quinta-feira, fevereiro 22, 2018
"Trama Fantasma" (Phantom Thread)
O novo filme de Paul Thomas Anderson marca a despedida do excelente ator Daniel Day-Lewis da indústria cinematográfica. Ele garantiu que está aposentado, depois de brilhar em dezenas de filmes, com destaque para "O Meu Pé Esquerdo", "Sangue Negro" e "Minha Adorável Lavanderia". Pois em "Trama Fantasma" (Phantom Thread), ambientada na Inglaterra dos anos 1950, ocorre um mergulho no universo da alta costura através do estilista Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis), um dos maiores especialistas na área.
O problema é que ele é um sujeito perfeccionista, vivendo apenas para a sua arte, nunca descansando e sempre escudado pela sua secretária particular Cyrill (Lesley Manville). Até que seu mundo fica abalado quando conhece a jovem Alma (Vicky Krieps), uma garçonete que chama a sua atenção e logo vira modelo exclusivo das criações de Reynolds. O problema é que ele não quer abrir seu coração para a jovem, mesmo que ela mexa com suas estruturas. E nunca fica claro se Reynolds foge da garota por, talvez ser homossexual, ou por não querer nenhuma alteração em seu estilo de vida.
O filme vai bem até próximo do final, quando começa a desandar. O diretor parece não saber exatamente como terminar sua obra, perdendo um pouco o rumo. O término é aquele...como? acabou? é isso?
Duração: 2h11min
Cotação: bom
Chico Izidro
"A Grande Jogada" (Molly‘s Game)
Você gosta de pôquer ou quer aprender? Então assista "A Grande Jogada" (Molly‘s Game), direção primorosa de Aaron Sorkin, que mostra os segredos do jogo, os esquemas clandestinos de jogatina. A obra é baseada em fatos reais, narrados em livro homônimo da própria Molly Bloom, aqui vivida por Jessica Chastain.
Toda a trama é narrada em forma de flash-back, desde o tempo em que Molly se preparava para participar dos Jogos Olímpicos de Inverno como esquiadora. Acidentada e impossibilitada de competir, a protagonista deixa a família, liderada por um pai repressor e exigente interpretado por Kevin Costner, e se muda para Los Angeles para tirar um ano de folga antes de entrar na faculdade.
Mas no meio do caminho ela acaba sendo contratada como assistente de Dean Keith (Jeremy Strong), um produtor de cinema, que também organizada carteados clandestinos, com muitos clientes famosos e ricos, muitos deles atores e diretores de cinema. Logo Molly começa a aprender os macetes e ganhar muito dinheiro, possibilitando que ela própria passe a organizar as noitadas de pôquer. Só que acaba caindo nas garras do FBI e tendo de recorrer a um advogado de celebridades, Charlie Jaffey (Idris Elba) para escapar da cadeia.
Então o filme passa a ser um suspense de tribunal - a dobradinha Idris Elba e Jessica Chastain, que tem em mãos um dos grandes papeis femininos da temporada, está ótima. A sintonia entre ambos é o ponto alto do filme, garantindo boas cenas. Enfim, "A Grande Jogada" (Molly‘s Game), é uma obra sobre ascenção e queda, que surpreende.
Duração: 2h20min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Pequena Grande Vida" (Downsizing)
"O Incrível Homem que Encolheu", "Querida, Encolhi as Crianças" e "Homem-Formiga" são exemplos de filmes onde os personagens são reduzidos a poucos centímetros de altura. A mesma linha se insere "Pequena Grande Vida" ( Downsizing), direção de Alexander Payne, que aqui pretende não fazer comédia, mas uma obra de ficção científica com certo grau de crítica social.
O filme tem início quando um cientista obtém sucesso em experimento para deixar as pessoas com poucos centímetros. Assim, diminutos, os seres humanos consumiriam menos recursos naturais e evitariam ainda o problema da superpopulação. Bem, ecologia. Além disso, quem se submetesse ao processo de encolhimento teria grandes vantagens financeiras. Assim, Paul Safranek (Matt Damon), entediado com sua vida e endividado, decide encarar o processo ao lado da mulher Audrey (Kristen Wiig). Porém a mudança acaba não ocorrendo como ele planejara.
