sexta-feira, maio 31, 2019

"Rindo à Toa - Humor sem Limites"




Ao assistir "Rindo à Toa - Humor sem Limites", documentário do trio Cláudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga, fiz uma verdadeira viagem no tempo, regressando aos anos 1980, onde comecei a me formar culturalmente e musicalmente. Este trabalho é parte da trilogia que estuda o humor e comédia no Brasil, sendo continuação de Tá Rindo de Que?, que analisou o humor feito na época da ditadura no país.

"Rindo à Toa - Humor sem Limites" tem como ponto de partida a abertura política do Governo Militar em meados dos anos 1980, e a saída dos milicos do poder. Estão aqui depoimentos do pessoal do Planeta Diário, que só existiu graças ao semanário Pasquim, e que foi o embrião do televisivo Casseta e Planeta. E que antes da TV foi uma revista de humor engraçadíssima e polêmica.

O filme mostra ainda o trabalho de Marcelo Tas e Fernando Meirelles, que culminaria na criação do repórter Ernesto Varela, que costumava tirar sarro e irritar os políticos, como por exemplo Paulo Maluf muito antes do pessoal do CQC, comandado coincidentemente por Tas.

Também é aberto espaço para o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, que revelou Regina Casé, Luis Fernando Guimarães e Evandro Mesquita, que faria sucesso ainda com a banda de rock seminal Blitz. E ainda se fala de Armação Ilimitada, TV Pirata, que revolucionaram a linguagem televisiva à época, Programa Legal. Os quadrinhos são recordados com a turma do Chiclete com Banana - Angeli, Laerte e Glauco.

E o rock de humor com bandas como Ultraje a Rigor, onde aparece uma entrevista no mínimo curiosa com seu líder Roger Moreira, hoje em dia com pensamentos de direita radical. Já os anos 1990 são lembrados principalmente com a turma de humoristas Hermes e Renato, grupo de Petrópolis (RJ) e que bombou na MTV com seu humor tosco e quase artesanal.

O documentário é muito bem realizado, com depoimentos bem dosados, na medida certa e com equilíbrio dos entrevistados. Ainda chama a atenção as imagens da época, dos programas de TV, dos jornais e revistas. Enfim, uma imersão no tempo.

Duração: 1h42
Cotação: ótimo

Chico Izidro

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