quinta-feira, julho 27, 2017
"Dunkirk"
Nunca me senti tanto dentro de um filme de guerra como em "Dunkirk", direção de Christopher Nolan. O diretor consegue nos colocar lá dentro da ação, seja em terra, mar e ar. E por mais que saibamos o final da história, o suspense está sempre presente, nos fazendo se contorcer na poltrona. Filmaço.
A história de "Dunkirk" mostra, sob três óticas, os eventos registrados na cidade litorânea francesa, onde entre 25 de maio e 4 de junho de 1940, 400 mil soldados ingleses e franceses ficaram encurralados por tropas alemãs, que então estavam no auge da sua Blitzkrieg, ou "Guerra Relâmpago". Os nazistas já haviam subjugado a Holanda e a Bélgica e logo estariam tomando conta da sua inimiga mortal, a França.
Os soldados, mal equipados, famintos, se refugiaram em Dunkirk com a esperança de escaparem para a Inglaterra. Mas faltavam embarcações e eles ainda sofriam com intensos bombardeios da Luftwaffe, a força aérea alemã. Então, os britânicos montaram um incrível esquema de resgate, utilizando centenas de pequenos barcos pesqueiros ou de lazer - pilotados pelos próprios pescadores ou civis. A ideia de Churchill era o de salvar, pelo menos, 30 mil soldados na batixada Operação Dínamo. E como se sabe, conseguiram dez vezes mais. O resto virou prisioneiro de guerra.
"Dunkirk" é mostrado pela ótica de um jovem soldado que tenta de todas as formas, embarcar num dos barcos, para voltar à casa. Tem também o piloto de um caça e um pai e filho, que deixam o conforto de sua casa em Dover, para atravessar o Canal da Mancha e salvar um punhado de soldados.
As cenas são fortes, tensas. E tudo ainda ganha o reforço de uma excepcional trilha sonora, de Hans Zimmer, que pontua cada minuto da ação, deixando os nossos nervos à flor da pele. Filmaço.
Duração: 1h47min
Cotação: excelente
Chico Izidro
"Em ritmo de fuga" (Baby Driver)
Um bom filme de ação, turbinado ainda com uma trilha sonora forte, com direito a clássico "Brighton Rock", do Queen, e com bons personagens coadjuvantes, do quilate de Jamie Foxx, Kevin Space e Jon Hamm (Mad Men). Mas vamos começar esquecendo o patético título nacional "Em ritmo de fuga". No original é "Baby Driver" e tem muito mais sentido. A direção é de Edgar Wright, e mostra o recém-saído da adolêscencia Baby (Ansel Elgort, de A Culpa é das Estrelas e a cinesérie A Série Divergente), como um piloto de carros que ajuda na fuga de criminosos após assaltos a bancos.
O garoto, porém, tem uma mania, que é ficar o tempo todo com fones no ouvido, escutando músicas - é que ele sofreu um acidente na infância e ouve músicas para diminuir o zumbido que o incomoda. Mas Baby é um excepcional motorista e derruba a dúvida que os assaltantes possuem sob sua capacidade. Só que o motorista está no trabalho pois deve uma grana a um chefão do crime, vivido por Kevin Space. Até que em certo momento, Baby passa a querer cair fora, pois simplesmente conhece uma garçonete por quem se apaixona, Debora (Lilly James).
Porém as coisas não serão tão fáceis assim de ele simplesmente cair fora e começar uma vida honesta. O passado é cruel e cobra. A história é bem contada, com cenas impactantes, principalmente as que mostram fugas em carros perseguidos por viaturas policiais. E a química de Elgort com Lilly James funciona.
Duração: 1h53min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Como se tornar um conquistador" (How To Be a Latin Lover)
Seria uma excelente comédia, caso não caísse no sentimentalismo familiar barato. O resultado é que ficou uma coisa escrachada, e usando termo oitentista, brega. "Como se tornar um conquistador" (How To Be a Latin Lover), direção de Ken Marino (de “Gattaca – Experiência Genética”), mostra a vida de um cara que optou pelo lado mais tranquilo de ganhar a vida - seduzindo mulheres ricas mais velhas.
