sexta-feira, abril 28, 2006

Se não fosse Pacino


O filme é chato, o tema é chato, mas Al Pacino se sobressai mais uma vez em Tudo por Dinheiro (Two for the Money, de J. Caruso). Dar dicas telefônicas para apostadores é o grande dom de Brandon Lang (Matthew McConaughey). Ex-promessa do futebol americano, sim aquele jogado com as mãos e que muita gente acha um jogo de trogloditas, ele não joga, mas entende tudo sobre o esporte e com um grande faro para acertar os resultados das partidas. Assim faz muita gente ganhar dinheiro, enquanto ele próprio permanece um pobretão, andando de bicicleta pelas ruas de Las Vegas. Seu talento logo é descoberto por Walter Abrams (Pacino), uma espécie de bicheiro legalizado. O personagem de Pacino é de um verdadeiro farsante, manipulador e mentiroso. E isso o astro de Um Dia de Cão, Scarface e O Advogado do Diabo faz como ninguém.
O problema que a história não decola. Fica aquela coisa de o herói, no caso Lang, sair do anonimato, ficar cheio da ghrana, famoso, perder tudo de uma hora para outra e depois alcançar a redenção.Tem coisa mais chata? E quantas vezes você já não viu uma história assim? Um clichê atrás do outro. Ah, e a outrora bela Rene Russo (Máquina Mortífera, O Nome do Jogo e Thomas Crown) envelheceu mal. Está feia e não consegue convencer como atração sexual tanto para Pacino quanto McConaughey. Bocejos é o que Tudo por Dinheiro consegue arrancar.

Memória - Um Mesmo Amor, A Mesma Chuva


Zapeando pela Net ou vasculhando na locadora, dá para encontrar um filme maravilhoso, que me passou despercebido na época de seu lançamento, em 1999, ou seja, no século passado: Um mesmo amor, a mesma chuva ( El Mismo Amor, la Misma Lluvia), de Juan José Campanella (O Filho da Noiva). É argentino, é com Ricardo Darín, de O Clube da Lua, o já citado O Filho da Noiva. Então é bom.
Fala da vida de um escritor frustrado, que sobrevive escrevendo contos para uma revista enquanto vê os grandes acontecimentos da Argentina entre os anos da ditadura militar, a guerra das Malvinas, a volta da democracia, o fracasso dos planos econômicos. Ao mesmo tempo, Jorge (Darín) mantém um relacionamento tempestuoso com Laura (Soledad Villamil). De quem se une, se separa, tenta voltar e por aí vai. Melâncólico, simples, nos faz refletir sobre nossas próprias vidas. Vale a pena tirá-lo do baú.

Gatão de Meia-Idade


Mais um filme recheado de atores globais, o que vai garantir a corrida aos cinemas. Ainda mais que Gatão de Meia-Idade (o personagem das tiras de jornais criado por Miguel Paiva) é interpretado pelo bom Alexandre Borges. Só que tirando Borges, que aparece em todas, sim, todas as cenas do longa, todos os atores parecem deslocados e passando a impressão de que decoraram o texto minuto antes de entrarem em cena. O filme ficou muito teatral. E isso não é um elogio. O que era para ser uma comédia se transforma numa tortura para o espectador, que torce para o final do filme logo. Gatão de Meia-Idade arranca, no máximo, sorrisos amarelos.
Cláudio (Borges) é o Gatão, um cara de 40 anos, separado de Betty (Júlia Lemmertz) e com uma filha de 13 anos. Ele se envolve com todo o tipo de mulheres, desde a ninfetinha Patrícia (Thais Ferçoza) até a cinqüentona Marisa (Ângela Vieira). mas só é feliz no colo da mãe, D. Alda (Ilka Soares). O tema até poderia ser atualizado (os quadrinhos são dos anos 1980, quando o cara chegava aos 40 anos se arrastando). Hoje ninguém é mais velho nesta idade.
Talvez muito quarentão vá se identificar com o personagem. E vai ficar desolado. "Olha, não é bem assim", talvez um deles diga. E levante e vá embora do cinema. Bola fora do cinema nacional. Pena.

