sexta-feira, agosto 31, 2007

CIDADE DOS HOMENS




Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha) cresceram...vão fazer 18 anos e querem mudar as suas vidas na favela em Cidade dos Homens, de Paulo Morelli. Extremamente realista e mais violento do que o seriado que nos acostumamos a ver na sexta-feira à noite desde 2002 na tevê, a dupla de amigos aqui continua se metendo em enrascadas. Afinal são azarados desde que vieram ao mundo. Porém agora a maioridade pesa sobre eles.
Acelora já é pai do pequeno Clayton (os gêmeos Vítor e Vinícius Oliveira), que teve com a única namorada, Cristiane, que está de malas prontas para ir trabalhar como babá em São Paulo. Laranjinha, por sua vez, continua na busca incessante pelo pai que não conheceu. Atrás de tudo isso, um Rio de Janeiro sufocante e a briga pelo controle dos morros pelos traficantes. Cidade dos Homens é nu e cru, sem cair em pedantismo. A vida nos morros é cruel e a morte pode estar do lado, ao dobrar uma de suas inúmeras vielas.
Mas também tem bom humor, com piadas afiadas disparadas principalmente por Douglas Silva, que é a cara de Pelé. Ele é melhor ator do que seu parceiro de cena, Darlan, que longe de seu personagem Laranjinha, já decepcionou como o garoto classe média de Meu Tio Matou um Cara.
O filme também tem uma boa sacada, ao relembrar momentos dos dois garotos desde o início da série há cinco anos atrás. Cidade dos Homens é feito para ser visto e revisto.

PARANÓIA



Hitchcock para adolescentes ou para iniciantes. Claro que guardadas as devidas proporções, é assim que pode ser encarado Paranóia (Disturbia), de D.J. Caruso (de Roubando Vidas). O garoto Kale (Shia Laboeuf, de Transformers e com a cara de John Cusak aos 18 anos) está impedido de sair de casa por três meses. Está em prisão domiciliar após agredir um professor que fez comentários nada agradáveis sobre o seu pai, que morreu num acidente há cerca de um ano.
Preso dentro de casa, carrega na perna um aparelho conectado com a polícia - caso ele se afaste 30 metros, os policiais são acionados, e em caso de quebrar as regras, vai para uma prisão de verdade - Kale passa os dias matando o tédio observando a vizinhança por um binóculo. Alguém aí se lembrou de James Stewart em Janela Indiscreta? Pois acertou.
Nesta sua vigilância, Kale começa a encontrar indícios de que seu vizinho, o sr. Turner, pode ser um serial killer que vem matando mulheres em vários estados. O garoto passa a ser ajudado na sua investigação pela vizinha Ashley (Sarah Roemer, de O Grito 2) e do amigo Ronnie (Aaron Yoo). Mas no que sobrava em Hitchcock - o suspense, a sutileza, aqui falta. O espectador não leva sustos, não tem surpresas ao longo das história, que não é ruim. E o final é atropelado, pois ao invés de tentar buscar uma boa solução para a história, o diretor buscou o caminho mais fácil. Afinal, o público de hoje não quer pensar muito. Gosta de tudo mastigadinho. E o que poderia ser uma boa história de assassinos em série acaba caindo na vala comum.

O ULTIMATO BOURNE



Jason Bourne se chama Gilberto de Piento e nasceu em Osasco, São Paulo. Verdade. Esta é uma das várias identidades do personagem de Matt Damon no bom O Ultimato Bourne, a última parte da trilogia cinematográfica. Neste episódio, dirigido por Paul Greengrass, que abusa, mas eficientemente, das tomadas externas - as cenas na estação de metrô de Londres e a perseguição pelas ruas de Tânger, no Marrocos, são as melhores dos últimos anos - o assassino arrependido está próximo de descobrir sua real identidade, ao mesmo tempo que se vê obrigado a fugir dos agentes da CIA que têm a missão de eliminá-lo.
O filme, como em A Identidade Bourne e a Supremacia Bourne, faz uma tour por diversos países da Europa e agora como citado acima, até na África e Estados Unidos, mais exatamente Nova Iorque, onde acontece uma sensacional persegfuição automobilística, com direito, claro, a vários carros destruídos. A câmera está mais nervosa do que nunca e faz um contraponto a Matt Damon, que reconhece ter renascido ao interpretar Bourne. Seu personagem é quase calado, metódico, porém extremamente violento. E Damon, zoado a valer em Team America (se não viu ainda, pegue em sua locadora), mostra ser um ótimo ator, apesar de muita gente achar o contrário.

