quinta-feira, outubro 26, 2017

"Thor: Ragnarok"



Se em "Thor" (2011) e "Thor: O Mundo Sombrio" (2013), a trama era meio sinistra, com mão pesada, o terceiro filme do herói de Asgard, “Thor: Ragnarok” virou uma comédia, que vai agradar mais ainda aos fãs dos quadrinhos e filmes da Marvel. A direção é Taika Waititi, e o longa se aproxima muito de "Os Guardiões da Galáxia", além de ser uma mini-aventura dos Vingadores.

Na trama, Thor (Chris Hemsworth) tem de se unir ao seu irmão, o traiçoeiro Loki (Tom Hiddleston) para combater a irmã deles, Hela (Cate Blanchet), após a morte de Odin (Anthony Hopkins). A vilã da vez pretende se adonar de Asgard - além do que Thor ainda tem de tentar impedir impedir Ragnarok – a destruição do seu mundo e o fim da civilização Asgardiana.

O herói tem, então, além de se aliar ao irmão, montar uma equipe formada por Hulk (Mark Ruffalo) e Valquíria (Tessa Thompsom), para combater Hela. Mas no filme, nada é levado muito a sério. Mesmo nos momentos mais nervosos, é aberto um espaço para a tiração de sarro. "Thor Ragnarok" tem, também, um punhado de coadjuvantes como Idris Elba vivendo Heimdall, o Guardião de Asgard, o divertido homem de pedra Korg (o próprio Taika Waititi), Jeff Goldblum como o Grão-Mestre e Benedict Cumberbatch como Dr. Estranho. Ah, tem ainda a participação tradicional de Stan Lee, como um barbeiro alienígena.

A interação entre Thor e Hulk é gigantesca - Thor se acha o gostosão do pedaço, enquanto que Mark Ruffalo não como o monstro-verde, mas na pele do Dr. Bruce Banner parece mais perdido do que cego em tiroteio, em participação hilária. Já as cenas de batalha, embaladas pela música Immigrant Song, do Led Zeppelin, são grandiosas. O único problema talvez esteja com a vilã protagonizada por Cate Blanchett - ela está careteira, e pensando que está desfilando em uma passarela.

Duração: 2h11min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

O Formidável (Le redoutable)



O diretor Michel Hazanavicius, que já havia homenageado o cinema coim o oscarizado "O Artista", volta mais uma vez seu olhar para a sétima arte, no caso falando sobre um de seus maiores cineastas, o conterrâneo francês Jean-Luc Godard, um dos ícones da Nouvelle Vague, ao lado de François Truffaut, em "O Formidável (Le redoutable). O longa fala de um período específico do diretor de "Acossado", "O Desprezo" e "Je Vous Salue Marie". No caso o ano de 1967, quando ele lançava "A Chinesa".

Godard, aqui é visto como uma pessoa egocêntrica, fria e arrogante, mas ao mesmo tempo apaixonado pela atriz principal de "A Chinesa", que viria a ser a sua esposa, Anne Wiazemsky (Stacy Martin). Hazanavicius mostra uma Paris conturbada, se aquecendo para os protestos de 1968. Godard, interpretado por Louis Garrel, fisicamente muito semelhante ao diretor, e que tem de encarar situações por vezes estranhas e controversas. Muitos personagens surgem em cena, ora xingando seu filme, ora o elogiando. Hazanavicius filma com propriedade as manifestações de rua na capital francesa e as reuniões nas faculdades.

Godard não é um sujeito de fácil convivência - pelo menos é o que é mostrado em "O Formidável". Aos poucos ele vai matando o relacionamento com sua esposa, se mostrando distante, arrogante, o dono da verdade. O filme tem momentos sérios, mas também abre espaço para a comédia, principalmente nas sequências em que Godard vê seus óculos serem quebrados, seja por tombos, pisões.

"O Formidável" é um longa divertido e que faz rir através de situações inusitadas. E o que colabora ainda são as atuações excepcionais de Louis Garrel, que evoca o ser azedo, irônico e cheio de desprezo que era Godard, e Stacy Martin, com um jeitinho doce e dellicado, e que também se assemelha em muito a atriz de "A Chinesa", Anne Wiazemsky.

