quarta-feira, abril 28, 2010

TUDO PODE DAR CERTO














De volta a sua aldeia natal, Nova Iorque, Woody Allen realiza uma de suas melhores comédias em muito tempo. Em TUDO PODE DAR CERTO (Whatever Works), vemos o dia a dia de Boris Yellnikoff (o excelente Larry David, da série Segura a Onda), o alter-ego do diretor, pois carrega todas as suas neuroses e manias. Após um casamento frustrado e uma tentativa de suicídio desastrada, onde ficou manco da perna direita, Boris, físico que um dia chegou a ser indicado ao Premio Nobel, vive num pardieiro em Manhattan e sobrevive dando aulas de xadrez.
Ele odeia quase tudo ao seu redor, se acha o mais inteligente dos seres humanos e é hipocondríaco. Porém seu mundinho será transformado ao conhecer a jovem Melodie St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood, engraçadíssima), que fugiu de sua casa no sul dos Estados Unidos. Apesar de resistir no início, Boris irá se envolver com a garota (nada mais Woody Allen, né), lembrando em certo ponto Manhattan, onde Woody Allen namorava a ninfeta Mariel Hemingway.
A comédia fica mais deliciosa quando entra em cena Patricia Clarkson (de Fatal), a mãe religiosa de Melodie e que em Nova Iorque sofrerá uma grande transformação em seu modo de encarar a vida. Aliás, o diretor repete aqui e sempre de forma hilária, a vida cultural nova-iorquina e seu desprezo a qualquer música feita após os anos 1950.
Em TUDO PODE DAR CERTO, Woody Allen tenta mostrar, enfim, que mesmo por caminhos tortuosos, as coisas acabam se encaixando naturalmente.

Cotação: excelente
Chico Izidro

A ESTRADA














Em A ESTRADA (The Road), de John Hillcoat, mais uma vez deparamos com um tema pós-apocalíptico, em que a terra foi devastada e os seres humanos perderam quase que totalmente a racionalidade. O filme evoca outros do gênero, como Mad Max, Eu Sou a Lenda (que já era uma refilmagem de A Última Esperança Sobre a Terra) e o mais recente O Livro de Eli.
Virgo Mortensen, soberbo, e o filho, o cativante garoto Kodi Smit-McPhee (os personagens do filme não tem nome) vagam pelos Estados Unidos em busca de comida e fugindo de saqueadores e até de canibais e convivendo com frequentes chuvas e terremotos. As imagens são cinzentas e as cores só aparecem quando Virgo recorda os momentos idílicos que passou com a esposa (Charlize Theron, belíssima como sempre), antes da destruíção do planeta. Um dia, atormentada com a morte iminente,ela se foi e deixou o marido e o filho, pedindo que eles fossem para o sul em busca de salvação.
E os dois atendem o pedido dela - e a única defesa da dupla é uma velha pistola com apenas duas balas, que em caso de perigo iminente, devem ser usadas para os seus suicídios. A ESTRADA, no entanto, tem seus tropeços. Por vezes exagera no sentimentalismo ou quando faz um merchandising mal-ajambrado da Coca-Cola e dos salgadinhos Cheetos.
Cotação: bom
Chico Izidro

ZONA VERDE




Nenhum filme havia ainda tratado de forma tão contundente o erro estratégico que foi a intervenção militar norte-americana no Iraque no começo da década. Pois Paul Greengrass, diretor de A Supremacia e O Ultimato Bourne, põe o dedo na ferida com ZONA VERDE.
Ótimo ao mostrar aquilo que todo mundo já sabia: Saddam Hussein não tinha armas químicas em seu poderio. Mas na época da invasão não se tinha conhecimento do fato.E é neste período que transcorre ZONA VERDE onde um grupo tático do exército americano liderado pelo subtenente Roy Miller (Matt Damon) invade instalações iraquianas e nunca encontra nada. Para complicar o trabalho da equipe ainda existe uma briga de bastidores entre a CIA e os militares.
Além disso, os invasores encontram um país prestes a entrar numa sangrenta guerra civil, devido as diferenças etnias que pretendem herdar o poder de Saddam Hussein.
ZONA VERDE traz ainda aquela famosa câmera nervosa, marca registrada de Greengrass, deixando o espectador se sentindo como se estivesse num fliperama ou dentro da própria ação. O nome do filme, aliás, é referente a região de Bagdá severamente protegida, onde ficam as embaixadas e escritórios estrangeiros.
Cotação: bom
Chico Izidro