Maximo (Eugenio Derbez) viu o pai morrer de tanto trabalhar e decidiu que não queria aquilo para ele. Então decide conquistar mulheres ricar e mais velhas - ops, já disse isso. Até conseguir casar com uma cinquentona milionária, acreditando que logo ela baterá as botas. Mas passam 25 anos, e ele fica gordo e preguiçoso, perdendo o posto para um homem mais jovem (Michael Cera) e acaba precisando ir morar com a irmã Sara (Salma Hayek) e seu sobrinho Hugo (Rafael Alejandro).
Aí que a coisa desanda e perde a graça. Maximo passa a usar o sobrinho de dez anos, nerd até o último fio de cabelo, para tentar ganhar Celeste (Raquel Welch), uma viúva bilionária e avó da paixão do garoto, Arden (Michaela Watkins). Mas aos poucos, Maximo vai criando um vinculo com Hugo, e ele vai amolecendo, pois descobre outros valores mais importantes que dinheiro e uma vida de luxo (a lição de moral do filme). Quase.
Duração: 1h55min
Cotação: regular
Chicio Izidro
"Más Notícias Para o Senhor Mars" (Des Nouvelles de la Planète Mars)
Philippe Mars é um homem pacato, beirando os 50 anos. Faz tudo certinho no dia a dia, e acaba sendo abusado por parentes, colegas e vizinhos. "Más Notícias Para o Senhor Mars" (Des Nouvelles de la Planète Mars), direção de Dominik Moll, mostra o cotidiano de um homem, que a certa altura acabará explodindo ou não? Numa cena crucial, ele anda na rua e vê um morador deixar de recolher o cocô do cachorro. Ao interpelar o vizinho, ouve ofensas e simplesmente se acovarda.
Philippe Mars é interpretado com muita precisão por François Damiens, o pai mudo de "A Família Beliers". Os filhos são verdadeiros pentelhos. O mais novo decide virar um ativista vegano, enquanto que a filha mais velha vende pinturas em que os familiares aparecem nus e o classifica como "loser" ou perdedor, por sua passividade e certo conformismo no emprego. Para piorar, um de seus colegas de trabalho, Jérome (Vincent Macaigne) surta, é internado e ao fugir, busca refúgio no apartamento de Phillipe. E Jérome é o contrário do personagem principal, pois é uma pessoa invasiva, sem noção, que quer impor suas vontades, sem se importar com a opinião dos outros.
Uma das sacadas do filme é mostrar Phillipe Mars no espaço, como um astronauta - e sem esquecer que o seu nome é exatamente o de um planeta, Marte. A metáfora explicita a condição de Phillipe, que vive fora deste mundo, talvez para evitar choques com as pessoas que o cercam e que possam tirá-lo de sua zona de conforto - que ele é obrigado a abandonar por causa de terceiros. Numa cena crucial, ele anda na rua e vê um morador deixar de recolher o cocô do cachorro. Ao interpelar o vizinho, ouve ofensas e simplesmente se acovarda.
Duração: 1h41min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, julho 20, 2017
"Fala Comigo"
"Fala Comigo", o primeiro filme de Felipe Sholl, mostra o relacionamento de um adolescente de 17 anos e uma mulher com quase 40, deprimida. E fala de fetiche, conservadorismo, homossexualidade. Enfim, põe o dedo em tabus. O personagem principal é Diogo (Tom Karabachian, filho do músico Paulinho Moska), que mora com a mãe, Clarice (Denise Fraga), terapeuta, o pai, vivido por Emílio de Mello e a irmã Mariana (Anita Ferraz). Ele tem a mania de ligar para as pacientes de sua mãe, e ouvir as vozes delas, enquanto se masturba.
Numa de suas ligações, ele acaba contatando Ângela (Karine Teles), que vive deprimida após ter sido abandonada pelo marido. E acredita que as ligações silenciosas sejam dele. Logo Diogo e Ângela entram em contato e entre eles surge uma atração, e os dois decidem manter um relacionamento. Claro que isso irá se chocar com a posição dos pais do garoto, que vivem uma crise de relacionamento, e não conseguem entender Diogo. Ele também se questiona sobre a sua sexualidade por ter feito jogos sexuais com um colega de escola.
