sexta-feira, janeiro 26, 2018

"The Post - A Guerra Secreta" (The Post)



O novo filme de Steven Spielberg, "The Post - A Guerra Secreta" (The Post), une pela primeira vez os geniais Meryl Streep e Tom Hanks nos papéis de Katherine Graham e Ben Bradlee, que em 1971 estavam à frente do jornal Washington Post, que comprou uma briga com o governo do republicano Richard Nixon - que acabaria renunciando 3 anos depois por causa de matérias publicadas pelo mesmo veículo e que teve a história retratada no clássico "Todos os Homens do Presidente".

Aqui, o cineasta de "Tubarão" e "A Lista de Schindler" conduz um sensacional thriller sobre jornalismo, liberdade de imprensa e censura governamental. Temas mais do que atuais por causa do desastrogo governo do bufão Donald Trump.

O longa retrata a briga de dois jornais, o New York Times e o The Washington Post, que queriam divulgar um estudo secreto encomendado pelo então secretário da defesa de Nixon, Robert McNamara, e vazado à imprensa por um analista do governo, Daniel Ellsberg (Matthew Rhys, de The Americans). O Times começa a divulgar, mas logo recebe a censura do governo. O Post entra na briga, e Spielberg mostra a briga de Katherine Graham e Ben Bradlee para poder levar ao público os dados do relatório, que informavam que a guerra do Vietnã estava perdida, ao contrário do que divulgava Nixon.

O Post ainda não era um jornal de influência nacional, e Graham lutava para manter a publicação, que herdara após o suicídio do marido, que por sua vez o havia recebido das mãos do pai dela. Ela também preparava a abertura de capital da empresa na bolsa de valores, e havia o temor de que os investidores largassem fora por o veículo ir de frente contra o governo.

Apesar de sabermos hoje o que aconteceu à época, Spielberg conduz com brilho o suspense, que é reforçado pelas atuações excepcionais de todo o elenco, com destaque para Meryl e Hanks. Uma aula de jornalismo.

Duração: 1h55min

Cotação: excelente
Chico Izidro

"The Square - A Arte da Discórdia" (The Square)



O diretor sueco Rubens Östlund gosta de falar sobre a anestesias que impera nos seres humanos, como visto em “Força maior”, que mostra a desintegração de uma família após um pai abandonar a família para proteger a si mesmo durante uma avalanche de neve. Agora, em "The Square - A Arte da Discórdia" (The Square), Östlund foca a vida de um curador de um museu em Estocolmo, Christian (Claes Bang, sósia de Pierce Brosnan), que vive em seu mundinho de ricos e privilegiados. Ele está promovendo uma exposição chamada exatamente The Square, ou O Quadrado, que consiaste em grande quadrado pintado no chão, definido como um “santuário de confiança e cuidado, um espaço onde compartilhamos direitos e responsabilidades”. Ou seja, é uma metáfora de um mundo isolado, distante da realidade.

E as coisas começam a funcionar de forma estranha para Cristian, o fazendo sair de sua letargia, após ele perceber que foi vítima de um golpe e teve roubados seu celular e sua carteira. Com a ajuda de um funcionário, Christian consegue rastrear o celular, e para tentar recuperar os seus objetos, envia uma carta ameaçadora a todos os moradores de um edifício na periferia de Estocolmo, colocando todos sob suspeita. Ele consegue reaver suas coisas, mas haverá consequências, quando um garoto do prédio aparece e pede para que ele se desculpe, já que seus pais leram a carta e consideram o menino responsável pelo roubo: "Ou você se desculpa ou vou transformar a sua vida num caos", ameaça o menino.

E a vida de Christian realmente muda, com ele começando aos poucos a notar que não vive num paraíso como achava. A Estocolmo de Östlund é multiracial, repleta de sujeira, mendigos e pedintes, tão longe daquela cidade que nos acostumamos a ver aqui no Brasil, que imaginamos a Suécia o paraíso social. Uma bela crítica.

