quinta-feira, junho 12, 2014

"Tim Lopes - Histórias de Arcanjo"

O gaúcho Tim Lopes tem sua trajetória contada no ótimo documentário "Tim Lopes - Histórias de Arcanjo", dirigido por Guilherme Azevedo e
Bruno Quintella, que é filho do jornalista. Como é conhecido, o repórter da Rede Globo foi assassinado por traficantes em 2002, na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, enquanto investigava a exploração sexual de adolescentes e a venda de drogas em bailes funk. "Tim Lopes - Histórias de Arcanjo" revisita os passos que culminaram na morte dele. Quntella aparece como personagem do documentário, entrevistando pessoas que conviveram com seu pai, e até mesmo o delegado responsável pelas investigações do assassinato. Mas não é só isso.

O filme também analisa a trajetória de Tim Lopes antes de trabalhar na televisão, como repórter investigativo na imprensa escrita nos anos 1970. Ele era um jornalista que vivia o personagem. Ou seja, para cobrir a vida de operários que trabalharam nas obras do metrô do Rio, trabalhou como um deles, passando pelas mesmas dificuldades. Quando já estava na Globo, não aparecia na tela. Tim Lopes investigava os fatos e então depois de apurados os dados, passava-os para um repórter, que completava o material.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Oldboy - Dias de Vingança"

Spike Lee não foi muito feliz na refilmagem do clássico sul-coreano "Oldboy", filmado por Chan-wook Park em 2003. A história gira em torno de vingança, e não poupa cenas de violência explícita. Mas se no original, o personagem principal não achava tantas facilidades para chegar aos seus algozes, na nova versão, ele vai desvendando o quebra-cabeças de uma forma fácil, que chega a ser absurda.

Joe Ducett (Josh Brolin) é um pai descuidado, irresponsável e alcoolatra. Na noite do aniversário de sua filha pequena, de três anos, ele toma um porre, e acaba sendo aprisionado. Joe passa 20 anos preso dentro de um apartamento, sem saber o motivo. No quarto há uma tevê, onde no noticiário ele vê que a sua ex-mulher foi assassinada e sua filha adotada por outra família. E ele é o suspeito do assassinato. Em sua via-crúcis, acaba sofrendo uma transformação, começando a cuidar melhor do físico e da mente, para quem sabe quando for solto, ir atrás de quem lhe colocou lá dentro e tentar provar sua inocência. Quando é solto, Joe parte em busca de seu captor, auxiliado pela assistente social Marie (Elizabeth Olsen). No caminho, vai desferindo golpes de martelo em homens que tentam pará-lo.

A trama, porém, tem tantos furos, que fica difícil acreditar em como Spike Lee foi tão descuidado na produção deste filme. Porém, Josh Brolin está muito bem no papel de um homem atormentado, que tenta se redimir depois de tanto tempo de provação.

Cotação: regular
Chico Izidro

quarta-feira, junho 04, 2014

"A Culpa é das Estrelas"

"A Culpa é das Estrelas", dirigido por Josh Boone, é baseado em best-sellers homônimo de John Green, e é um filme-fofo, mesmo tratando de tema tão espinhoso quanto o câncer. A jovem Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley, de Divergente) tem 17 anos e sofre de câncer desde os 11 anos. Ao frequentar um grupo de apoio à doença, acaba conhecendo Augustus Waters (Ansel Elgort), 19 anos. Encantador, educado e inteligente, ele a convida para sair. E aos poucos, os dois vão se apaixonando, mas Hazel não quer se envolver, já que não acredita que o romance possa prosperar entre os dois. Augustus também foi vítima de câncer, tanto que acabou tendo a perna direita amputada por causa do tumor. E ele se mostra desde sempre mais empolgado do que Hazel em engatar um namoro.

O filme, sim, é feito para corações apaixonados e lacrimosos. Dois jovens doentes e apaixonados, se encaminhando para um final nada agradável. Mas a história acaba não sendo tão previsível quanto se avizinha. O problema, porém, é que Hazel e Augustus são dois jovens acima da média, que não pensam como pessoas de suas idades. Discutem filosofia e literatura como adultos de 40 anos, com diálogos que chegam a ser meio forçados. No final, um filme-fofo.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-velho"

A penúria grassa forte no leste europeu, ainda mais para os ciganos, desde sempre vítimas do preconceito racial. Em "Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-velho", dirigido por Danis Tanovic, são reconstituídos momentos vividos pelo cigano Nazif. Ele sustenta a mulher, Senada, e as duas filhas, como catador de ferro-velho. Vive numa aldeia bósnia miserável, onde o inverno castiga terrivelmente.