Paul, então, tem de reestruturar toda a sua vida num mundo miniaturizado, e fazer novas amizades, como a do excêntrico playboy Dusan Mirkovic (Christoph Waltz). E neste novo mundo, o protagonista descobre que nem tudo é glamour, ao conhecer a empregada doméstica Ngoc Tran Lan (Hong Chau), que perdeu uma das pernas e vive em uma espécie de favela neste pequeno mundo.
O filme acaba se transformando em uma sátira social, mas vai perdendo força no seu decorrer. Sendo que em certo momento simplesmente a questão da miniaturização é deixada de lado. Além disso, é interminável, com mais de duas horas desnecessárias.
Duração: 2h16
Cotação: regular
Chico Izidro
"Pantera Negra" (Black Panther)
O "Pantera Negra" (Black Panther), direção de Ryan Coogler, é o segundo herói negro a pintar nas telas, depois de Blade, que foi lançado em 1998. Mas nas histórias em quadrinhos, o africano é anterior, surgido nas revistinhas em 1966, enquanto que o caçador de vampiros é de 1973. Depois disso, vamos lá, apesar de toda a grita que se está fazendo em cima do personagem, ele não me representa. Tá, tudo bem, resgata o orgulho africano, num filme que tem quase 98% de atores afro-americanos, e mostrando um país prá lá de evoluído, ao contrário da realidade da pobreza do continente, muito por causa da colonização e também de governos corruptos.
Neste filme, vemos a luta de T‘Challa (Chadwick Boseman), que herdou o trono do reino fictício de Wakanda após a morte do pai, T’Chaka - evento visto em “Capitão América: Guerra Civil”, assume o poder do país. A riqueza local é o poderoso metal Vibranium, mas cujo conhecimento o mundo não tem, afinal se descobrisse, o país seria alvo de especuladores. Para o mundo, Wakanda se mostra pobre, mas atrás de suas montanhas e vales, encontra-se uma civilização moderna e além de seu tempo, com muito conhecimento tecnológico.
Claro que as coisas não serão fáceis para T'Challa, que ao assumir o trono, começa a descobrir um passado de pecados de seu pai, e o surgimento de um parente, o jovem Erick Killmonger (Michael B. Jordan), que quer assumir o reinado, se vendo como herdeiro legítimo. Os dois acabam entrando em conflito, assim como todas as tribos que formam Wakanda.
Ao contrário de outros filmes da Marvel, "O Pantera Negra" carece de humor. Os personagens passam o tempo todo sisudos. Mas é uma obra com bons diálogos e boas atuações, com destaque para o elenco feminino, com destaque para Letitia Wright (Black Mirror), que interpreta Shuri, a irmã do protagonista e gênio da tecnologia, uma espécie de Q dos filmes do James Bond, a bela Lupita Nyong’o e Danai Gurira, de "The Walking Dead", como guerreiras.
O figurino é ok, mas para que mostrar africanos o tempo todo dançando e tocando tambor e aquela música tribal infernal como pano de fundo? Africanos só dançam e fazem magia? Putz...
Duração: 2h15min
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, fevereiro 15, 2018
"Três Anúncios para um Crime" (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
"Três Anúncios para um Crime" (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri), direção de Martin McDonagh, mostra a batalha de uma mãe por justiça, lutando contra a ineficiência ou seria descaso da polícia? Mildred Hayes (Frances McDormand, mais uma vez magnífica), após esperar por mais de sete meses o esclarecimento sobre o assassinato de sua filha adolescente, e não vendo respostas, decide alugar três outdoors numa estrada na entrada da cidade, aonde coloca frases pedindo respostas para o crime e denunciando a ineficiência do delegado Bill (Woody Harrelson).
A partir daí, Mildred passa a ser tratada como uma pária social em Ebbing, sofrendo perseguição dos policiais, que se sentiram ofendidos com a atitude dela. O pior deles é Jason Dixon (Sam Rockwell, excepcional), um homem que ainda mora com a mãe e é racista ao extremo, atacando não só a Mildred, mas também os amigos dela.
Aos poucos, a situação vai fugindo do controle tanto de Mildred, quando dos policiais, e uma cena forte destaca toda a desesperança de Bill, mas não vou dar spoiler!!! Enfim, todos os personagens de "Três Anúncios para um Crime" não são totalmente bons, nem totalmente ruins, mas todos com qualidades e defeitos. Todos os atores têm seus momentos para brilhar e o fazem com muita força - a virada na parte final é algo único.