O estreante Tom Karabachian está muito bem em seu papel, mostrando um olhar e um jeito de um garoto realmente tentando se encontrar sexualmente. Porém o grande destaque é mesmo Karine Teles, que já havia tido um desempenho magnífico como a patroa de Regina Casé no fantástico "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert. Aqui sua personagem é o oposto daquela. Uma mulher vivendo uma ciranda de emoções - tristeza, seguida de esperança....
Duração: 1h32min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Transformers: O Último Cavaleiro" (Transformers: The Last Knight)
"Transformers: O Último Cavaleiro" (Transformers: The Last Knight), dirigido por Michael Bay, é um filme que requer muita paciência, pois tem longas duas horas e meia. E uma história confusa, chata, com personagens rasos, robôs que se transformam em carros, explosões, muitas explosões. E começa lá na época do Rei Arthur e do Mago Merlin, passa pela II Guerra e chega aos dias de hoje, quando os tais robôs são considerados ilegais, e são defendidos por alguns seres humanos, entre eles Cade Yeager (Mark Wahlberg). A salvação está nas mãos da mocinha da vez, a professora Vivien Wembley (Laura Haddock), que seria a guardiã de uma arma alienígena.
O filme é muito confuso, abusa das correrias, do quebra-quebra, de lutas e explosões. Aliás, as lutas são mostradas tão rápidas, que não sabemos quem está brigando com quem. Lá pelas tantas, nos pegamos olhando o relógio para saber quanto tempo ainda resta de tortura - se você entrar na sala sabendo o tempo de duração.
"Transformers: O Último Cavaleiro" acaba se mostrando uma obra rasa, caótica, com uma história que vai do nada para lugar nenhum. E pensar que este quinto filme da franquia é contado como a segunda parte de uma trilogia - o próximo será lançado em 2019. Não sei se terei paciência para ver.
Duração: 2h29min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"De Canção em Canção" (Song to Song)
Terrence Malick é um diretor difícil. Com uma carreira iniciada nos anos 1970, com "Terra de Ninguém" e logo depois "Cinzas no Paraíso". Depois, ele ficou afastado da direção por longos 20 anos, só retornando no final da década de 1990, com "Além da Linha Vermelha". Já nos anos 2000, lançou "Novo Mundo". E mais um sumiço, voltando com o chatíssimo "Árvore da Vida", em 2011. Então veio "Amor Pleno". Ainda está na lista dos para assistir. Mas terei paciência depois de ver a sua nova obra, intitulada "De Canção em Canção" (Song to Song).
Agora, Malick foca na indústria musical. E com o mesmo esquema de seus outros trabalhos: uma câmera inquieta, personagens divagando sobre suas vidas. A história se passa em Austin, no Texas, em meio ao cenário musical local. E tem como foco um quadrado amoroso protagonizado por Cook (Michael Fassbender), um rico empresário da indústria musical, Rhonda (Natalie Portman), uma garçonete em crise financeira, que é seduzida por Cook, BV (Ryan Gosling), compositor em ascensão no mercado da música e em um relacionamento com Faye (Rooney Mara), cantora iniciante.
Músicos como Patti Smith, a banda Red Hot Chilli Peppers, Iggy Pop dão o ar de sua graça no filme - que vai se arrastando de uma forma tal, que por vezes me peguei piscando de sono e irritação. Me sentia sendo torturado por Torquemada durante a Inquisição Espanhola. Um filme para contemplar? Está mais para remédio para insones.
Duração: 2h09min
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, julho 13, 2017
"Poesia Sem Fim" (Poesía Sin Fin)
O octagenário cineasta Alejandro Jodorowsky dirige "Poesia Sem Fim" (Poesía Sin Fin), segundo de uma série de filmes que se propôs a fazer para contar a sua vida. O primeiro é "A Dança da Realidade", de 2013. A obra retrata a fase adolescente e começo de sua vida adulta, onde teve de romper com o rigoroso pai, comerciante e que não aceitava o filho ser poeta - vai virar bicha!, berrava ele, querendo que o rebento fosse médico.