Em determinado dia, Senada sente fortes dores, e começa a ter uma hemorragia. Ao ser levada para o hospital, é diagnosticado que o bebê que ela esperava, está morto, e ela tem de ser operada para retirar o feto. Só que a família não tem seguro e a cirurgia custa 980 marcos, a moeda do país. Quantia simplesmente fora da realidade para Nazif. Então começa uma batalha para ele salvar a vida de sua mulher, que sofre com dores terríveis, e não consegue mais fazer nada em casa, a não ser ficar deitada no sofá.

"Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-velho" é encenado pela própria família que sofreu com as agruras que viveu num país, que apesar de europeu, miserável e sem condições de dar uma vida ideal para seus cidadãos. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Walesa"

Andrzej Wajda é o grande cineasta polonês da história - supera Roman Polanski porque este fez a carreira quase toda no exterior. E Wajda é um cronista de sua terra natal desde sempre, vide clássicos como "Katyn", "O Homem de Ferro" e "O Homem de Mármore". Em "Walesa", o diretor conta a trajetória política do sindicalista que lutou contra o poder do Partido Comunista Polonês por duas décadas até tornar-se, no começo dos anos 1990, após a queda do regime comunista, em presidente do país.

"Walesa" começa com Lech Walesa concedendo uma entrevista a jornalista italiana Oriana Falacci em 1981. Na conversa, ele relembra como começou sua luta durante uma manifestação em Gdansk em 1970, quando foi preso e obrigado a assinar documento onde passaria informações dos trabalhadores a polícia. E segue década adentro, com as dificuldades financeiras advindas do casamento e seis filhos pequenos. E devido a sua participação sindical, Lech Walesa vivia sendo despedido de seus empregos, que já não pagavam muito.

A história também relata os primeiros passos do sindicato Solidariedade, surgida no final dos anos 1970, e que chegou a ter mais de 10 milhões de filiados, e combateu o PCP, sempre com sucesso. Reconstituição de época, trilha sonora forte, recheada de rock'n'roll polonês e atuações seguras, principalmente de Robert Wieckiewicz como Lech Walesa.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Malévola"

"Malévola", direção de Robert Stromberg, conta a história da fada boazinha, portadora de chifres e asas, que tornou-se má após uma desilução amorosa. "Malévola" é vivida por Angelina Jolie, e era um doce de pessoa vivendo e cuidando do reino fantástico de Moors e suas criaturas mágicas. Ela, porém, se encanta pelo jovem humano Stefan, que no entanto, tem aspirações maiores - ser rei no reino vizinho. E ele consegue o seu intento após lubridiar Malévola, arrancando suas asas e entregá-la ao rei moribundo, que passa o posto para ele.

Magoada, Malévola roga uma praga no dia do batismo da filha de Stefem, a princesa Aurora. Ela entrará em sono profundo ao completar 16 anos e espetar o dedo numa roca. Então Aurora (Elle Fanning) é levada por três fadas para a floresta, para escapar de seu destino. "Malévola" tem belas imagens, é bem editado, e cenas divertidas, principalmente quando envolve as três protetoras da princesa, vividas por Juno Temple, Imelda Staunton e Lesley Manville. O problema do filme, porém, é a atriz principal, Angelina Jolie, que está péssima no papel da fada-má. Careteira, com poses exageradas, ela estraga todo o momento em que surge em cena. Beleza não é tudo.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Setenta"

O documentário "Setenta" dirigido por Emília Silveira, pretendia resgatar o que houve por trás do sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher durante a ditadura militar no Brasil, em 1970. Porém o ocorrido fica em segundo plano. A diretora priorizou contar o que houve com alguns dos guerrilheiros libertos e na sequência expulsos do país quando da libertação do embaixador a pedido dos sequestradores.

Porém, a edição de "Setenta" foi muito mal feita. E se você não está bem a par do que ocorreu naqueles turbulentos dias, vai ficar perdido. Os depoimentos dos guerrilheiros aparecem soltos, sem nenhuma ordem cronológica. Falta ainda uma melhor orientação - como, por exemplo, os personagens entraram na história, como foram presos. Eles aparecem contando como foram torturados, como foi a vida no exílio, mas tudo tão desordenadamente, que incomoda.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

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