terça-feira, abril 27, 2010

CORAÇÃO LOUCO














Jeff Bridges nunca foi mais Jeff Bridges do que em CORAÇÃO LOUCO (Crazy Heart), de Scott Cooper. O ator, que por sua atuação nesse drama, levou o Oscar para casa, é Bad Black, cantor decadente de música country, uma espécie de música sertaneja norte-americana, mas com qualidade. Quase aos 60 anos de idade, ele percorre cidadezinhas, fazendo shows em pequenos bares para sobreviver. Às vezes não tem nem dinheiro para pagar a bebida.
E ele bebe e fuma sem parar. Além de pegar as envelhecidas groupies.
Até que sua vida vai mudar ao conhecer a jornalista Jean (Maggie Gyllenhaal, de Batman Begins, e aqui encantadora). Mãe de um garotinho de 4 anos, ela só dá azar no amor. Os dois, no entanto, começam um romance complicado. Nesse ponto o filme começa a ser vítima de clichês, como um acidente prevísivel de acidente, uma criança perdida num shopping e, talvez, a mais rápida recuperação de um alcoólatra na história do cinema.
Porém CORAÇÃO LOUCO não deixa de ser um bom filme, que por vezes emociona, e nos faz acreditar que sempre se é possível recomeçar.

Cotação: bom
Chico Izidro

DUPLA IMPLACÁVEL














Esqueçamos o título nacional, mais um daqueles representantes que vão para a galeria dos sem-imaginação. E, bem, podemos esquecer também DUPLA IMPLACÁVEL (From Paris With Love), de Pierre Morel. Típico cinema pipoca, vai fazer sucesso nas locadoras, pois nele não são desperdiçados tiros, explosões, traições, correrias insanas...
Tá, aonde quero chegar? Jonathan Rhys Meyers (Match Point) é James Reece, funcionário da embaixada americana em Paris e noivo da bela Caroline (Kasia Smutniak), e que sonha se tornar um agente secreto. Para passar no teste, terá de ajudar o insandecido espião Charlie Wax (John Travolta, mais caricato impossível, mas parecendo estar se divertindo ao extremo) a desbaratar um grupo terrorista. Não sem antes se envlver com um grupo de traficantes de cocaína - as cenas em que Meyers circula pela Cidade Luz carregando um vaso cheio do pó poderiam ser hilárias, mas são constrangedoras.
DUPLA IMPLACÁVEL ainda abusa de piadas preconceituosas contra imigrantes e de mortes ao extremo. Em certo momento, Wax olha para Reece e dispara: "Vamos ver, 24 horas, 26 mortos. Estou na média". Talvez o único momento divertido da roubada...

Cotação: ruim
Chico Izidro

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS










Tim Burton desta vez errou a mão em retratar um mundo maluco - terreno que ele costuma pisar sem dificuldades. Em ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, o que se sobressai são os efeitos especiais em 3D. Tudo muito bonitinho. Porém a história da garota que cai num buraco ao perseguir um coelho branco, de terno e segurando um relógio, consegue ser insonsa e cansativa.
Aqui, Alice não é mais uma garotinha de 12 anos e sim uma jovem prestes a se casar com um lorde esnobe. Indecisa sobre o seu futuro, ela acaba retornando ao País das Maravilhas, que convenhamos, não tem nada de maravilhoso. Lá volta a tomar chá com o Chapeleiro Louco - Johnny Depp, uma das poucas coisas a se salvar no longa, e se deparar com a tirana Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter), famosa por seu bordão "cortem-lhe a cabeça".
Alice, a novata Mia Wasikowska, recebe a missão de ajudar a Rainha Branca (Anne Hathaway) a recuperar o trono e, pasmém, transforma-se numa espécie de Joana D'Arc, com direito até a armadura e espada para lutar contra um dragão.
Sim, Tim Burton rendeu-se ao comercialismo barato. E no final, fica a sensação de que alguma coisa foi colocada no chá do diretor para ele lançar tão desmiolado filme.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quarta-feira, abril 14, 2010

COMO TREINAR SEU DRAGÃO








Ah, se alguns roteiros para filmes com atores de carne e osso tivessem a originalidade de obras animadas. COMO TREINAR SEU DRAGÃO (How to Train Your Dragon), direção de Dean DeBlois e Chris Sanders, é excepcional. Talvez perca na atualidade somente para Up - Altas Aventuras.
O trabalho de animação é de deixar o queixo caído - prestem atenção nos detalhes das escamas do dragão...
Um garoto viking, desajeitado e quase rejeitado pelo pai, sonha em ser como todos na aldeia: matador de dragões. E a aldeia, volta e meia, é atacada pelas bestas, que roubam os rebanhos, queimam as cabanas e matam algumas pessoas. Um dia, o menino captura um dragão, mas não consegue sacrificar o animal. Pelo contrário, tem sucesso em domar, secretamente, o bichano. Descobrindo, assim, como são os dragões na realidade. Seres não tão perigosos como os vikings imaginavam...mas não vou contar mais detalhes.
A história mostra o rito de passagem da infância para a adolescência, com descobertas, como, por exemplo, o amor e a amizade. E também tem um final surpreendente, com uma cena talvez nunca proporcionada por um filme que, convenhamos, está mais para o público adulto e adolescente do que infantil.
COMO TREINAR SEU DRAGÃO é uma adaptação do livro infantil homônimo escrito pela escocesa Cressida Cowell.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...