Duração: 1h55min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississippi" (Mudbound)
"Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississippi" (Mudbound), da diretora Dee Rees, é baseado no romance homônimo de Hillary Jordan, e tem como pano de fundo o miserável sul dos Estados Unidos nos anos 1940, onde imperava a segregação racial, violência, machismo, misoginia e pobreza. O filme mostra como duas famílias tentam se virar em um ambiente hostil.
Vemos duas famílias protagonistas, uma de brancos, onde se destaca Laura (Carey Mulligan, de As Sufragistas e sósia de Katie Holmes), casada com Henry (Jason Clarke, de Os Infratores). Os dois deixam a cidade para ir morar numa fazenda e logo descobrem que entraram numa roubada. Outro personagem importante da trama é Jamie (Garrett Hedlund), irmão de Henry, que retorna da Segunda Guerra Mundial destruído e alcoolatra, mas mesmo assim dono de um bom coração.
A outra família de negros vive na fazenda de Henry como se estivesse ainda na época da escravidão, trabalhando numa terra que não é sua. Nela se destaca o jovem Ronsel (Jason Mitchell, de Straight Outta Compton: A História do N.W.A.), o filho mais velho de Hap Jackson (Rob Morgan). Ele lutou na Segunda Guerra Mundial, onde conheceu um outro mundo, onde não importava a cor de sua pele, apesar de ele ter lutado contra os nazistas. Ao voltar para casa, nada mudou e sua atitude é vista como arrogante pelos racistas locais. E ele vai fazer amizade com Jamie, o que desencadeará sérios problemas.
A trama é forte, pesada, chegando a incomodar, pois é tudo tão cruel, tenso, que ficamos imaginando como que um dia homens podem ter tratado outros de uma forma tão absurda e abjeta apenas por causa da cor de pele diferente.
Duração: 2h14min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Eu, Tonya" (I, Tonya)
"Eu, Tonya" (I, Tonya), direção de Craig Gillespie, mostra de forma quase cômica a trajetória da patinadora olímpica Tonya Harding, que tentou de todas as formas o sucesso em sua carreira, mas sempre tropeçou por não se enquadrar no sistema exigido pelo esporte. Além disso, sua vida ficou marcada por seu marido ter organizado um atentado contra a principal concorrente de Tonia, Nancy Kerrigan, às vésperas das Olimpíadas de Inverno de 1994.
Tonia é interpretada de forma magistral, primeiro na infância por Mckenna Grace, e depois na adolescência e fase adulta por Margot Robbie. A garota, desde pequena, mostrou grande capacidade para patinadora, mas isto fez com que sua mãe, LaVonna (Allison Janney) agisse de forma quase brutal com ela, exigindo o máximo e até mesmo a tirando da escola. Sua vida deveria ser toda focada na patinação. Aos 15 anos, Tonia conseguiu se livrar das garras abusivas da mãe, mas acabou num casamento mais abusivo ainda com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), que anos depois seria o provocador de um dos maiores escândalos esportivos.
"Eu, Tonya" é uma cinebiografia criativa, onde os personagens, muitas vezes, falam direto para a câmera numa espécie de mockumentary (documentário falso), mas também interrompem a atuação, para falar diretamente com a plateia.
O desempenho de Margot Robbie, atriz australiana, de 27 anos, é de extremo talento, ela conseguindo fazer a personagem com 15 anos e depois com 40, seja com desespero, graça, sapequice (se é que existe esta palavra!). Allison Janney no papel da mãe abusiva de Tonia, também está excelente. A gente não sabe se a odeia, ou se sente pena daquela mulher patética.
Duração: 2h
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Assinar:
Postagens (Atom)
“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)
Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...

-
O release da primeira animação brasileira a entrar para o catálogo da plataforma de streaming Disney+, “O Pergaminho Vermelho”, direção de...
-
Foto: Diamond Films “TERRIFIER 3”, direção de Damien Leone, marca volta do palhaço assassino Art (David Howard Thornton), que volta a assom...
-
Foto: Blumhouse A LENDA DO “LOBISOMEM” (WOLF MAN) É REVISITADA PELO DIRETOR AUSTRALIANO LEIGH WHANNELL. Mas como está sendo comum no cinema...