Apocalypto
O início do final de uma civilização. É o que tenta nos contar Mel Gibson em seu novo filme, Apocalypto. O diretor e ator norte-americano, mas criado na Austrália, retrata em Apocalypto o povo maia, principalmente na figura do índigena Jaguar Paw (Rudy Youngblood).
Natural de uma aldeia de pacatos caçadores, Jaguar e conterrâneos seus, se transforma da noite para o dia em prisioneiro de violentos maias, para servir de oferenda aos deuses. Assim, governantes da decadente sociedade acreditam possam salvá-la do fim. Decretada a sua morte, Paw passa a ter como objetivo voltar à sua mulher, grávida, e ao seu pequeno filho, que sobreviveram a chacina da aldeia. Bem, não quero dar mais detalhes para não estragar a história e nem ser xingado - pô, não vai contar o filme pois ainda não o vi...Tá bom, tá bom.
Só que Apocalypto não é um filme magistral, mesmo tendo todos os ingredientes para o sê-lo. Em seus primeiros momentos tudo leva a crer Mel Gibson produziu algo fantástico. Começando pelo visual, pelas tomadas geniais na floresta, pelas caçadas. Por mostrar os nativos no seu dia-a-dia, no uso da língua nativa (assim como fizera em Paixão de Cristo), mesmo correndo o risco de muita gente fugir do cinema por causa dessa escolha. E são 140 minutos que o espectador nem sente passar.
Só que Apocalypto não sobrevive a análises mais profundas, pois é cheio de furos de roteiro
, por passagens inverossíveis e porque lá pelas tantas se transforma apenas num filme de pega-pega pela floresta, com muito sangue e tripas escorrendo na tela (ops, olha aí de novo Paixão de Cristo). A caçada humana lembra muito o que passa Sylvester Stallone (Rocky Balboa 6 vem aí) em Rambo I , que é um ótimo filme.
Afinal, quem gosta muito de cinema de ação não vai se decepcionar. A arte, no entanto, fica para a próxima tentativa do senhor Mel Gibson. Bem que de repente não fosse o seu objetivo.