Sem Reservas




Sem Reservas (No Reservations) é a versão americana para o alemão Simplesmente Martha, de 2001. Aqui não poderei comparar os dois, pois desculpem o trocadilho, simplesmente não sei onde me encontrava quando o segundo passou nas nossas telas. Ouvio dizer que é muito bom e que a versão de Scott Hicks, com Catherine Zeta-Jones e Aaron Eckhardt é muito fraca.
Bem, não só fraco, como previsível. Nele, a chefe de um restaurante nova-iorquino, Kate, vive sozinha, é neurótica e perfeccionista com o seu trabalho. Até que vê a sua vida mudar ao ter de passar a cuidar da sobrinha, a meiguinha Zoe (Abigail Breslin, ela mesma, de Pequena Miss Sunshine), após a morte da irmã. Ao mesmo tempo, vê seus domínios ameaçados quando a dona do restaurante, Paula (Patricia Clarkson, do seriado Frasier) contrata o bem-humorado e amante de ópera (aliás, quem suporta ouvir ópera 24 horas por dia? só mesmo em filme) Nick (Eckhardt, de Obrigado por Fumar).
Claro que desde o momento em que vemos a dupla começar a brigar, já sabemos o que acontecerá. Tudo previsível, sem maiores surpresas. Pelo menos tem a estonteante Catherine Zeta-Jones, que um dia encantou Michael Douglas e o mundo ao aparecer em Zorro. Como esquecer?
Detalhe: o ator que interpreta o psiquiatra de Kate, Bob Balaban, parece estar preso no mesmo personagem por toda a eternidade. Em quantos filmes você já o viu como psiquiatra? São muitos. Aliás, ele esteve presente na terceira temporada de Seinfeld como um executivo de uma emissora de televisão e apaixonado por Elaine.

Licença para Casar



Licença para Casar (Licence to Wed) consegue ser daquelas comédias em que ficamos constrangidos pelos atores em cena. O pior do filme de Ken Kwapis, porém, é o veterano Robin Williams, que um dia foi um bom comediante, se é que foi. Aqui ele está mais chato do que nunca no papel de um padre bisbilhoteiro.
O casal Ben (John Krasinski, de The Office) e Sadie (Mandy Moore, de Galera do Mal) quer juntar os trapinhos para sempre. Para tal, deve fazer um curso de noivos com o atrapalhado padre Frank (Williams), que decide levar as últimas consequências a paciência do casal. Afinal, ele quer ter certeza de que são compatíveis para constituir matrimônio. A dita comédia, no entanto, está recheada de piadas fracas e requentadas - um tipo Zorra Total de 90 minutos. No final, você pergunta, por que raios fui ver este filme?

quinta-feira, agosto 16, 2007

Os Simpsons, o Filme



Logo no começo, Homer Simpson pergunta aos espectadores: Por que pagar para ver um filme se você pode assistir os mesmos personagens de graça na tevê! Ora, porque Simpsons, o Filme, é extremamente divertido e não perde nenhum pouco da mística que vemos semanalmente na telionha há 18 anos. E pasmém, nos acostumamos e adoramos o desenho dublado tanto na Globo quanto na Fox. Quem é fã da série vai sair do cinema com dores de tanto rir. Homer, para não perder o costume, está mais idiota do que nunca.