"Poesia Sem Fim" começa com a família chegando a Santiago do Chile, onde o pai Jaime (interpretado por seu filho, Brontis) e a mãe (que fala como estivesse numa ópera), estabelecem um pequeno comércio em um bairro perigoso. Os habitantes da cidade são interpretados por pessoas vestindo máscaras, como se não tivessem identidade, todos pensando igual e sem perspectivas. Ao contrário do que Alejandro, vivido por Jeremias Herskovits, sonhava para ele, que rompendo com os pais, passa a conviver com poetas, músicos, palhaços, escultores. Vagabundos, na visão tacanha de seu pai.
Entrando na fase adulta, Jodorowsky passa a ser interpretado por seu outro filho, Adan Jodorowsky. Que é introduzido ao círculo íntimo dos artistas e intelectuais, conhecendo Enrique
Lihn, Stella Diaz, Nicanor Parra e tantos outros promissores escritores que, anos depois, se consagrarão como mestres da literatura moderna latino-americana. A vida não é fácil, falta dinheiro, e a fome está sempre presente. Mas os infortúnios sempre tratados com bom humor - o próprio diretor aparece fazendo intervenções, mostrando alguns caminhos para os personagens na tela. O filme se encerra com Alejandro partindo para Paris. Um filme genial.
Duração: 123min
Cotação: Excelente
Chico Izidro
"Soundtrack"
Por que algumas pessoas procuram o isolamento, o afastamento de semelhantes, e em lugares inóspitos? "Soundtrack", roteiro e direção da dupla Manitou Felipe e Bernardo Moura, conhecidos pelo apelido de 300ml, buscam na figura de um artista interpretado por Selton Mello tentar responder a algumas destas questões. E fazem um filme vigoroso, mas introspectivo e por vezes claustofóbico, e quase todo ele falado em inglês.
O artista fotográfico Cris (Selton Mello) se dirige até uma estação de epsquisa no Ártico para fazer um trabalho experimental: tirar fotos de si mesmo, as selfies, ouvindo músicas, para que em uma exposição que pretende realizar, as pessoas possam experimentar as suas mesmas sensações ao colocarem um fone de ouvido e apreciar suas fotografias.
O problema é que ele é visto com estranheza pelos habitantes da estação: o botânico brasileiro Cao (Seu Jorge), o especialista britânico em aquecimento global Mark (Ralph Ineson), o biólogo chinês Huang (Thomas Chaanhing) e o pesquisador dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran). Que não levam a sério o projeto de Cris, afinal enquanto eles imaginam estar fazendo algo sério, o trabalho do visitante é visto como excentricidade.
Durante 12 dias, o período de visita de Cris, eles terão de tentar conviver e mostrar as diferentes visões sobre seus trabalhos. Selton Mello consegue apresentar um personagem por vezes depressivo, mas também irresponsável, por não aceitar algumas regras de sobrevivência do local. Mas o destaque vai para a interpretação de Ralph Ineson, o patriarca de "A Bruxa", como um homem no limite de suas emoções. Ele sente-se preso ao lugar, e afastado da mulher, grávida de seis meses. Os dois fazem um ótimo embate, que por vezes angustia.
Duração: 112 min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Paris Pode Esperar" (Paris Can Wait)
Aos 81 anos, Eleanor Coppola, esposa de Francis Ford, estreia na direção de uma ficção. Ela já havia lançado em 1991, "Apocalipse de Um Cineasta", documentário onde ela retrata os bastidores de "Apocalipse Now", clássico lançado em 1979 pelo seu marido, mas que sofreu com a produção. Agora, Eleanor pega o espectador pelo estômago e pelo visual, numa obra delicada e sensivel. E sem grandes pretensões, por isso mesmo agradável.
A trama acompanha Anne (Diane Lane), casada com um produtor de cinema, Michael Lockwood (Alec Baldwin), que passa o tempo todo ao celular e prometendo aquelas férias a dois que nunca acontecem. À véspera de uma viagem para Budapeste, onde Michael fará negociações de uma filmagem, Anne sente dores nos ouvidos, e é impedida de viajar. Como após a Hungria eles iriam para Paris, ela recebe o convite de um dos sócios de Michael, Jacques (Arnaud Viard) de irem de carro para a Cidade Luz.
