quinta-feira, abril 16, 2015

“O Dançarino do Deserto”



O Irã, nos anos 1970, era um dos países muçulmanos mais abertos para o Ocidente. Até que veio a Revolução Islâmica em 1979, e a liberdade foi para o espaço. No filme baseado em fatos reais “O Dançarino do Deserto” (Desert Dancer), dirigido por Richard Raymond, é mostrado como o regime dos aiatolás é repressivo para coisas que são vistas como corriqueiras para nós, ocidentais.

O jovem Afshin Ghaffarian (Reece Ritchie, de Um Olhar do Paraíso e Principe da Pérsia – As Areias do Tempo) almeja ser um dançarino, porém a dança é uma arte proibida no Irã, pois segundo a leitura dos radicais, vai contra os preceitos do Islã. O jeito é praticar os passos pecadores de forma clandestina. Na Universidade de Teerã, Afshin, que aprendeu a dançar vendo vídeos piratas de Michael Jackson, Rudolf Nureyev e o filme “Dirty Dancing” cria um grupo de dança. Eles ensaiam em uma fábrica abandonada. Mas só isso não basta e logo eles querem mostrar as danças para um público. Porém, onde fazer isso numa cidade em que todos os passos são vigiados pela polícia religiosa? Ora, no deserto, longe de olhares censores.

“O Dançarino do Deserto”, apesar de crítico ao sistema político/religioso do Irã, por vezes peca ao retratar de forma maniqueísta os personagens. E em alguns momentos não consegue deixar de lado a pieguice.

Mas para um ocidental incomoda ver as diferenças culturais. Afinal, temos todas as liberdades do mundo, e ali no Oriente, impera um radicalismo medieval, onde as pessoas não podem simplesmente dançar ou curtir uma boa música.

Cotação: bom
Chico Izidro

“Chappie”




O diretor sul-africano Neill Blomkamp estreou em 2009 com o interessante “Distrito 9”, mas derrapou com em “Elysium”. E em seu terceiro longa, "Chappie”, decepciona por completo. A trama, futurista, mostra um robô, Chappie, criado pelo cientista Deon (Dev Patel, de Quem Quer Ser Um Milionário), que age e pensa como um ser humano.

Estamos em Johannesburgo, na África do Sul, onde os policiais humanos foram substituídos por robôs – alguém aí lembrou de “Robocop”? Sim, o filme é uma cópia descarada. Chappie, porém, é uma máquina diferente, pois mostra sentimentos e acaba caindo nas mãos de uma gangue de ladrões que pretende realizar um grande assalto para pagar uma dívida.

“Chappie” não traz nada de original. Pelo contrário, é tudo reciclado, e trazendo atuações tacanhas. Sigourney Weaver não poderia estar mais caricata como a presidente do conglomerado que produz os robôs. E Hugh Jackman é um engenheiro rival de Deon, que quer destruir os planos do rapaz para poder colocar em produção uma linha de robôs criada por ele – a máquina, aliás, é semelhante a um dos vistos em Robocop.
E o final, pouco criativo, reproduz em Deon o destino do protagonista de “Distrito 9”. Perda total de tempo.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Força Maior”





Uma família perfeita, pais e filhos lindos curtem as férias nos Alpes franceses. A mãe, orgulhosa do marido, trabalhador e que bancou aquela viagem dos sonhos. Até que durante um Almoço, começa uma avalanche, provocada pelos trabalhadores do hotel. Todos estão sentados e ficam olhando, admirados, aquela parede branca descendo montanha abaixo. E ela se aproxima, aproxima. Então Tomas (Johannes Bah Kuhnke) sai em desabalada carreira, empurrando todos à sua frente e deixando a mulher e os filhos para trás. Só que a avalancha para repentinamente e fica apenas uma leve névoa, que vai se esvanecendo. Ebba (Lisa Loven Kongsli) olha os filhos, a quem protegeu com o corpo e procura o marido.

Minutos depois, ele volta como se nada tivesse ocorrido. Mas algo naquele gesto dele rompeu a confiança de todos em “Força Maior” (Force Majeure), direção de Ruben Östlund.
Nos dias seguintes, o diálogo entre o casal simplesmente desaparece. Ebba não confiar no marido, e pior, quando durante um jantar com amigos, ela conta a atitude covarde de Tomas, que nega, e diz que Ebba está distorcendo os acontecimentos.

Os filhos também sentem a mudança e começam a ficar ariscos e mostrando sinais de depressão, achando que os pais irão se separar.
“Força Maior” é chocante, mostrando como existe uma tênue linha entre a admiração e a decepção. As longas sequências mostrando o casal em silêncio, constrangidos pelo ocorrido, são angustiantes. E fica a pergunta: como o casal conseguirá lidar com sua relação depois daquele evento?

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quarta-feira, abril 08, 2015

"Cada Um Na Sua Casa"



As recentes animações têm se caracterizado por sua excelência, seja no trabalho gráfico, seja em seus enredos bem elaborados. E este não é o caso de "Cada Um Na Sua Casa", direção de Tim Johnson. O desenho é até bem feito, mas o problema é que o roteiro e os personagens não ajudam.

