Thursday, May 21, 2015

“Crimes Ocultos”



Entre os anos 1970 e 80, Andrei Chikatilo tocou o terror na antiga União Soviética. Serial killer dos mais prolíficos, matou 53 pessoas, com os corpos sendo jogados ao longo das ferrovias do país. Mas apesar da similaridade dos crimes, as autoridades se recusavam a acreditar em assassinatos de um maníaco, já que eles não existiam na URSS. Serial killer era coisa de americano. Pois em “Crimes Ocultos” (Child 44), direção de Daniel Espinosa, a história é recriada, mas ocorrendo em 1953, último ano do governo ditatorial de Josef Stalin.

Um herói da II Guerra e agora agente do governo, Leo Demidov (Tom Hardy, que também pode ser visto no novo Mad Max), começa a desconfiar da existência de um matador serial depois que corpos de garotos vão sendo encontrados perto das ferrovias. Mas suas suspeitas não são aceitas pelos superiores, já que no “paraíso não existem crimes”, o paraíso no caso é o dos trabalhadores, a URSS. Suas atitudes despertam a ira dos chefes, que dão um jeito de afastá-lo de suas funções, e ao lado da mulher é expulso de Moscou, e mandado para o interior do país, onde encontra um oficial que acredita em suas teorias, o general Mikhail Nesterov (Gary Oldman). E eles vão atrás do assassino, apesar da perseguição de um ex-colega, o ambicioso e mau-caráter Wassilij Nikitin (Joel Kinnaman).

“Crimes Ocultos” consegue retratar exatamente a União Soviética à época de Stalin – as pessoas eram denunciadas e presas sem terem a mínima noção do que poderiam ter feito. Era um estado de terror, onde um simples comentário ou uma piada sobre Stalin podia custar a vida. O filme também é exuberante na reconstituição de época, com a reprodução das cidades, industriais, poluídas, com pessoas esfarrapadas e seus apartamentos apertados e sujos.

A solução do crime é um pouco forçada, mas não o suficiente para destruir o bom suspense construído ao longo de suas quase duas horas.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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