quinta-feira, julho 27, 2017
"Dunkirk"
Nunca me senti tanto dentro de um filme de guerra como em "Dunkirk", direção de Christopher Nolan. O diretor consegue nos colocar lá dentro da ação, seja em terra, mar e ar. E por mais que saibamos o final da história, o suspense está sempre presente, nos fazendo se contorcer na poltrona. Filmaço.
A história de "Dunkirk" mostra, sob três óticas, os eventos registrados na cidade litorânea francesa, onde entre 25 de maio e 4 de junho de 1940, 400 mil soldados ingleses e franceses ficaram encurralados por tropas alemãs, que então estavam no auge da sua Blitzkrieg, ou "Guerra Relâmpago". Os nazistas já haviam subjugado a Holanda e a Bélgica e logo estariam tomando conta da sua inimiga mortal, a França.
Os soldados, mal equipados, famintos, se refugiaram em Dunkirk com a esperança de escaparem para a Inglaterra. Mas faltavam embarcações e eles ainda sofriam com intensos bombardeios da Luftwaffe, a força aérea alemã. Então, os britânicos montaram um incrível esquema de resgate, utilizando centenas de pequenos barcos pesqueiros ou de lazer - pilotados pelos próprios pescadores ou civis. A ideia de Churchill era o de salvar, pelo menos, 30 mil soldados na batixada Operação Dínamo. E como se sabe, conseguiram dez vezes mais. O resto virou prisioneiro de guerra.
"Dunkirk" é mostrado pela ótica de um jovem soldado que tenta de todas as formas, embarcar num dos barcos, para voltar à casa. Tem também o piloto de um caça e um pai e filho, que deixam o conforto de sua casa em Dover, para atravessar o Canal da Mancha e salvar um punhado de soldados.
As cenas são fortes, tensas. E tudo ainda ganha o reforço de uma excepcional trilha sonora, de Hans Zimmer, que pontua cada minuto da ação, deixando os nossos nervos à flor da pele. Filmaço.
Duração: 1h47min
Cotação: excelente
Chico Izidro
"Em ritmo de fuga" (Baby Driver)
Um bom filme de ação, turbinado ainda com uma trilha sonora forte, com direito a clássico "Brighton Rock", do Queen, e com bons personagens coadjuvantes, do quilate de Jamie Foxx, Kevin Space e Jon Hamm (Mad Men). Mas vamos começar esquecendo o patético título nacional "Em ritmo de fuga". No original é "Baby Driver" e tem muito mais sentido. A direção é de Edgar Wright, e mostra o recém-saído da adolêscencia Baby (Ansel Elgort, de A Culpa é das Estrelas e a cinesérie A Série Divergente), como um piloto de carros que ajuda na fuga de criminosos após assaltos a bancos.
O garoto, porém, tem uma mania, que é ficar o tempo todo com fones no ouvido, escutando músicas - é que ele sofreu um acidente na infância e ouve músicas para diminuir o zumbido que o incomoda. Mas Baby é um excepcional motorista e derruba a dúvida que os assaltantes possuem sob sua capacidade. Só que o motorista está no trabalho pois deve uma grana a um chefão do crime, vivido por Kevin Space. Até que em certo momento, Baby passa a querer cair fora, pois simplesmente conhece uma garçonete por quem se apaixona, Debora (Lilly James).
Porém as coisas não serão tão fáceis assim de ele simplesmente cair fora e começar uma vida honesta. O passado é cruel e cobra. A história é bem contada, com cenas impactantes, principalmente as que mostram fugas em carros perseguidos por viaturas policiais. E a química de Elgort com Lilly James funciona.
Duração: 1h53min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Como se tornar um conquistador" (How To Be a Latin Lover)
Seria uma excelente comédia, caso não caísse no sentimentalismo familiar barato. O resultado é que ficou uma coisa escrachada, e usando termo oitentista, brega. "Como se tornar um conquistador" (How To Be a Latin Lover), direção de Ken Marino (de “Gattaca – Experiência Genética”), mostra a vida de um cara que optou pelo lado mais tranquilo de ganhar a vida - seduzindo mulheres ricas mais velhas.