Duração: 1h42min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Manifesto" (Manifesto)



Em ""Manifesto" (Manifesto), do diretor alemão Julian Rosefeldt, a atriz Cate Blanchett interpre 13 personagens diferentes, em uma série de monólogos, onde ela analisa o que é arte e sua importância para a sociedade contemporânea. Ela tenta responder ou questionar os componentes performáticos e o significado político de declarações artísticas e inovadoras do século XX, que vão dos futuristas e dadaístas ao Pop Art, passando por Fluxus, Lars von Trier e Jim Jarmusch.

Cate encarna, para falar sobre a arte, um mendigo, dona de casa, jornalista, roqueira e por aí vai, com personagens indo e voltando. Mas o problema é que "Manifesto" não tem ritmo, é enfadonho, fazendo com que o espectador se perca no meio de tanta ladainha se passando por filosofia. Lá pelas tantas nos vemos brigando para não desistir e sair no meio do filme, ou mesmo de tentar não pegar no sono - confesso que Morpheus acabou me vencendo em alguns momentos.

O que se salva é a performance de Cate Blanchett, realmente fascinante na maioria dos papéis que topou fazer. Mas isto é muito pouco para salvar esta obra do naufrágio total.

Duração: 1h34min
Cotação: ruim

quinta-feira, outubro 19, 2017

"Bom Comportamento" (Good Times)



Esqueça Robert Pattinson de a saga vampiresca "Crepúsculo", onde o ator passava o tempo com cara de deprimido e entediado. Em "Bom Comportamento" (Good Times), direção dos irmãos Bennie e Joshua Safdie, Pattinson interpreta Constantine Nikas, um assaltante um pouco azarado e equivocado em suas ações, mas extremamente devotado ao irmão mais novo, Nick Nikas (Bennie Safdie), que é deficiente mental.

Sonhando com uma vida melhor e longe das agruras de Nova Iorque, Constantine organiza um assalto a um banco no Queens, onde leva o irmão. As coisas acabam dando erradas e Nick é preso. O que resta a Constantine é bolar um plano para tirar o irmão de trás das grades. Todo o evento da tentativa de salvamento ocorre durante apenas uma noite e vai envolvendo outras pessoas, que de uma forma ou outra, se mostram dispostas a ajudar o azarado ladrão.

As cenas são alucinantes, mostrando uma Nova Iorque noturna e underground, e traz uma trilha sonora forte e angustiante. Robert Pattinson apresenta uma das melhores atuações de sua vida, mostrando que aquele vampiro insosso de "Crepúsculo" faz parte do passado. O elenco também traz Jennifer Jason Leigh (Garota Solteira Procura...) como Corey, a namorada desajustada de Connie, Buddy Duress (Amor, Drogas e Nova York) no papel de Ray, um traficante, a iniciante Taliah Webster como a garota negra Crystal, sem muitas perspectivas jovem sem muitas perspectivas, cai na lábia de Constantine e Barkhad Abdi (Capitão Phillips), que trabalha como segurança num parque de diversões.

Duração: 1h41min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Tempestade: Planeta em Fúria" (Geostorm)



Mais uma vez o planeta está em risco de extinção. Então o cientista Jake Lawson (Gerard Butler) criou uma máquina capaz de controlar, através de satélites, o clima na Terra. Mas claro que algo vai dar errado, em "Tempestade: Planeta em Fúria" (Geostorm), direção de Dean Devlin, ex-parceiro do mestre em cinema-catástrofe Roland Emmerich.

A ação transcorre no futuro próximo, e tem aquelas pitadas familiares sentimentalóides, além de ser repleto de furos. A linha é a mesma de outros filmes como "O Dia Depois de Amanhã", "O Inferno de Dante", "Volcano – A Fúria", "Impacto Profundo" e "Armageddon". Então dê-lhe explosões, vendavais, nevascas, tsunamis. Mas desta vez nada de destruir Nova Iorque. As cidades visadas são Madri, Nova Delhi, Dubai e o Rio de Janeiro, que tem Copacabana atacada por uma onda de gelo - e a computação gráfica esqueceu do calçadão!!!