Terapia do Amor


Rapaz judeu tenta se livrar das "garras" da mãe por demais controladora. Quer fugir de suas raízes, ter vida própria e ganhar a vida como pintor. Mulher cristã de 37 anos quer começar vida nova após se divorciar. Nossa, nas mãos de um Woody Allen daria um belo filme. Porém sob a direção de um tal de Ben Younger, Terapia do Amor (Prime), se perde num amontoado de clichês de histórias de amor. Brigas, separações, o amigo que não consegue namorar ninguém, a turma de gays ricos. Nem mesmo a sempre competente Meryl Streep se salva nesta bomba. Tá, talvez as mulheres até curtam um pouco o filme, pois mostra algo que vem ocorrendo direto atualmente: o envolvimento de mulheres maduras com garotões.
Uma Thurman (Kill Bill) é Rafi , 37 anos, que se envolve com David (Bryan Greenberg), 23 anos, filho da psicóloga Liza (Streep). Só que até os seus 30 minutos, os personagens não sabem que estão interligados: Liza é a terapeuta de Rafi. Até seria engraçado se houvesse química entre os atores e o diretor não apelasse para a mesmice de outros filmes do gênero.
E era para ser uma comédia...Bem, não dá para rir muito não. Fica no meio do caminho. A única coisa legal em Terapia do Amor é o seu final...não, não é porque terminou...mas é a única parte da história em que o diretor foge das convenções hollywoodianas. Claro que não vou contar aqui para não ser execrado por aqueles que forem assistir ao filme. Eu daria uma dica melhor: ao invés de ir ver Terapia do Amor, que tal pegar na locadora para rever o genial Harry & Sally - Feitos um para o outro, clássico do final dos anos 1980. Este sim era divertido para caramba e sempre vale a pena revê-lo.

Onde andará?


A ex-musa dos anos 1990 Julliete Lewis? Continua filmando, mas há muito tempo não chama mais atenção. Sua última aparição e sem destaque foi na desastrada comédia Starsky & Hutch - Justiça em Dobro, de 2004. Mas quem vai esquecer dela seduzindo Woody Allen em Maridos e Esposas, de 1992, ou enlouquecendo, mais ainda, Robert de Niro, em Cabo do Medo, de 1991? E ainda matando gente em Assassinos por Natureza, de 1994. O tempo, às vezes, é cruel.

quarta-feira, abril 26, 2006

Viciado

Já fui daqueles cinemaniacos de ver tudo o que era tipo de filme. Chegava ao ponto de assistir 3, 4 filmes num só dia. Quando descobri o prazer do cinema era até legal. Coloquei os clássicos em dia - pegar uma sessão no falecido Sala Vogue, na Independência, para ver Papillon, depois correr até o Avenida - outro fechado e hoje transformado em bingo - para curtir Paris, Texas. Na sequência, parar no ABC, também desaparecido e admirar Veludo Azul e fechar o ciclo com o sueco Minha Vida de Cão no Capitólio. Como tinha gás para tanto? Mas valia a pena. E para completar, ler o saudoso Diário do Sul com as críticas de Luiz Carlos Merten, hoje esbanjando talento no O Estado de S. Paulo. E eram filmes que tinham o que dizer, ou como se diz na linguagem do futebol, mostravam ao que vinham.
Com o tempo, fui passando a ir ao cinema sem critério. Valia qualquer coisa, a quantidade, não a qualidade. Tipo uma disputa com outros malucos por cinema. Então no mesmo dia era capaz de curtir o belo Tomates Verdes Fritos, o maravilhoso A Igualdade é Branca com Desejo de Matar 5 ou Velocidade Máxima!!!!
Aja dó. Larguei.
Agora escolho com mais cuidados o que verei no cinema ou mesmo no DVD, mesmo que por vezes acabe escorregando. Mas é que tem filmes que você sabe, são uma bomba, mas algo o faz ir ao cinema por duas horas para se irritar. Por exemplo: estou tomando coragem para ir ver Instinto Selvagem 2, com Sharon Stone. Não vi, mas já sei que deve ser uma tremenda bobagem. O primeiro já não era lá essas coisas.
E você acha que vale a pena sair de casa para assistir bobagens do tipo Aquamarine, Anjos da Noite (apesar da presença de uma das mais belas mulheres do mundo, Kate Beckinsdale), Doom - A porta do Inferno e Armações do Amor? No tempo em que você vai perder com este tipo de filme, fala o seguiknte: leia um bom livro, vá dar uma caminhada ou cate na locadora mais próxima de sua casa um clássico de Alfred Hitchcock, um de Charlie Chaplin, um Woody Allen (os da década de 1970 são excepcionais, como Bananas, Um Assaltante Bem Trapalhão, Annie Hall, Sonhos de Um Sedutor, A última noite de Boris Grushenko e os dos anos 1980 como o fantástico Hannah e Suas Irmãs e A Era do Rádio), um Ingmar Bergmann (Fanny e Alexander ou O Sétimo Selo) ou ainda um Fellini (se não viu ainda Amarcord, não perca tempo, vá atrás). E bom divertimento.