Anne aceita a sugestão. E a viagem será agradável, mas também estranha. Jacques é um bom vivant, galanteador, e comilão contumaz. No caminho de Cannes à Paris, ele vai apresentando para Anne as delícias da culinária francesa, sempre regada a bons vinhos. E ele é um homem culto, que vai pelo caminho contando os acontecimentos históricos que transcorreram nos locais por quais passam. Paisagens belíssimas, história, arte, comida, bebida. Saímos do cinema querendo ir direto para o aeroporto, e se mudar para a França.
Duração: 93min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, julho 06, 2017
"Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (Spider-Man: Homecoming)
Descaracterização. É o que acontece no novo "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (Spider-Man: Homecoming), direção de Jon Watts. Esqueça tudo aquilo que você leu nos quadrinhos do aracnídeo desde criança, ou até mesmo os filmes estrelados por Tob Maguire no começo do século e depois as versões com Andrew Garfield. Para atrair um novo tipo de público, mais jovem e conectado com as tecnologias atuais, a nova trama mexe com toda a mitologia do super-herói escalador de paredes. Além de fazer uma mistura racial, conectado com os novos tempos.
Na nova versão, o herói é vivido por Tom Holland e tem apenas 15 anos. Tudo bem, lá no início Peter Parker tinha mesmo esta idade. Porém, o resto é totalmente modificado. Ele ainda vive com a tia May, que agora é uma gostosona, Marisa Tomei, e não a velhinha enrugada que nos acostumamos a ver. Tem um amigo nerd gordinho e com ares orientais, o irritante Ned Leeds (Jacob Batalon). E sua paixão não é mais Mary Jane, mas sim a garota negra Liz (Laura Harrier). E o que falar do novo uniforme do Homem-Aranha? Como o personagem quer entrar para os Vingadores, e o novo longa mostra ser uma sequência de "Capitão América: Guerra Civil", o traje é completamente inteligente, todo computadorizado e projetado pelo padrinho de Peter, Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr).
A história mostra Peter Parker levando sua vida dupla - pela manhã na escola e à tarde e noite combatendo o crime pelas ruas de Nova Iorque, até que se depara com um vilão que trafica armas alienígenas, o Abutre, vivido por Michael Keaton, que um dia já foi o Batman.
"Homem-Aranha: De Volta ao Lar" (Spider-Man: Homecoming) não é, apesar de todas as alterações na mitologia do personagem, um filme ruim. Estão lá presentes o humor, a ação constante e muito drama pessoal, tanto por lado do herói, quanto do vilão - ele age criminosamente pensando em sua família. E acerto para Keaton, que não cria um bandido caricatural. Diversão certa.
Duração: 134 min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Galeria F"
“Galeria F”, dirigido por Emília Silveira, analisa os duros anos da Ditadura Militar, que duraram 21 anos no Brasil, de 1964 a 1985, sob a ótica de um preso político, Theodomiro Romeiro dos Santos, ex-militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e a única pessoa condenada à morte na história republicana do país, por ter matado aos 18 anos um dos policiais que tentava prendê-lo.
Ao lado do filho mais velho, Guga, Theodomiro visita as prisões onde foi encarcerado e relata como protagonizou uma das fugas mais incríveis naquele período triste. Os dois vão ao interior baiano, passando pelo Cemitério Campo Limpo em Ilhéus, pela fazenda Boa Esperança em Canavieiros, pela fazendo Olhos d’água em Itabebi, por Vitória da Conquista e pelo centro de tortura Forte do Barbalho em Salvador, percorrendo um total de 1277 quilômetros. Durante a viagem, Theo ainda encontra antigos colegas de guerrilha e outros com quem esteve preso e os que ajudaram em sua fuga para escapar do carrasco.
Um de seus grandes inimigos era o então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, o Toninho Malvadeza, que aparece dando entrevistas à Rede Globo, onde fala dos esforços dos militares e policiais em recapturar Theodoro.
O documentário analisa nas lembranças de Theodomiro aqueles anos brutos, e que para ele começaram a pesar em 27 de outubro de 1970, ocasião em que foi preso e torturado. E constata ainda, de forma infeliz, que o período da Ditadura está oi foi esquecido. Em determinado momento, Theodomiro pega uma balsa e conversa com seus tripulantes, que não sabem que o Brasil foi vitimado por mais de duas décadas por brutalidade militar. E o que falta ainda é o outro lado, o dos milicos, que não dão sua versão dos acontecimentos. Mesmo que já saibamos o que eles irão falar...ou mentir...
