1950.

Os personagens são, em sua maioria, perdedores, como a protagonista Ginny (Kate Winslet, espetacular), que é casada pela segunda vez com o operador do parque de diversões Humpty (James Belushi) e mãe de um pré-adolescente Richie (Jack Gore), que com sério problema comportamental, adora atear fogo em qualquer objetivo inanimado. Ginny é uma ex-atriz frustrada e trabalha em uma lanchonete como garçonete, tendo um caso com o guarda-vidas Mickey (Justin Timberlake). A vida de todos começa a mudar quando surge a filha de Humpty ,Carolina (Juno Temple), que havia se distanciado do pai há alguns anos por ter casado com um gangster. Ela volta para casa, pedindo socorro, pois é ameaçada de morte pelo ex-marido.

E a presença de Carolina vai mexer com Ginny e Mickey - este se apaixona por ela e Ginny sente a ameaça, passando a ter ataques de ciúmes.

Estamos longe de uma comédia, daquelas que tanto agradavam aos fãs de Woody Allen nos anos 1970 e 1980. É um drama forte, tenso, com ares de tragédia grega. E é um show de Kate Winslet, que imprime a sua personagem angústia, amargura, desespero. Enfim, muita intensidade.

Duração: 1h42min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Fala Sério, Mãe!"




Fala sério, que filmezinho mais medíocre é "Fala Sério, Mãe!", dirigido por Pedro Vasconcelos, e que traz duas das estrelas, para ver como estamos mal no país nos dias de hoje, Ingrid Guimarães e Larissa Manoela. Tem de ter muita paciência. E repito o que já havia escrito outra vez sobre a atriz global: "quem disse para ela que ela é engraçada?". Ela acreditou e fica repetindo o tipo "ad eternum".
Neste filme, acompanhamos a trajetória de Ângela Cristina (Guimarães) e a filha Maria de Lourdes (Larissa Manoela), desde o nascimento desta até o final da adolescência. Em sua primeira metade, a vida das duas é narrada pela mãe, e quando a garota faz 15 anos, a história ganha a sua ótica.

E estão lá a previsibilidade habitual: Ângela fala muito, põe sempre a carroça na frente dos bois, constrange a filha - a cena do ônibus é lamentável. Já a adolescente reclama da mãe, mas sempre a perdoa, sendo que Larissa carece de poder cênico - o momento em que conta ter perdido a virgindade é de uma falsidade do tamanho do universo. E para completar, tem ainda a indefectível cena do aeroporto, com Ingrid Guimarães se teletransportando tal como o Capitão Kirk...

Duração: 1h19min

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...