Na trama, a Terra é invadida por extra-terrestres, os Boov, que buscam um novo lar e também para fugir de uma outra raça, esta exterminadora. Eles, então, exilam toda a população de humanos na Austrália!!!! e se adonam das cidades. Só que a jovem Tip consegue se esconder e enquanto busca descobrir o paradeiro de sua mãe, acaba fazendo amizade com o boov Oh, que é uma espécie de ovelha negra. Oh tenta ser simpático com os outros de sua espécie, que fogem dele como se ele fosse um leproso. Ao tentar fazer uma festa, acaba mandando convite também para os ET exterminadores, que assim descobrem onde os Boov se escondem. Oh acaba tendo de fugir com Tip.

Infelizmente, Tip e Oh são personagens irritantes e que não conseguem ganhar a simpatia do público. A história, chata ao extremo, também não consegue convencer a nenhum público, seja o alvo principal, as crianças, ou os adolescentes, e muito menos os adultos, que costumam ter uma interação com as animações por causa das referências cinematográficas. Que aqui são zero.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"14 Estações de Maria"



"14 Estações de Maria", filme alemão dirigido por Dietrich Brüggemann, mostra como a religião pode ser nociva para a vida de uma pessoa. Ainda mais se ela estiver em formação, entrando na adolescência. A jovem Maria (a excelente Lea Van Acken) tem apenas 14 anos, e vive sob a rigidez dos ensinamentos católicos. Ouvir rock, soul, jazz, namorar, tudo lhe é proibido, por serem obras do demônio. A mais velha de quatro irmãos, Maria teme a tudo, com medo de pecar e não poder ir para o céu.

A mãe (Franziska Weisz) é rígida e extremamente conservadora. A interpretação de Weisz é perfeita, daquelas de a gente passar a odiar intensamente o personagem, não entendendo como uma pessoa pode agir tão friamente. Maria acaba sendo uma vítima de sua mãe, que não aceita qualquer contrariedade a seus pensamentos. "14 Estações de Maria" é dividido exatamente em 14 capítulos, cada um fazendo referência a crucificação de Cristo. E incomoda, ao constatarmos como o radicalismo pode ser irracional, intolerante e opressivo.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, abril 02, 2015

"Velozes e Furiosos 7"



Esqueça a coerência. "Velozes e Furiosos 7", direção de James Wan e último filme de Paul Walker, morto, ironicamente, em acidente automobilístico em 2013, é pura adrenalina, com um roteiro que beira o absurdo. A turma liderada por Dom (Vin Diesel), após os incidentes registrados na parte seis, tenta retomar a vida normal em Los Angeles, mas começa a ser ameaçada pelo assassino psicopata Shaw (Jason Statham), que pretende vingar o irmão, vilão do filme anterior e agora em coma num hospital londrino.

Numa trama estapafúrdia, uma agência do governo americano, comandada por Ken Russel (A Coisa e Fuga de Nova Iorque) contrata o grupo de Dom para tentar libertar uma hacker raptada por terroristas. E ela tem a chave para que Vin Diesel, Walker, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson e Ludacris tentem antecipar os passos de Shaw e neutralizá-lo.

E dê-lhe cenas absurdas, mas muito bem filmadas. Entre elas, o grupo salta com seus carros de dentro de um avião, caindo direto numa estrada. Noutra, Vin Diesel atravessa com um carro três prédios em Abu Dhabi a mais de 100 metros de altura. E em mais uma cena, Walker fica pendurado na janela de um ônibus na beira de um precipício, enquanto que Vin Diesel joga seu carro penhasco abaixo e sai caminhando, ileso, no final do trajeto.

O astro careca, aliás, mostra-se mais uma vez um péssimo ator. Suas intervenções são quase constrangedoras. Ele parece ter uma dificuldade extrema de decorar suas falas, quase todas repletas de clichês filosóficos baratos. Mas apesar de tudo, o filme é tenso, cheio de adrenalina e acaba divertindo.

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Ano Mais Violento"




Com excelente reconstituição de época e ótimas atuações, "O Ano Mais Violento", direção de J. C. Chandor, conta a batalha de um empresário do ramos dos combustíveis para prosperar, tendo de conviver com a corrupção, subornos e perseguições políticas.

Abel (Oscar Isaac, de Inside Lewis - A Balada de um Homem Comum) é um imigrante latino, honesto, e casado com Anna (Jessica Chastain), e que tenta fazer tudo certinho, mas as coisas não são como ele quer. Ele começa a ser investigado por um promotor por sonegação de impostos, e vê seus caminhões serem roubados à luz do dia, passando a tentar descobrir quem realiza os furtos. A trama é ambientada em Nova Iorque, durante o rigoroso inverno de 1981. A cidade, à época, estava entregue a marginalidade e a consequente violência.

Abel também encontra problemas em casa, principalmente com sua esposa, que não poupa esforços para ajudar o marido, mesmo que para isso precise praticar atos ilícitos. Os dois protagonistas, Oscar Isaac e Jessica Chastain, estão excelentes em seus papéis. Isaac lembra e muito Al Pacino no jeito de andar e nos gestos. A ruiva Chastain tem presença marcante em cada cena que participa, com um visual bem característico da época retratada, seja nos cortes de cabelos, nas longas unhas, nos vestidos. Um filme sem exageros, tenso.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...