Maximo (Eugenio Derbez) viu o pai morrer de tanto trabalhar e decidiu que não queria aquilo para ele. Então decide conquistar mulheres ricar e mais velhas - ops, já disse isso. Até conseguir casar com uma cinquentona milionária, acreditando que logo ela baterá as botas. Mas passam 25 anos, e ele fica gordo e preguiçoso, perdendo o posto para um homem mais jovem (Michael Cera) e acaba precisando ir morar com a irmã Sara (Salma Hayek) e seu sobrinho Hugo (Rafael Alejandro).
Aí que a coisa desanda e perde a graça. Maximo passa a usar o sobrinho de dez anos, nerd até o último fio de cabelo, para tentar ganhar Celeste (Raquel Welch), uma viúva bilionária e avó da paixão do garoto, Arden (Michaela Watkins). Mas aos poucos, Maximo vai criando um vinculo com Hugo, e ele vai amolecendo, pois descobre outros valores mais importantes que dinheiro e uma vida de luxo (a lição de moral do filme). Quase.
Duração: 1h55min
Cotação: regular
Chicio Izidro
"Más Notícias Para o Senhor Mars" (Des Nouvelles de la Planète Mars)
Philippe Mars é um homem pacato, beirando os 50 anos. Faz tudo certinho no dia a dia, e acaba sendo abusado por parentes, colegas e vizinhos. "Más Notícias Para o Senhor Mars" (Des Nouvelles de la Planète Mars), direção de Dominik Moll, mostra o cotidiano de um homem, que a certa altura acabará explodindo ou não? Numa cena crucial, ele anda na rua e vê um morador deixar de recolher o cocô do cachorro. Ao interpelar o vizinho, ouve ofensas e simplesmente se acovarda.
Philippe Mars é interpretado com muita precisão por François Damiens, o pai mudo de "A Família Beliers". Os filhos são verdadeiros pentelhos. O mais novo decide virar um ativista vegano, enquanto que a filha mais velha vende pinturas em que os familiares aparecem nus e o classifica como "loser" ou perdedor, por sua passividade e certo conformismo no emprego. Para piorar, um de seus colegas de trabalho, Jérome (Vincent Macaigne) surta, é internado e ao fugir, busca refúgio no apartamento de Phillipe. E Jérome é o contrário do personagem principal, pois é uma pessoa invasiva, sem noção, que quer impor suas vontades, sem se importar com a opinião dos outros.
Uma das sacadas do filme é mostrar Phillipe Mars no espaço, como um astronauta - e sem esquecer que o seu nome é exatamente o de um planeta, Marte. A metáfora explicita a condição de Phillipe, que vive fora deste mundo, talvez para evitar choques com as pessoas que o cercam e que possam tirá-lo de sua zona de conforto - que ele é obrigado a abandonar por causa de terceiros. Numa cena crucial, ele anda na rua e vê um morador deixar de recolher o cocô do cachorro. Ao interpelar o vizinho, ouve ofensas e simplesmente se acovarda.
Duração: 1h41min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, julho 20, 2017
"Fala Comigo"
"Fala Comigo", o primeiro filme de Felipe Sholl, mostra o relacionamento de um adolescente de 17 anos e uma mulher com quase 40, deprimida. E fala de fetiche, conservadorismo, homossexualidade. Enfim, põe o dedo em tabus. O personagem principal é Diogo (Tom Karabachian, filho do músico Paulinho Moska), que mora com a mãe, Clarice (Denise Fraga), terapeuta, o pai, vivido por Emílio de Mello e a irmã Mariana (Anita Ferraz). Ele tem a mania de ligar para as pacientes de sua mãe, e ouvir as vozes delas, enquanto se masturba.