O tal cientista, Jake Lawson, tem uma relação complicada com o irmão Max (Jim Sturgess), que namora secretamente, Sara (Abbie Cornish), a chefe de segurança do presidente dos Estados Unidos, interpretado pelo canastrão Andy Garcia. O sistema criado por Lawson apresenta falhas por causa de uma sabotagem - aí fica a pergunta, o vilão tem o objetivo de fazer o mundo ser destruído para poder governá-lo!!!!

O elenco traz ainda Ed Harris como um conselheiro do governo, Alexandra Maria Lara no papel da astronauta líder da equipe do satélite e a carismática Zazie Beetz (a Domino de Deadpool 2) como uma especialista em infórmatica. É um filme ruim, repleto de clichês e que não tem nada de novo a dizer.

Duração: 1h49min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Além da Morte" (Flatliners)




Às vezes me pergunto qual a necessidade de se refazer um filme? Parece que o objetivo dos produtores é piorar a história. São poucas as refilmagens que se saíram melhor do que o original. Um dos casos é "It - A Coisa", e para por aí. Agora "Linha Mortal", de 1990, vira "Além da Morte" (Flatliners), direção de Niels Arden Oplev.

O primeiro filme levava vantagem até no elenco, que contava com por Kevin Bacon, Oliver Platt, William Baldwin e Julia Roberts e Kiefer Sutherland, que até faz uma ponta nesta nova versão, como um professor.

A trama gira em torno de alunos de medicina que liderados por Courtney (Ellen Page), resolvem testar os limites entre a vida e a morte. Para isso, eles são "mortos" por alguns minutos, para tentar descobrir o que pode haver do outro lado, e logo depois reanimados. Claro que a experiência tem um preço, pois aos poucos os jovens começam a ser perseguidos por fantasmas de seus passados. Além de uma masculinizada Ellen Page, o elenco conta ainda com Kiersey Clemons (Flashpoint), Diego Luna (Rogue One), Nina Dobrev e James Norton.

O roteiro de Ben Ripley repete quase passo a passo a história apresentada em 1990, com apenas algumas diferenças nos traumas dos personagens - e desta vez um deles morre! Mas é apenas mais do mesmo. Dispensável.

Duração: 1h49min

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 12, 2017

"Entre Irmãs"




"Entre Irmãs", é o novo filme de Breno Silveira (2 Filhos de Francisco; Gonzaga: De Pai pra Filho), e é baseado no livro "A Costureira e o Cangaceiro", escrito por Frances de Pontes Peebles. A trama, passada em Pernambuco na década de 1930, tem um pouco de tudo: cangaço, hipocrisia, homossexualismo, política, feminismo e por aí vai.

No filme vemos a vida de duas irmãs, Emilia (Marjorie Estiano) e Luzia (Nanda Costa), criadas pela tia no sertão nordestino. Elas trabalham como costureiras e sonham com uma vida melhor. Emilia é romântica e quer sair do vilarejo, e Luzia sofre por ter um braço deformado devido a uma queda de uma árvore quando criança.

Já adultas, acabam sendo separadas - Luzia é raptada pelo líder cangaceiro Carcará (Júlio Machado) e Emilia acaba conhecendo um rapaz da capital, Degas (Rômulo Estrela) e casando com ele, passando a morar em Recife, e viver em meio a alta sociedade conservadora recifense. E tudo permanecerá difícil para elas. Luzia convive com a violência diária e a fuga dos cangaceiros pelo sertão, escapando da polícia. E sua irmã se vê envolta num casamento de mentira.

O dia a dia das duas é mostrado paralelamente, opção que funciona totalmente, dando um ritmo excepcional ao longa, que tem quase três horas de duração. Alguns momentos são marcantes - como quando o sogro de Emilia faz uma experiência genética nela, mostrando como o "homem branco" é superior ao "matuto" interiorano. Ou quando ela descobre o segredo de seu marido Degas. E até mesmo o seu envolvimento com a nova amiga, a bela Lindalva (Leticia Colin). Um filme, sem querer exagerar, digno de Oscar.