E no longa ele apronta um desastre ecológico em Springfield, jogando os dejetos de seu porquinho de estimação, o Harry Pig, no lago. Isso faz com que a cidade seja isolada do mundo por uma cúpula de vidro, por ordem do presidente americano...Arnold Shwarzennegger. E como a cidade não tem mesmo jeito, será implodida, com todos os seus hilários moradores dentro - menos o sr. Burns e seu ajudante Smithers e a família Simpson, que havia escapado dias antes. Temos até um road-movie, com Homer, a esposa Margie, Lisa, Bart e Maggie fugindo para o Alasca. E dezenas de piadas sexistas, citações de filmes, cenas de...sexo e até Bart fazendo um streep. Nota 10.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Primo Basílio



Da obra de Eça de Queiróz, Primo Basílio, o novo filme de Daniel Filho, supera as expectativas. Não cai nas armadilhas televisivas e tem no elenco feminino o destaque, com Débora Falabella e Glória Pires. Transposta para São Paulo nos anos 1950 (o original ocorria no século XIX, em Lisboa, Portugal), trata da infidelidade da dona de casa Luísa, que se apaixona pelo primo aventureiro (Fábio Assunção) e é chantageada pela empregada Juliana (Pires), enquanto o marido Jorge (Reynaldo Gianechini) está no Planalto Central trabalhando na construção de Brasília.
A reconstituição de época é impecável, desde o vestuário, móveis e uma São Paulo por vezes digitalizada. Glória Pires como a empregada é apresentada com o rosto e o corpo desfigurados. Ela, que muita gente já está considerando a principal dama da televisão brasileira, no entanto peca na voz da empregada, semi-analfabeta, mas que fala sem erros, sem sotaques. A lindinha Débora Falabella faz uma dona de casa mimada, sonhadora e por vezes ingênua, o que nos dias de hoje soaria como anacrônico - mas até o tema infidelidade não é mais tratado como há 50 anos. Outro destaque é Simone Spoladore (de Desmundo), que interpreta a amiga despudorada e infiel de Luísa. No lado masculino da história, quem está muito bem é Guilherme Fontes, aquele mesmo do escândalo Chatô, filme que nunca ficou pronto e custou os olhos da cara com o dinheiro do governo!. Ele é Sebastião, o amigo fiel de Jorge e que tenta ajudar a mocinha a se livrar da enrascada que havia se metido. Já Fábio Assunção como Basílio e Gianechini como o marido traído estão apenas corretos. Ah, para ganhar o público feminino, Daniel Filho abusa dos closes de traseiro dos dois galãs!

Saneamento Básico, o Filme



Não quero e nem pretendo ser bairrista, pois achei Cão sem Dono muito fraco. Mas Jorge Furtado mais uma vez acerta no delicioso Saneamento Básico, o Filme. Seja pela excelente equipe de atores, seja pela piada do filme dentro do filme, seja pelos diálogos ensandecidos, onde mal dá tempo de o expectador parar de rir e já emendar outra gargalhada.
Uma pequena comunidade na Serra Gaúcha, Linha Cristal, perto de Bento Gonçalves, quer solucionar o problema de uma fossa que impregna o local de um intenso mal cheiro. E pede ajuda para a prefeitura. Porém verba não há para tanto. O que resta são R$ 10 mil para a realização de um vídeo e se não for utilizado para tal, o recurso será devolvido para os cofres de Brasília.
Então Maria (Fernanda Torres) e o marido Joaquim (Wagner Moura) planejam a realização de um filme de ficção de...monstro...pois ficção tem monstro, segundo ela. Gasta-se um pouco e o resto vai para a obra sanitária. Com a participação da irmã Silene (Camila Pitanga, deslumbrante) e o namorado Fabrício (Bruno Garcia tirando sarro dos atores canastrões), a trupe tenta filmar a história. Que foge ao controle e fica mais empolgante e dispendisiosa com a entrada de Zico (Lázaro Ramos), dono de uma empresa de filmagens de casamentos e metido a cineasta. A coisa acaba tomando proporções "hollywoodianas".
Saneamento Básico, o Filme, conta ainda co m o veterano Paulo José, que faz o italiano pai das meninas e dono de uma loja de móveis. É vísivel a batalha de Paulo José em driblar o Mal de Parkinson, doença que o aflige há mais de uma década. Não deixe de assistir. Satisfação garantida.

