quinta-feira, julho 14, 2011

Gainsbourg - O Homem que Amava As Mulheres



O cantor popular francês Serge Gainsbourg teve uma trajetória toda particular. E a sua vida é contada de forma totalmente particular na cinebiografia Gainsbourg - O Homem que Amava As Mulheres, de Joann Sfar. E como deixa bem claro o diretor e também desenhista de quadrinhos, ele gosta tanto do músico, que não se sabe o que é real ou não em seus 130 minutos de projeção.
O judeu Serge nasceu Lucien Ginsburg e para sobreviver à deportação aos campos de extermínio nazistas na II Guerra, foi escondido pelos pais numa escola católica. Toda a família sobreviveu ao Holocausto, e Lucien, forçado pelo pai a dedicar horas ao piano, sonhava mesmo em seguir os passos de Pablo Picasso e Klimt.
Por vias tortas, descobriu a música popular, que lhe daria fama e fortuna. E apesar de sua feiúra, também as mulheres mais desejadas de seu tempo, como Juliette Gréco, Brigitte Bardot e Jane Birkin. Para BB, inclusive compôs a escandalosa, à época, Je T'aime...Mon non plus. Mas só pode gravar a música com Birkin, pois BB era casada.
Serge abusou do cigarro e da bebida, o que lhe causaria a morte já nos anos 1990.
O filme foge do esquemão nascer, viver e morrer. O cantor tem como melhor amigo um boneco cínico, narigudo e orelhudo - o típico estereótipo do judeu. Os dois conversam e sempre as coisas dão errado para Gainsbourg. Para quem viu, vai lembrar e muito de The Wall, de Alan Parker.
Serge é vivivo explendorosamente por Eric Elmosnino. O diretor também teve o cuidado de escolher cuidadosamente as musas de Gainsbourg. Brigitte Bardot é representada pela quase sósia Laetitia Casta, enquanto que Lucy Gordon vive Jane Birkin. Aliás, logo após as filmagens a bela Lucy Gordon enforcou-se em seu apartamento em Paris. E triste ironia, em várias cenas do filme, o assunto suícidio é o componente dos diálogos entre Serge e Birkin.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Meia Noite em Paris



Meia Noite em Paris, o novo filme de Woody Allen (ele já está rodando um outro, Bop Decameron, em Roma, a ser lançado em 2012) começa com takes da capital francesa, a Cidade Luz. As imagens remetem diretamente a sua grande paixão Manhattan, que retratou maravilhosamente em 1979, com sua então musa Diane Keaton.
Nesta sua obra europeia, em que privilegia provavelmente a cidade mais romântica do mundo - esqueça Verona de Romeu e Julieta ou a suja Veneza -, o septuagenário diretor faz um exercício fantástico de imaginação: como seria viver numa época diferente da sua e, melhor ainda., por aquela que você é apaixonado?
Por isso, o roteirista de filmes hollywoodianos e projeto de escritor Gil Pender (Owen Wilson, o alterego de Woody Allen da vez) não se sente confortável nos anos 2010. Seu sonho é viver na Paris da década de 1920, ouvindo Cole Porter e convivendo com escritores e artistas como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Gertrude Stein e Luis Buñuel. Como num passe de mágica ou seria um sonho (?), ao passear por Paris exatamente à meia-noite, Gil é transportado para aquela época, que considera mágica, apaixonando-se pela jovem Adriana (a bela Marion Cottillard, de Piaf e A Origem). Amante dos gênios do período, ela também tem um sonho, o de viver na Paris dos anos 1890, a Belle Époque.
A lógica: qualquer que seja a época em que estamos, nunca nos satisfazemos e sempre achamos que um outro período é melhor.
Meia Noite em Paris traz esta bela sacada de Woody Allen. Porém desta vez, e olha que me considero o fã número 1 de Allen Königsberg, tropeçou ao repetir alguns tipos característicos de suas histórias, como os pais pedantes de Inez (Rachel McAdams), a noiva chatinha de Gil. E alguns diálogos não estão à altura de Allen, principalmente nos passados nos anos 2010. Talvez seja esta sua obsessão pelo passado.
E Owen Wilson e seu nariz torto- notem a cena em que Hemingway pergunta se ele luta boxe - não foi feito para participar de um filme de Woody Allen. Ele está deslocado, ops, desculpem o trocadilho, totalmente inconfortável no papel. E isso atrapalha o desenrolar da história.
Cotação: regular
Chico Izidro