Duração: 2h45min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Morte Te Dá Parabéns" (Happy Death Day)



"A Morte Te Dá Parabéns" (Happy Death Day), direção de Christopher Landon, é uma mistura de "Feitiço do Tempo" com "Pânico", e nele acompanhamos a estudante Tree Gelbman (Jessica Rothe) presa em um mesmo dia, uma segunda-feira, em seu aniversário. E o mesmo dia se repete, sempre com o mesmo final, ela sendo assassinada por um cara vestindo uma máscara de um boneco.

A jovem tem, então, tentar entender o porque está sendo assassinada - e claro, tem aquele papo de ser uma pessoa melhor, que claro, não se concretiza com as mortes, que surgem de todas as maneiras possíveis e imagináveis, seja por faca, taco de beisebol, fogo.

Apesar de apresentar um tema batido, o da pessoa presa no tempo, adiciona elementos divertidos e personagens coadjuvantes interessantes: desde o interesse romântico de Tree, Carter Davis (Israel Broussard), ao professor com quem ela mantém um romance, Gregory (Charles Aitken), até as colegas de fraternidade, que parecem ter saído do filme "Meninas Malvadas" ou da série "Scream Queens". E Jessica Rothe desempenha seu papel de menina festeira e depois arrependida com louvor. E suas mortes....

Duração: 1h36min

Cotação: bom
Chico Izidro

"As Aventuras do Capitão Cueca" (Captain Underpants: The First Epic Movie)



"As Aventuras do Capitão Cueca" (Captain Underpants: The First Epic Movie), animação dirigida por David Soren é uma adaptação dos livros publicados por Dav Pilkey. É uma história divertida, que trata muito sobre a amizade e como é bom dar risadas.

No filme, temos dois amigos que se conheceram ainda no jardim de infância e tiveram uma conexão imediata. Agora George e Harold estão começando na escola e estão sempre juntos. E uma de suass diversões é criar histórias em quadrinhos - um faz o roteiro e o outro desenha. E uma de suas criações é o pateta Capitão Cueca. Além disso, vivem aprontando no colégio, ganhando a antipatia do diretor Sr. Krupp.

Um dia, eles percebem que Sr. Krupp se parece muito com o Capitão Cueca e o hipnotizam com um anel de plástico que veio numa de caixa de cereal. O diretor passa a achar que é o super-herói. Claro que para um herói tem de haver um vilão, e ele surge na figura de um novo professor, o senhor Fraldinha Suja, que é muito zoado por causa de seu nome. Assim, ele decide criar uma máquina para acabar com as risadas.

Então George e Harold vão precisar da ajuda real do Capitão Cueca para salvar o mundo de perder o humor. A história é bem escrita, e é feita mais para adolescentes do que para crianças, e claro as piadas com puns e arrotos estão lá - mas vai agradar também os adultos, que certamente vão lembrar de suas infâncias com o melhor amigo e as estripulias no colégio ou na vizinhança.

Duração: 1h29min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Como Se Tornar O Pior Aluno da Escola"




Um filme que tenta pregar a anarquia, além de verborrágico ao extremo, com piadas infames e pró-bullying: "Como Se Tornar O Pior Aluno da Escola", dirigido por Fabrício Bittar, baseado em livro homônimo do apresentador de tevê e comediante Danilo Gentili. Os dois comentaram em entrevistas que o objetivo era referenciar filmes clássicos da Sessão da Tarde como "Karate Kid" (1984), "Porkys (1981)" e "Curtindo A Vida Adoidado (1985)", onde adolescentes enganavam os seus pais e professores para matarem aulas. Na trilha sonora, destaque para "We’re Not Gonna Take It", da banda Twisted Sisters.

Na história, o estudante Pedro (Daniel Pimentel) sofre a pressão para ser o melhor da escola, e isso provoca estresse. Um dia, ele encontra um diário escrito por um antigo estudante da escola (o próprio Danilo Gentili) mostrando como provocar o caos no colégio e ser aprovado colando. Ao lado do amigo Bernardo (Bruno Munhoz), Pedro vai ao encontro do Pior Aluno para pegar mais dicas de como entrar no mundo marginal.