Duração: 1h26min
Cotação: bom
Chico Izidro
"A Mulher do Pai"
A vida de uma adolescente em uma cidadezinha na fronteira do Brasil com o Uruguai é o tema de "A Mulher do Pai", dirigido pela gaúcha Cristiane Oliveira. É uma obra sensível e extremamente comovente, mostrando ainda o desalento que é viver num local distante e afastado - e isso é constantemente lembrado pelos seus personagens. Até lembrei agora da música dos Engenheiros do Hawaii, "Longe Demais das Capitais".
A garota Nalu (Maria Galant) vive com a avó e o pai cego Ruben (Marat Descartes) numa casa afastada de um vilarejo. A vida dela é radicalmente afetada quando a avó morre e Nalu passa a ter a incumbência de cuidar do pai. E os dois são quase como estranhos. Não se falam, e quando o fazem é agressivamente. O destino de Nalu, que estuda no segundo grau, é virar tecelã, assim como o pai, que vive de uma pensão do governo e do pouco que consegue vender de suas peças no mercadinho local. "O que ganho mal dá para nós dois", fala Ruben em determinado momento.
A menina também tem uma forte curiosidade sexual e vai saciando isso com um rapaz uruguaio, sobrinho do dono da vendinha do local. Em certo momento, Nalu convida a professora de artes, a uruguaia Rosario (Veronica Perrota), a dar aulas de cerâmica ao seu pai. E isso vai afetar muito a vida dos três. Nalu se sentia indiferente em relação a Ruben, e repentinamente cria um ciúme tremendo, pois Ruben e Rosario passam a se entender muito bem.
Os atores estão ótimos em cena. A estreante Maria Galant consegue transmitir toda a angústia de uma adolescente que ainda não encontrou o seu espaço no mundo e também têm dúvidas do que pode fazer da vida. Marat Descartes passa toda aquela amargura de uma pessoa que depende de outras para fazer as coisas mais simples, como se alimentar. Único porém foi a utilização de um funk para mostrar como a vida na capital, no caso Porto Alegre, é legal. A melhor amiga de Nalu passa uma semana em Porto Alegre e no retorno mostra um funk à jovem, como algo bom e moderno. Com tanto ritmo musical mais interessante e inteligente, isso foi um retrocesso.
Duração: 94min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Divinas Divas"
Com uma sensivel direção da atriz Leandra Leal, "Divinas Divas" faz um retrato eloquente da vida de pessoas que nasceram para subverter, mas não de maneira proposital. Leandra foca a vida das travestis Rogéria, Jane di Castro, Divina Valéria, Camille K., Eloina dos Leopardos, Fujika de Halliday, Marquesa e Brigitte de Búzios, que venceram na vida como atrizes, cantoras, dançarinas. Suas vidas foram marcadas por luta, resistência e, principalmente, por se assumirem em uma época repleta de repressão, onde não se aceitava o homossexualismo e muito menos homens se vestirem e viverem como mulheres. Não que tenha mudado muita coisa no Brasil...
Leandra Leal desde pequena conviveu com personagens como Rogéria, que lembra sua infância, onde nunca foi reprimida pela mãe. E a diretora é neta de Américo Leal (não confundir com o político gaúcho), dono do teatro Rival, no Rio de Janeiro, que acolheu desde sempre espetáculos das transformistas, desafiando tabus, regras, normas medievais.
A diretora, atriz desde os 12 anos de idade, e protagonista de filmes como "O Homem Que Copiava", "O Lobo Atrás da Porta" e "Mato sem Cachorro", é discreta atra´s das câmeras - ela nunca aparece e pouco se escuta sua voz quando questiona os travestis sobre suas vidas. E foram vidas sofridas, mas elas não lamentam, e lembram momentos fortes, como Jane di Castro, que tem um companheiro há mais de 50 anos, e que perdeu empregos, amigos, por escolher viver ao seu lado. Um filme tocante e que nos faz pensar em nossos preconceitos.
Duração: 101 min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
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