Cilada.com



Cilada.com, de José Alvarenga Júnior, segue o estilo pornochanchada dos anos 1970, mas sendo privilegiado pelos dias modernos, com mais grana à disposição. O filme surgiu da extinta série de tevê e de um quadro do Fantástico, criado por Bruno Mazzeo, filho de Chico Anísio e Alcione Mazzeo.
O protagonista Bruno vive se metendo nas maiores roubadas. Aqui ele traí a sua namorada Fernanda (os dois personagens têm os mesmos nomes dos atores), que para se vingar posta no youtube um vídeo em que ele teve uma ejaculação precoce.
Bruno vai passar os próximos 90 minutos tentando voltar para a sua namorada, e na impossibilidade de deletar o vídeo da internet, criar um outro onde ele se sai bem na cama com uma garota. Evidente que tudo sempre dá errado para o protagonista.
Errado assim como o roteiro simplista, apegando-se a piadas rasteiras e repetitivas sobre sexo. Imperam os palavrões forçados. E a escatologia pega forte, como quando numa sessão de análise de ejaculadores precoces esperma é jorrado na cara dos analisados. E Carol Castro ainda se presta a interpretar uma executiva que tem o bafo cheirando a merda.
Pior que o público gosta disso.
Cotação: ruim
Chico Izidro

Lemmy



O vocalista e baixista da banda de heavy metal Motörhead, Lemmy Kilmister, é uma figuraça. Tanto que sua vida deu um excelente documentário, que pode ser visto mesmo porquem não curte o gênero musical.
Dirigido por Greg Olliver e Wes Orshosk, Lemmy segue os passos desse roqueirão sessentão pelas ruas agitadas de Los Angeles, cidade onde escolheu morar o sessentão nascido em Burslem, na Inglaterra.
Com seu ar selvagem, grande bigode e verrugas e roupa de motoqueiro, Lemmy assusta no primeiro momento. Mas é só deixá-lo terminar de tomar seu drinque ou jogar seu fliperama favorito, que ele atende o fã com a maior naturalidade e simpatia.
O músico nega ter transado com mais de 4 mil mulheres. Foram apenas mil, corrige ele durante um programa de rádio. "Nunca me casei, vivo na estrada. Tenho 63 anos. Nada mais natural", analisa Lemmy, que tem um filho com uma ex-namorada. Lemmy também foi roadie de Jimmy Hendrix, com quem dividiu drogas. "Eu comprava LSD para ele. Jimmy ficava com 70% e me dava os 30% restantes", diverte-se.
Seu pequeno apartamento é atrolhado de quinquilharias nazistas. Mas ele nega ser um. "Já tive namoradas negras. E o que gosto é da estética nazista. O que posso fazer se os alemães tinham os uniformes mais bonitos? Se fosse os israelenses com o uniforme mais bonito, usaria o deles", defende-se.
Lemmy é considerado por muitos um dos pais do thrash metal. Sem ele não haveria Metallica, Slayer, Kreator e outros que tocam rápido e alto. O Motörhead foi criado em 1975, logo depois de ele ter sido expulso da psicodélica Hawkwind. Os críticos deram seis meses de vida ao Motörhead. "Estamos aí há 35 anos", debocha.
Um ótimo programa para os roqueiros de todas as idades, e que traz depoimentos apaixonados de músicos do metal, do punk, do rap.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Adeus às Ilusões - Clássico