Duração: 2h22min
Cotação: excelente
Chico Izidro

"Sem Fôlego" (Wonderstruck)




Baseado no livro homônimo de Brian Selznick, autor de A Invenção de Hugo Cabret, "Sem Fôlego" (Wonderstruck), direção de Todd Haynes, mostra, simultaneamente, as histórias de duas crianças com deficiência auditiva, Rose (Millicent Simmonds) e Ben (Oakes Fegley). Uma nos anos 1920 e a outra cinquenta anos depois.

A garota sofre com uma educação rigorosa longe da mãe na década de 1920, Ben vive a angústia de não saber quem é seu pai, nos anos 1970. Dispostos a arrumar as suas vidas, decidem partir para Nova Iorque atrás de respostas e vivem jornadas distintas até que, em certo ponto, as suas vidas vão se cruzar.

A trama ganha ainda mais força por causa de desenhos com estética dos filmes mudos da segunda década do século passado, mostrados na trajetória da garota.
Já a trajetória de Ben ganha contornos mais atuais, mostrando numa excepcional reconstituição de época a cidade nos anos 1970, com sua agitação, os bairros negros - Ben acaba fazendo amizade com um garoto negro, Jamie (Jaden Michael) que o ajudará em sua busca.

A história das crianças é mostrada com sensibilidade e cuidado, e nunca apelando. Também é muito forte a presença de Michelle Williams e Juliane Moore.

Duração: 1h57min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Viva — A Vida é Uma Festa” (Coco)



Ambientado em uma cidadezinha do México, durante as celebrações do tradicional Dia dos Mortos, “Viva — A Vida é Uma Festa” (Coco), de Lee Unkrich e Adrian Molina traz de novo o espírito da originalidade dos filmes da Pixar.

A trama mostra o pequeno Miguel, que tem o sonho de se tornar um músico famoso como seu ídolo maior, Ernesto de la Cruz. Acontece que sua família de sapateiros simplesmente abomina músicos por conta de um incidente do passado - o avô abandonou a casa para viver de música, e ela acabou excluída da vida de todos.

Teimoso e querendo mostrar que possui talento, Miguel acaba brigando com sua família em pleno “Dia de los Muertos” e vai parar na Terra dos Mortos. Lá ele se depara com Hector, que em vida era músico e tenta não ser esquecido pelos vivos, e assim, não ter sua existência apagada. Os dois se unirão para mostrar a importância da música em suas vidas, além de depararem com um perigoso vilão.

“Viva — A Vida é Uma Festa” tem como parte importante da narrativa a trilha sonora, que funciona muito bem, desde as canções (com especial destaque para “Lembre de Mim”) até a trilha instrumental de Michael Giacchino (“Jurassic World”). A história tem um ritmo acelerado, e com o tema morte lidado com delicadeza e sensibilidade para não ou assustar as crianças. Ah, o nome original do filme Coco é de um personagem que vai mostrar sua importância quase no final. Divertido.

Duração: 1h45min

Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, janeiro 17, 2018

"Me Chame Pelo Seu Nome" ( Call Me By Your Name)



"Me Chame Pelo Seu Nome" ( Call Me By Your Name), do italiano Luca Guadagnino, é baseado no livro de André Aciman e roteiro adaptado pelo cineasta James Ivory (indicado para três Oscar de direção: Uma Janela para o Amor, Retorno a Howards End e Vestígios do Dia), trata da descoberta da sexualidade homossexual de um rapaz de 17 anos e um acadêmico norte-americano de 24.

O jovem Elio (Timothée Chalamet), passa uma temporada de férias ao lado dos pais em Crema, na Itália, em 1983. O pai, vivido por Michael Stuhlbarg (A Forma da Água), um professor de história, convida para o local um antigo aluno, Oliver (Armie Hammer). E ele cativa a todos ao redor com seu charme, beleza e inteligência, provocando ainda mais a curiosidade de Elio, que está se descobrindo sexualmente, inclusive tendo um relacionamento com a jovem Marzia (Esther Garrel).