E aparece uma profussão de piadas sobre gordos, pedofilia, masturbação, bebedeiras. Nada de novo, tudo tão batido que lá pelo décimo peido na tela, já encheu.
Além do que, os coadjuvantes não ajudam. Fábio Porchat aparece como um professor pedófilo, o ator mexicano Carlos Villagran, o Quico do Chaves, faz o papel do diretor da escola - e ele se vê atrapalhado pela dificuldade em falar português. Talvez quem se sai melhorzinho seja Moacir Franco no papel de zelador do colégio - dono de um linguajar sujo e pesado, mas tentando passar sabedoria.

Duração: 1h44min

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 05, 2017

"Chocante"



Comédia é para fazer rir. Então será que "Chocante", direção de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, pode ser considerado comédia? Não vemos aqui ninguém fazendo caretas, se jogando no chão, gritando histericamente. O que temos mais é filme que consegue transmitir muito sentimento nostálgico de uma época, no caso o final dos anos 1980 e começo da década de 1990, e o auge das boy bands. Quem não se lembra? Polegar, Dominó, todas imitando seus similares americanos, como Backstreet Boys, New Kids On The Block e Take That.

Pois "Chocante" conta a história fictícia da boy band Chocante, que viveu seu auge durante oito meses, e que acabou durante a transmissão de um programa de tevê. Aqui a brincadeira fica por conta do Domingo Legal, do Gugu. Vinte anos depois, quatro dos cinco integrantes se reúnem no velório de um deles. E ao encontrar uma fã histérica, que ainda vive como se estivesse naquela época, vivida por Débora Lamm, os rapazes, agora senhores gordinhos e fora de forma, decidem tentar reviver o sucesso.

Clay (Marcos Majela) trabalha como locutor num supermercado, Téo (Bruno Mazzeo) é cinegrafista de casamentos e batizados, Tim (Lúcio Maurto Filho) é um oftalmologista, e Toni (Bruno Garcia), dividido entre dirigir um uber ou um táxi. As poucas piadas presentes tiram sarro de eles tentando acertar os passos da dança que os consagraram há 20 anos. O ex-empresário deles, vivido por Tony Ramos, é chamado para tentar acertar alguns shows, e insiste na entrada de um integrante famoso nas redes sociais, Rod (Pedro Neschling). E isso mostra claramente o abismo de gerações. Todos têm seus momentos solo para brilhar um pouco, com destaque para Majela e Garcia.

Mas o que pesa mesmo é a memória sentimental daquele período, visto hoje como brega. A música do grupo fictício, com direito a vídeo-clipe, é um grude só: "choque, choque, choque, choque de amor!". Enfim, não dá para rir muito, mas dá para fazer uma viagem no tempo, mesmo para aqueles que, como eu, não curtiam essas boy bands.

Duração: 1h34min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Churchill"



O diretor australiano Jonathan Teplitzky decidiu destruir a história no drama de guerra "Churchill", interpretado por Brian Cox. O filme até tem bons momentos e uma reconstituição de época grandiosa. E apesar do título, a exemplo de muitas obras sobre personalidades históricas, não faz um resumão da vida da pessoa, mas foca em um período específico. Aqui, o longa mostra o Primeiro Ministro Inglês na II Guerra Mundial, mais especificamente às vésperas do Dia D, e transforma Churchill em um dirigente histérico e ultrapassado.

No filme, Churchill se opõe à invasão da Normandia, conhecida como o Dia D, em 6 de junho de 1944, receoso de que se repita o elevado número de mortes da Campanha de Galípoli, em 1915, na I Guerra, e que diz ter tentado evitar. O problema é que a oposição do dirigente britânico ao Dia D nunca ocorreu. Na realidade o primeiro-ministro questionou enviar as tropas para uma invasão à França nos anos de 1942 e 1943, por não estarem ainda bem preparadas, mas nunca em 1944, da qual foi um incentivador.

"Churchill" tem seus bons momentos, mas por vezes aparece muito exagerado. O personagem berra com seus comandados, e ainda tem um encontro com o então rei da Inglaterra, que parece implausível. Churchill está em seu escritório, quando sua esposa chega e o avisa que tem uma visita. Churchill sai da sala e encontra o rei nas escadarias....quem foi o roteirista desta cena?