Elizabeth Taylor e Richard Burton foram o casal mais empolgante dos anos 1960 nass telas e fora delas. Em 1965, durante o início do movimento hippie, foram ao México filmar o romântico Adeus às Ilusões, de Vincente Minelli. A história, no entanto, passa-se em uma pequena praia californiana.
Não esqueçamos que o período ainda era de um certo conservadorismo. E Adeus às Ilusões provocava ao mostrar o romance proibido de uma artista plástica e de um pastor protestante, diretor de uma escola e casado.
Liz Taylor, irradiando uma incrível beleza em seus 30 e poucos anos, é Laura Reynolds, mãe solteira que sobrevive vendendo sua telas para turistas e cria o filho solto na natureza. Um insulto para as autoridades locais, que a obrigam a colocar o menino numa escola dirigida por Dr. Edward Hewitt (Burton, que apesar de ter 40 anos aparenta mais, devido ao abuso de álcool, que acabaria por provocar a sua morte).
Numa época em que os dramas românticos não cediam fácil ao esquemão simplista, Adeus às Ilusões, no original the Sandpiper (um pássaro) desafiava o lugar comum.
Cotação: bom
Chico Izidro

Amor e Ódio



Este vai para aquela coleção dos títulos infames das distribuidoras brasileiras. Amor e Ódio, no original La Rafle, ou A Incursão, direção de Roselyn Bosch, reconstitui perfeitamente o que houve com os judeus que viviam em 1942.
Amor e Ódio começa em PB, com a famosa visita de Hitler à Cidade Luz em 1940. Um pulo no tempo e estamos em 1942, com os judeus obrigadoa a usar a infame estrela amarela. A França vive sob o tacão nazista e o colaboracionismo do governo de Vichy. A diretora Roselyn Bosch deixa claro, aqui, que Hitler era o arquiteto pelo destino dos judeus, apesar de muitos revisionistas garantirem que o ditador de nada sabia. Todos eles eram enviados para os campos de extermínio no leste europeu, a maioria na Polônia. A história é contada sob a ótica do garoto Joseph (Hugo Leverdez), filho de judeus imigrantes poloneses.
Muitas das cenas vistas ao longo de Amor e Ódio são claramente calcadas em A Lista de Schindler, como quando da expulsão dos judeus de seus apartamentos e do ódio demonstrado por alguns vizinhos, como a vizinha berrando: "adeus judeus!". Outras cenas baseiam-se em fotografias "clássicas" de campos de concentração, como aquela em que freiras levam as crianças ao seu destino trágico.
Mas isto não desmerece o bom filme, onde se destacam a loirinha Mélanie Laurent, revelada em Bastardos Inglórios e que também esteve em O Concerto, e Jean Reno como um médico trabalhando praticamente sozinho no Velódrome de Paris, atendendo mais de 13 mil pessoas.
Cotação: bom
Chico Izidro

Qualquer Gato Vira-Lata



Sem dúvida nenhuma Cleo Pires é a mulher mais quente do cinema e da tevê brasileiros no momento. Então porque não aproveitar o embalo e utilizá-la em todo o seu potencial sexy na comédia romântica Qualquer Gato Vira-Lata, direção de Tomás Portella?
A premissa já é quase absurda, pois Tati (Cleo) é a estudante de direito esnobada direto pelo boyzinho Marcelo (Dudu Azevedo), que passa os dias surfando, pegando tudo que é garota e tomando água de coco. Apaixonadíssima, Tati aceita ser cobaia numa experiência do professor de bilogia Conrado (Malvino Salvador). Ele defende em sua teoria de que nas relações amorosas as fêmeas são recatadas e os machos é que tomam a iniciativa sempre. Por isso, Tati deve ficar na defensiva, e ignorar Marcelo, que irá atrás dela.
A história é previsível e as piadas fracas. Sem contar que as atuações dos atores são sofríveis, para não dizer patéticas. O bálsamo é ver Cleo Pires em todas as suas formas e formatos.
Cotação: ruim
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...