Numa de suas ligações, ele acaba contatando Ângela (Karine Teles), que vive deprimida após ter sido abandonada pelo marido. E acredita que as ligações silenciosas sejam dele. Logo Diogo e Ângela entram em contato e entre eles surge uma atração, e os dois decidem manter um relacionamento. Claro que isso irá se chocar com a posição dos pais do garoto, que vivem uma crise de relacionamento, e não conseguem entender Diogo. Ele também se questiona sobre a sua sexualidade por ter feito jogos sexuais com um colega de escola.
O estreante Tom Karabachian está muito bem em seu papel, mostrando um olhar e um jeito de um garoto realmente tentando se encontrar sexualmente. Porém o grande destaque é mesmo Karine Teles, que já havia tido um desempenho magnífico como a patroa de Regina Casé no fantástico "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert. Aqui sua personagem é o oposto daquela. Uma mulher vivendo uma ciranda de emoções - tristeza, seguida de esperança....
Duração: 1h32min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Transformers: O Último Cavaleiro" (Transformers: The Last Knight)
"Transformers: O Último Cavaleiro" (Transformers: The Last Knight), dirigido por Michael Bay, é um filme que requer muita paciência, pois tem longas duas horas e meia. E uma história confusa, chata, com personagens rasos, robôs que se transformam em carros, explosões, muitas explosões. E começa lá na época do Rei Arthur e do Mago Merlin, passa pela II Guerra e chega aos dias de hoje, quando os tais robôs são considerados ilegais, e são defendidos por alguns seres humanos, entre eles Cade Yeager (Mark Wahlberg). A salvação está nas mãos da mocinha da vez, a professora Vivien Wembley (Laura Haddock), que seria a guardiã de uma arma alienígena.
O filme é muito confuso, abusa das correrias, do quebra-quebra, de lutas e explosões. Aliás, as lutas são mostradas tão rápidas, que não sabemos quem está brigando com quem. Lá pelas tantas, nos pegamos olhando o relógio para saber quanto tempo ainda resta de tortura - se você entrar na sala sabendo o tempo de duração.
"Transformers: O Último Cavaleiro" acaba se mostrando uma obra rasa, caótica, com uma história que vai do nada para lugar nenhum. E pensar que este quinto filme da franquia é contado como a segunda parte de uma trilogia - o próximo será lançado em 2019. Não sei se terei paciência para ver.
Duração: 2h29min
Cotação: ruim
Chico Izidro
"De Canção em Canção" (Song to Song)
Terrence Malick é um diretor difícil. Com uma carreira iniciada nos anos 1970, com "Terra de Ninguém" e logo depois "Cinzas no Paraíso". Depois, ele ficou afastado da direção por longos 20 anos, só retornando no final da década de 1990, com "Além da Linha Vermelha". Já nos anos 2000, lançou "Novo Mundo". E mais um sumiço, voltando com o chatíssimo "Árvore da Vida", em 2011. Então veio "Amor Pleno". Ainda está na lista dos para assistir. Mas terei paciência depois de ver a sua nova obra, intitulada "De Canção em Canção" (Song to Song).
Agora, Malick foca na indústria musical. E com o mesmo esquema de seus outros trabalhos: uma câmera inquieta, personagens divagando sobre suas vidas. A história se passa em Austin, no Texas, em meio ao cenário musical local. E tem como foco um quadrado amoroso protagonizado por Cook (Michael Fassbender), um rico empresário da indústria musical, Rhonda (Natalie Portman), uma garçonete em crise financeira, que é seduzida por Cook, BV (Ryan Gosling), compositor em ascensão no mercado da música e em um relacionamento com Faye (Rooney Mara), cantora iniciante.
Músicos como Patti Smith, a banda Red Hot Chilli Peppers, Iggy Pop dão o ar de sua graça no filme - que vai se arrastando de uma forma tal, que por vezes me peguei piscando de sono e irritação. Me sentia sendo torturado por Torquemada durante a Inquisição Espanhola. Um filme para contemplar? Está mais para remédio para insones.
Duração: 2h09min
Cotação: ruim
Chico Izidro
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