Apesar de atropelar a história, o filme tem boas atuações. Brian Cox faz um Churchill convincente, e passa o tempo todo fumando charutos, bem como o personagem real. E Miranda Richardson vai bem também com a personagem mais forte do longa, Clementine Churchill, a esposa do primeiro ministro.

Duração: 1h45min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Blade Runner 2049"



Para começar, o clássico "Blade Runner", dirigido por Ridley Scott em 1982, não precisava de uma sequência. Aquele final onde o detetive Rick Deckard (Harrison Ford) fugia com sua namorada replicante Rachael (Sean Young) e que apesar do final em aberto, deixava tudo claro, era o suficiente. Mas o dinheiro chama e mais de três décvadas depois, decidiram fazer a parte 2, "Blade Runner 2049", dirigido por Denis Villeneuve.

A trama original se passava em 2019, e agora dá um pulo de 30 anos. Em 2049, a Tyrell Corporation, empresa responsável pela criação dos androides, foi comprada por Niander Wallace (Jared Leto), que fez novos e melhorados seres sintéticos para assumir trabalhos humanos degradantes nas colônias espaciais ou no que restou da Terra. E o planeta é mostrado de uma forma degradante, desolado, com pouco ou quase nenhum verde - tudo é cinza e sombrio.

O personagem principal agora é o novato policial K (Ryan Gosling), ele próprio um replicante da nova geração e que caça modelos antigos, considerados rebeldes. E em sua tarefa, ele acaba descobrindo um segredo que pode ameaçar ainda mais o planeta. Então tem de tentar encontrar Deckard, que como se sabe, deu um jeito de sumir há três décadas.

Villeneuve (de A Chegada) se utiliza bem dos efeitos visuais e de uma boa história de detetive. Mas convenhamos, "Blade Runner" não necessitava desta sequência, não fosse ter o mesmo nome, poderia ser um policial futurista qualquer. E não tem nenhum clima "noir", tão destacado na obra de Ridley Scott. "Blade Runner 2049" até se esforça para respeitar sua matriz, mas passa longe do pretendido.

Duração: 2h43min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Melhor Professor da Minha Vida" ( Les Grands Esprits)




No mesmo clima de "Ao Mestre com Carinho", que pega a educação como foco central e há um professor que se diferencia dos demais - e nesta linha dá para citar ainda "Sociedade dos Poetas Mortos", "Escritores da Liberdade" e "Escola do Rock", chega o francês "O Melhor Professor da Minha Vida" ( Les Grands Esprits), dirigido por Olivier Ayache-Vidal. O longa faz ainda uma reflexão sobre o ensino na França, e como ele é diferente para os bens-nascidos e os despossuídos (uma semelhança gritante com o Brasil).

Na trama, o professor François Foucault (Denis Podalydès, de “Chocolate”), que leciona no renomado colégio parisiense Henri IV, em Paris, acaba sendo transferido, quase sem querer, para a periferia parisiense, onde os alunos são na maioria negros e filhos de imigrantes, ao contrário dos elitizados estudantes do instituto anterior. No novo emprego, a situação é complicada, com os jovens nem um pouco interessados em estudar, pois acreditam eles, nada vai mudar em suas vidas.

François Foucault, sem saber o que fazer e desanimado, escuta da irmã: os alunos não querem aprender ou o professor é que não torna a matéria interessante? Assim, decide mudar seus métodos. O foco fica principalmente no jovem Seydou (vivido por Abdoulaye Diallo), garoto quase selvagem, e que desafia completamente Foucault.

O filme não consegue fugir muito dos clichês, mas apresenta momentos interessantes, como por exemplo uma visitação ao Palácio de Versalhes, que proporciona uma cena hilária. As atuações de Denis Podalydès e Abdoulaye Diallo também são muito boas - o personagem do professor beira o hilário, com sua cara de pateta. E "O Melhor Professor da Minha Vida" acerta, ainda, ao não apelar para o sentimentalismo. Agradável.

Duração: 1h46min
Cotação: bom
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...