Duro de Matar 4.0



Eta filme pipoca dos bons. Bruce Willis chega ao quarto volume da cinesérie em Duro de Matar 4.0 (Live Free or Die Hard), direção de Len Wiseman. Aos 52 anos e sempre careteiro, mas bem-humorado, o ex-sra. Demi Moore é praticamente o Super-Homem, indestrutível. Depois de lutar num edifício em 1988, no aeroporto dois anos depois e no metrô em 1995, agora o policial John McClane luta contra um terrorista expert em informática, Greg (Timothy Olyphant) e seus asseclas, incluindo a deliciosa oriental Mai (Maggie Q).
Após ser ridicularizado pelo governo após o 11 de setembro (para quem não se lembra, os atentados as Torres Gêmeas), o vilão decide dar o troco e provar que o sistema de defesa americano é falho e vulnerável, podendo ser sabotado pela rede de computadores. Claro que McClane cai na história de para-quedas: "o homem certo no lugar errado", pois tem a missão de defender a vida de um hacker, Matt Foster (Justin Long, sósia pobre de Keanu Reeves). O policial, entre muitas piadinhas, fica mesmo possesso quando a gangue sequestra a sua filha, a indomável Lucy (Mary Elizabeth Winstead). Desta vez não tem Bonnie Bedelia, que interpretava a esposa de Willis e que sempre encontrava-se no lugar errado.
Em Duro de Matar 4.0, McClane duela com um jato F-15, pilota um helicóptero, pula de uma altura de 10 metros, toma tiro no peito e só sai mancando. O filme é pura adrenalina, mas se McClane é indestrutível, DM 4.0 é vulnerável aos furos de roteiro e de sequência. Dá para fazer uma lista enorme dos erros. Mas se você vai assistir DM 4.0 é porque quer se divertir e não pensar muito, não é?!

A Volta do Todo-Poderoso



Steve Carrell é um ótimo comediante, vide o excelente seriado The Office ou o divertido filme O Virgem de 40 anos. Porém em A Volta do Todo-Poderoso (Evan Almighty, direção de Tom Shadyac) a decepção é completa. Se no primeiro filme, Jim Carrey e Morgan Freeman, aqui de volta fazendo o papel de deus, faziam a gente dar algumas risadas, agora o constrangimento é total.
O personagem de Carrell, Evan, esteve presente no primeiro filme e agora é eleito deputado e com a mulher, Joan (Lauren Graham, a mãezona de Gilmore Girls) e os 3 filhos, vai morar num condomímio fechado próximo a capital Washington. Como bom religioso que se acha, uma noite antes de dormir, ele pede a Deus que consiga a salvar o mundo. Pois é prontamente atendido: Deus o instrui a construir uma arca e ele reencarna Noé. Claro, passa a ser taxado de louco e cercado por casais de animais. Porém Carrell, John Godmann - que deve estar pesando uns 180 quilos - e outros comediantes menos conhecidos do público brasileiro e que podem ser vistos nas séries que passam na tevê a cabo passam o tempo todo fazendo caretas e contando piadas sem a mínima graça. Bola fora.

A Leste de Bucareste



O regime ditatorial de Nicolau Ceasescu ainda pesa sobre a vida quase medíocre dos moradores numa cidadezinha perto de Bucareste, capital da Romênia. Os primeiros minutos de A Leste de Bucareste, de Corneliu Porumboiu parecem horas e quase tediosos. Mas não desista, pois a segunda parte é hilária, com três pessoas debatendo numa tevê local o dia 22 de dezembro de 1989 - quando o ditador foi deposto. Surpreendente e imperdível.

A Vida Secreta das Palavras



Garota de cerca de 30 anos, solitária, tira férias à força e acaba parando numa plataforma petrolífera em A Vida Secreta das Palavras, da espanhola Isabel Coixet. Hannah (Sarah Polley, de Minha Vida Sem Mim) vai encontrar no local pessoas como ela, que preferem a solidão e o silêncio, aonde guardam os mais profundos segredos. A garota, que é surda devido a torturas sofridas durante a guerra da ex-Iugoslávia, acaba se envolvendo emocionalmente com um funcionário da plataforma, Josef ( o sempre bom Tim Robbins) e tenta evitar que os sentimentos venham à tona. Preste atenção num dos personagens do filme, o cozinheiro Simon, interpretado por Javier Cámara. Ele era o enfermeiro em Fale com Ela, de Almodóvar.

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...