terça-feira, abril 25, 2006

Seriados


Seriados

Na minha infância, tinha verdadeira paixão pelos enlatados norte-americanos como O Homem de Seis Milhões de Dólares, Hulk, Casal Vinte, Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, Ultraman, Terra de Gigantes, Banana Splits e Chips.
Com a chegada da adolescência e a descoberta da política, a tevê passou a ser uma coisa quase alienante. Só sobrava espaço para assistir ao Pop Som, na Cultura, os jogos de futebol, vá lá, Miami Vice e Caras e Caretas. Mas era só.
Até que descobri Anos Incríveis (Wonder Years) e passei a ver os seriados com outros olhos. E com o advento da tevê a cabo, redescobri os clássicos e coisas novas como Minha Vida de Cão, com Claire Danes, Seinfeld, Arquivo X (estes dois os melhores de todos os tempos!!!), Kids in the Hall e pude ver na íntegra Barrados no Baile, que a Globo mutilava.
Fiquei um fanático por seriados. Gravava tudo e não conseguia dar conta das fitas que se acumulavam em frente ao televisor. Com o tempo eles foram perdendo o encanto. Dei graças aos céus quando Friends, Party of Five e Dawson's Creek acabaram. Começaram bem, no meio passaram a ser uma chatice e no final estavam lá só atrapalhando a grade de programação.
Já os finados e citados Seinfeld e Arquivo X acabaram no tempo exato e até hoje mantém uma mística que os faz serem revistos sempre.
Há dois anos, Sex and the City causou furor. Acabou. E repito, em tempo. Pois era ótimo e não deixou esgotar a fórmula. Ficou aquele gostinho de queremos mais.
Hoje o que tem no ar que nos faz parar meia hora ou uma hora em frente à tevê?
Citaria o hilário Scrubs, sobre uma equipe médica muito doida (alguém aí lembrou do saudoso M.A.S.H.?), C.S.I, seja o Las Vegas, o Miami ou o New York, That's 70's Show (que está na última temporada), Cold Case e Without a Trace. Mas tem uma série que é uma verdadeira maravilha e de fazer a gente rolar de rir no sofá: Everybody Hate Chris - que mostra a adolescência do ator Chris Rock (Máquina Mortifera 4, A enfermeira Betty e O Principe das Mulheres) no Bloocklyn - bairro nova-iorquino - no começo da década de 1980.
Divertido, debochado, mostra as agruras de um garoto negro, o único em sua escola, e que sofre nas mãos dos irmãos mais novos e de coleguinhas racistas. Narrado pelo próprio Chris Rock, tem uma bela trilha sonora, que evoca aqueles anos que encantaram tanta gente. Vale uma espiada na Sony, às 20h das terças-feiras.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...