"Me Chame Pelo Seu Nome" acaba sendo uma bonita história de autoconhecimento e de amor. As cenas são quentes, mas nada de exageradas - e claro que os momentos gays vão incomodar o público mais conservador. O grande destaque acaba sendo o ator Armie Hammer, de "O Cavaleiro Solitário", que interpreta corajosamente um intelectual homossexual. Talvez seja o seu melhor momento na profissão.

Duração: 2h02min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Sobrenatural: A Última Chave" (Insidious: The Last Key)



A franquia de terror chega ao seu quarto longa com "Sobrenatural: A Última Chave" (Insidious: The Last Key), direção de Adam Robitel, tendo como destaque a atriz Lin Shaye (Quem Vai Ficar Com Mary?) como a paranormal Elise Rainier. Este filme é uma prequel, ou seja, que precede os dois primeiros filmes da saga. O terceiro "A Origem" explica como ela conheceu seus parceiros de caça aos Specs (Leigh Whannel) e Tucker (Angus Sampson).

Em "Sobrenatural: A Última Chave" (Insidious: The Last Key), Elise recebe uma ligação de um homem que pede à ela que exorcize a sua casa, mal-assombrada. O problema é que o local, no Novo México, é o mesmo onde Elise passou a infância e a adolescência, tendo sido vítima de abuso por parte do seu pai.

O filme, aliás, tem ótimos momentos mostrando a primeira fase da vida de Elise, no começo da década de 1950. E são momentos de tensão e suspense. A protagonista volta a casa ao lado de seus parceiros, que são o ponto cômico do longa. E as cenas até empolgam, dão alguns sustos, mas pena que o roteiro deixe de aproveitar alguns ganchos que ocorrem durante a história, como o de dar mais ênfase ao serial killer que é descoberto. Simplesmente fica por isso mesmo...Mas a veterana Lin Shaye carrega o filme nas costas, mostrando ser a força motriz de uma história que poderia ser mais.]

Duração: 1h46min

Cotação: regular
Chico Izidro

Destino de uma Nação (Darkest Hour)




O britânico Winston Churchill apareceu recentemente em filme que leva o seu nome, sendo interpretado por Brian Cox, e também na série "The Crown", onde é vivido por John Lithgow. Mas quem arrasa no papel do ex-primeiro ministro inglês é Gary Oldman em "Destino de uma Nação" (Darkest hour).

A trama mostra Churchill assumindo como primeiro ministro num dos piores momentos, se não o pior, da história da Inglaterra, em 1940, quando Hitler dominava a Europa no segundo ano da Segunda Guerra Mundial. A França estava caindo nas mãos dos nazistas, e o veterano político, já com seus 65 anos, precisava tomar decisões fortes, e tendo ainda dentro do parlamento políticos favoráveis a um acordo de paz com a Alemanha. Mas astuto, ele sabia se aceitasse, logo a ilha seria invadida, pois Hitler nunca respeitaria o acordo. O filme ainda faz uma ponte com o recente "Dunkirk", de Christopher Nolan.

Afinal, uma das primeiras missões de Churchill (Oldman)como governante seria o de tentar retirar os mais de 400 mil soldados britânicos que estavam espremidos em Dunkirk, tentando fugir dos alemães. É um filme de gabinete, com cenas de interiores, com muita discussão política, artimanhas, estratégias.

A maquiagem, finalmente consegue ser impressionante, tranformando totalmente Gary Oldman em Churchill - recordem a precariedade de Leonardo DiCaprio como J. Edgar Hoover no filme de Clint Eastwood!!! Aliás, o ator tem uma interpretação de Oscar, roubando todas as cenas com um vigor excepcional. Mas também há interpretações fantásticas de Kristin Scott Thomas como a esposa do protagonista e Ben Mendelsohn como o Rei George VI.

Duração: 2h06min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...